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Luciano Pires -

Por que o mesmo brasileiro que aqui é vândalo e cínico se transforma em cidadão ordeiro nos Estados Unidos ou na Europa? Que pergunta…

Posso entrar?

Amigo, amiga, não importa quem seja, bom dia, boa tarde, boa noite, este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires.

Antes de começar o show, um recado: preparamos um resumo do roteiro deste programa com as principais ideias apresentadas para complementar aquelas reflexões que o Café Brasil provoca. Baixe gratuitamente em portalcafebrasil.com.br/605.

E quem vai levar meu livro Me engana que eu gosto é o Rafael…

“Bom dia, boa tarde, boa noite, Luciano Pires e equipe do Café Brasil. Aqui quem fala é Rafael Pelissari, eu sou de Cariacica, no Espírito Santo e faço parte do NaTrilha podcast. Hoje é meu primeiro áudio pro Café Brasil e o que eu quero falar não é de um episódio especificamente, mas da mensagem que vários episódios deixam pra nós ouvintes, que é da humildade e da honestidade. Um dia desses, ouvindo um Cafezinho, eu lembrei de um “causo” que aconteceu na minha loja tempos atrás e pensei: vou mandar isso lá pro Luciano. 

Eu tenho uma loja de informática e lá a gente também presta diversos serviços. Um deles é a digitação de currículos. Então, um belo dia, bem cedo, chegou um senhor lá na minha loja e falou: olha, eu preciso fazer um curriculum, que eu estou desempregado e eu preciso te pagar com essa lâmpada. Eu não tenho dinheiro. Então, na mão dele tinha uma sacola e dentro uma lâmpada fluorescente daquelas grandes, bem potentes, que valia muito mais do que o curriculum em si. E eu dei a resposta padrão pra ele. Falei: não, vamos fazer o seu curriculum e quando você estiver passando aqui novamente você vem aqui e acerta comigo, não tem problema. Mas, ele insistiu, insistiu, insistiu, que não era dali, que ele tinha que me pagar pra ele ficar com a consciência tranquila, que ele só tinha a lâmpada, enfim: fomos lá testar a lâmpada dele. Desenrosquei a minha lâmpada e coloquei a lâmpada dele no meu bocal, pra gente fazer o teste. Liguei o interruptor, a lâmpada dele piscou e queimou. Então realmente, aquele não era o dia dele. Mas, ele aceitou de qualquer forma a minha proposta inicial, que era fazer o curriculum dele. Então fizemos, tiramos lá as cópias, colocamos no envelope e ele foi embora. 

Meses depois, eu não sei dizer exatamente quantos, dois, três meses, ele apareceu lá na loja, me fez lembrar dele: ah! Eu sou aquele rapaz da lâmpada, do curriculum… falei: ah sim! Pois não. Então, vim aqui dizer que eu consegui o emprego, pra te agradecer e pra te pagar. 

Então, naquele dia…. eu não ganhei o dia, ganhei a semana. E não tem uma vez que eu conto esse caso que eu não termino com esse nó na garganta que eu estou agora e com os olhos cheios d’água. E são situações como essa que me fazem crer que o nosso trabalho tem dois lados: existe o lado financeiro, que é aquele pra você colocar comida na mesa e pagar suas contas, e a outra parte, intangível, é o que aquele trabalho representa pra você. O quão bem você pode executá-lo, a ponto de mudar a vida de uma outra pessoa.

Eu penso que, por mais simples ou por mais complexo que seja o seu trabalho, existe alguém esperando por ele. Então cara: faça com amor. Faça com tesão e principalmente, faça da melhor forma que você possa fazer. Com certeza, dessa maneira você vai ser reconhecido pelo que você faz. 

Luciano. Eu cheguei na podosfera tem pouco tempo, pouco mais de um ano, admiro muito seu trabalho e me considero um semeador da palavra Café Brasil. Sempre que eu posso, eu pego aqueles episódios curtos, os Cafezinhos e coloco em grupos do Whatsapp, o áudio. E não falo nada. Só semeio lá e deixo que as pessoas escutem. Quando um ou outro pergunta: o que é isso? De onde veio e tal, eu explico que é um podcast o Café Brasil e dou lá os caminhos pra pessoas escutar mais episódios. Inclusive tem alguns, que dá vontade de alugar um trio elétrico e colocar pra tocar em toda altura e passear pela cidade. Cara! Todas as pessoas tinham que ouvir isso, eu penso. Dá vontade de sair pela rua botando na maior altura. 

