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Luciano Pires -

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Cara, a vida passa numa velocidade que a gente nem imagina. Quando somos jovens, o tempo parece quase infinito, e ficamos sempre achando que temos todo o tempo do mundo pra realizar as coisas. Mas aí, quando chegamos aos 50 ou 60 anos, a sensação é de que os anos simplesmente voaram. É só nessa fase que começamos a olhar para trás e nos questionar sobre o que deixamos de fazer, sobre os sonhos que não perseguimos e as oportunidades que deixamos escapar.

O filósofo Sêneca já falava sobre isso em suas reflexões. Ele dizia que “não é que temos pouco tempo, mas que perdemos muito”. A verdade é que, muitas vezes, passamos a vida ocupados com coisas que não importam tanto assim. A rotina, as pequenas distrações do dia a dia, a busca constante por aquilo que achamos que é sucesso… e quando percebemos, anos se passaram. Só que o problema é que a gente só se dá conta disso tarde demais.

Prepare-se. O episódio de hoje é a releitura de um que foi ao ar em março de 2016, e que impactou muita gente.

Bom dia, boa tarde, boa noite. Você está no Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar?

“Bom dia Luciano, equipe Café Brasil, extraordinária, maravilhosa.

Sou Mariana, estou aqui no Paraná. Sou, baiana mas moro aqui já há um tempo, e já é a segunda vez que estou ouvindo o podcast Questão de tempo, que veio num momento absurdamente perfeito, onde trazia desde esta semana algumas indagações sobre algumas escolhas que eu fiz na minha vida em busca dessa tal felicidade.

E desafiar muitos padrões em uma cidade conservadora, no interior do Brasil, me machucou muito. Pensar que atos de coragem às vezes se assemelham a atos de loucura.

Mas quanto mais eu olho a vida que eu levo hoje, Luciano, que é uma vida onde eu sou feliz, onde reduzi muitas coisas, onde abri mão de influência, de visibilidade, de fama de uma grande organização, pra viver uma vida simples.

Mesmo ninguém entendendo nada. Me trouxe paz, é o que você falou aí: leveza. Estou ansiosa pra assistir esse filme, Questão de tempo, ainda não assisti, mas o seu relato, como sempre, é extraordinário pra mim.

Vida longa ao Café Brasil. Eu tenho o privilégio de ser parceira, retomar agora algumas parcerias que eu precisei abandonar, mas indico pra todo mundo e meu sonho é ter você aqui na cidade. Estou já mexendo uns pauzinhos aí pra falar mais de você, apresentar o teu trabalho, que muita gente precisa ter acesso a tudo isso tão lindo que você traz.

Desejo muito sucesso, pra galera aí, assina com força, investe, porque depende de nós proporcionar à nossa geração, salvar a nossa geração com o conteúdo tão extraordinário e tão especial.

Obrigada, tudo de bom pra vocês.”

Mariana, que comentário delicioso! Quero saber sua opinião depois que você assistir ao Questão de Tempo! Eu fui verificar, está na Netflix sim. Felizmente você já entendeu o que significa viver a vida simples. É um privilégio para nós ter você aqui conosco. Muito obrigado.

O comentário do ouvinte agora é patrocinado pela Livraria Café Brasil, e a Mariana ganhará um exemplar de meu 11º. Livro, o Mínimo Sobre o Medo. É um livrinho para ser lido em menos de uma hora. Está à venda na livrariacafebrasil, onde colocamos mais de 15 mil títulos muito especiais. livrariacafebrasil.com.br.

E este é o momento do episódio quando eu faço aquele chamado para que os ouvintes que gostam do Café Brasil tornem-se assinantes.

Cara, presta atenção no conteúdo deste episódio que está na linha de todos os episódios que eu tenho feito, sei lá, há 18 anos. Sempre tentando manter um padrão, tentando manter um nível alto, colocando aqui reflexões, colocando um conteúdo que você não acha por aí, cara. Pouquíssimos lugares têm cuidado, tem essa… é quase um TOC, é quase um Transtorno  Obsessivo Compulsivo de trazer pra você um conteúdo que bote teu cérebro pra fritar, cara! A gente quer que você pense, que você amplie seu repertório.

Se você acha que isso vale a pena, e vê valor nisso, cara, você não pode só se contentar em ouvir o programa e mandar um tapinha nas costas. Você tem que entrar no jogo, cara!

