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Luciano Pires -

Bom dia, boa tarde, boa noite. Bem, o programa de hoje é daqueles ame-o ou deixe-o. Se você não curte o Queen, a banda inglesa Queen, pode mudar de canal…

Hoje vou atender a um capricho meu, incentivado por um ouvinte. É o seguinte: a música Bohemian Rhapsody * do Queen é uma das três ou quatro que quero levar comigo quando morrer. Não sei explicar direito, mas sou apaixonado por ela. O programa de hoje será inteiramente dedicado a ela, diferente de tudo que a gente já fez aqui no Café Brasil. Vou atender um sonho antigo meu.

Pra começar, uma frase do próprio Freddie Mercury:

O que é que eu estarei fazendo daqui a vinte anos? Estarei morto, querido! Cê tá louco?

[showhide title=”Ler o roteiro completo do programa” template=”rounded-box” changetitle=”Fechar o roteiro” closeonclick=true]

E o exemplar de meu livro NÓIS…QUI INVERTEMO AS COISA da semana vai para o Vinicius Paraíba, que comentou um de nossos programas assim:

Olá Luciano! Estou enviando essa mensagem para lhe contar que hoje eu me emocionei ouvindo um programa do Podcast Café Brasil. Não… não é o programa sobre amigos que se foram, nem sobre mães. O programa que me emocionou, por incrível que pareça, foi o “Videoke”…

Hoje, viajando de ônibus de Bauru para São Paulo, ouvi mais uns cinco programas e entre eles o sobre Videoke. O episódio mostra como algumas formas de tecnologia atrapalham a diversão familiar tirando o lado humano e pessoal. A cada exemplo dado dos tipos de cantores de videoke, eu me divertia. Me identifiquei com o pessoal que adora cantar e se esgoelar nas músicas dos Mamonas Assassinas.

Eu percebi, durante todo esse tempo ouvindo o Café Brasil, que o “pograma” dificilmente tem uma música estrangeira (com exceção do “Globalização”). A surpresa maior foi quando você colocou Bohemian Rhapsody *, para dar um exemplo de música que fica boa em formato MID. Sou muito fã do Queen e apaixonado por essa música… e foi isso que me emocionou.

Bohemian Rhapsody * é a música que eu mais ouvi em toda a minha vida e eu digo isso com toda certeza do mundo. Quando eu era pequeno, eu, minhas irmãs e primas colocávamos essa música em “loop”, na sala de casa, com o som bem alto. Não só essa, como outras músicas do Queen e de grupos como The Beatles, Pink Floyd e Led Zeppelin. Eram as únicas opções que a gente tinha para ouvir no meio dos LPs (e depois CDs) do meu pai. E eu agradeço a ele por isso todos os dias.

A mudança da música MID para a original me arrepiou. Tocou meu coração e me fez lembrar todos os momentos “musicais” que eu passei e ainda passo com meu pai. Todos DVDs que ele já colocou para eu assistir, todas as músicas que ele me ensina, até hoje, a ouvir.

O programa foi magicamente finalizado com essa música e com uma revelação sua, contando que sempre gostaria de colocar Bohemian Rhapsody * no Café Brasil e nunca tinha achado uma maneira de encaixá-la.

Achei bonito isso e percebi, ali, que eu não era o único fã da banda. De alguma forma me identifiquei e precisei escrever para te contar. Espero que tenha gostado. Parabéns pelo programa e continue assim!

Vê se você consegue fazer um programa só com versões de Bohemian Rhapsody *, igual você fez no programa do Jeca Tatu! Hehehe!

Depois gostaria de saber se tem como eu acompanhar um dia de gravação de programa com você. Abraços”.

Olha só que legal Vinicius! Você me deu o pretexto que eu precisava… E é claro que pode acompanhar uma gravação. Aliás, todo ouvinte é bem vindo. É só mandar um email pra gente que arranjamos pra você assistir.

E olha só. O Vinicius escreveu pra falar de um programa e ganhou outro programa. E um livro. E você aí, hein?

