Monólogos da Rede – O que se diz e o que se faz
Labi Mendonça - Iscas Anarquiscas -É sempre bom lembrar… O efeito enganador que as redes sociais provoca nas pessoas pode ser danoso.
De uma hora para outra as pessoas passam a acreditar que todos aquelas postagens, compartilhamentos, aprovações, “emoticons” anexados, são a prova concreta de que a realidade está em transformação conforme pretendem. Acham que estão vivendo aquilo…
Mas é mais efeito virtual do que real. As pessoas se exibem, se expõem, replicam, multiplicam, compartilham, e aquela onda, parece que vai provocar um efeito devastador…
Só que não. A onda passa e como marola acaba diluída na miríade de novas postagens, novos “likes”, novos memes, e são de fato pouquíssimas as publicações na rede social que se tornam verdadeiramente impactantes a ponto de provocar efeitos concretos e reais. Milhares de estímulos por segundo…
A pessoa fica ali hipnotizada pela constante renovação de mensagens, a ponto de acreditar que aquela vida virtual está mesmo provocando um efeito muito profundo nas pessoas. Não é bem assim.
Claro que é bastante democrático e muito entusiasmante você ter e estar presente numa sala de visitas coletiva onde pode se comunicar com o mundo e este com você. Em “real time”!
Mas justamente por ser essa grande babel alucinógena e totalmente virtual que os efeitos do que se faz ali são muito diluídos.
Parece muito movimento, mas é pouco resultado.
Excetuando-se casos extremos de ataques, manifestação aberta de preconceito, intolerância ou racismo, ou cenas bárbaras de violência ou crueldade, a maioria das postagens fica mesmo na espuma da onda onde flutuam e poucas chegam à praia das consequências…
Mas, certamente, os manipuladores, os influenciadores, formadores de opinião, profissionais da comunicação nas redes, estão trabalhando incansavelmente 24 horas por dia, para provocar estímulos, arregimentar multiplicações, conquistar apoiadores, e apreciadores.
No fundo é apenas para tanger as ondas. Isso torna viral alguma mensagem, e o seu efeito então fica inoculado naquela corrente por algum tempo. Não muito tempo.
A força de uma mensagem na rede é, salvo exceções, de efeito pouco prolongado. Se não houver o estímulo constante de novos compartilhamentos a coisa esfria e apodrece.
O próprio internauta, ao ver um post que já foi visto, em vez de buscar a pertinência de seu conteúdo, desvia dele como se fosse uma mensagem com o prazo de validade vencido.
É raro uma mensagem receber compartilhamento ou “like” depois de semanas ou meses de publicada. Vira massa perecível no passado. Ou “memória” para ser lembrada mais adiante.
Na vida real, a situação geralmente é distinta, a realidade é outra, e não tem a facilidade de ser manipulada como nas redes sociais. O fato incomoda e tem cheiro, sabor de carne, de vida, de sangue.
Por isso, sempre é bom lembrar que o que se diz e o que se faz, nem sempre estão harmônicos. Mas a maioria das pessoas nem quer saber.
Na tela é tudo tão rápido, colorido, bonito, adaptável, julgável, condenável, aprovável, provável, “likável” que até parece verdade.
Dá aquele “barato” e enquanto você está na “vibe” da ilusão, a vida passa rapidamente transitando além de você, do futuro para o passado. Mas não como você desejava.