Café Com Leite 73 – Mentiras outra vez
Luciano Pires -Babica: Bárbara, nós dissemos que íamos falar mais sobre as mentiras nossas de cada dia.
Bárbara: Dissemos mesmo, e vamos fazer isso. Esse assunto é muito importante.
Babica: Eu fiquei assustada com a quantidade de mentiras que as pessoas contam!
Bárbara: Pois é. E de tanto conviver com a mentira, ela pode se tornar algo comum e aceitável.
Babica: Muito tenso isso.
Bárbara: Muuuuuuito tenso. Meu nome Bárbara Stock e este é o Café Com Leite, um podcast para famílias com crianças inteligentes e para pais que se importam.
Babica: E eu sou a Babica, o avatar da Bárbara que vive dentro do celular dela! Também estarei aqui com você!
Bárbara: Babica, quem é o ouvinte de hoje?
Babica: Hoje são a Julia e o Matheus!
COMENTÁRIO DO OUVINTE
Bárbara: Ahahahahaha Julia e Matheus com a mamãe! Com cinco e seis anos, falando do episódio do Menino e o Lobo!
Babica: E a Julia e o Matheus entenderam direitinho a mensagem: quem conta muita mentira acaba mal. As pessoas deixam de confiar!
Bárbara: Beijooooossss Julia e Matheus!!! Vocês ganharam uma linda camiseta cada um! Entrem em contato conosco!
Babica: E se você gostou do nosso Café com Leite, mande uma mensagem de voz para nós no whatsapp 11915670602. Se sua mensagem for escolhida, vamos publicá-la no próximo episódio e você ganhará uma camiseta muito legal!
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Bárbara: Então, Babica, você ficou incomodada com aquela ideia de que contar uma mentira às vezes pode parecer a coisa certa a fazer, não ficou?
Babica: Fiquei, sim. Para mim, mentir é sempre errado.
Bárbara: Pois é. Mas algumas pessoas acham que, em certas situações difíceis, uma mentira pode ser a melhor resposta.
Babica: Tipo quando?
Bárbara: Ah, nós demos um exemplo no episódio passado, com o avatar mau que queria bater no Nico, lembra? Você mentiu para o avatar para proteger o Nico.
Babica: Eu lembro disso. Mas tem mais exemplos?
Bárbara: Tem. Imagine que seus amigos preparam uma festa-surpresa para você e você descobre, mas finge todo o tempo que não sabe de nada, para que todos fiquem felizes e contentes com a surpresa. É uma mentirinha do bem.
Babica: Entendi. Ah, uma vez o Nico me trouxe uma avajaca de presente.
Bárbara: Avajaca?
Babica: É. Avatar de jaca. Eu odeio avajaca! Mas para não magoar o Nico, eu disse que adorava e agradeci o presente. Que nem fiz com o seu vestido. Ele ficou todo feliz!
Bárbara: Tá vendo? Uma mentirinha do bem, pra deixar seu amigo feliz.
Babica: É. Mas não deu certo.
Bárbara: Por que?
Babica: Bárbara, eu tive de comer a avajaca na frente dele! Bleaarghhh! Ele viu minha careta e percebeu que eu estava mentindo!
As duas: ahahahahahhahaha
Bárbara: Tá vendo? Toda mentira traz uma consequência. Às vezes pode dar muito errado.
Babica: Então! Por isso é sempre errado mentir!
Bárbara: Sim. Mas algumas pessoas acham que, em certos casos, a honestidade perfeita pode não ser tão importante quanto valores como compaixão, respeito e justiça. Como o caso da avajaca.
Babica: Você pode explicar melhor?
Bárbara: Posso. Digamos que você tem uma amiga que acabou de fazer um bolo de chocolate e está muito animada para compartilhar com todos na escola. Mas você experimenta o bolo e percebe que não está tão gostoso quanto os bolos que ela costuma fazer.
Babica: A honestidade perfeita seria dizer exatamente o que eu penso sobre o bolo, como “O bolo está ruim”, não é?
Bárbara: Isso mesmo. Mas pensar nos valores de compaixão, respeito e justiça pode fazer você levar em consideração os sentimentos da sua amiga.
Babica: Aí em vez de ser totalmente honesta sobre não ter gostado do bolo, eu escolho ser gentil e compassiva.
Bárbara: Isso mesmo. Você pode dizer algo como: “Amiga, eu realmente aprecio o esforço que você colocou no bolo, mas acho que ele pode ficar ainda mais gostoso se adicionarmos mais chocolate na próxima vez.”
Babica: Neste caso, em vez de dizer que não gostei do bolo, serei gentil e considerarei os sentimentos dela.
Bárbara: Isso é compaixão.
Babica: Mas o bolo continua ruim.
Bárbara: Sim, palavras não mudam o bolo. Mas você pode escolher ser mais assertiva.
Babica: Assertiva?
Bárbara: Sim. Ser assertivo significa expressar seus pensamentos, sentimentos e necessidades de uma forma calma, respeitosa e clara. É como falar com as pessoas de uma maneira em que elas entendam o que você quer dizer, mas sem ser rude ou agressivo.
Babica: Em vez de “Seu bolo está horrível”, dizer algo como “Acho que as pessoas vão estranhar o gosto?”
Bárbara: Ahahahahah… você está dando voltas, mas é isso mesmo. Dizer na cara “seu bolo está horrível”, pode ser ofensivo. Ser assertivo é ser honesto, mas de uma maneira gentil.