E então… era o começo de 1976. Eu tinha 20 anos e estudava no Mackenzie, recém-chegado de Bauru. Numa daquelas festinhas que a molecada da faculdade fazia um dos amigos mais descolados chamou todo mundo na sala, pegou um elepê importado, novíssimo, e disse:

– Fiquem quietos e ouçam isso.

O barulhinho da agulha no acetato podia ser ouvido por todos, criando uma expectativa. E então entrou uma coisa diferente de tudo que eu já havia ouvido. Um coro, a capela, cantando uma coisa assim:

Is this the real life?
Is this just fantasy?
Caught in a landslide
No escape from reality…

Isso é a vida real?
Isso é só fantasia?
Pego num desmoronamento
Sem poder escapar da realidade

Cara…aquilo foi uma bomba. Dava pra ver nos olhos da molecada, que nem fazia ideia do que vinha pela frente… Muito tempo depois fui saber que aquela introdução, no pedacinho que cantei aqui, foi gravada todinha com a voz de Freddie Mercury em várias camadas, embora no vídeo da música apareçam todos os componentes da banda cantando. Depois de 15 segundos é que entram as vozes de outros dos dois componentes da banda, o baterista Roger Taylor e o guitarrista Brian May.

A letra trata de um garoto pobre, (I´m Just a poor boy) que não precisa de compaixão, pois é fácil de lidar (easy come, easy go), com altos e baixos (little high, little low). Então entra um piano com acordes que grudam na mente da gente, dando início a uma balada…

O piano é seguido do baixo de John Deacon, o quarto integrante da banda. Freddie começa lentamente, até mudar para um canto rasgado, arrebatador…

Ele explica para sua mãe que acaba de matar um homem, com uma arma contra sua cabeça e, ao fazê-lo, jogou sua jovem vida fora. Diz à mãe que não tinha intenção de fazê-la chorar e que se amanhã, nesta mesma hora, ele não estiver de volta, que ela siga a vida, como se nada realmente importasse.

Bom. Você reparou que tinha entrado a bateria do Roger Taylor, né. Pois é.

Então vem a segunda estrofe mostrando que o narrador está abatido. Entram a guitarra de Brian May já preparando a música para um crescendo. A letra diz assim

Tarde demais, chegou minha hora
Sinto arrepios em minha espinha
Meu corpo está doendo toda hora
Adeus a todos – eu agora tenho que ir
Tenho que deixar todos vocês para trás
E encarar a verdade
Mamãe, eu não quero morrer
Às vezes eu desejo nunca ter nascido

Too late, my time has come
Sends shivers down my spine
Body’s aching all the time
Goodbye everybody, I’ve got to go
Gotta leave you all behind
And face the truth
Mama, oh, I don’t want to die

E então entra a terceira parte. O inesquecível solo de guitarra de Brian May. Ouça.

Aí, cara, chega a quarta parte, a grande surpresa: ópera. Nesse ponto, a molecada estava estatelada, ninguém se mexia, ninguém entendia o que estava acontecendo…

A letra parece descrever a jornada do narrador a caminho do inferno. Ela diz assim:

Eu vejo uma pequena silhueta de um homem
Palhaço, palhaço você fará o fandango
Raios e relâmpagos me assustam muito, muito.
Galileu, Fígaro – magnífico

I see a little silhouette of a man
Scaramouch, Scaramouch will you do the fandango
Thunderbolt and lightning, very, very frightening me
Galileo, Figaro, magnifico

 É uma loucura…essas citações…

Scaramouch é um personagem cômico da comédia dell-arte italiana do século 17.  Galileu Galilei é o famoso astrônomo, o inventor do telescópio. Fandango é uma dança do período barroco, criada na região de Portugal e Espanha. Fígaro pode ser um monte de coisas, mas no caso deve ser o personagem central da ópera O Barbeiro de Sevilha.

As citações de Scaramouch, Fandango, Galileu Galilei, Fígaro e mais à frente, Bismillah representariam facções rivais em luta pela alma do narrador, terminando com Belzebu, um dos nomes do capeta.

