Os Conceitos e os Preconceitos
Labi Mendonça - Iscas Anarquiscas -Em tempo de grandes polarizações nas redes sociais e afins e quando todos cobram posicionamentos e posições eu percebo algumas questões que ficam sempre mal esclarecidas. Resolvi pegar umas ideias e questioná-las. Percebi assim uma oportunidade de esclarecer umas questões, colocar minhas opiniões e criar uma espécie de diálogo mais útil a outras pessoas. As posições que questiono estão em itálico. O meu comentário em normal.
Votar no Bolsonaro:
Eu voto no Bolsonaro… E votaria no Maluf !
Quanto ao Bolsonaro, se não houver alguém melhor, realmente eu voto nele… Dos que conheço que estão aí ou querem entrar, prestam menos do que ele… Tudo ladrão, sem vergonha, cara de pau… uma velharada que está ali se arrepiando de medo de serem delatados… e nada fazendo por este País…
Bem, veja essa posição. Primeiro erro: votar num candidato porque acha “menos ruim” do que outros. Se ele não é bom, não basta ser “menos ruim”. É ruim também. Só porque ainda não apareceu ninguém digno vamos apoiar uma pessoa que é comprovadamente preconceituosa, e com declarações que reforçam a violência, a falta de ética e de respeito ao ser humano?
Ao dizer que é malufista, já assume que admite uma pessoa como ele que deu mais do que provas de sua malandragem política, de suas negociatas, e de sua visão preconceituosa também. Portanto, fica em questão os seus princípios e os seus valores.
Corruptos e corrompidos:
Estou cansada de ver em telejornais que a cada dia tem mais dez delatados por corrupção… Muitos milhões em jogo para a regalia de uns bunda-moles sem alma…
Os delatados são apenas a ponta do Iceberg. Nós sabemos, mas ainda não temos como provar que a grande maioria dos que estiveram e estão na política brasileira, participou de um esquema, uma grande engrenagem onde a corrupção é o que faz mover as partes desse negócio sujo. Não se trata de “alma”, eles não têm é honestidade, escrúpulos, e princípios dignos. E fomos nós os eleitores que os elegemos. Por isso não podemos mais eleger o “menos ruim”.
Dê-me o nome de um que valeria a pena votar… Nem você tem… Vamos por a Marina, assim ela instala o Congresso com Evangélicos, enquanto o marido dela abre o cofre do País… Vamos colocar o simpático Aécio, que se agarrou ao nome do avô… A Dilma… Podemos coloca-la de volta, o Lula… Assim, com todos que estão ali, o País vai ficar definitivamente sem educação…
Primeiro: é muito cedo para ter nomes. Falta um ano e meio para votar… Não vamos logo apoiar qualquer um por falta de opção agora…
Segundo: nenhum presidente “instala” o Congresso. Eles são eleitos pelos votantes. A comunidade evangélica tem responsabilidade na escolha dos seus representantes, que já provaram estarem mancomunados com toda a bandalheira que está aí… Nada podemos contra isso a não ser divulgar as falcatruas e o que sabemos dos podres. E tentar mostrar os que não prestam.
Sem caráter… Sem saúde… Estamos entregues aos bandidos por causa dessa corja toda que mostra que roubar é melhor do que estudar ou trabalhar…
Estamos porque DEIXAMOS. Votamos (mesmo quando são “menos ruim”), elegemos esses podres, acreditamos nas promessas de seus discursos falsos, e no que falam as mídias compradas, nos desresponsabilizamos depois dessa escolha, e nunca mais nos rebelamos quando eles fazem a porcaria que está sendo revelada. Mas ainda assim dizemos: “Voto nele porque não tem outro”. Ou, “sou malufista roxo”… Então, como se pode criticar alguém que apoia outro bandido, se defendermos um deles já comprovado por diversas evidências?