Torne-se um assinante. Quando você vira um assinante do Café Brasil, você passa a fazer parte do grupo de pessoas que contribuem para que a gente continue mantendo esse nível alto de produção. A única forma de monetização capaz de ampliar a nossa participação, de crescer, de fazer com que o programa ganhe importância, ganhe mais penetração, é através da chegada dos ouvintes como assinantes. Então vai lá, cara!

Se você acha que dá para assinar o Café Brasil, você não pode se acanhar. Dá uma paradinha aí e acesse canalcafebrasil.com.brcanalcafebrasil.com.br, escolha lá o plano que melhor se adapta a você e torne-se um assinante. Vai lá, a gente espera.

El reloj
Roberto Cantoral

Reloj, no marques las horas
Porque voy a enloquecer
Ella se irá para siempre
Cuando amanezca otra vez

Nomás nos queda esta noche
Para vivir nuestro amor
Y tu tic-tac me recuerda
Mi irremediable dolor

Reloj, detén tu camino
Porque mi vida se apaga
Ella es la estrella que alumbra mi ser
Yo sin su amor no soy nada

Detén el tiempo en tus manos
Haz esta noche perpetua
Para que nunca se vaya de mí
Para que nunca amanezca

Reloj, detén tu camino
Porque mi vida se apaga
Ella es la estrella que alumbra mi ser
Yo sin su amor no soy nada

Detén el tiempo en tus manos
Haz esta noche perpetua
Para que nunca se vaya de mí
Para que nunca amanezca

Olha que delícia… você está ouvindo El reloj, O relógio, interpretada deliciosamente pelo cantor peruano, que vive no Japão, Aknee. A primeira gravação de El reloj é de 1957. Desde então foi gravada por centenas de cantores.

Diz a lenda que foi composta pelo mexicano Roberto Cantoral no Hospital de Beneficencia Española de Tampico, onde havia um grande relógio na parede. A mulher de Roberto seria operada nas primeiras horas da manhã. O quadro era extremamente grave e havia poucas chances de sucesso na cirurgia. A letra diz assim:

Relogio não marque as horas
Porque vou enlouquecer
Ela se vai para sempre
Quando amanhecer outra vez

Sobra-nos apenas esta noite
Para viver nosso amor
E teu, tic-tac, me recorda
Minha irremediável dor

Relógio para teu caminho
Porque a minha vida se apaga
Ela é a estrela que brilha meu ser,
Sem o seu amor não sou nada.

Segura o tempo em tuas mãos
Faça desta noite perpétua
Para que nunca saias de mim
Para que nunca amanheça

Relógio para teu caminho
Porque a minha vida se apaga
Ela é a estrela que brilha meu ser,
Sem o seu amor não sou nada.

Segura o tempo em tuas mãos
Faça desta noite perpétua
Para que nunca saias de mim
Para que nunca amanheça

Não é maravilhosa? Não faz todo o sentido? Pois é. El reloj foi composta em 1956, numa excursão aos EUA do Trio Los Caballeros, do qual o compositor, então com 21 anos, participava. Uma simples canção romântica, que Los Caballeros gravaram no ano seguinte.

A história da esposa doente é só uma lenda, que demonstra que uma história bem contada é muito mais interessante que a realidade.

E aí, aquele era um dia especial, você tinha motivos de sobra para achar que a vida estava difícil. Você reclamava da crise econômica que fazia com que tudo estivesse caro, dos juros exorbitantes. E os impostos então, hein?

Você também estava inconformado com a situação do Oriente Médio: palestinos atacando judeus e judeus atacando palestinos. Você realmente ficava triste com aquela crise. Mas, lá no fundo, se sentia aliviado por ela estar acontecendo num lugar tão distante.

Você estava reclamando da instalação de novos pedágios nas rodovias. Do aumento do número de radares na cidade e do aparecimento de mais buracos nas ruas. E você também estava criticando o presidente, o governador, o prefeito e qualquer outra pessoa que estivesse ocupando um cargo público. Talvez você não se lembre porquê, mas com certeza, estava falando mal deles.

Não faltavam razões para você lamentar. Como todo brasileiro, você tinha assistido às inundações no período das chuvas enquanto o nordeste ardia na seca. Puxa vida, até quando, hein?