Babica: assertivo…
Bárbara: Ser assertivo também significa não ter medo de dizer “não” quando algo não é certo para você, e também não ter medo de pedir ajuda quando precisa. É uma forma de se comunicar de maneira firme, mas respeitosa, para que as pessoas possam entender seus sentimentos e pensamentos, entendeu?
Babica: Entendi. Vou mostrar respeito pelo esforço que ela colocou no bolo, e sugerir uma melhoria para o futuro.
Bárbara: Sim.
Babica: Isso pode ser mais importante do que ser totalmente honesta sobre não ter gostado do bolo. Minha amiga vai gostar da minha honestidade, sem ficar magoada comigo.
Bárbara: Isso mesmo. Em certos casos, é bom equilibrar a honestidade com outros valores importantes para cuidar dos sentimentos das pessoas ao nosso redor.
Babica: Entendi.
Bárbara: Quando mentimos, interferimos na capacidade de escolha das outras pessoas, Babica.
Babica: Como assim?
Bárbara: Aquele avatar que colocou no Nico a culpa de quebrar o avavaso interferiu na escolha do dono do avavaso, que puniu o Nico, lembra?
Babica: Lembro.
Bárbara: Se você quer ser muito honesta, isso significa sempre falar a verdade, mesmo quando é difícil. Se eu perguntar se você gostou da minha roupa nova e você não gostou muito, ser honesto seria dizer algo gentil, mas verdadeiro, como “Acho que essa roupa não está valorizando sua beleza,”
Babica: E você acha que isso engana alguém, Bárbara? É que nem dizer que aquele avatar é simpático. É um jeito de não dizer que ele é feio…
Bárbara: Ahahahahahahah… pois é, mas você está sendo gentil sem mentir, entendeu?
Babica: Mais ou menos. Mas e se a mentira for para ajudar alguém?
Bárbara: Boa pergunta! Já vimos anteriormente que em alguns casos a mentira que ajuda a alcançar outra virtude, como a compaixão, pode ser aceitável.
Babica: Por exemplo?
Bárbara: Vamos imaginar que o Nico está se sentindo muito triste porque perdeu um jogo importante. Você sabe que contar a verdade para ele, tipo “Você não jogou bem”, pode machucar ainda mais os sentimentos dele.
Babica: Ah, eu sei. O Nico é muito sensível…
Bárbara: Nesse caso, a ética da virtude sugere que você pode escolher contar uma pequena “mentirinha boa” para fazer o Nico se sentir melhor. Por exemplo, você poderia dizer algo como “Tá tudo bem, Nico! Às vezes, até os super-heróis têm dias difíceis, mas tenho certeza de que você vai brilhar no próximo jogo!”
Babica: Uma mentirinha para ele se sentir bem. Em vez de ser honesta, usei a compaixão?
Bárbara: Isso. Você colocou a compaixão à frente da honestidade, pensando nos sentimentos do Nico e tentando animá-lo. Isso significa que, mesmo que a verdade completa não seja dita, a intenção é ajudar e fazer com que seu amiguinho se sinta melhor.
Babica: Puxa, entendi. E até achei bonito isso.
Bárbara: Essa é a ética utilitarista, Babica, que diz que a moralidade de uma mentira é determinada pelo equilíbrio entre os benefícios e malefícios de suas consequências.
Babica: Como é que é?
Bárbara: Se mentir aumentar o benefício ou diminuir o malefício, pode ser moralmente aceitável. Por exemplo, mentir para trazer esperança a alguém que está muito deprimido.
Babica: Mas isso não pode causar problemas?
Bárbara: É aí que os críticos entram, Babica. Eles dizem que as pessoas frequentemente acham que suas mentiras não vão causar problemas. E acabam causando desconfiança e problemas na sociedade. Alguns acham que tolerar mentiras pelo “bem maior” pode levar a problemas sérios.
Babica: Nossa, mas isso é muito complicado, Bárbara.
Bárbara: É mesmo, Babica. Por isso, muitas pessoas acham que é importante pensar nas consequências éticas antes de contar uma mentira. A mentira pode ser útil, pode ser necessária às vezes, mas não podemos nos tornar mentirosos. Você já sabe o que acontece se as pessoas passarem a julgar que você é mentirosa, não é?
Babica: Sei sim. Vai ser como o Menino e o Lobo lá. Acho que mentir não é legal, mas talvez, às vezes, seja difícil escolher o que fazer. Então eu prefiro ser honesta.
Bárbara: Essa é uma ótima perspectiva, Babica. Ser honesta é sempre uma boa escolha.
Babica: Vou falar pro Nico que ele joga mal.
Bárbara: Babica!
As duas: ahahahahahahah
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Bárbara: Não esqueça então: os assinantes do Café Com Leite recebem um conteúdo extra no final de cada episódio!
Babica: Isso mesmo! Pule pra dentro do Café Com Leite! Ajude a gente a continuar! No podcastcafecomleite.com.br
Bárbara: Venha pro Clube Café Com Leite!
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Bárbara: Muito bem! Eu sou a Bárbara Stock…
Babica: E eu sou a Babica! O avatar da Bárbara que mora no celular dela.
Bárbara: somos suas companheiras neste Café Com Leite, que é feito com muito carinho pela turma do Podcast Café Brasil. A edição é do Senhor A e o texto e direção são do Luciano Pires.
E hoje como vamos encerrar o episódio?
Babica: Vou trazer uma frase do grande Chico Xavier:
A verdade que fere é pior do que a mentira que consola.