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Luciano Pires -

Bom dia, boa tarde, boa noite! Bem vindo, seu moço, bem vinda dona moça, bem vindo… e…er… Bem, bem vindo a todos!  O programa de hoje é daqueles que trata do umbigo e foi inspirado por uma provocação de um ouvinte. Eu gosto de fazer programas assim, eles me fazem o cérebro girar em alta rotação, sabe?

Pra começar, vamos com uma frase de ninguém menos que Santo Agostinho, que tal?

Não é tanto o que fazemos, mas o motivo pelo qual fazemos que determina a bondade ou a malícia.

O programa de hoje chega a você, como sempre, com o apoio do Itaú Cultural, que considera a cultura ferramenta essencial para a construção da identidade do país. E eu concordo! www.Itaúcultural.org.br. Dê uma olhada no site e conheça a riqueza de projetos que estão ao alcance de quem quer experimentar um gostinho de cultura.

[showhide title=”Continue lendo o roteiro” template=”rounded-box” changetitle=”Fechar o roteiro” closeonclick=true]

E o exemplar do meu livro NÓIS QUE INVERTEMO AS COISA hoje vai para… para… Marcelo Rossa, que comentou o programa “Eu nunca te amei, idiota”. Olha só:

“Prezado Luciano. Por sorte, sigo seus programas desde o início. Já baixei e ouvi todos os 300 episódios. Parabéns. Dissemino sempre através do pendrive, ao máximo de conhecidos que precisam ouvir algumas de suas abordagens e quando fazemos isso, aprendemos mais uma vez. É como a crítica que não tendo espelho, segundo Schopenhauer, nos faz crescer mais do que a pessoa criticada.

Seja lá sua orientação: ateu, espírita ou budista, poderias ter aprendido com qualquer destas correntes, que a crítica dói e muito e não foram poucos os episódios em que desferistes cruelmente, às vezes subliminarmente, contra a Igreja. Sabes que mesmo com todos os erros dela, talvez estivéssemos ainda fazendo a barba com ferro quente, lembrando os bárbaros, se não fosse o poder de transmitir o conhecimento por dois mil anos. Qual o sentimento de seus avós Duarte e Dora, caso fossem bombardeados em suas crenças, as quais acredito jamais lhes emburreceram ou fizeram mal? Lanço dois desafios bacanas, críticos e sem lhe fazer nenhum tipo de ataque.

O primeiro: Um roteiro sobre os lucros exorbitantes dos bancos brasileiros em especial o Itaú. “Ahhhh… meu jovem, mas é por ele que este programa está no ar e o banco investe em cultura”. É o mínimo do mínimo Luciano, para o banco que tem as maiores taxas do mercado.

Outro seria falar sobre o texto escrito por esta desconhecida autora, quer dizer, desconhecida para muitos.

‘A crítica é menos eficaz do que o exemplo. É de considerar se a grande sugestão para usar da crítica nos nossos tempos e que põe em causa todos os valores consagrados, não é o resultado duma anemia profunda do ato de vontade de toda uma sociedade. (…) É de crer que a violência é hoje a linguagem bastarda da desilusão e o reverso do exemplo representa a frustração do exemplo’. Agustina Bessa-Luís.

Continue nos presenteando com estes belos petardos, sem jamais esquecer do espelho.”

Bem, vamos lá, Marcelo. O som que escolhi é BOM JESUS, com as Encomendadeiras de Almas de Correntina, na Bahia…

Eu quero agradecer o seu interesse no Café Brasil e especialmente por ajudar a disseminar o programa. Muito obrigado de verdade, é esse o mais eficiente instrumento para crescimento: é você garantindo que é bom!

Sobre sua argumentação, primeiro vem um estranhamento. Você jamais encontrará aqui no Café Brasil qualquer crítica minha – especialmente cruel – a qualquer religião ou Igreja. Pode encontrar, isso sim, dezenas de críticas minhas a quem usa a religião como instrumento para tirar vantagens dos fiéis. Pode também encontrar alguma crítica incidental num texto de outro autor que eu utilize por aqui, dentro do contexto maior do programa. Mas crítica minha, direta ou subliminar jamais, por uma razão muito simples: eu fui criado dentro dos ideais cristãos.