Mas você não era a única pessoa no universo a ter motivos para estar pessimista. Os norte-americanos tinham dúvidas sobre a capacidade do seu presidente. Os trabalhadores franceses estavam vendo seus salários serem reduzidos.

E o mundo todo vivia preocupado com os rumos da ciência. Naquela época, um grupo de pesquisadores estava anunciando que, em breve, começaria a produção do primeiro clone humano.

Era dia de pagamento. E, como não poderia deixar de ser, você passou o dia inteiro reclamando do seu salário, do seu chefe, do seu emprego. Definitivamente, foi um dia difícil. Aí, você foi dormir na esperança de que o dia seguinte fosse um pouco melhor.

Ah… Que dia era aquele mesmo?

Era 10 de setembro de 2001. Na manhã seguinte…

11 de Setembro de 2001. Sua vida virou de ponta cabeça num estalar de dedos… SNAP!

Aos 50, 60 anos, muita gente começa a repensar suas escolhas justamente porque sente que não aproveitou a vida como deveria. E quando acontece um trauma – seja a perda de alguém querido, uma doença, ou uma mudança drástica – é como se o tempo parasse por um momento e nos forçasse a enxergar o que realmente importa. Nesse instante, a gente percebe que a vida é curta demais para adiar aquilo que nos faz feliz, para não dizer o que sentimos, ou para deixar os nossos sonhos para depois.

No fim das contas, a vida é essa soma de momentos que, se a gente não presta atenção, escorrem pelos dedos. E aí vem a pergunta que sempre aparece em algum ponto da vida: será que eu vivi do jeito que realmente queria, hein? Talvez a grande reflexão seja essa – será que o nosso tempo está sendo gasto com o que realmente importa, ou estamos só “ocupados”, como Sêneca sugere? A verdadeira sabedoria talvez esteja em aprender a viver agora, antes que a gente chegue naquele ponto em que o arrependimento bate mais forte do que o que já conquistamos.

Outro dia, em minhas pesquisas, encontrei um site chamado vamosfalarsobreoluto.com.br . E nele um texto fantástico chamado “Vai viver, cara”, que usei naquele episódio do Café Brasil de 2016. eu vou seguir com ele agora.

O publicitário Paulo Camossa, se viu diante da fragilidade da vida depois de perder a filha Amanda em 2009, na época com 18 anos. Sete anos depois, ele tinha uma resposta clara sobre como conseguiu dar um novo sentido à própria existência: nunca rompendo com a memória e tentando viver com a mesma intensidade que Amanda viveu.

E por falar em relógio…

O relógio
Walter Franco

Passa tempo, tic-tac
Tic-tac, passa hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
E já perdi toda alegria
De fazer meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Essa canção chama-se O relógio, composição e interpretação de Walter Franco. Canção que a Amanda adorava…

O texto a seguir faz parte de um depoimento de Paulo para Laura Capanema. É uma porrada, cara.

Lalá, crie aí um clima, por favor…

Nas palavra do Paulo:

Nossa história começou quando ela nasceu, dois anos depois do meu casamento – casei cedo, aos 22, mas eu logo me separei. Foram quatro anos até o dia em que ela foi morar comigo. E foi assim, desde então. Vivemos juntos desde os seus oito anos até o momento da sua partida.

Amanda sempre foi a minha prioridade. Tivemos uma relação muito forte, talvez até incomum entre um pai e uma filha, especialmente naquela época. Mesmo com a vida agitada da agência, cheia de coquetéis e viagens, sempre preferi ficar com ela. Nossas memórias estão vivas: lembro com clareza de datas, como do 7 setembro de 1998, quando ela aprendeu a andar de bicicleta no Ibirapuera; ou do dia 20 de dezembro de 2008, nosso último passeio a pé – assistimos Vicky Cristina Barcelona no Reserva Cultural e depois saímos caminhando pela Paulista de ponta a ponta. Eu tinha medo de esquecer das pequenas coisas, mas eu lembro de tudo, a toda hora: inclusive de que nunca ia dormir sem antes lhe dar um abraço de boa noite.

Aos 18 anos, Amanda tinha acabado de entrar na faculdade (a mesma que eu havia cursado) e estava, de certa forma, encaminhada, com estágios garantidos. E feliz. Até o dia em que voltou da aula, tomou sol (o porteiro do prédio me contou), falou com a Bel, a moça que trabalhava na nossa casa, e foi deitar.