E a letra continua como num embate entre as duas facções:

Mas eu sou apenas um pobre menino e ninguém me ama
Ele é só um pobre menino de uma pobre família
Poupe sua vida desta monstruosidade
Fácil vem, fácil vai – vocês vão me deixar ir?
Em nome de Allah! Não – nós não o deixaremos
Deixe-o ir
Não o deixe ir – deixe-me ir, nunca
Oh mamma mia, mamma mia, mamma mia deixe-me ir
Belzebu, tem um diabo reservado pra mim

But I’m just a poor boy and nobody loves me
He’s just a poor boy from a poor family
Spare him his life from this monstrosity
Easy come, easy go, will you let me go
Bismillah! No, we will not let you go
Let him go
Will not let you go, let me go, never
Oh mama mia, mama mia, mama mia let me go
Beelzebu has a devil put aside for me

E então a coisa explode na quinta parte, com um rockão pesado de dar arrepios. Detalhe: o solo de guitarra foi escrito por Freddie Mercury.

Freddie canta raivosamente os versos dirigidos a alguém não especificado, que dizem assim:

Então você acha
Que pode me apedrejar e cuspir em meus olhos?
Então você acha que pode me amar
E me deixar pra morrer?
Oh baby – não pode fazer isso comigo, baby
Só tenho que sair
Só tenho que sair logo daqui

So you think
You can stone me and spit in my eye
So you think you can love me
And leave me to die
Oh baby, can’t do this to me baby
Just gotta get out
Just gotta get right outta here

 Algumas pessoas interpretam esses versos como um flashback que relata os momentos anteriores ao assassinato do homem citado no começo da letra. E então vamos para o final…

E no final a obra retorna ao ritmo inicial da balada, com a letra sugerindo uma forma de resignação:

Nada realmente importa
Qualquer um pode ver
Nada realmente importa
Nada realmente importa pra mim
E de qualquer forma o vento continua soprar…

Nothing really matters
Anyone can see
Nothing really matters
Nothing really matters to me
Anyway the wind blows

Nessa altura a molecada estava caída no chão.

Cara, eu não sei pra você, mas para mim essa música descreve direitinho – não na letra, mas no ritmo, na levada – uma relação sexual. Ela começa mansinho, vai esquentando, pega fogo, explode e depois acalma…

Bem, centenas de gravações da Bohemian Raphsody foram feitas.

Essa que você ouve ao fundo é uma delícia. O instrumento é o Ukulele, aquele cavaquinho havaiano, tocado por um japonês: Jake Shimabukuro. Ouça só que maravilha…

O título Bohemian Rhapsody * parece ser uma paródia. O compositor Franz Lizst compôs Hungarian Rhapsody, por exemplo. “Rhapsody” define um peça de música clássica com seções distintas, tocada como movimento, geralmente com temas. O nome “Bohemian” é um adjetivo, que diz respeito a um grupo de artistas que viveu entre 100 e 200 anos atrás na Europa, desafiando as regras da sociedade. Daí o termo “boêmio”.

Expliquei a letra com base em algumas versões que circulam por aí, mas nem Freddie nem os outros integrantes da banda jamais explicaram o que a letra quer dizer, de verdade. Preferiram deixar o mistério no ar, com os fãs e estudiosos enlouquecendo atrás de explicações, que vão desde um livro de Albert Camus chamado O Estrangeiro passando pela versão de que seria um assassino suicida, até um lançamento lá no Irã com a explicação de que a música trata de um jovem que acidentalmente matou uma pessoa e, como o Fausto de Goethe, vendeu sua alma ao diabo. Na noite anterior à sua execução ele chama por Deus em arábico – o termo Bismallah, e com a  ajuda de anjos retoma sua alma das mãos de satã. Legal né?

Cara, tem de tudo no Youtube… Essa é uma versão com William Shatner, lembra dele? O Capitão James Kirk da Jornada nas estrelas? Pois é. Ouça só.

Pois então… quando essa música foi lançada, em 1975, ninguém havia feito nada igual. Até então a maior loucura havia sido Stairway to Heaven com o Led Zeppelin. E o Pink Floyd com aquele som inovador. Mas ninguém ainda tinha misturado rock com balada e ópera como fez Freddie Mercury.

