A utopia
Luciano Pires -Um de meus leitores, o Sidclay Prazeres, escreve:
“Será utopia querer conhecer um plano de governo que nos convença de fato de que algo vai mudar? Um que demonstre claramente como será equacionada a questão da previdência social, que tenha coragem para extinguir os benefícios de ex-políticos, militares e alguns servidores com pensões vitalícias? Algum candidato honesto que nos diga quantos ministérios serão extintos em sua gestão, e o que obviamente o país ganhará com isso? Alguém que queira colocar ordem na Casa Civil, que custa ao Brasil mais que a manutenção da coroa britânica, com seus guardanapos de renda não sei de ondede R$ 1.000,00 cada, salmão e caviar importado? Um apenas, que nos ofereça soluções para as questões básicas de educação e saúde, que não ceda às pressões do funcionalismo público e seu eterno mimimi por melhores salários e condições de trabalho, ignorando completamente a realidade do mercado e dos demais brasileiros? Um partido capaz de apresentar uma proposta de reforma/desoneração tributária e suas reais implicações na economia? Onde estão as propostas, os planos de governo que irão nos tirar da tão comentada inércia? As propostas e o plano de ação para implementá-las, por favor. O eleitorado, por incrível que pareça, está mais consciente e maduro, será preciso muito mais que ataques para convencer o cidadão. #euqueropropostadegoverno e não me venha com chorumelas. Diga mestre Luciano Pires, será utopia?”
Bem, imagino que a dúvida do Sidclay seja a de milhões de brasileiros, não é? Não acho que seja utopia, Sidclay, mas isso tudo que você quer cabe numa “carta aos brasileiros”, que não passa de um protocolo de intenções. É isso que ouviremos nos próximos meses: promessas. E os planos de governo repletos de promessas serão publicados e quase ninguém os lerá.
Promessas são promessas. É a transformação delas em realidade a verdadeira utopia, posto que há que “politizar” para poder governar. E politizar significa negociar, conceder, engolir sapos até chegar naquilo que se transformou o conceito de governabilidade no Brasil: aparelhamento do estado, compadrio, nepotismo e tudo o que temos visto.
A questão então é: até onde o candidato pretende conceder? Até que ponto chegará para obter o que deseja? Que interesses colocará em primeiro lugar? A extensão desse compromisso nenhum candidato dirá claramente. De novo: na “carta aos brasileiros” cabe tudo. De boas intenções o inferno está cheio, como dizia meu avô em Bauru.
Mas não temos como saber se o serviço que compramos de um candidato é bom antes de elegê-lo, não é? Como a pintura da parede de sua casa, você só terá certeza de que ficou boa depois de pintada. É essa a verdadeira crise nacional: perdemos a credibilidade no “pintor”. Não acreditamos que um político, qualquer político, seja capaz de cumprir o que promete. E temos razão de pensar assim, além da experiência histórica, estamos muito bem treinados – especialmente pela imprensa – a desconfiar de tudo e de todos. A tirar números do contexto. Ao confronto. E como você diz, será preciso muito mais que ataques para convencer o cidadão.
E na tentativa de conhecer os pintores, primeiro limitado aos dois que disputam os primeiros lugares com Dilma Roussef, publiquei um post no Facebook pedindo opinião de gente que vive ou conhece Minas Gerais e Pernambuco sob os governos de Aécio Neves e Eduardo Campos. Tá no link: http://on.fb.me/1heUzcl ou logo abaixo no post incorporado:
A primeira leitura dos comentários mostra como os políticos vivem num mundo de percepções onde são santos e demônios ao mesmo tempo.
Essa é minha tentativa tímida, limitada e insegura, de conseguir referência sobre os pintores diretamente de quem utilizou seus serviços, e não apenas através de panfletos de propaganda. Com todas as limitações, as mídias sociais são as melhores ferramentas que uma pessoa, interessada e com mais de um neurônio funcionando, tem para saber quem é que cumpre o que promete.
Assim fica mais fácil ler as intenções por trás dos planos.
Luciano Pires