Café Brasil 291 – Grave na memória
Luciano Pires -Bom dia, boa tarde, boa noite. Memórias, memórias, quanto mais a gente vive, mais a gente tem. E descobri uma coisa interessante, a gente só tem saudades do que foi bom, você já reparou? Não conheço quem tenha saudades de coisas ruins. E nestes tempos internéticos, a tecnologia vem para ajudar a gente a reencontrar os amigos. É por aí, pelas memórias que anda o programa de hoje.
Pra começar, uma frase do escritor alemão Johann Paul Richter:
A memória é o único paraíso do qual não podemos ser expulsos.
Este programa chega até você com o auxílio de uma turma que sabe que cultura e memória andam de mãos dadas… Itaú Cultural. Acesse www.itaucultural.com.br. Dê uma olhada na programação. Tem coisas ali que você nem imagina.
+ Ver roteiro completoO livro de hoje é especial. Quem ganhou foi um ouvinte que tomou uma iniciativa: em vez de mandar um email, gravou a mensagem no celular e nos mandou o áudio. É o Dalton Dibo, lá de São Carlos, dá pra ver pelo porrrrrtaaaaaa, né? O Dalton mandou bem, e mandou assim.
Lalá! Diminue ai um pouco o bg que eu quero que as pessoas ouçam o barulho do carro.
Grande Luciano. Meu nome é Dalton Dibo e eu sou morador da cidade de São Carlos e trabalho em Jaú. Todo dia eu percorro nesse caminho, que faz 100 kms. 100 kms de ida e 100 kms de volta. E nessa minha andança eu descobri um grande amigo, que é você, que é a sua equipe, que me fazem pensar, me fazem amadurecer alguma ideias, me fazem evoluir e assim vocês devem fazer com muitos brasileiros. E a utilidade do seu programa na minha vida, não fica só dentro do carro como está sendo agora. Ela transcende aos meus colaboradores, ela transcende às minhas reuniões, às minhas tomadas de decisão. E você pode ter certeza que você me influencia. A sua influência ela é muito positiva, ela é uma influência do bem. Eu consegui escrever uma vez pra você, mas é muito difícil, porque todas as vezes que eu termino o meu percurso eu estou, ou chegando na minha empresa, ou chegando na minha residência. Tanto num lugar quanto o outro, eu acabo me distraindo, enfim… e ai eu só vou ter contato com você de novo quando eu estou aonde? No carro.
Luciano: parabéns pelo seu programa, parabéns pela sua equipe, parabéns pelos seus patrocinadores, o Itau Cultural. Você pode ter certeza que todos que estão à sua volta, estão ganhando muito. Eu acho que o maior beneficiado dessas pessoas, somos nós, seus ouvintes que já te descobriram. É uma honra, é um prazer poder apresentar um programa dessa qualidade para as outras pessoas e você pode ter certeza que deve ter mais ouvintes do que você imagina e que seus patrocinadores podem imaginar. Um grande abraço e muito obrigado. Vamos ver se agora eu consigo te mandar isso que eu fiz agora.
Que legal Dalton, o mais legal, além do São CaRRlos, que é igual ao jeito que eu falo em Baurur, é o ruído do carro ao fundo, mostrando pra todo mundo o que o podcast é: companheiro de viagem, companheiro de corrida, companheiro de treino, companheiro de sono, companheiro de cozinha, companheiro…
Obrigado Dalton. E o Dalton quebrou uma espécie de impedimento que existe. O pessoal não manda áudio pra gente porque é difícil de gravar. E o Dalton fez no celular. Mais que isso. Terminou de gravar e mandou direto do celular. E está aqui inaugurando. Dalton, você inaugurou o áudio do ouvinte aqui no Café Brasil! E ganhou um livro.
Olha só, o Dalton mostrou que quem quer comentar, comenta! E você?
