s
Artigos Café Brasil
Corrente pra trás
Corrente pra trás
O que vai a seguir é um capítulo de meu livro ...

Ver mais

O que é um “bom” número de downloads para podcasts?
O que é um “bom” número de downloads para podcasts?
A Omny Studio, plataforma global na qual publico meus ...

Ver mais

O campeão
O campeão
Morreu Zagallo. Morreu o futebol brasileiro que aprendi ...

Ver mais

O potencial dos microinfluenciadores
O potencial dos microinfluenciadores
O potencial das personalidades digitais para as marcas ...

Ver mais

Café Brasil 947 – A matemática ancestral
Café Brasil 947 – A matemática ancestral
Para que você nascesse, foi necessário um conjunto ...

Ver mais

Café Brasil 946 – Vai viver, cara – A live
Café Brasil 946 – Vai viver, cara – A live
O episódio Vai Viver, Cara revisitado, como era de se ...

Ver mais

Café Brasil 945 – Verdade e veracidade
Café Brasil 945 – Verdade e veracidade
Neste episódio mergulhamos nas complexas relações entre ...

Ver mais

Café Brasil 944 – Vai viver, cara – Revisitado
Café Brasil 944 – Vai viver, cara – Revisitado
Cara, a vida passa numa velocidade que a gente nem ...

Ver mais

LíderCast 341 – Especial Andav – Samanta Pineda
LíderCast 341 – Especial Andav – Samanta Pineda
Neste episódio temos Samanta Pineda, advogada ...

Ver mais

LíderCast 340 – Especial Andav – Marcos Fava Neves
LíderCast 340 – Especial Andav – Marcos Fava Neves
Neste episódio recebemos Marcos Fava Neves, o Doutor ...

Ver mais

LíderCast 339 – Especial Andav – Caio Carvalho
LíderCast 339 – Especial Andav – Caio Carvalho
Neste episódio temos Caio Carvalho, presidente da ABAG ...

Ver mais

LíderCast 338 – Especial Andav – Sueme Mori
LíderCast 338 – Especial Andav – Sueme Mori
Neste episódio temos Sueme Mori, que é diretora de ...

Ver mais

Segunda Live do Café Com Leite, com Alessandro Loiola
Segunda Live do Café Com Leite, com Alessandro Loiola
Segunda live do Café Com Leite, com Alessandro Loiola, ...

Ver mais

Live Café Com Leite com Roberto Motta
Live Café Com Leite com Roberto Motta
Live inaugural da série Café Com Leite Na Escola, ...

Ver mais

Café² – Live com Christian Gurtner
Café² – Live com Christian Gurtner
O Café², live eventual que faço com o Christian ...

Ver mais

Café na Panela – Luciana Pires
Café na Panela – Luciana Pires
Episódio piloto do projeto Café na Panela, com Luciana ...

Ver mais

O ouvidor do Brasil
Luiz Alberto Machado
Iscas Econômicas
O ouvidor do Brasil  Um gênio nas letras de um imortal   “Viver no exterior é bom, mas é uma merda. Viver no Brasil é uma merda, mas é bom.” Tom Jobin   O ouvidor do Brasil ...

Ver mais

Falta de compromisso com o equilíbrio fiscal
Luiz Alberto Machado
Iscas Econômicas
Falta de compromisso com o equilíbrio fiscal Ao acompanhar o noticiário ou ouvir os depoimentos de muitos candidatos à prefeitura na campanha eleitoral gratuita, impossível não se preocupar com a ...

Ver mais

Esporte Clube Pinheiros
Luiz Alberto Machado
Iscas Econômicas
Esporte Clube Pinheiros  125 anos de glórias No dia 7 de setembro, o Esporte Clube Pinheiros completou 125 anos e, como ocorre anualmente, o mês será repleto de comemorações envolvendo atividades ...

Ver mais

Delfim Netto e o pensamento econômico
Luiz Alberto Machado
Iscas Econômicas
Onde situar Delfim Netto no pensamento econômico?   “O que posso afirmar é que não se escolhe a profissão, ela é que te escolhe. E quando se tem a sorte de ela te escolher direito, você ...

Ver mais

Cafezinho 644 – A teoria da estupidez
Cafezinho 644 – A teoria da estupidez
Dietrich Bonhoeffer (1906–1945) foi um influente ...

Ver mais

Cafezinho 643 – Brasileiros Pocotó
Cafezinho 643 – Brasileiros Pocotó
Vinte anos atrás lancei meu livro Brasileiros Pocotó e ...

