Cafezinho 609 – Não passe pela vida em branco
Luciano Pires -
Não sei como é com você, mas eu tenho uma preocupação constante com o depois que eu me for. Com o que eu deixarei para as pessoas que eu amo. Deixar algum conforto material para meus filhos é, ao menos para mim, uma medida do sucesso com que conduzi a vida. Se eu não fizer nenhum desastre, essa parte está meio resolvida. Não deixarei ninguém rico, mas vou dar uma ajuda. O outro lado é a herança imaterial. Os valores morais. O que eu considero realmente o legado.
Normalmente usamos “legado” para nos referirmos a algo que deixamos para trás. Mas legado é futuro, é transmitir informações vitais, valores, tradições e sabedoria para a próxima geração. E isso muda tudo. Legado passa a ser um processo contínuo, no qual recebemos e damos. E note que importante: o legado não é composto apenas de coisas boas. Pode ser um exemplo do como NÃO viver a vida. Em vários LíderCasts recebi convidados que contavam de problemas de seus pais com a bebida, drogas ou jogo, que os ensinaram o que é que eles não gostariam de fazer na vida.
Viktor Frankl, um psiquiatra que sobreviveu ao holocausto e escreveu um livro precioso chamado, EM BUSCA DE SENTIDO, disse que a criação de um sentido na vida é força primária de motivação do ser humano. E que as pessoas desejam encontrar um sentido em sua existência. De acordo com Frankl, as pessoas criam o sentido de várias formas:
- Pelas atitudes que escolhem nos momentos de desafios ou até mesmo risco de vida
- Pela habilidade de se conectar com a vida através da arte, do humor, da natureza, do amor e dos relacionamentos
- Pelo engajamento com a vida através do trabalho, hobbies e outras atividades e, finalmente,
- Pela compreensão de seu passado, presente e legado futuro.
Esse foco no sentido da vida se relaciona com a espiritualidade, que pode ser definida como aquilo que conjuga fé e sentido. Atenção, eu não estou falando de religião, mas de espiritualidade, aquela busca pessoal por significado e conexão com algo maior.
Então prepare-se para estas questões: se for pego pela perspectiva da morte antes da hora, você tem consciência de que deu o máximo de si? Que construiu uma obra, que deixa um legado para as pessoas que você ama?
Responder “não” a essas perguntas deveria dar a você uma sensação de pânico.
Se o pânico não vier, é porque você está passando pela vida em branco.