Quando visitei a Disney pela primeira vez, quase trinta anos atrás, fiquei impressionado com um dos pavilhões, um dos menos badalados do Epcot Center: o da Kodak.
Logo ao entrar, assisti a uma apresentação audio-visual sofisticada na tecnologia, mas muito simples no conteúdo: fotografias singelas, sem efeitos, apenas mostrando pessoas no dia a dia. Me dei conta, emocionado, da importância que uma empresa pode ter na vida das pessoas. Havia ali uma história sendo contada, utilizando a tecnologia que George Eastman criou. Foi ele quem inventou o filme em rolo em 1884 e, quatro anos mais tarde, a primeira câmera Kodak. Era uma câmera quadrada e preta, de plástico. Eu tive uma…
Under The Sea
Disney
[Ariel]He loves me! I knew it!!
[Sebastian]Oh, there she is!! Stop talking, please!!
[Ariel] I got to see him, again. Tonight!!!
To discover where he lives!!!
[Sebastian] Ariel, please!!
The seaweed is always greener
In somebody else’s lake
You dream about going up there
But that is a big mistake
Just look at the world around you
Right here on the ocean floor
Such wonderful things surround you
What more are you lookin’ for?
Under the sea
Under the sea
Darling it’s better
Down where it’s wetter
Take it from me
Up on the shore they work all day
Out in the sun they slave away
While we devoting
Full time to floating
Under the sea
Down here all the fish is happy
As off through the waves they roll
The fish on the land ain’t happy
They sad ’cause they in their bowl
But fish in the bowl is lucky
They in for a worser fate
One day when the boss get hungry
Guess who’s gon’ be on the plate
Under the sea
Under the sea
Nobody beat us
Fry us and eat us
In fricassee
We what the land folks loves to cook
Under the sea we off the hook
We got no troubles
Life is the bubbles
Under the sea
(Under the sea)
Under the sea
(Under the sea)
Since life is sweet here
We got the beat here
Naturally
(Naturally-y-y-y-y)
Even the sturgeon an’ the ray
They get the urge ‘n’ start to play
We got the spirit
You got to hear it
Under the sea
The new play the flute
The carp play the harp
The plaice play the bass
And they soundin’ sharp
The bass play the brass
The chub play the tub
The fluke is the duke of soul
(Yeah)
The ray he can play
The lings on the strings
The trout rockin’ out
The blackfish she sings
The smelt and the sprat
They know where it’s at
An’ oh that blowfish blow
Under the sea
(Under the sea)
Under the sea
(Under the sea)
When the sardine
Begin the beguine
It’s music to me
(It’s music to me)
What do they got? A lot of sand
We got a hot crustacean band
Each little clam here
Know how to jam here
Under the sea
Each little slug here
Cutting a rug here
Under the sea
Each little snail here
Know how to wail here
That’s why it’s hotter
Under the water
Ya we in luck here
Down in the muck here
Under the sea
Under The Sea
Sebastião:
A alga é sempre verde
Em alguém do lago
Você sonho de ir lá em cima
Mas esse é um grande erro
Basta olhar para o mundo em torno de você
Aqui no fundo do oceano
Essas coisas maravilhosas que cercam
O que mais você está procurando por?