Aqui no Espírito  Santo, em outubro de 2017, a gente teve o primeiro seminário de podcasts do Espírito Santo. Foi organizado pelo Renan Alves que é meu parceiro no NaTrilha, foi muito bom e eu espero muito que no próximo seminário a gente consiga ter a sua presença aqui. Vai ser uma honra e um grande prazer. Um forte abraço pra você e toda sua equipe. Fique com Deus.”

Boa Rafael. Mas, que história deliciosa. O Brasil está cheio de gente assim, como você e o senhor da lâmpada, que nos proporcionam essas lições de confiança, generosidade e gratidão. Mas essa turminha não aparece, não se faz ouvir, não se impõe…  e aí… bem, ouça o programa de hoje. E vida longa ao Pé na Trilha!

Muito bem. O Rafael receberá um KIT DKT, recheado de produtos PRUDENCE, como géis lubrificantes e preservativos masculinos.

Quem distribui os produtos Prudence é a DKT, que pratica o marketing social. Boa parte de seus lucros são destinados para ações em regiões pobres em todo o mundo, para conter as doenças sexualmente transmissíveis e contribuir para o controle da natalidade.  Cada vez que você compra um produto Prudence, meu caro, minha cara, você está contribuindo para salvar vidas. facebook.com/dktbrasil.

Vamos lá então!

Na hora do amor, mesmo que você esteja lá no alto da montanha… faça como o Rafael:

Lalá – use Prudence, que lá em cima faz um frio…….

Vamos então a mais um depoimento de quem assina o Café Brasil Premium, a nossa “Netflix do Conhecimento”, olha só:

“Sou assinante do Café Brasil Premium desde que nasceu. Não sou do mundo corporativo e pensava que não seria proveitoso para mim, que engano maravilhoso. Em meu dia a dia o Premium está lá, em áudio, video, pdf´s, PPT´S… eu uso tudo, seja na Igreja, em minha palestras, no meu programa de TV, em negociações tá tudo lá. O Café Brasil Premium faz você ser melhor profissional, melhor pai, melhor marido, melhor ser humano. O valor é muito maior que o preço da assinatura.” Ronny Clayton D’ Ajuda, que é Pastor Batista. Viu só, meu?

cafebrasilpremium.com.br.

Conteúdo extra-forte.

Opa! Com Cipó and His Authentic Rhythm Group, vamos de Cai cai…

Vou começar o programa com o texto “O país está se despedaçando, e isso é consequência da forma de pensar do brasileiro”. O autor é o jornalista David Coimbra, que publicou o texto em fevereiro de 2018 no jornal Zero Hora de Porto Alegre.

Segura aí, meu! Vai cair disjuntor pra todo lado…

Quem observa o que está acontecendo conclui que o brasileiro é um povo de ladrões. Essa, inclusive, é a nossa fama no resto do mundo.

Olhei para a foto enviada por uma amiga e suspirei de desânimo. Tratava-se de uma fileira de bicicletas de aluguel, dessas que são postas na rua para serem usadas a baixo preço. Quase todas estavam mutiladas – as rodas haviam sido roubadas durante a noite. A foto, disse-me a amiga, foi tirada dias atrás, em uma via de Porto Alegre.

Fiquei genuinamente triste porque, momentos antes, vira cenas do metrô de São Paulo sendo depredado por “foliões”, de um supermercado do Rio sendo saqueado por um grupo de homens sem camisa que queriam cerveja, de arrastões nas praias cariocas, de turistas chorando porque foram espancados em Ipanema.

Nenhuma dessas ações foi patrocinada pelo crime organizado, razão da intervenção do Exército no Rio de Janeiro. Nada disso está na pauta de Temer, dos partidos, do Ministério da Justiça ou do futuro Ministério da Segurança Pública.

Mas isso é o Brasil.

O Brasil está se despedaçando, e não por acaso. Esse esfacelamento é consequência. Não consequência da pobreza, como alguns devem ter concluído. Há países muito mais pobres do que o Brasil, e muito mais pacíficos.