Minhas raízes são católicas, eu frequentei missas e todos os tipos de programas que a igreja disponibilizava. E tenho certeza que sou o resultado dessa criação, dos ideais, valores e convicções cristãs.

Mas também tenho certeza de que se minha criação fosse budista ou islâmica ou de qualquer outra vertente religiosa, o resultado seria muito parecido. Afinal de contas, todas essas correntes religiosas partem do mesmo fundamento: não faça aos outros o que não queres que façam a ti.

Não caio na tentação burra de dizer que o mundo estaria melhor se não fosse a Igreja. Isso é conversa mole. O mundo é o que é, o passado foi o que foi. Vivemos outra época e muito do que funciona hoje não funcionaria cem ou quinhentos anos atrás. Por isso, vamos estudar o passado, aprender com os erros e trabalhar para não repeti-los. Mas ficar no nhém nhém nhém do “como teria sido” é para quem gosta de especulação. Eu não gosto, e eu respeito profundamente quem professa sua fé e por isso não reconheço sua crítica de que ataquei ou ataco a igreja.

Sobre o espelho, não sei se entendi sua colocação, mas fique frio. Sofro com minha autocrítica e nunca me achei perfeito, dono da verdade ou acima dos outros. Sou um ser humano falível, cheio de defeitos, que tenta se tornar alguém melhor. No geral, estou satisfeito com o que sou, com minhas atitudes e – especialmente – com os exemplos que tenho dado pessoalmente ou através das ideias que veiculo em meus escritos, palestras e neste programa.

O Café Brasil não é um jornal que apenas relata fatos, mas um ambiente no qual proponho reflexões e que reflete minhas convicções, sim senhor. Eu sou parcial sim, defendo lados aqui e só por isso este programa existe. Mas sempre deixei claro para qual time torço, não engano ninguém aqui e nem estou à cata de seguidores ou de gente que concorde comigo. Nossa proposta é clara: queremos você pensando, raciocinando, refletindo. Contra, a favor, amando, odiando, não importa. Nosso propósito é combater a inércia, o conformismo e a ignorância. O Café Brasil é um programa que tem opiniões e se alguém não gosta delas, paciência.

Quanto à sugestão de fazer um programa sobre os lucros exorbitantes dos bancos brasileiros, em especial do Itaú, você tá louco? A troco de que eu vou me indispor com meu patrocinador? Pô, eu achei que tinha sido suficientemente claro no programa GRANA… Não, Marcelo, não vou fazer um programa criticando meus patrocinadores por uma razão muito simples: não sou burro.

No mais, vamos em frente. O Marcelo ganhou um livro pois escreveu comentando um programa e, mais do que isso, com suas provocações acabou dando inspiração para um programa. É por isso que eu amo meus ouvintes!

(Vinheta “ironia”)

Ô Lalá! Sem vinheta. Eu to falando sério…

E aí, vamos ganhar aquele iPod Touch, o aparelhinho fantástico da Apple? Se você não tem um, não sabe o que está perdendo. É fácil concorrer, olha só:

Acesse www.facebook.com/componentesnakata (lembre-se: Nakata sempre com K) e publique um link de um vídeo interessante, criativo ou divertido sobre AUTOMÓVEL. Pode ser um vídeo de sua autoria ou que você achou na internet. Serão selecionados três vídeos finalistas durante o mês e após essa seleção, o vídeo que receber mais “curtir” ganha um Ipod Touch. Entendeu?

É só publicar um vídeo sobre automóveis e chamar os amigos para curtir, quer coisa mais fácil? Essa promoção é da Nakata, que se escreve com “k”: Na-ka-ta. Arriscado é não usar Nakata. Exija a tecnologia original líder em componentes de suspensão. Tudo azul. Tudo Nakata.