Sob o mar
Sob o mar
Querida, é melhor, nos casos em que o Wetter
Leve-me
Até sobre a terra que trabalham o dia todo
No domingo eles escravo afastado
Enquanto nós devotin «a tempo inteiro para flutuam”
Sob o mar
Aqui todos os peixes são felizes
Como as ondas que fora através da implantação
Criaturas do mar:
O peixe sobre a terra não é feliz
Eles triste porque eles na tigela
Mas peixes na bacia é sortudo
Eles nos worser para um destino
Um dia, quando o patrão chegar fome
Sebastião:
Adivinha quem vais estar na placa
Bassfish:
Uh oh
Sebastião & Criaturas do mar:
Sob o mar, sob o mar
Sob o mar, sob o mar
Sebastião:
Ninguém bater-nos, nós fritar e comer-nos em fricasee
Criaturas do mar:
Sob o mar
Sebastião:
É o que a terra folks adoro cozinhar
Sob o mar, estaremos fora do gancho
Não temos problemas
A vida é as bolhas
Criaturas do mar:
A vida é as bolhas sob o mar
Oh, sob o mar
Sebastião & Criaturas do mar:
Sob o mar, sob o mar
Uma vez que aqui a vida é doce
Temos a batida aqui, naturalmente,
Sob o mar
Sebastião:
Mesmo o esturjão uma «o raio
Eles ficam à vontade em começar a jogar
Sebastião & Criaturas do mar:
Temos o espírito, você tem que ouvir isso
Sob o mar
Sebastião:
O newt jogar a flauta
A carpa desempenhar a harpa
Sebastião & Criaturas do mar:
A solha reproduzir os sons graves
E eles soundin ‘afiada
O baixista reproduzir o bronze
O caboz desempenhar a banheira
A sorte é o duque da alma
Os raios, ele pode jogar
O lings sobre as cordas
A truta dançando fora
O blackfish, ela canta
O cheiro e as espadilha
Eles sabem onde ele se encontra em
Um “oh, que blowfish explodir!
Sob o mar, sob o mar
Sob o mar, sob o mar
Quando a começar a sardinha beguina
É música para mim
Sebastião:
O que eles tem?
Sebastião & Criaturas do mar:
Um monte de areia
Temos uma banda quente crustáceo
Cada pequena amêijoa aqui para saber como horas aqui,
Sob o mar
Cada lesma pouco aqui cuttin ‘um tapete aqui,
Sob o mar
Cada pequeno caracol aqui para saber como gritos aqui
Por isso é mais quente debaixo de água
Ya, estamos com sorte aqui no estercar aqui
Sob …
Sob o mar, sob o mar
E ai? Tá voltando a ser criança? Você ouve UNDER THE SEA, da trilha de A PEQUENA SEREIA, um dos grandes sucessos da Disney. Cara, isso me dá uma saudade…
Em 1892 nasceu a George Eastman Kodak Company seguindo uma estratégia clara: enquanto todo mundo fabricava câmeras fotográficas, ela dedicou-se a fabricar filmes. E deu no que deu.
Assim que começou a ganhar dinheiro, George transformou-se num dos maiores filantropos da história. Doou mais de 100 milhões de dólares (imagine quanto representava isso entre 1900 e 1930!) especialmente para a criação de institutos voltados à educação, tecnologia e saúde pública. Ele não queria publicidade e doou grandes somas ao MIT (Massachussets Institute of Technology) sob a alcunha de Mr. Smith…
Sofrendo com uma doença degenerativa na coluna vertebral, George Eastman suicidou-se em 1932, deixando um bilhete: Meu trabalho está feito. Para quê esperar?.
Em 1935 a Kodak lançou um filme com a marca Kodachrome. E o mundo ficou mais colorido, especialmente no cinema.
Onde está o verdadeiro valor do processo criado por George, que transformou o complicadíssimo ato de fotografar em algo simples, ao alcance de todos?
Dê uma olhada numa foto que está em sua carteira, ou que você colocou aí sobre a mesa. É na capacidade que ela tem de acionar sua memória, de trazer à tona uma história, um momento, uma emoção, que está seu valor. George Eastman criou uma chave mágica para acionar nossas memórias, por isso a Kodak sempre foi mais que uma empresa ou um produto, cumprindo um papel importante na minha vida. É nesses momentos que fico maravilhado com a capacidade criativa do homem.
Toco neste assunto diante da notícia de que a Kodak, atropelada pela tecnologia digital, pediu concordata. Um pouco da magia já havia desaparecido quando a fotografia digital liquidou com aquele momento em que abríamos o envelope com as fotos reveladas sem saber direito o que havia sido fotografado. Cada foto era uma surpresa! Comparado à fotografia digital, aquele processo era caro, custava tempo e mobilização, mas a ansiedade era uma delícia. Mas é assim que a humanidade evolui, substituindo o velho pelo novo.