Ver mais

Cafezinho 642 – O marketing da cadeirada
Cafezinho 642 – O marketing da cadeirada
A temperatura política sempre sobe em anos de eleições, ...

Ver mais

Cafezinho 641 – Para combater a burrice.
Cafezinho 641 – Para combater a burrice.
Você acha que o Brasil está ficando burro? Resista! O ...

Ver mais

Quem faz nossa cabeça

Quem faz nossa cabeça

Luciano Pires -

Bauru, 2 de abril de 1964. Eu tinha 8 anos de idade e me lembro de ver na capa da Folha de São Paulo a foto de um soldado de capacete, com sua arma em mãos, a postos. Pesquisei no acervo da Folha e reencontrei aquela capa:

folha 64 2

Infelizmente a qualidade de reprodução está muito ruim, não é possível ver os detalhes da foto, mas eles estão vívidos em minha memória. Fascinante! A foto em questão, com o título “Vigiando a Dutra” tem esta legenda: “Em Caçapava, no trecho existente da rodovia Presidente Dutra, a entrada da cidade, soldados do 6º. BI vigiam a estrada. As tropas fiéis ao general Kruel têm o controle total da região do Vale do Paraíba.”

Lá se vão 53 anos, mas fiquei tão impressionado com a imagem daquele soldado, que ela permanece viva, clara em minha memória. Seria aquilo a guerra? Não me lembro se perguntei a meus pais o que estava acontecendo, e como os acontecimentos daquele momento estavam muito acima de minha capacidade de compreensão, deixei a coisa pra lá. Só muito mais tarde fui entender o significado não só daquela imagem, mas daquele período da história do Brasil.

Volto a essa história para lembrar como, naquela época, as narrativas eram feitas dentro de nossos círculos familiares e de amizades. Era no seio da família que aprendíamos porque acontecia o que acontecia. As narrativas familiares permitiam que entendêssemos como e onde nos encaixávamos dentro daquele mundo. E eram narrativas ricas, que misturavam fatos da realidade com histórias, tradições e lendas, não só do Brasil, mas de nossos antepassados. No meu caso, com avô vindo de Portugal, com valores portugueses.

E assim fui montando minha compreensão do mundo.

Hoje as narrativas familiares perderam o espaço para uma cultura voltada ao consumo. Se meu avô, meu tio, minha mãe, ao contar uma história, queriam desenvolver meu senso moral, ajudando que eu encontrasse meu lugar no mundo, quem conta as histórias hoje quer que eu compre uma sandália, um shampoo, um automóvel… ou uma ideia. Com 8, 18, 28, 38 ou 68 anos de idade, estou sendo treinado a separar as coisas entre aquilo que o dono da narrativa diz que é o bem e o mal. E meus pais, meus parentes, meus amigos, provavelmente não têm tempo nem preparo para substituir a narrativa do consumo, pela narrativa que me solidifica a moral.

As crianças encontram seu lugar no mundo baseadas nas marcas dos produtos que usam, no vocabulário da tribo que escolheram, no comportamento que imita ídolos invariavelmente ligados à troca de algum produto por nosso dinheiro. Uma criança com oito anos de idade, tendo na bagagem umas 8 mil horas de televisão, mais 8 mil de internet, está anos luz à frente do ingênuo Lucianinho lá da Bauru de 1964. Ela jamais será impactada pela simples foto de um soldado sentado na grama vigiando uma estrada… Treinada, ela precisa de som, movimento, cores, velocidade, e situações extremas. As narrativas não pertencem mais às famílias, mas a agentes do consumo, da política, das ideologias, através das mídias e de alguns formadores de opinião próximos.

E assim crescemos, expostos às cores, aos barulhos, ao excesso, aos  gritos dos que tentam nos convencer que problemas complexos podem ter soluções simplórias. E o discurso deles é sempre muito, muito sedutor. otimista. Fácil de entender.

Onde quero chegar? Apenas provocar reflexões.

Imagino uma criança de oito anos, vendo na capa da Folha de hoje, em cores, a foto dos ônibus pegando fogo no Rio de Janeiro. Ou dos encapuzados destruindo orelhões. Ou dos milhares de automóveis parados diante de algumas dezenas de pessoas que queimam pneus.

Imagino essa criança perguntando aos pais por que aquilo está acontecendo.

Tenho medo da resposta.