Então…  Críticas, críticas, críticas. A crítica parece ser o elemento mais presente no universo… E como o filósofo alemão Arthur Schopenhauer foi citado, vamos a um de seus ”Aforismos para a Sabedoria de Vida”.

“Assim como o homem carrega o peso do próprio corpo sem o sentir, mas sente o de qualquer outro corpo que quer mover, também não nota os próprios defeitos e vícios, mas só os dos outros. Entretanto, cada um tem no seu próximo um espelho, no qual vê claramente os próprios vícios, defeitos, maus hábitos e repugnâncias de todo o tipo. Porém, na maioria das vezes, faz como o cão, que ladra diante do espelho por não saber que se vê a si mesmo, crendo ver outro cão.”

Quem critica os outros trabalha em prol da sua própria melhoria. Schopenhauer diz que quem age assim possui o suficiente de justiça ou de orgulho e vaidade para evitar o que censura com tanto rigor.

Espelho
João Nogueira

Nascido no subúrbio nos melhores dias
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz

Eh, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai (Bis)

Num dia de tristeza me faltou o velho
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás

Eh, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai (Bis)

E assim crescendo eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já

Eh, vida voa
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar (Bis)

Ah… que clássico… Você está ouvindo ESPELHO, de e com o João Nogueira aqui numa gravação com Paulo César Pinheiro, numa música que chama a atenção para o exemplo, coisa que anda em falta hoje em dia…

Pois é… Shopenhauer trata a crítica como um processo de aprendizado para a melhoria contínua, mas há que se considerar que o indivíduo que critica deve ter a sensibilidade de perceber os reflexos do espelho. Eu conheço uns brutamontes aqui e uns ignorantes ali que jamais conseguirão ver a própria imagem no espelho. Criticam para atingir os outros e jamais aprendem qualquer coisa com isso. Só aprendem a criticar mais. Essa gente é um saco!

Quem fala mal de mim tem despeito
Bezerra da Silva

E quem fala mal de mim tem despeito
Eu sou cobra criada e bato no peito
Não sou bom nem ruim, eu sou pelo direito
Todos me consideram, desculpe o mau jeito
Mas o língua comprida não é assim, não é assim
Porque só deixa rastro com a rapaziada
Vive de leva e traz tem a calça arriada
Olha o que é que ele é
É um beco sem fim, uma mala pesada
Não pode pintar na favela,
No asfalto também não tem cancha
Não tenho culpa se o caderno dele está cheio de mancha
Por todo chão que eu piso
Não tropeço nem tem prejuízo
Pois sei caminhar
O lingua de sogra é mané
Vive dando mancada só quer patinar
E se der mole e cruzar com a bruxa
Vai virar milhar, vai, vai lá
Vai virar milhar, pra malandro jogar
E se der mole e cruzar com a bruxa

Que tal hein? Mais uma do grande Bezerra da Silva: QUEM FALA MAL DE MIM TEM DESPEITO. Pois é…

Encontrei num trecho de texto que Ignácio de Loyola Brandão publicou no Estado de S. Paulo um exemplo de como a maturidade nos ensina a lidar com a crítica.

Ao fundo você está vai ouvir uma música que trata de crítica: DESAFINADO, de Tom Jobim e Newton Mendonça, com o violão delicioso de Aderbal Duarte…

Diz assim o texto de Ignácio de Loyola:

Tenho pensado neste gesto simples e difícil: o de pedir perdão a alguém. Quantas vezes quis rever amigos, não liguei, não procurei. Quando liguei, alguns tinham morrido. Prometi a mim mesmo ver as pessoas de quem gostei e de quem gosto. Umas mudaram muito, outras me decepcionam. Não importa, vou em frente.

Escrevo hoje para dizer: meu caro João Carlos Martins, me perdoe. Por uma crônica que escrevi há anos em outro jornal que até já desapareceu, em que misturei estações, fui agressivo. Foi um episódio ligado a um político paulista sempre acusado de corrupção e que me enervava, me dava alergia. A imprensa acabou te envolvendo, entrei naquela. Você era então secretário de Cultura. No meu horror aquele político, distribuí pancadas, pedras, lanças. Fiz mal!