Até agora, todos que criticam o Bolsonaro, não têm um nome para dizer em quem votar… Todos criticam muito, mas, ninguém mostra uma solução…
Só porque “ninguém mostra uma solução”, vamos votar no cara que defende torturador da ditadura e diz para outra deputada que não é estuprada porque ela é feia? Quer dizer que é assim? Agir assim: “Alguém aí me mostra uma solução, senão eu vou votar num porcaria menos ruim?”
Temos hoje… Um bando de funkeiros com meninas vazias dançando e fazendo filhos para jogarem no mundo, aumentando a estatística… Um bando de zumbis que mal sabem quem são os pais e mães e vão pras ruas roubar e matar…
Espera aí: Generalizar é errado. Ser funkeiro não é sinônimo de marginal ou de pessoa ruim. As pessoas são livres para gostar de cantar e dançar o que bem entenderem. Se não gostar de Funk não pode discriminar quem goste. Na verdade, o problema que está por trás do empobrecimento cultural é a falta de educação, de ter menos desigualdade social, de ter melhor distribuição de renda…
Pessoas que reclamaram do programa bolsa-família revelam que estão contra uma iniciativa que tentou minimizar o estado de miséria para uma parcela da população que o sistema injusto e desigual discrimina cada vez mais. O que falta é seriedade na aplicação, oportunidade, educação, honestidade na gestão, seriedade no uso das verbas públicas de forma a beneficiar a população. Não aumentar o fosso social.
Diga qual compositor está sendo inspiração para letras de músicas com inicio, meio e fim… Estamos largados à própria sorte… Filhos bem formados ganhando miséria… É isso que vivemos nessa Democracia sem censura, sem educação, sem pudor…
Outros enganos: Tem milhares de compositores e letristas com excelentes composições fazendo sucesso. Mas tem também um monte de lixo musical que as gravadoras e a Internet ajudam a promover, porque o baixo nível educacional e cultural da grande massa não está ajudando, e assim o lixo agrada… Fazer o quê? Temos que dar educação, informação de qualidade, acesso, e ver se melhora o nível da produção cultural.
Ah… “Sem censura”? Quer dizer que devemos ter censura?
E o sistema de remuneração é injusto com os filhos formados? Mas vai corrigir como? Somente se tivermos um nível educacional elevado e gente de qualidade saindo das universidades, que viraram “simples negócio de faturar em cima das pessoas”.
Um casal de duas gays, uma com cabelos brancos (uns 50 e poucos anos) e outra de uns 30 com cabelos coloridos, num evento cultural… foram convidadas a se retirar, tamanho era o amasso que estavam fazendo…. Um lugar sério, lotado de famílias e as duas se comportando como essa democracia está permitindo… e se fosse um casal heterossexual, também teria que ser retirado da sala… A pouca vergonha de uns anos para cá tomou conta do País… Azar de quem gosta do respeito ao próximo…
A frase: “as duas se comportando como essa democracia está permitindo…” – O problema não é “desta” democracia “estar permitindo”. A democracia defende a liberdade das pessoas serem como gostariam de ser, desde que respeitem o direito do outro. O que tem de haver é educação, discernimento de como agir em cada ambiente, e respeito pelos demais, o que mais uma vez remete para uma questão de investimento na educação e nos valores de aceitação do outro. Por que achar que as pessoas que não se comportam conforme o “padrão” estão em desacordo? Tem que ser imposto um padrão? Por isso talvez eleger o Bolsonaro?
