
Cafezinho 584 – Armadilha Emocional
Luciano Pires -Almocei com amigos que buscavam me ouvir sobre uma importante decisão: os dois executivos estavam para tomar a decisão de sair da empresa na qual trabalhavam e onde eram bem sucedidos. Um deles, jovem, na casa dos 40 anos. O outro já com 65 anos, prestes a se aposentar. Queriam saber como era. Tentei não ser óbvio:
“O que mais me incomodou desde que deixei o universo corporativo foi me ver ‘desimportante’, esperando na recepção, encontrando resistência para marcar reuniões, sendo esnobado por clientes e não tendo equipes para me dar suporte. No lado financeiro também houve um baque. Sem o salário garantido eu teria que repensar cada investimento, não poderia dar mais à minha família certos confortos sem preocupação. Sem uma armadura emocional, isso derruba nossa autoestima, faz com que questionemos nossa capacidade de resolver problemas, nos deixa amargos, coloca o trabalho que fazemos em xeque. Se você não se preparar emocionalmente, entrará numa espiral destrutiva, perderá o tesão de lutar, até chegar no inferno de qualquer empreendedor: a insegurança. É quando a armadura emocional funciona.
A armadura emocional não se aprende na escola. É claro que você pode contar com ajuda externa de mentores, coaches e gurus que darão dicas preciosas, mas que sempre serão algo de fora para dentro. A armadura emocional vem de dentro para fora. Começa com uma profunda reflexão sobre o impacto e influência que a decisão de sair, a mudança, causará sobre você e sobre os que o rodeiam. Passa por um exercício de cenários, quando você deve mentalmente imaginar as situações que podem acontecer, praticar aquele “e se?”. Depende de uma ideia clara de propósito: você está a serviço de quê?
É também necessário conhecer muito bem as expectativas das pessoas que dependem de você e calibrá-las para a nova fase.
E o principal: você tem que ser capaz de gerenciar suas próprias expectativas, não sonhar alto demais, não achar que todas as pessoas querem seu sucesso e vão te ajudar. Não querem e não vão.
Resumindo: construa uma armadura emocional. O resto depende de sua eficiência profissional, e isso você tem de sobra.”
Meus amigos pagaram o almoço.