Diante da notícia da concordata, imediatamente me veio à mente o impacto que senti naquele dia no Epcot Center. E fiquei triste. Talvez surja uma nova Kodak e com certeza as fotografias ficam, mas junto com a velha Kodak um pouco da magia também vai embora.
Fotografia
Sérgio K Augusto
Pego uma velha fotografia
E você nunca diria
Que era eu quem estava lá
Tinha ao meu redor a alegria
E a esperança de pessoas
Que também estavam lá
Tinha a intenção extemporânea
De marcar só um momento
Mesmo assim, sem planejar
Tinha um sei que lá de saudade
Que agora me invade
E me põe a relembrar
Mas o tempo passa e as pessoas
Que estavam nessa foto
Já mudaram de lugar
Como é que a vida desentoa
Desarranja a coisa boa
E já põe outra em seu lugar
Como o tempo passa e a gente voa
Na falta de uma pessoa
Com quem se possa falar
Pega-se uma foto ali jogada
Que nos remete ao passado
E passa a nos incomodar
Que tal essa hein? FOTOGRAFIA, de Sérgio K. Augusto, com ele e o Oswaldinho do Acordeon. Sérgio K é paulista da capital e criou em 1999 o site www.festivaisdobrasil.com.br .Quer ouvir o que se faz de novo e diferente na música popular brasileira? Vai lá.
Esta semana tive uma experiência deliciosa. Minha mãe, com quase 80 anos de idade, criou uma página no Facebook! E no mesmo instante os filhos, netos e sobrinhos começaram a aparecer na página da dona Helena. Uma prima publicou uma foto dos primos, cerca de 40 anos atrás lá em Bauru. Uma foto deliciosa, a molecada de pés no chão e roupa suja, com expressões de… crianças. Imediatamente publiquei outra foto que tiramos quatro anos atrás, na comemoração de 80 anos de meu pai, com as mesmas pessoas, na mesma ordem. Em minutos a família estava curtindo, outras pessoas comentando, um acontecimento! Criado num lampejo, usando a tecnologia das redes sociais.
Confesso que nunca entendi direito essas tais redes. Afinal, para que serve esse Facebook? O Twitter? Aquela história de seguidores, curtir, compartilhar, tinha cara de coisa de desocupados. Com o tempo fui me familiarizando, aderindo e descobrindo essa nova mídia que toma de assalto a humanidade.
Como a televisão, o cinema, o rádio e os jornais e revistas, as redes sociais servem para transmitir informações de forma indireta para as pessoas. Mas diferente das mídias tradicionais, que tem mão única, as sociais tem mão dupla. A informação vai e vem, permitindo o diálogo e dando controle sobre a informação que queremos receber.
Quando faço uma comparação rápida entre o número de pessoas com as quais eu me relacionava quanto tinha 25 anos de idade (1981) e o número que pessoas que hoje fazem parte de meu círculo de contatos, chega a ser absurdo.
Em 1981 eram 10, 20 ou no máximo 30 familiares, amigos e colegas de trabalho, pessoalmente, por telefone ou por carta. Hoje – graças às redes sociais – consigo dialogar com 10 mil pessoas, bastando apertar o enter. Fascinante!
Pois é. Mas ter 3.000 seguidores no Facebook não significa manter relações com 3.000 pessoas. As mídias sociais continuam sendo apenas mídias: uma forma indireta, ainda nascente, de trocar informações.
É então que surge a mágica do Facebook: ele começa a unir familiares. Primos, tios, irmãos que não se veem há anos surgem repentinamente com um pedido de amizade na sua página. Em minutos você está dentro da página daquele parente, apreciando as fotografias e revendo pessoas com as quais tinha perdido o contato. É fascinante. E o Facebook passa a desempenhar uma função social que só ele – graças à tecnologia – pode desempenhar: o agregador familiar.