Isso é consequência da forma de pensar do brasileiro. Do que ele pensa do Estado, das outras pessoas com quem convive, da cidade em que vive e, sobretudo, do que ele pensa de si mesmo.

Isso é filosofia. E, quando falo em filosofia, não estou me referindo a um sistema de pensamento organizado, como quando Kant teorizava a respeito do que existe além da razão. Essa filosofia se forma na cabeça das pessoas com pequenos fragmentos de conceitos que outros expressam e, principalmente, com mensagens que elas recebem da sua realidade.

O que a vida no Brasil diz para os brasileiros, hein?

O que significa viver no Brasil?

Quem observa o que está acontecendo conclui que o brasileiro é um povo de ladrões. Essa, inclusive, é a nossa fama no resto do mundo. No Uruguai, corre uma anedota que diz que o pior sul-americano seria aquele dotado da humildade dos argentinos, da alegria dos uruguaios e da honestidade dos brasileiros. É engraçado, mas não é verdadeiro.

Aqui mesmo, em Massachusetts, moram milhares de brasileiros. Trabalham duro, esforçam-se, formam famílias. São honestos. Nos Estados Unidos, os brasileiros cumprem regras, são educados, gentis e não diferem do comportamento de todos os outros que estão levando suas vidas por aqui. O brasileiro que, em Porto Alegre, rouba uma roda de bicicleta pública muda-se para os Estados Unidos e não ousa pisar no jardim de uma casa sem cerca.

Por que essa diferença? Por que o homem que no Brasil é vândalo e cínico se transforma em cidadão ordeiro nos Estados Unidos ou na Europa?

Não foi ele que mudou. Foi o país. É o recado que lhe passa o lugar em que ele está.

No Exterior, o brasileiro imediatamente sabe que é responsável pelos seus atos. Ele sabe que não será tratado como coitadinho, e sim como um adulto consciente do que deve ou não fazer.

O governo pode botar o Exército inteiro nas ruas, como está acontecendo no Rio de Janeiro. Pode coalhar os bairros das capitais de polícia. Pode encher os presídios. Nada vai adiantar, enquanto os brasileiros não entenderem que eles não são vítimas da sociedade. Eles são parte da sociedade.

Cara tô ouvindo daqui a gritaria… Mas vamos em frente.

Vira lata
Céu

Quem nunca foi de fino trato
volta pra casa assim
feito um trapo

Nada lhe prende
e ainda que tente
é feita de gato e sapato
sem mais, sem mais

[Luiz melodia]
Se eu lhe contar
Por onde andei
que o sol amanheceu
mais de uma vez
mas ainda sim
não clareou
e a saudade bateu
e no peito ficou
sem mais,

Céu: um vira lata
Luiz: não, não sou
Céu: não me importa
Luiz: vou lhe contar
Céu: quem tu és
Luiz: quem sou
Hoje eu vou me achar
e depois me perder
em nós dois
Luiz: só nós dois. nós dois.

Olha só… A Céu e o saudoso Luiz Melodia interpretam a composição dela chamada VIRA LATA…

Eu acabo de retornar dos Estados Unidos. Lá, participei da Winter Conference da National Speakers Association, sobre o futuro das palestras. Assisti dezenas de apresentações, ávido para compreender a visão de futuro que os norte americanos têm do segmento no qual atuo.

Olha! Foi jogo duro, viu?

Uia.. esse é o grupo Bossa Lounge, com BOSSA NOVA…

Os Estados Unidos estão 10, 20 anos à frente do Brasil no segmento das palestras. São mais organizados, mais comprometidos, mais antenados. E lá pelo meio do evento, ficou claro para mim que as dificuldades que separam o Brasil dos Estados Unidos nesse segmento, não são técnicas, não são formais. Nós temos as mesmas tecnologias que eles, contamos histórias até melhor que muitos deles, somos mais verdadeiros no palco, sabemos como combinar emoção com conteúdo igual ou até melhor que eles… Mas o fosso cultural que nos separa é quase intransponível.

Esse fosso não é uma questão de educação formal. Em muitos momentos me vi viajando em meio à discussão deles, que falavam de proposta de valor, discutiam detalhes de como incorporar mais conteúdo, como criar momentos excepcionais, como entregar mais valor. E quando os clientes, os contratadores de palestras se apresentaram, deixaram claro o que eles buscavam hoje: profissionais capazes não só de informar, educar e entreter audiências, mas de levar o evento do contratador para suas próprias audiências, de combinar mídias sociais próprias com o evento… eles querem muito mais que uma palestra. Eu ouvindo aquilo tudo e comparando com o Brasil, cara.