Não era a você, João Carlos, era ao político que me horroriza até hoje. Na minha sanha atingi quem não devia. Depois, você foi inocentado, absolvido. Sei como ficou ferido, como tentou ao longo destes anos falar comigo, sempre me desviei. Você sempre me tratando com cordialidade incomparável. Estivemos juntos, um ano atrás, em um evento na cidade de Amparo e, ao falar diante de uma plateia selecionada, teceu os maiores elogios a mim como escritor. Não me senti bem, fiquei incomodado. E desde aquela noite, venho me remoendo por dentro.

Aprendi uma lição. A de usar minhas palavras com justiça, a pesquisar, indagar, saber se o que digo é verdadeiro, se a pessoa, o fato, a situação merecem o que digo. Há anos tenho uma admiração profunda por você e sua capacidade de superação. Quantos suportaram o que você atravessou? Um pianista de extremo talento que perde o movimento de uma das mãos, depois das duas, depois tem um tumor no cérebro causado por um assalto, sofre seguidas intervenções cirúrgicas dolorosíssimas, faz anos de fisioterapia.

Ameaçado de perder o que o sustentava, a música, ameaçado de ficar sem a paixão, o sonho, portanto sem motivo para viver, você se superou. Na minha vida pouquíssimas vezes vi isso se é que sua superação não é caso único.

Mesmo contra tudo e todos, você negou a impossibilidade, voltou, gravou Bach completo, retornou ao Carnegie Hall, aos palcos da Europa. Finalmente, suas mãos se foram de vez, mas você com dois dedos ainda toca piano, aprendeu regência, circula pelo Brasil e pelo mundo com uma orquestra de jovens.

Você contou que certa vez ouviu o falecido maestro Eleazar de Carvalho voltar para te chamar: “Venha, vou te ensinar regência”. Que beleza a mente humana, que consegue tais prodígios, ressuscitar um homem da envergadura de Eleazar, para se levantar do poço mais fundo.

Pensar que tem gente que por uma dor de cabeça, uma topada do dedão, uma indisposição estomacal, uma tristeza momentânea se imobiliza, cheio de auto piedade.

Antes que eu me vá, ou que não tenha mais este espaço, ou que você não esteja mais aqui, me perdoe João Carlos Martins pela insensatez de um momento em que me julguei acima do bem e do mal e assim julguei você. Ninguém é juiz de nada.

Desafinado
Tom Jobim

Se você disser que eu desafino amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm o ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu

Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é Bossa Nova, isto é muito natural

O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração
Fotografei você na minha Rolley-Flex
Revelou-se a sua enorme ingratidão

Só não poderá falar assim do meu amor
Este é o maior que você pode encontrar
Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados também bate um coração

E essa aí, você tinha ouvindo? São Astrud Gilberto e ninguém menos que George Michael cantando DESAFINADO…

Pois é… Ninguém é juiz de nada… mas quanta tentação, não é?

Eu recebo centenas de emails com comentários a meus artigos, podcasts, videocasts e palestras. A grande maioria são elogios, gente me dando força para continuar e demonstrando que de alguma forma meu trabalho as está ajudando. São essas demonstrações que sustentam o site, o podcast, o videocast e tudo o que eu faço, pois dão a certeza de que meu propósito está sendo cumprido. Mas no meio dos elogios, também surgem as críticas.

Quando eu era mais novo, o sangue subia à cabeça e eu imediatamente redigia uma bomba para devolver ao crítico. Eu ficava puto!… Mas como aconteceu com Ignácio de Loyola, o tempo ensina a gente e eu aprendi a lidar com as críticas. Quer saber como é que eu faço?

Pra começar, aprendi a controlar a primeira reação: deixo para responder mais tarde, saio de perto, mudo de assunto. Assim consigo controlar as emoções negativas.