É claro que nada substitui um encontro pessoal, os olhos nos olhos, o tocar e a os gestos, expressões e entonação da voz. Mas quando a distância – ou a preguiça – impedem que isso aconteça, as redes sociais aparecem! Sorte de quem souber aproveitá-las!
O desafio é dar aos encontros superficiais das redes sociais a mesma profundidade que eu dava naquelas cartas que eu escrevia 30 anos atrás para meus 10 amigos.
Bem, a foto que eu publiquei é a que você vê ilustrando este texto aqui, no site: www.podcastcafebrasil.com.br. Eu sou o garoto de camiseta listrada na parte de cima. E apareço na parte de baixo, 80 quilos depois…
Concluí que não estou nem melhor nem pior. Estou diferente.
Fascinante.
Fotografia
Tom Jobim
Eu, você, nós dois
Aqui neste terraço à beira-mar
O sol já vai caindo e o seu olhar
Parece acompanhar a cor do mar
Você tem que ir embora
A tarde cai
Em cores se desfaz,
Escureceu
O sol caiu no mar
E aquela luz
Lá em baixo se acendeu…
Você e eu
Eu, você, nós dois
Sozinhos neste bar à meia-luz
E uma grande lua saiu do mar
Parece que este bar já vai fechar
E há sempre uma canção
Para contar
Aquela velha história
De um desejo
Que todas as canções
Têm pra contar
E veio aquele beijo
Aquele beijo
Aquele beijo
Eh…com licença? Posso atrapalhar? Vou rapidinho, tá? Você está ouvindo Elis Regina cantando FOTOGRAFIA, de Tom Jobim. Pronto….
E então encontro outro texto daqueles do meu querido amigo Chico Rodrigues.
Quem gosta de música, mas gosta mesmo, vai entender o que ele quer dizer.
Ao fundo vamos com CARINHOSO, do Pixinguinha e João de Barro…reparem no baixo, do José Ricardo de barros e Silva, o ZELI, baixista do grupo Terra Brasilis. Esta está em seu primeiro cd solo, o espetacular VOANDO BAIXO.
Olha… (não repare não) mas sou o rei de lembrar de coisas que aconteceram há anos atrás, mas não saber te dizer direito o que comi hoje de manhã no café. Sou capaz, por exemplo, de lembrar da primeira vez que ouvi ao vivo o som de um contrabaixo.
Eu devia ter uns quinze anos e foi numa quermesse na Mooca no Colégio Osvaldo Cruz, onde fiz o primário. A banda que estava tocando não era lá essas coisas (tocavam aquelas músicas soladas com guitarra tipo The Ventures). Cheguei antes de começar a apresentação (O povo ainda estava afinando as guitarras). Mas quando o cara feriu a corda do baixo…
Estremeci todo. E senti que aquele seria um momento mágico que marcaria pro resto da minha vida.
Cesar Camargo Mariano tem uma curiosa teoria que não é a gente que escolhe o instrumento que quer tocar. E sim o instrumento é quem escolhe a gente. E eu fico aqui me lamentando pelo contrabaixo nunca ter me escolhido.
Há anos entro em lojas de instrumentos e fico lá esperando de repente um fender jazz bass apontar pra mim e dizer:
– Esse é o cara!!
Gosto do som de qualquer tipo de contrabaixo. Seja ele acústico ou elétrico. Seja ele de 4, 5, 6, 7 cordas (daqui a pouco essa coisa vira uma harpa). E seja qual for o tipo de praia ou gênero. Estilingadas… fretles… taps… palhetadas… rock… jazz… mpb e o escambau!