O que é que a gente discute aqui, hein?

Bom. É preço, né?

Vendemos e contratamos palestras pelo preço. E só pagamos o preço alto se o palestrante for uma celebridade… Conteúdo? Ah, se for uma celebridade isso nem importa, cara!  Nenhum dos pontos levantados naquele evento do EUA é prioritário aqui no Brasil quando se busca um palestrante. Aqui se busca pela celebridade e pelo preço…

Você entendeu o fosso cultural, hein cara? Em nenhum, eu repito, NENHUM segundo daquele evento de três dias o assunto “preço de palestras” foi mencionado.

Aí eu vou alugar um carro e a relação com a empresa está anos luz à frente da nossa relação aqui no Brasil. Vou fechar a conta no hotel. O que eu disse que eu consumi no quarto é o que vale, eles não mandam a camareira verificar. Vou no Museu. Segunda feira. Lotado de estudantes, jovens estudantes. Fui em três museus e vi o mesmo. Um deles, o Museu do Holocausto, numa cidade chamada Richmond, na Virgínia, que tem cerca de 230 mil habitantes. Olha! ;Eu não sei se o Brasil tem quatro museus que possam se comparar àquele da pequena cidade. Construído e mantido por sobreviventes dos Campos de Concentração, que doaram tempo e dinheiro para aquela sociedade.

Você percebe a diferença, hein?

Bem, como estamos no Brasil, eu preciso aqui dar aquela pausa que sempre me envergonha, para fazer as considerações óbvias de praxe.

Lalá, vamos lançar hoje a vinheta da pausa do óbvio. Manda aí:

Sim, eu sei que existem problemas nos Estados Unidos, sim eu encontrei miseráveis, os homeless pedindo esmolas nas ruas de Baltimore, sim, aquilo não é um paraíso, sim sim, eu sei… Mas se é só isso que você consegue compreender de tudo que estou dizendo neste programa aqui, por favor comece de novo. Dispa-se de sua mistura de inveja com frustração e ódio. Pratique a empatia positiva com os norte americanos. Transforme essa sua dor de cotovelo em curiosidade, meu… o que é que aqueles caras fazem de tão bom que a gente deveria copiar?

Aquela sociedade sabe o que quer. Define regras. E cumpre. E os indivíduos que a compõem sabem disso. É como disse o David Coimbra em seu texto: quem quebra regras sabe que sofrerá as consequências.

Aqui neste país tropical, onde há cinquenta anos somos treinados para relativizar as regras, tudo que temos é desconfiança, desrespeito, dissimulação e falta de competência. E aí a gente faz o que? Xinga o governo.

– Ah, mas com esse Congresso, com esses políticos, com esse presidente… com o gópi…

Meu caro, esse Congresso, esses políticos, esse presidente, são o melhor que nossa sociedade consegue fazer.

Eu vou repetir, ó:  esse Congresso, esses políticos, esse Presidente, são o melhor que nossa sociedade consegue fazer.

Você reparou que eu usei a palavra CONSEGUE fazer? E eu não usei a palavra PODE fazer?

Podemos fazer melhor? Claro que sim.

Conseguimos fazer melhor? Claro que não.

Mas por quê? Por quê, cara?

Por que todo o tecido social está podre. Por que temos de resolver tudo em todas as áreas. Por que o Legislativo está uma merda, o executivo está uma merda e o Judiciário também está uma merda. E o povo está uma merda.

Pronto. Caiu o disjuntor do revoltado que acha que ele, que a área dele, que o povo dele, não tá uma merda….

Vamos lá…

Se eu disser que uma coisa é uma merda, não tem solução. É merda na origem. Mas se eu disser que ESTÁ uma merda, estou indicando uma condição. Se está, pode deixar de estar, você compreende isso, hein?

A saída é um pouquinho de filosofia de planejamento estratégico.

Primeiro é preciso ter a consciência de que existe um problema.