Eu estava no trabalho quando a mãe dela me ligou à tarde, preocupada, dizendo que ela não atendia o telefone. ‘Normal da idade, é claro que está tudo bem’. Voltei para casa no horário de sempre e encontrei a porta do quarto fechada, com a luz da TV passando pela fresta inferior. Ela estava lá dormindo, linda. Fui dar um beijo nela e senti seu rosto frio. Chamei um vizinho médico, depois o SAMU. Tentamos trazê-la de volta, mas ela já havia partido. Desligou.

A causa oficial, segundo o laudo, foi um edema pulmonar agudo. Nunca tinha acontecido nada similar na família, mas não havia o que fazer – era preciso aceitar.

Por sorte, toda a nossa história me confortava.

A energia boa das pessoas próximas me amparou. Como ela teve uma morte incomum, o funeral aconteceu dois dias depois e logo já me vi cercado de gente querida. Esse apoio me anestesiou. Tanto que, desde o seu velório me tornei mais frequente nos velórios da vida, pois entendi o quanto é importante estar presente – mês passado, o pai de um amigo faleceu em Pirassununga num domingo, logo depois de eu ter retornado a São Paulo (Pirassununga é minha cidade natal). Parei tudo e voltei para a estrada.

Mas chega uma hora em que, depois de tanto amparo, as pessoas que nos cercam vão tocar suas vidas. E a gente fica, tentando encontrar um jeito de seguir. No meu caso, passei a trabalhar pela memória dela, dia após dia. Editei vários vídeos e coloquei todos no Youtube.

Você pode ver os vídeos no roteiro deste programa no Portal Café Brasil.

https://vimeo.com/47564812

https://vimeo.com/48118472

E paulo diz: Também montei a playlist ( http://mandysoundtrack.blogspot.com/2014/08/amanda-sempre-gostou-de-musica-o-que-me.html ) da sua vida – nós amávamos música, era parte fundamental do nosso relacionamento.

O link para a Playlist da Amanda também está no roteiro deste episódio no portalcafebrasil.com.br.

E o Paulo prossegue:

…de uns tempos para cá escrevo nas redes sociais em seus dois aniversários (o de chegada e o de partida) coisas como ‘25 curiosidades aleatórias sobre a Amanda Camossa’ (duas: ela nunca misturava arroz e feijão e preferia misto frio a misto quente). Não concordo quando dizem que ela viveu pouco. Ela viveu muito por 18 anos, influenciou profundamente quem vivia ao redor. Ela é de uma intensidade incrível. Ela é – assim mesmo, no presente.

Outro dia trombei um amigo que não via há tempos: ‘Pô, e como está a Amanda? Deve estar enorme, né?’. Dei um abraço forte nele: ‘Que bom que você se lembra dela! Mas ela não está mais aqui’. E ele: ‘Como assim, mano? O que aconteceu?’ O cara ficou desolado, achou que tinha dado um fora. Mas, poxa, não precisava: ‘Não te falei que fiquei imensamente feliz só pelo fato de você perguntar por ela?’.

“Em nenhum momento achei que ela tivesse desaparecido. Aprendi a lidar com a dor enxergando a partida como algo natural, um pedaço da própria existência – a morte significa um novo jeito de existir. Nem sei com que frequência eu penso nela. Sei lá, todos os dias? Se eu escuto uma música que gostávamos de ouvir juntos, vou pensar em nós, claro, mas de um jeito diferente: ao invés de ‘eu queria que você estivesse aqui para ouvir isso’, eu penso ‘se você estivesse aqui, iria amar ouvir isso’. Ela aparece para mim nas formas mais variadas, nas coisas que eu vejo, nas coisas que eu faço. Quando me perguntam se eu tenho filhos, sempre respondo: ‘Sim, uma filha. Ela não está mais aqui com a gente’.

Não sou cético e de fato não acredito que a vida é só o que temos aqui. Minha formação é católica e minha crença ligada ao kardecismo. Porém, fé é algo que transpõe doutrinas. Prefiro não falar de religião porque essa ideia nos leva a seguir uma corrente só. A fé é um feeling, um sentimento, uma certeza de que existe algo além. No meu caso, de que a minha filha está comigo. Minha serenidade é 100% fé.

