Impeachment em Pasárgada e o adeus aos amigos do rei
Paulo Rabello de Castro - Iscas BrasilEficiente -Por Agatha Justino com inspiração nas ideias de Paulo Rabello de Castro
Manuel Bandeira queria ir embora para Pasárgada. Em um dos refrões mais famosos da língua portuguesa, ele contou a nós brasileiros que lá era amigo do rei e o quanto isso seria bom. Fazer parte da corte é um cargo que exige pouca competência e oferece muitas benesses. Pasárgada, conta a história, foi a primeira capital da Pérsia, onde hoje é o Irã. Manuel Bandeira queria ir embora para Pasárgada. Em um dos refrões mais famosos da língua portuguesa, ele contou a nós brasileiros que lá era amigo do rei e o quanto isso seria bom. Fazer parte da corte é um cargo que exige pouca competência e oferece muitas benesses. Pasárgada, conta a história, foi a primeira capital da Pérsia, onde hoje é o Irã. O rei a quem Bandeira se refere é Ciro II. Pasárgada ficou inacabada por que Ciro morreu durante a construção. Mas se o poema de Bandeira estiver correto, talvez Pasárgada tenha se mantido inacabada por que estava infestada de amigos do Rei gozando de privilégios, pouco preocupados com o interesse público e o bem estar dos demais habitantes da cidade. Assim, a cidade perdeu seu status de capital, foi ultrapassada em desenvolvimento pelas vizinhas e hoje só restam os escombros de uma promessa de paraíso oriental. Longe da Pérsia em tempo e espaço, o Brasil corre o mesmo risco de se tornar a mesma espécie de país-projeto. Na última quarta-feira (12), o Senado afastou a presidente Dilma Rousseff e seus amigos. São 180 dias em que podemos expulsar o espírito de Pasárgada e retomar o crescimento do país. Há quem diga que 180 dias ou dois anos é pouco tempo para promover uma mudança expressiva no País. Eu diria que 180 dias ou dois anos é um tempo que não podemos perder. Agora que assumiu o poder, Michel Temer precisa promover um tratamento intensivo no Brasil e assim, livrá-lo de uma série de vícios. Será preciso conter gastos até que as contas encontrem um equilíbrio. A transformação do país deve partir de detalhes fundamentais como a redução da burocracia. O governo deve trabalhar para estabilizar a inflação até os preços caírem. Além de promover uma política econômica que traga a taxa de juros à normalidade. Carecemos de reformas básicas e que não podem ser mais adiadas, como a tributária. Há alguns anos, o Movimento Brasil Eficiente busca simplificar a cobrança e reduzir a carga tributária. Além de projetos para melhorar a fiscalização dos gastos públicos a fim de evitar desperdício. Temos como missão promover a eficiência como norte da gestão do país. O MBE é apenas uma das ideias do Instituto Atlântico para que o país finalmente possa criar um ambiente fértil para o desenvolvimento. Além destas, oferecemos ao governo Temer – como a outros governos, uma agenda propositiva, com soluções reais para os principais problemas que enfrentamos hoje. Dias históricos muitas vezes se confundem com dias comuns. Nesta semana, enquanto realizavam suas atividades cotidianas, os brasileiros acompanharam a queda de uma presidente. Esse processo doloroso não pode ocorrer em vão. Após o impeachment na Pasárgada verde-amarela, o País quer um plano de mudanças concretas. Não querem ver os amigos do rei trabalhando em prol de uma perpetuação no poder, mas uma equipe disposta a tirar o país do buraco Michel Temer inicia seu período como vice-presidente em exercício e precisará conquistar uma população que se tornou descrente da classe política e que aprendeu a dizer que são todos iguais. Se há um tempo que devemos deixar para trás é o da complacência com os maus hábitos deixados por governos anteriores e que se tornaram parte do estilo de gerir o Brasil. No dia em que criarmos essa nação, ninguém desejará ir embora para um lugar imaginário ou ser amigo de poderosos, pois já sentirá a imensa satisfação de ser apenas mais um cidadão brasileiro. |