E isso parece que nós já temos. Não é possível que qualquer brasileiro, que não se beneficia da situação, esteja satisfeito com o que aí está, não é? Emaranhado de leis, processos burocráticos, cabides de empregos, tratamento diferenciado, leis criadas por quem delas se beneficia, corrupção e tudo que você já sabe e que alimenta o inferno brasileiro do qual todos queremos sair.

Temos um problema, não temos?

Segundo: é preciso ter consciência de para onde queremos ir.

Isso eu acho que a gente já tem. Liberdade, justiça social, progresso e felicidade, não é?

Terceiro: é preciso ter consciência de como devemos ir.

E aí a encrenca aparece, cara. A relativização toma conta, as ideologias se chocam e a ignorância torna-se epidêmica. Cada tribo tem uma solução, de acordo com seus interesses pessoais e dane-se os outros. Pronto, meu. Bem-vindo ao Brasil.

E tem mais uma. Quarto ponto. É preciso ter consciência de com quem queremos ir. E aí o pudim desanda de vez. O país está fragmentado, dividido em grupos, e incendiado pelos que pregam o extermínio, por vezes mais que figurado, das tribos diferentes das suas.

O Brasil é aquela figura dos remadores brigando entre si enquanto o barco segue à deriva.

Eu volto ao texto do David: O governo pode botar o Exército inteiro nas ruas, como está acontecendo no Rio de Janeiro. Pode coalhar os bairros das capitais de polícia. Pode encher os presídios. Nada vai adiantar, enquanto os brasileiros não entenderem que eles não são vítimas da sociedade. Eles são parte da sociedade.

E pra você: o que significa “ser parte da sociedade”, hein?

Ora. Ser alguém que luta por seus direitos, certo? A maioria, estou certo, também considera ser parte da sociedade cumprir com seus deveres, não é? Mas quantos são os que fazem cumprir esses deveres? Deixe-me voltar aos Estados Unidos . Lá eles têm uma palavra interessante: enforce. É isso que a polícia faz, enforce the law, faz cumprir a lei.

“Fazer cumprir os deveres”, fazer cumprir a lei,  envolve conceitos como autoridade, hierarquia, poder, influência, atributos, qualidades e valores que foram completamente relativizados. No Brasil não se respeita mais hierarquia e nem autoridade. O poder é para obtenção de benefícios. A influência idem… E aí fica difícil, não é?

E quando a autoridade legítima se manifesta, começa o mimimi. E as acusações de excesso de força, de privilégios, de injustiça e tudo que você já conhece.

Cara, o Brasil está uma merda.

Está.

E eu não posso, não quero e não vou me conformar com isso.

Não vou me adaptar
Nando Reis

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Eu não vou me adaptar, me adaptar

Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
É que quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou me adaptar!
Me adaptar!

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou me adaptar!
Não vou!

Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
Mas é que quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou!
Não vou me adaptar!
Eu não vou me adaptar!
Não vou! Me adaptar!

Então, ao som de NÃO VOU ME ADAPTAR, do Nando Reis  na interpretação de Guga Sabatiê, que eu acho que você nunca ouviu cara,  

retomo a pergunta do David: “Por que o homem que no Brasil é vândalo e cínico se transforma em cidadão ordeiro nos Estados Unidos ou na Europa?

Não foi ele que mudou. Foi o país. É o recado que lhe passa o lugar em que ele está.”

O recado que lhe passa o lugar onde ele está.

Bote na sua cabeça o seguinte, meu: esse lugar onde você está é seu. É meu. É nosso. Temos direitos sobre ele. Temos deveres para com ele. E temos, acima de tudo, a responsabilidade de cuidar dele, de mantê-lo limpo, iluminado, seguro… O imposto que você paga não transfere responsabilidades. Aliás, o Estado é muito ruim para cumprir com suas responsabilidades. Especialmente esse estado brasileiro que aí está. Portanto sobra pra nós garantir a existência de rotinas. E, especialmente, honrar as tradições.

To enforce the law.

Ih! Caiu, é cara?

É sim… São as rotinas mais as tradições que suportam a  ordem. E foi disso que nos esquecemos tempos atrás. Colocamos nossa visão no progresso e só no progresso. Sem ordem, o destino só pode ser o caos. O Rio de Janeiro está mostrando como é que é…

Caiu mais um disjuntor. E desta vez do progressista, que quando ouve a palavra “ordem” imagina a botina de um militar em seu pescoço.