Depois, tento mudar o negativo para positivo. Encontrar uma oportunidade de melhoria na crítica. Não é fácil, sabe, mas é fascinante!
Respondo sempre com educação. Agradeço quem critica e isso é importante para desarmar os espíritos. Já lidei com gente preparada com pedras na mão, que ao receber uma flor transforma-se de crítico em aliado.

A única coisa com a qual não aprendi a lidar ainda é com o insulto. Quando a crítica vem precedida de insulto, aí não tem jeito. Quando não ignoro, mando a pedrada de volta. E mando com gosto. Mas estou trabalhando isso…

Bem, é claro que este programa é só um aperitivo. Eu vou mergulhar mais fundo nessa questão da crítica, da autocrítica, de aprender com as críticas, pode esperar.

Tic tic nervoso
Magazine

Estou preso no trânsito com pouca gasolina,
O calor tá de rachar e lá fora é só buzina.
Perdi o meu emprego, que já era mixaria,
E ontem fui assaltado em plena luz do dia!

Isso me dá tic tic nervoso,
Tic tic nervoso, tic tic nervoso.
Isso me dá tic tic nervoso,
Tic tic nervoso, tic tic nervoso.

Quando chego em casa é aquela baixaria:
As contas estão vencidas e a geladeira tá vazia!
Encontro uma garota, um tremendo avião,
pergunto o seu nome ela me diz que é João!

Isso me dá tic tic nervoso,
Tic tic nervoso, tic tic nervoso.
Isso me dá tic tic nervoso,
Tic tic nervoso, tic tic nervoso.

Eu sempre me achei um rapaz formal,
Que esse papo de analista fosse coisa pra boçal,
agora me chamam, dizem que eu fico um sujeito atrapalhado,
só pelo meu jeito torcido assim do lado!

É que eu fiquei com tic tic nervoso,
Tic tic nervoso, tic tic nervoso.
É que eu fiquei com tic tic nervoso,
Tic tic nervoso, tic tic nervoso.

Estou preso no trânsito com pouca gasolina,
o calor tá de rachar e lá fora é só buzina.
Antigamente todos tinham esperança de vencer
E acontece que hoje em dia não dá mais pra se viver!

Viver sem ter tic tic nervoso,
Tic tic nervoso, tic tic nervoso,
Viver sem ter tic tic nervoso,
Tic tic nervoso, tic tic nervoso.

Viver sem ter tic tic nervoso,
Tic tic nervoso, tic tic nervoso.
Isso me dá tic tic nervoso,
Tic tic nervoso, tic tic nervoso.

E assim, ao som do clássico TIC TIC NERVOSO, com o grupo Magazine e o Kid Vinil nos vocais, que vamos ficando por aqui.

Com o crítico Lalá Moreira na técnica, a crítica Ciça Camargo na produção e eu, o paciente Luciano Pires na direção e apresentação.

Estiveram conosco o ouvinte Marcelo Rossa, Ignácio de Loyola Brandão, Aderbal Duarte, João Nogueira com Paulo César Pinheiro, Encomendadeiras de Almas de Correntina, Bezerra da Silva, Astrud Gilberto e até George Michael. Que tal?

Ouça todas essas músicas na nossa rádio web Café Brasil: 24 horas do melhor da música popular brasileira. http://portalcafebrasil.com.br/radio2/

Este programa chega até você com o apoio do Auditório Ibirapuera um daqueles lugares especiais onde a gente vai para dar um presente à alma da gente, sabe? Um lugar onde a música é tratada como deve ser: com respeito e amor. www.auditorioibirapuera.com.br. Se eu fosse você, eu ia lá hoje!

Este é o Café Brasil, um programa cheio de defeitinhos, com um monte de coisa pra ser melhorada, que tem opinião própria e não está preocupado em te agradar, mas em te fazer pensar. www.portalcafebrasil.com.br

Pra terminar, uma frase daquelas do doutor em terapêutica espiritual Norman Vincent Peale:

O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica.

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