Já tive vários encontros com a Amanda. Há sonhos que são sonhos e há sonhos que não são sonhos. Algumas vezes, eu a sinto no vento. Claro que eu tenho saudade – e isso não é, necessariamente, ruim. Saudade é uma forma de presença: a gente só sente do que já foi bom. Às vezes, bem às vezes, sinto um aperto mais forte, dolorido. Mas passa. Sei que a nossa ligação vai muito além daqui.

A Amanda me fez parar para pensar em mim. Eu tinha um trabalho que adorava, mas havia uma inquietação: o que eu mais gostava de fazer era insignificante para a agência. Eu ficava feliz quando conseguia ajudar produtores de conteúdo a viabilizarem seus projetos – eu trabalhava com mídia, conhecia bem o mercado. E pensava: ‘se nada diferente acontecer comigo, ainda tenho uns 40 anos pela frente. Vou querer viver muito ou pouco?’. Até que a minha cabeça começou a se organizar para viver… muito. E decidi ser leve. Abandonei o carro e passei a caminhar exaustivamente pela cidade, do Ipiranga ao Carandiru. Reconquistei uma simplicidade que sempre esteve dentro de mim – mesmo quando publicitário, nunca gostei da bajulação –, mas que havia se apagado exatamente por eu nunca ter parado para me escutar.

Tirei um ano sabático, aprendi a mergulhar, a mixar música, a editar livros e fiquei um tempo em Boston dando um tapa no inglês. Todos esses cursos me ensinaram muito mais do que suas próprias metodologias – o mergulho, por exemplo, é um curso ‘de cagadas’, em que você treina para se virar em situações que podem dar errado (mas no final dá tudo certo). Na mixagem entendi que coisas diferentes podem combinar entre si para criar uma outra coisa. E hoje faço exatamente isso: misturo sem medo conhecimentos aleatórios que adquiri ao longo da vida. Acabei de abrir minha própria empresa e alugo uma cadeira em um espaço de co-working ao lado de pessoas fantásticas, que me ensinam todos os dias. Tenho uma vida mais flexível, como eu sempre quis.

A ideia de viver muito – e bem – veio da Amanda. Foi ao entender a intensidade da sua existência que resolvi levar a minha na direção das coisas que me movem de verdade.

É como se ela me dissesse todos os dias: ‘vai viver, cara!”

Que porrada, cara!

Por isso é que eu criei um lugar onde você pode aproveitar plenamente seu tempo de vida: na minha Mentoria MLA – Master Life Administration.

A gente junta uma porção de pessoas lá que querem dar um sentido na vida, que querem se sentir vivas, que querem ter a oportunidade de trocar ideias com outras pessoas que estão interessadas em produzir algo positivo, em sair dessa lenga lenga, dessa podridão, dessa porcariada, dessa fofocada, dessa encheção de saco que é o dia a dia, pra mergulhar na discussão de temas profundos, que vem lá dos filósofos de dois mil, três mil anos atrás, que se aplicam plenamente ao nosso dia a dia.

Gente interessada em crescer pessoal e profissionalmente. Você não encontra grupos assim por aí, cara. É muito, é muito especial.

Há vagas disponíveis. Se você se interessa estar comigo acesse mundocafebrasil.com. Clique no link pra saber mais.

Eu não consigo contar aqui o que que é o MLA. Tem que participar, assistir, pra entender o que é.

E se você é assinante do Café Brasil agora vem o conteúdo extra. Eu vou fazer uma reflexão sobre o processo do luto e como ele é vivido de forma única por cada pessoa. Se você ainda não é assinante, a gente vai para a parte final do episódio.

E aí então? O que você achou da história do Paulo e da Amanda, hein? Forte, né, cara?

A morte tem o poder de colocar todas as coisas em seus devidos lugares.

A história do Paulo e da Amanda é uma porrada, daquelas que faz a gente parar pra pensar…

E o começo do programa hein? Onde eu relatei o dia normal de uma pessoa, anterior ao 11 de setembro de 2001?

A gente vai vivendo a vida da gente e de repente…SNAP! Tudo muda. Alguém que amamos não está mais aqui. O emprego do qual dependemos não é mais nosso. Um trauma… e agora, hein?