Cara, que fetiche, meu… tem que ver isso, hein?

A sociedade sem ordem, sem leis, relativizando a autoridade e tratando como “reacionários”, como“fascistas” e outras bobagens aqueles que querem manter as coisas boas – de novo, olha só – eu disse: aquele que querem manter as coisas BOAS em seus lugares, vai dar nisso que estamos vendo por aqui.

O relativismo que leva à vitimização, que produz inveja e ressentimento e que, em última instância, leva ao desejo de vingança.

Vingança do seu vizinho que é bem-sucedido, vingança da sua conhecida que é bem-educada, Vingança do seu colega que é mais culto, vingança do seu professor que é exigente, vingança do policial que obriga você a cumprir a lei. Vingança do podcaster que diz coisas que você não gosta de ouvir…

Putz… hoje é recorde.

Pare de mimimi, pare de reclamar do bispo, do político, do chefe, do seu pai, da sua mãe, do seu filho, da sua filha, meu. Faça algo que preste, use seu tempo, sua energia, seu dinheiro para ajudar a construir o país que você sonha, seu morto. Pare de dizer que é tudo a mesma merda. Primeiro porque tudo não é uma merda. Passe a dizer que tem coisas que ESTÃO uma merda. E que vamos mudar essa condição.

Apoie um partido, sim cara, um partido que tenha um programa com o qual você se identifica. Quem acha que esse partido, esse político, não existe, é ignorante. Sim. Ignorante, não procura, não investiga, não vai atrás, só diz que não existe.

Apoie as organizações que você entende que estão fazendo um trabalho cívico e social de valor, cara. Dê dinheiro para elas.

Apoie as páginas, as iniciativas, os programas, os podcasts, os youtubers, os jornais e revistas que você acredita que contribuem para o seu crescimento pessoal e profissional. Se você não pode colocar a mão na massa, ajude quem coloca.

Mexa-se, porra.

Eu escolhi este caminho aqui ó, distribuir ideias, conteúdos relevantes, e pagar o preço por isso, me expondo, sendo xingado, atacado… eu entendo que assim estou fazendo minha parte, apontando o caminho para ferramentas que têm ajudado as pessoas a fazer suas melhores escolhas.

Eu me preocupo demais com o recado que lhe passa este podcast, que neste exato momento, é o lugar onde você está.

Eu me preocupo com o recado que lhe passa o lugar em que você está.

É isso, meu. Pare de tratar ou querer ser tratado como coitadinho. Cresça, meu! Seja e forme adultos conscientes do que devem ou não fazer.

Não é gente assim que você quer por perto?

Do your thing behave yourself
Tim Maia

Yes I’ll hope I will provide you
Happiness is going to stay
Loneliness won’t last forever
Don’t be shy, don’t be afraid
Do your thing
Behave yourself
Do your thing
Behave yourself
Don’t waste time with life in illusion
Don’t waste love with hope
I’ll guess makes you get a wrong business
till you find a better way
Do your thing
Behave yourself
Do your thing
Behave yourself

E é assim, ao som de DO YOUR THING, BEHAVE YOURSELF, que dá para traduzir como FAÇA SUA PARTE, COMPORTE-SE, de e com o Tim Maia, que vamos saindo meio pensativos, sabe?

Cara, eu estou de saco cheio de gente ignorante, viu? To perdendo a paciência, tô ficando ranzinza… cadê aquele botão do foda-se?

Com o provocado Lalá Moreira na técnica, a nervosa Ciça Camargo na produção e eu, este conservador que quer mudar as coisas, Luciano Pires na direção e apresentação.

Estiveram conosco o ouvinte Rafael, Tim Maia, o grupo Bossa Lounge, Cipó and His Authentic Rhythm Group, Céu com Luiz Melodia e Guga Sabatiê.

Este é o Café Brasil. De onde veio este programa tem muito mais.

Para o resumo deste programa, acesse portalcafebrasil.com.br/605.

Para o Premium: cafebrasilpremium.com.br.

Mande um comentário de voz pelo WhatSapp no 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.

Pra terminar, uma frase Thomas Sowell:

O fato de que muitos políticos de sucesso são mentirosos, não é exclusivamente reflexo da classe política, é também um reflexo do eleitorado. Quando as pessoas querem o impossível somente os mentirosos podem satisfaze-las.