Não existe dinheiro público
Fernando Lopes - Iscas Politicrônicas -Em meio à fúria legiferante brasileira, um cipoal interminável de normas que teriam, segundo seus nobilíssimos e genialíssimos criadores, o condão de redescobrir a pólvora ou revogar a lei da gravidade, sempre tem mais um achando que a solução é criar mais leis. O produto dessa sandice coletiva é a fábrica legislativa de máquina de desentortar bananas: Câmaras, assembleias e congresso nacional, todos voltados à suprema fantasia de fazer brotar dinheiro via decreto; untados pela esperança de voto dos trouxas e pela banha do populismo. Mania estatal de criar benefícios para que o particular pague a conta, arcando com o prejuízo idealizado pelos fingidamente beneméritos. A ideia é espantosa em qualquer lugar do mundo civilizado, mas aqui torna-se a panaceia dos crédulos: a máquina brasileira de criar facilidades com a grana alheia.
Típica ilusão é a meia-entrada em cinemas, teatros, shows e afins: Os brilhantes legisladores decidiram que algumas classes de indivíduos merecem pagar menos por esses serviços, e dá-lhe lei. Como se fosse simples assim. Acontece que empresários e prestadores de serviços não vivem de ar, nem gostam (com toda razão) de ver seu trabalho pago pela metade. E, inevitavelmente, a outra parte do respeitável público que não conta com esse delicioso privilégio vai arcar com a diferença no preço dos ingressos. A matemática é muito simples: Se um deixa de pagar, alguém vai pagar por ele. Gostemos ou não dessa equação de simplicidade acaciana.
Alegam que a parte “mais fraca” deve ser “protegida” da “mais forte”. Além de injusto, taí o atoleiro no qual o lulismo nos meteu fazendo a patuleia acreditar que há no Brasil uma guerra civil em curso, e que eles, bons por natureza, defendem os descamisados. Como já lembrava Abraham Lincoln, é impossível enriquecer os pobres empobrecendo os ricos. Luta de classe é coisa estúpida, fora de moda até na Cuba de hoje, que busca comerciar com os mesmos EUA que apontava como o grande satã. E nós aqui, patinando nesse esterco bolivariano que até Fidel abandona aos poucos.
E antes que algum apressadinho se inflame, nada contra esse benefício que contempla estudantes, professores e outros; o problema é que o legislador sai bem na foto, enquanto empurra a conta para o lado privado. Ou seja: Apesar da maior carga tributária do mundo, o governo ainda cria mais despesas para o setor produtivo. Porque não pagam a diferença com o dinheiro dos impostos escorchantes?
Outra lei, tão típica quanto errada, é a que obriga escolas privadas a aceitar alunos com deficiência no mesmo preço pago pelos alunos ditos saudáveis. Evitando que algum lulista açodado lance o livrinho vermelho de Mao ni mim, deixemos bem claro tratar-se de caso análogo ao da meia-entrada: Mais uma vez o estado, voraz na arrecadação, passa a despesa extra para o particular. É óbvio que uma criança deficiente merece atenção especial e toda a educação escolar possível, mas tais cuidados e professores especializados custam mais do que “vontade política” ou cargos inúteis em ministérios sem sentido, como o dos direitos humanos. Isso tudo custa dinheiro. E estamos fartos de pagar impostos vampirescos em troca de serviços indecentes.
Uma amiga muito querida fundou e dirige, com dedicação heroica, a única fundação privada para tratamento de autistas da região de Bauru/SP – com tudo gratuito para essas crianças especiais. Funcionários e alunos sobrevivem com doações de particulares, entre os quais humildemente me incluo, com pouca ou nenhuma ajuda estatal, mas muita coragem e trabalho voluntário. E querem que paguemos ainda mais pela ineficácia e roubalheira das fileiras lulistas? Sai pra lá, CPMF. Vá assombrar a Coreia do Norte.
Margaret Tatcher, primeira ministra britânica de 1979 a 1990, salvou seu país do parasitismo sindical e da gastança desenfreada, e tem sido muito lembrada nestes tempos terríveis para o Brasil. Ainda não compreendemos bem que populismo sempre termina mal e, como dizia a Dama de Ferro, não existe essa coisa de dinheiro público; há apenas o dinheiro dos pagadores de impostos (eufemisticamente chamados de “contribuintes” no Brasil), embora a lulada, pra não perder a boquinha, afirme que isso é bobagem, e a Petrobrás é tão fértil que, em se roubando, tudo dá.