Um juiz que ainda acredita em moral e bons costumes, numa cidade do interior de SP determinou faz dois anos, que menores só podem entrar acompanhados por seus responsáveis… Depois das denúncias sobre a galerinha colorida que se encontrava lá para quase chegar às “vias de fato” em filas de cinema ou cantinhos perto das escadas etc… Acabou tudo isso…
Mais uma vez temos dois pontos a considerar – Um Juiz no uso de sua autoridade determina, porque acha que deve, e pode regular o que os jovens podem ou não fazer na sua interação social e afetiva. Não é uma solução de educação, mas uma solução de coerção, já que uma parcela da dita “sociedade da moral e dos bons costumes” julgou que aquela “pegação” dos jovens é “errada” ou “indecente”. O segundo ponto é exatamente esse: Uma geração mais velha e com seus valores, impõe pela força, o que julga certo, e não vai buscar solução na educação dessa juventude, para que eles mesmos possam estabelecer os seus limites. Afinal, uma geração é sempre diferente de outra… Eu era muito permissivo na visão dos meus pais, e provavelmente, seja menos do que os meus filhos… Mas respeitar e educar ajudam mais do que reprimir.
O Brasil também está precisando de alguém com pulso firme para colocar rédeas nestes comportamentos liberados e desenfreados… Ainda existem pessoas com bons costumes e educação de berço neste País…
Aqui então está a explicação para “apoiar o repressor do Bolsonaro”: ALGUÉM COM PULSO FIRME… Quer dizer que eleger um “general” ou “ditador” que, pelo uso do “pulso firme”, um eufemismo para “repressão” possa “colocar rédeas” nos comportamentos liberados e desenfreados? Será que vai mudar o País com isso? Vejamos bem. Vamos dar a um candidato a presidente do Brasil o voto, para que ele possa ser o GRANDE PULSO FIRME que iniba o que uma parcela ache que esteja “em desacordo com bons costumes e educação de berço neste País”. Francamente, está é uma visão muito distorcida do que seja a escolha de um líder. Mas então podemos defender o Fidel Castro, que fez “pulso firme” por décadas para manter a revolução cubana e não deixar que descambasse para a “democracia permissiva e sem bons costumes”.
Os professores apanham nas escolas, médicos apanham de pacientes, viciados roubam às claras, as pessoas se xingam do nada… O que é isso?… Quem, com moral, está cuidando disso?…
A resposta é simples: São os líderes, que os eleitores escolheram, e os gestores que a sociedade permitiu ter e estar no poder. Os legisladores e juristas que estão criando os códigos de conduta e também e principalmente os empresários corruptores e venais que se aliam aos políticos corruptos (eleitos pelo voto) para se locupletarem, e que no fundo, são os grandes detentores das “rédeas” do sistema. Mas o povo ainda vai lá e escolhe o “menos ruim”.
Se todos os pais dos alunos forem nas escolas e pedirem a punição dos que batem nos professores, isso acaba. Se todos da cidade forem aos hospitais e pedirem a cabeça dos maus gestores da saúde, a saúde melhora. Se os juízes parassem de colocar criminosos na rua, e julgassem mais rápido e melhor os processos, sem venalidade e parcialidade. Se o sistema prisional fosse realmente algo decente e não uma central do crime… Talvez… Melhorasse isso… Começa por cada um de nós.
Dos que possivelmente poderiam se candidatar e estão todos criando “alianças” para a próxima eleição, ninguém presta… Vão continuar fazendo o povo de escravo e dando risada de nós…
Isso se, e somente se, nós os eleitores dermos nosso voto a esses que já provaram sua venalidade. Não dar aval a esses é o primeiro passo.
Tenho vergonha do que tenho visto por onde ando… Coisa que não vejo lá fora… Eu quero oposição… É isso…
As divergências de ideias e posições servem para que se possa analisar e ver com outros olhos. Fazer autocrítica e poder mudar um conceito. Ser moralista não é um estado permanente… Evolução é o processo.
“Lá fora” tem muito tempo de aprendizado, de educação, de cultura. Em vez de olhar lá para fora, vamos olhar para dentro e ver como podemos mudar essa nossa história. O primeiro de tudo é não apoiando nenhum “menos ruim”. É fazendo barreira para que isso acabe. É se mobilizando e se indignando com tudo que está sendo feito de ruim. E ser aberto para ver com outros olhos, a aprender com o diferente, a aceitar que nós também temos que evoluir. O problema começa em cada um de nós.