Sobre adrenalina e empreendedorismo
Luciano Pires -Participei de uma discussão bem legal sobre a diferença entre o empreendedorismo de quem é executivo numa empresa e o de quem é dono do nariz. Foi muito legal, se tiver curiosidade, veja aqui: http://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/ponto_de_vista/2015/08/Mitos-do-Empreendedorismo.html
Empreendi pela primeira vez dos 24 aos 26 anos de idade, fui executivo de uma multinacional dos 27 aos 52 e me tornei empreendedor novamente aos 52. Durante minha carreira como executivo, fiz verdadeiras loucuras na empresa, sempre andando sobre uma linha tênue, com meu pescoço exposto. E isso se tornou um mantra para mim: não há como fazer a diferença, sair da média, sem correr riscos. Risco é o nome do jogo e é ele que começa a definir a questão do empreendedorismo. Hoje corro riscos diariamente e me vejo praticando quase tudo que praticava quando executivo: buscar obsessivamente o novo, não me conformar com as regras, tentar sempre além das possibilidades, me expor de forma transparente, provocar as pessoas e entrar em frias, escolher os caminhos mais arriscados… Tudo pela consciência de que do risco nascem as grandes recompensas. Eu empreendia como executivo e hoje empreendo como empreendedor independente.
Então qual é a diferença?
Perdoem a metáfora, mas é ela que me acompanha: na multinacional eu praticava bungee jump. Hoje vôo de wing suit.
Para quem não sabe, bungee jump é aquele salto que as pessoas dão de cima de pontes, com uma espécie de elástico preso nos calcanhares. Chegam até perto do chão e o elástico as puxa para cima. Veja: https://www.youtube.com/watch?v=e8np2IaTv_s
Wing suit é aquele macacão especial que alguns indivíduos usam para saltar de cima de penhascos. Quando abrem os braços e as pernas a roupa possibilita planar e dirigir o vôo até um limite, quando um paraquedas é aberto e o sujeito aterrisa em segurança. Veja: https://www.youtube.com/watch?v=rnvvsjstveM
Nas duas situações, pouca gente pratica, há muita adrenalina, um risco imenso, tem que ter uma dose de loucura e, quem gosta, diz que o resultado é compensador. Digamos que o resultado das duas atividades é o mesmo: aquela carga de adrenalina que nos dá a certeza de que estamos vivos. Mas no bungee jump, existe um elástico preso no calcanhar. Se você errar o salto, talvez dê um mau jeito nas costas ou desloque uma vértebra. A coisa só fica séria se o elástico arrebentar.
Na outra situação, da wingsuit, é você, suas habilidades e… deu. Se errar, morre.
Respeito profundamente os empreendedores corporativos, a turma do bungee jump. Não é todo mundo que tem a coragem deles, acho que são necessários e têm um valor gigantesco, pois lutam contra inimigos internos, contra um sistema engessado e contra gente que não faz e não deixa fazer. Se você é um deles, parabéns.
Mas wing suit… é outra praia.
Resumo: acho que o que define um empreendedor é o grau de risco pessoal que ele assume. Em minha carreira na multinacional, aprendi a lidar com riscos, a me preparar, a planejar, a ampliar a visão, a desafiar as convenções. Com uma corda de segurança na canela, fui um bungee jumper, um baita empreendedor.
Mas hoje, dono do meu nariz, me lançando no espaço sem o elástico de segurança, sou muito mais.