A música, com quase seis minutos (dizem que a versão original tinha sete minutos), assustou as gravadoras. Ninguém queria apostar, dizendo que as rádios não tocariam, que seria um fracasso. Numa jogada genial, os produtores vazaram a gravação para uma rádio na Inglaterra, que começou a tocar a música em partes. Fizeram o mesmo com uma rádio nos Estados Unidos. E o que se viu foi o público implorando às gravadoras por uma música que elas relutavam lançar…

O resultado foi o topo da parada inglesa. Primeiro lugar em 1975 por nove semanas. Só saiu de lá quando Mamma Mia do ABBA estourou nas paradas. E o mais interessante é que quando Freddie Mercury morreu de AIDS em 1991 a música foi relançada e retornou para o primeiro lugar na Inglaterra onde permaneceu por cinco semanas.

Nos Estados Unidos foi diferente. No lançamento a música ficou em nono lugar. Em 1992, depois que a música apareceu no filme Wayne´s World, Quanto Mais Idiota Melhor, aqui no Brasil, a música chegou ao segundo lugar…

Que tal essa? É a versão da banda canadense The Braids…

Bohemian Rhapsody * sempre está entre as listas das mais importantes canções de todos os tempos.

Pessoalmente, quando ouço essa música sinto uma reação corporal estranha. Os batimentos cardíacos e a respiração aceleram. É como uma droga… Meu corpo pede mais, e mais e mais. Enquanto escrevi este programa ouvi sem parar e tenho certeza que vou ouvir mais.

Em 2004, numa pesquisa realizada na Inglaterra, a música ficou em segundo lugar, atrás apenas, sabe de quem?

A Whiter Shade of Pale do Procol Harum

A whiter shade of pale

We skipped a light fandango,
Turned cartwheels ‘cross the floor.
I was feeling kind of seasick,
But the crowd called out for more.
The room was humming harder,
As the ceiling flew away.
When we called out for another drink,
The waiter brought a tray.

And so it was that later,
As the miller told his tale,
That her face at first just ghostly,
Turned a whiter shade of pale.

She said there is no reason,
And the truth is plain to see
That I wandered through my playing cards,
And would not let her be
One of sixteen vestal virgins
Who were leaving for the coast.
And although my eyes were open,
They might just as well have been closed.

And so it was later,
As the miller told his tale,
That her face at first just ghostly,
Turned a whiter shade of pale.

Um Tom Mais Branco de Palidez

Nós dançamos o suave fandango
Batemos palmas pelo salão
Eu estava me sentindo meio enjoado
Mas a multidão pedia mais
O barulho no salão estava ficando maior
Quando o teto voou longe
Quando pedimos mais uma bebida
O garçom trouxe a bandeja

E foi aí que mais tarde
Quando o moleiro contou sua história
O rosto dela, a princípio apenas fantasmagórico,
Ficou com um tom mais branco de palidez

Ela disse: não há razão nenhuma
E a verdade é clara.
Mas eu me distraía no meu jogo de cartas
E não a deixava ser
Uma das dezesseis virgens vestais
Que estavam partindo para o litoral
E embora meus olhos estivessem abertos,
Seria melhor se eles estivessem fechados.

Ela disse: estou de férias em casa
Embora na verdade estejamos no mar
Então eu a peguei olhando do espelho
E a forcei a concordar
Dizendo: você deve ser a sereia
Que levou Netuno para um passeio
Mas ela sorriu para mim tão tristemente
Que minha raiva passou imediatamente

Se a música pode ser o alimento do amor
Então o riso é sua rainha
E da mesma forma, se atrás é na frente
Então na verdade a sujeira é limpa
Minha boca até então feito um papelão
Parecia escorrer através da minha cabeça
Então de imediato nós mergulhamos rapidamente
E atacamos a cama do oceano

Bohemian Rhapsody * é até hoje uma das mais complexas gravações já executadas. É tão complicada que o Queen nunca pode tocar ao vivo. Sempre recorreu a um vídeo no momento da ópera. Aliás, o vídeo oficial dessa música é histórico também: foi gravado em dez horas, custou algo em torno de 6 mil dólares e tornou-se o primeiro vídeo clipe da história, pois foi o primeiro a ser gravado diretamente em vídeo. Depois dele é que as gravadoras acordaram e veio a MTV…

A gravação foi extremamente complexa. Usou vários estúdios, custou um monte de dinheiro. Usou os 24 canais que eram o que havia disponível naquela época, com fitas que eram emendadas à mão, com adesivo.

