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Manoel de Barros

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Luciano Pires -

Nascido à beira do rio Cuiabá, um ano depois sua família foi viver em uma propriedade rural em Corumbá, mudou ainda quando criança para Campo Grande e, mais tarde, para o Rio de Janeiro, a fim de completar os estudos, ond formou-se bacharel em direito em 1941.

Tendo estado 10 anos em um internato, rebelou-se contra a escrita do Padre Antônio Vieira, por lhe parecer que para aquele a frase era mais importante que a verdade. Através da leitura da poesia em prosa de Arthur Rimbaud, Manoel de Barros descobre que “pode misturar todos os sentidos”.

Seu primeiro livro não era de poesia, e teria se perdido em razão de uma confusão com a polícia. Quando vivia no Rio de Janeiro, aos 18 anos, tendo entrado para a Juventude Comunista, pichou as palavras “Viva o Comunismo” em uma estátua. Quando a polícia foi buscá-lo na pensão onde vivia, a dona do estabelecimento pediu para “não prender o menino, tão bom que até teria escrito um livro, chamado ‘Nossa Senhora de Minha Escuridão'”. Tendo o policial que comandava a operação se sensiblizado, o poeta não foi preso, mas o livro foi perdido, pois o policial levou-o consigo.

Embora a poesia tenha estado presente em sua vida desde os 13 anos de idade, teria escrito o primeiro poema somente aos 19 anos. Seu primeiro livro publicado foi “Poemas concebidos sem pecado” (1937), feito artesanalmente por amigos numa tiragem de 20 exemplares mais um, que ficou com ele.

Na década de 1960 voltou para Campo Grande, onde passou a viver como criador de gado, sem nunca deixar de trabalhar incansavelmente em seu ofício de poeta.

Apesar de ter escrito muitos livros durante toda a sua vida e de ter ganho vários prêmios literários desde 1960, durante muito tempo sua obra ficou desconhecida do grande público. Possivelmente porque o poeta não frequentava os meios literários e editoriais e, deduzindo-se das palavras do poeta (ele diz “por orgulho”), por não bajular ninguém.

Seu trabalho começou a ser valorizado nacionalmente a partir da descoberta deste por parte de Millôr Fernandes, já na década de 1980. A partir daí, ganhou reconhecimento através de vários dos maiores prêmios literários do Brasil, como o Jabuti, em 1987, com “O guardador de águas”.

Atualmente, é considerado o maior ou um dos maiores poetas vivos do Brasil, sendo o mais aclamado atualmente nos círculos literários do seu país. Seu trabalho tem sido publicado em Portugal, onde é um dos poetas contemporâneos brasileiros mais conhecidos, na Espanha e na França.

O diretor Pedro Cezar filma “Só dez por cento é mentira”, um documentário sobre a vida do poeta que foi exibido em 2007. O título do filme refere-se a uma frase de Manoel de Barros: “Noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira”.

Alguns pensamentos de Manoel de Barros

Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas – é de poesia que estão falando.

Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito.

Passava os dias ali, quieto, no meio das coisas miúdas.
E me encantei.

Tentei descobrir na alma alguma coisa mais profunda do que não saber nada sobre as coisas profundas.
Consegui não descobrir.

No fim da tarde, nossa mãe aparecia nos fundos do quintal :
Meus filhos, o dia já envelheceu, entrem pra dentro.

Poeta é um ente que lambe as palavras e depois se alucina

http://www.fmb.org.br/ – Fundação Manoel de Barros


Manoel de Barros

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