Aqui no Brasil já cansei de me arrepiar ouvindo os improvisos de Arismar do Espírito Santo, onde ele improvisa assoviando a mesma nota que toca no Baixo (tipo o que Toots Thielemans faz com a Guitarra). Bom de ouvir também é Celso Pixinga, Cisão Maia, Nico Assumpção, Rodolfo Stroeter, Serginho, Sylvinho Mazzuca e tantos outros. (impossível lembrar ou falar de todos aqui)
E lá fora, bem… Lá fora só mestre né?
Ron Carter, Ray Brown, Charles Mingus: Os Reis do Baixo Acústico… (de pau) e da onda Walking Bass. Jaco Pastorius: Arrancou os trastes do seu surrado Fender, e acabou influenciando gerações de baixistas com a onda Fretles. (acabou morrendo depois de levar uma porrada de um leão de chácara e cair de cabeça na calçada em frente à uma boite).
Stanley Clark já dava suas primeiras estilingadas (o slap…), na década de 70 com o nome de Stan, nos discos de Quincy Jones, e acabou induzindo todo mundo a transformar o baixo num pandeiro de cordas. Marcus Miller: mentor intelectual, compositor e arranjador dos últimos e memoráveis álbuns de Miles Davis (vide Tutu).
Victor Wooten: Este é incrível Lú… toca sem o acompanhamento de ninguém, e mistura porradas de técnicas. (Procure ouvir ele tocando Overjoyed do Stevie Wonder).
Que tal? Considere esse um presente pra você, do Café Brasil…
Continuando o texto do Chico,
vou retomar ao som de CORRA E OLHE O CÉU, DE Cartola e Dalmo Castello, também com o Zeli. Olha aqui, os brasileiros não ficam atrás, não… arrasam!
O meu amigo Aurélio costuma dizer que o baixo em uma música, é como o preto num fotolito. Comparações à parte, é realmente muito difícil de se imaginar um caminho de harmonia sem conhecer a linha do baixo.
Tenho amigos, que como eu, têm aquele lance de memória olfativa. Isto é: através do cheiro, a gente é capaz de voltar pra uma cena que aconteceu há 5, 10, 15, 20 anos atrás.
Eu por exemplo, quando chupo uma bala Juquinha, volto no tempo uns 40 anos e me vejo novamente naquela quermesse onde ouvi pela primeira vez ao vivo o som de um contrabaixo. Não saberia te dizer agora Lú, se era de dia… se era de noite… se chovia…ou se eu estava triste ou alegre naquele dia. Mas lembro nitidamente até hoje, de um pensamento que tive na hora em que ouvi aquele som… e foi:
Que lindo! Como cala fundo no peito da gente essa porra de grave!!!
Era isso.
Ah, memórias, já pensou como o mundo seria sem graça se a gente não tivesse o que lembrar? Vou ficando aqui com as minhas… do jeito que a gente começou…
E lá vamos nós, com Lalá Moreira viajando na técnica, Ciça Camargo passeando na produção e eu aqui, Luciano Pires e minhas memórias, na direção e apresentação.
Estiveram conosco Sérgio K. Augusto com Oswaldinho do Acordeon, Elis Regina com Tom Jobim, Zeli e Victor Wooten e claro, a trilha a Pequena Sereia com Under the sea.
Este é o Café Brasil, um programa ouvido por gente que se importa numa sociedade em que parece que ninguém mais se importa. Vem pra cá: www.portalcafebrasil.com.br.
Esse programa chega até você com o apoio de ninguém menos que o Auditório Ibirapuera. O Auditório Ibirapuera é um prédio construído dentro do Parque do Ibirapuera em São Paulo. Mas o prédio é só a casca. Dentro dele existe muito para se conhecer sobre cultura brasileira. Ele é um templo da música popular brasileira. Conheçam! www.auditorioibirapuera.com.br. Eu acho que você vai se surpreender.
E pra terminar, uma frase do médico, professor e escritor norte americano Oliver Wendell Holmes:
A memória é uma rede que vemos cheia de peixes, quando a retiramos do rio. Mas quanta água não passou sem deixar absolutamente nada…