Essa que você está ouvindo é uma das 24 trilhas. O piano original de Bohemian Rapsody.

E agora eu vou fazer uma sacanagem. Eu vou levar você comigo pra dentro do estúdio lá em 1975, imagina só.

Quem está tocando esse piano é o Freddie Mercury e eu vou pedir pro Lalá, o nosso mago, pra apresentar pra gente algumas coisas. Lalá, você tem ai, por acaso, a guitarra do Brian May?

Que é isso, meu? Tá arrepiado é? Então imagina só. Lalá, me dá ai o baixo do John Deacon.

Cara! Você está ouvindo as gravações originais. Tá se imaginando lá? Eu vou trazer agora a bateria. Roger Taylor.

Que louco né! E a parte operística então? Que tem as vozes do Freddie Mercury , do Bryan May e o Taylor?

Eles gravaram durante cerca de 10 a 12 horas por dia. 180, aquilo que a gente chama de overdub separados que depois foram combinados pegando um alcance vocal fabuloso. A voz mais aguda é do baterista Roger Taylor, fica no Freddie com os médios e o May com os graves.

Lalá. Manda o coro pra gente ouvir agora.

Agora, pra quebrar suas pernas, de vez, eu vou fazer o seguinte: imagina que você está lá no estúdio de gravação, você está dentro da técnica, tá olhando através do vidro e lá do outro lado você está vendo Freddie Mercury colocando a voz nessa música. Olha só.

Essa obra saiu da cabeça do Freddie Mercury. Ele a escreveu na casa dela, montando pedaço a pedaço, dirigindo as gravações.

Ele a ouviu dentro do cérebro antes de tê-la pronta, o que é fascinante.

Bohemian Rhapsody * tem aquela mágica que as obras de Picasso, Michelangelo, Beethoven, Charlie Chaplin têm. Obras de gênios, que estão prontas em suas cabeças antes de serem criadas e que, quando são finalmente paridas, transformam nossos sentidos.

Você até pode argumentar que colocar Freddie Mercury na mesma sentença de Pablo Picasso é uma heresia, mas fique frio… Estou comparando o processo criativo, a capacidade de enxergar o que ainda não existe, a coragem de juntar fogo e água, de quebrar o convencional, de construir uma obra capaz de emocionar…

Ah cara! Se você não gosta de Bohemian Rapsody, é uma pena! Perdeu a oportunidade de ficar arrepiado do jeitinho que estou agora.

Se você quer mais, dê uma busca no youtube. Tem várias versões da música. E no Itunes eu achei mais de 700 opções. Dá pra se divertir um bocado.

E é assim, ao som de Farrokh Bulsara, o garoto nascido nas Tanzânia e que se transformou em Freddie Mercury e morreu em novembro de 1991, que este Café Brasil especial que homenageou a mim, ao Vinicius e a você que ama Bohemian Rhapsody *, vai saindo de mansinho.

Se você não gostou, não se apoquente. Semana que vem a gente volta ao normal…

Com Lalá Moreira na técnica, o artista que tem a responsabilidade por este programa aqui, porque a costura musical foi uma loucura, Ciça Camargo na produção e eu aqui, flutuando no ar, na direção e apresentação: Luciano Pires.

Estiveram conosco o Vinícius Paraiba, William Shatner, Jake Shimabukuro, The Braids, Procol Harum, John Deacon, Roger Taylor, Brian May e Freddie Mercury. Tá bom assim?

Este é o Café Brasil, que é feito pra gente capaz de se emocionar com uma música, capaz de reconhecer uma manifestação de genialidade, capaz de aceitar gostos diferentes dos seus.

Pra terminar vamos com uma frase de Brian May, o guitarrista do Queen:

Passei 20 anos de minha vida construindo o Queen e agora gasto anos de minha vida tentando me livrar dele.

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