Bem, o Paulo comentou ao dizer que “chega uma hora em que, depois de tanto amparo, as pessoas que nos cercam vão tocar suas vidas. E a gente fica, tentando encontrar um jeito de seguir”…

E eu me lembrei então de um poema de Adilson Luiz Gonçalves, chamado CHAVES OCULTAS, que talvez sirva para fechar este programa com chave de ouro. Ouça:

Dei duas voltas na chave;
As janelas e cortinas fechei;
Tirei o telefone do gancho;
Todas as luzes da casa apaguei.
Quis ser cego por um dia,
Para tentar melhor enxergar
O que trago, de fato, na alma,
Que a angústia não deixa aflorar.
Tateei pra encontrar o caminho,
Por cantos que, há muito, eu não via.
Também era escura minha alma,
Tão pouco dela eu conhecia.
Achei tantas portas fechadas.
Por quê? Eu tentei me lembrar.
Por entre as sombras do passado
As chaves tentei encontrar.
Achei-as ocultas num canto;
Dezenas, ao todo, eu contei.
Lembrei que abriam as portas,
Dos sonhos que eu nunca ousei!
Colhi cada uma, com pressa,
E abri cada porta, em seguida.
Senti bater forte o meu peito
E a luz invadir minha vida!
Voltei dessa busca mais moço e mais forte!
Eu, antes perdido, encontrei o meu norte!
prantos e medos? Lancei-os ao vento!
Portas e janelas abri a um só tempo!
A luz inundou onde trevas havia!
A vida se abriu e me disse:
“- Bom dia!”

Bom dia
Gilberto Gil

Madrugou, madrugou
A mancha branca do Sol
Acordou o dia
E o dia já levantou
Acorda, meu amor
A usina já tocou
Acorda, é hora
De trabalhar meu amor

Acorda, é hora
O dia veio roubar
Teu sono, cansado
É hora de trabalhar
O dia te exige
O suor e o braço
Pra usina, do dono
Do teu cansaço

Acorda, meu amor
É hora de trabalhar
O dia já raiou
É hora de trabalhar

Madrugou, madrugou
A mancha branca do Sol
Acordou o dia
E o dia já levantou
Ele sai, ele vai
A usina já tocou
Bom dia, bom dia
Até logo, meu amor

Ah, que maravilha… A canção “Bom dia” de Gilberto Gil, lançada no álbum Refazenda em 1975, é uma celebração simples e alegre das coisas cotidianas, refletindo a conexão com a natureza e o ciclo da vida. No dueto com Milton, então…

Com sua leveza e positividade, Bom dia transmite a ideia de renovação e otimismo, que é a melhor forma de encerrar o episódio de hoje.

Então… comecei este programa falando dos problemas que ocupavam sua vida na véspera do 11 de setembro de 2001… SNAP! No dia seguinte o mundo havia mudado. Falei do Paulo e da Amanda, de como a vida pode mudar completamente, num SNAP!

O Paulo da Amanda fez uma escolha: inspirou-se nela para viver a vida. O poeta mergulhou dentro de si, reviu seus sonhos guardados e os recuperou para curtir a vida.

Estamos entendidos então? Cada um fez a sua escolha… Os jovens têm tempo para errar, aprender, inspirar os outros e marcar cada uma das pessoas que cruzarem suas vidas. Do jeito que a Amanda fez com o Paulo e com certeza, com você que me ouve aí agora. E agora você já sabe que por mais que a gente faça planos, que se prepare, o imponderável está aí, ó, do seu lado.

De repente, SNAP!

Mas o que o SNAP fará conosco é menos importante do que o que faremos com o que ele fará conosco.

Reitero aqui meu convite: para de dar desculpas aí cara, junte-se aos conspiradores do Café Brasil. Acesse canalcafebrasil.com.br. É de onde vem este conteúdo aqui. E tem muito mais, cara. Escolha seu plano e pule para o barco.

O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, que completa o ciclo.

De onde veio este programa tem muito mais. E se você gosta do podcast, imagine uma palestra ao vivo. E eu já tenho mais de mil e duzentas no currículo. Conheça os temas que eu abordo no mundocafebrasil.com. Aliás, eu tenho uma palestra sobre o tempo que é uma porrada, cara!

Mande um comentário de voz pelo WhatSapp no 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.

Pra terminar, uma frase de Millôr Fernandes:

Viver é uma coisa maravilhosa, mas não está dando para perceber.