
Cafezinho 591 – A máquina de matar
Luciano Pires -Hoje vai ser um pouco diferente aqui. Em vez de ler um artigo meu, vou ler uma abertura de um livro muito interessante que que você encontra à venda na livraria Café Brasil: A máquina de matar – A biografia definitiva de Che Guevara. Começa assim:
“Há quase 10 anos publiquei na Argentina uma biografia de Ernesto Guevara de la Serna, a qual teve tanta repercussão no meu país que me pediram para escrever uma obra maior a ser publicado no Chile. Ambos os livros, por sua vez, me abriram portas para novas documentações, biografias, filmes, arquivos e testemunhas complementares, além de viagens a trabalho para grande parte da América Latina inclusive Cuba e Estados Unidos. A experiência e o conhecimento somados ao material já compilado nas referidas publicações, me estimularam aprofundar o trabalho e escrever um livro definitivo, que agora no cinquentenário da morte de Che Guevara, finalmente chegou a hora de publicar.
De fato, trata-se de uma biografia muito mais completa e conclusiva na qual pude incluir toda a bagagem de pesquisa, compilação, leitura, experiência e narração, resultado de muitas horas de trabalho. A realidade é que a maior parte dos inúmeros livros ou filmes lançados sobre Ernesto Guevara visa a enfatizar acima de tudo três aspectos distintivos do personagem em questão. Alguns focam as aventuras turísticas do mochileiro pós adolescente, outros apontam para suas atividades guerrilheiras em diferentes campos de batalha. Um terceiro grupo tenta resgatar não somente seu pensamento político, mas também sua abordagem estratégico-militar refletida em seus diversos escritos divulgados por meio de folhetins, cartas, discursos, notas e diários pessoais. Nesta biografia definitiva trataremos não só desses três aspectos, mas de muitas outras esferas da vida e obra de um sujeito tão multifacetado.
Curiosamente, toda a divulgação em torno de Guevara, seja em filmes, romances, biografias e agora também em livro infantil, apresenta um denominador comum monotemático: glorificar e enaltecer, sem grandes controvérsias, o personagem que aqui nos interessa. Toda essa farta produção encarregou-se de canonizar o Che, consagrando uma espécie de fetiche do progressismo internacional ou sacrossanto souvenir no jornalismo de massa: mediocridade discursiva e informativa à qual se soma a condescendência de uma classe política marcada pela estreiteza intelectual, covardia ideológica ou submissão deliberada aos ditamos da “correção” e das pesquisas de opinião.
Em suma, salvo raras exceções não há bibliografia crítica em torno de um protagonista que, como sustentamos, tem muito mais motivos pra ser repudiado do que venerado como acontece hoje em dia, seja nas universidades ou nas bandeiras das torcidas de futebol. Porém uma coisa é a imagem adocicada que a historiografia comercial construiu em cima de Che Guevara, e outra bem diferente é a verdadeira natureza encarnada pelo seu personagem aqui tratado.”
A máquina de matar, de Nicolas Marques.
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