Eles podem, nós não?
Fernando Lopes - Iscas Politicrônicas -Ninguém mais se lembra do caso Salman Rushdie, aquele escritor britânico de origem indiana. Em 1989 o Aiatolá Ruhollah Khomeini, psicopata mandatário da teocracia iraniana, acusou Rushdie de crime de apostasia, condenando-o à morte por seu livro Versos Satânicos; lançou contra ele uma fatwa, sentença religiosa que obrigava qualquer muçulmano a matá-lo com licença do Aiatolá doidão, como se fossem uma gangue de James Bonds de turbante que não bebem uísque. Os politicamente corretos embrionários e a esquerda em geral apoiaram, em menor ou maior grau, a demência pseudo-islâmica. Ali começava uma nova e triste tendência: A união das esquerdas com o Islã e os pais (avós?) da ridícula onda politicamente correta, todos contra os cristãos. A censura assassina dava o tom: Qualquer livro, sátira, cartum, discurso, desenho, comentário ou pensamento que essa gente classificasse como “ofensiva”, deveria ser vingado com sangue cristão, preferencialmente ocidental e católico. Era a morte do livre pensamento e o nascimento de facções terroristas muçulmanas, cujo único intuito era destruir o homem-branco-ocidental-cristão-democrata. Declaração da barbárie, em poucas palavras.
Anos depois, veio o caso Charlie Hebdo, jornal satírico francês que enfrentava tudo e todos; católicos, conservadores, judeus, comunistas, qualquer um era alvo das piadas do semanal de comicidade ácida e anárquica – até o dia em que os coitados “ousaram” fazer piada com Maomé. Em 2006, republicaram charges originalmente criadas um ano antes por outro jornal dinamarquês. Os cartuns eram até leves, comparados aos que eles faziam ridicularizando católicos (um deles, na capa, mostrava vários cardeais sodomizando-se mutuamente numa roda durante a eleição papal), mas foi o suficiente para gerar sentença de morte coletiva contra os integrantes do jornal. Depois de vários pequenos atentados, veio a chacina de 2015, deixando 12 mortos (sendo dois policiais) e cinco feridos graves. O mundo livre imediatamente externou sua revolta contra essa insanidade.
Mas só o mundo livre; no Brasil, a lulada apoiou e até comemorou secretamente o atentado terrorista. Afinal, a “culpa”, alegavam, era dos jornalistas que “não respeitaram” os muçulmanos, que “zombaram” da fé islâmica, e por isso mereciam mesmo morrer. Desnecessário lembrar que artistas (aqueles mesmos de sempre) recriminaram o “exagero” dos franceses; alguns, menos contidos, defenderam abertamente os terroristas islâmicos, alegando que os cartunistas pediram pra morrer. É bom lembrar que Dilma, mesmo lamentando levemente o ataque, pediu “diálogo” com os terroristas do Estado Islâmico durante discurso (risos) na ONU em 2015. Bom, nada absurdo pra quem defendeu, da mesma tribuna, a estocagem de vento. Valha-me Senhor.
Essa mesma lulada e esses mesmos artistas acham muito natural e louvável que algo que chamam de “arte” ofenda católicos e demais cristãos, conspurcando a imagem de Jesus e de Nossa Senhora. Aí, segundo eles, trata-se de “liberdade de pensamento” e outras imbecilidades. E quem defende o contrário é “nazista”, “fascista” “censor”. Então tá.
Antes que algum apressadinho de sempre venha lançar as mesmas pedras também de sempre, é bom deixar claro que ninguém aqui defende a censura, de nenhum tipo. Mas é incrível que essa gente classifique sátira aos muçulmanos como crime, e contra os cristãos como “liberdade de expressão” ou “arte”. É um excelente exemplo da demência do politicamente correto, que é pouco mais que massa de manobra de uma esquerda que faliu no mundo inteiro, mas continua viva no Brasil, com o inacreditável apoio de setores da Igreja Católica.
Em resumo: Atacar cristãos, na visão convenientemente míope dessa gente, é coragem, arte, liberdade. Contra qualquer outra religião, é crime passível de execução. Uma piada sobre qualquer religião sincrética ou maometana, e o mundo acaba; Caetanos Velosos e Sabatéllicos da vida e lulistas da morte se uniriam contra o “racismo e a intolerância”, uivando de ódio contra os “fascistas”. Mas se for contra cristão, se achincalha Jesus, soca a botina que é tudo lindo e maravilhoso. Taí as exposições de “arte” em Porto Alegre e Em São Paulo, que tanta polêmica causaram e comprovam essa constatação.
Essa gente é contra censura – a eles. Contra nós, é justiça caetânica, mais sem sentido que letra de Djavan. Mais: Vamos ver se os “corajosos” fariam o mesmo com a figura de Maomé. Principalmente em um país muçulmano. Pimenta no Islã dos outros é refresco, militante?