
De certo e de errado
Adalberto Piotto - Olhar Brasileiro -Por Adalberto Piotto
É assim que a coisa dá certo e dá errado no Brasil. Vejam esse caso dos empresários, de gente da iniciativa privada, poderosa e influente.
O caso positivo, primeiramente, elogiável, eu diria. Pedro Passos, da Natura, se expõe num ato de coragem pessoal e compromisso republicano ao emitir sua opinião sobre a “insistência no erro” na decisão da presidente de trazer Lula, um investigado da Lava Jato, para ser ministro-chefe da Casa Civil: “É um desrespeito ao desejo da sociedade”, além de indicar sua insatisfação explícita com a condução do governo: “Não queremos mais este governo, não queremos mais este partido e não queremos mais corrupção”, ao se referir aos protestos de domingo que ganharam ainda mais corpo ontem.
Pedro Passos poderia se omitir, como faz a maioria dos empresários. Mas preferiu neste caso o caminho da honestidade intelectual, deu sua opinião. Poderia até ser outra, é de direito democrático.
Mas ele deu sua opinião.
Não é necessário dizer que esconder-se num momento como esse e não dizer de que lado está é um misto de esperteza deletéria e desonestidade que este país não precisa mais.
Digo isso para introduzir os antônimos de Pedro Passos.
O lado negativo que se revela fortemente no mundo corporativo deste país: os outros, que pela minha experiência de mais de 25 anos como jornalista são a maioria, fazem diferente.
Segundo a própria nota do Direto da Fonte de Sonia Racy revela: “Esta coluna teve outras conversas com integrantes da iniciativa privada. Que, apesar terem a mesma linha de pensamento de Passos, preferiram o anonimato”.
Creio que o nome pra anonimato na hora da coragem republicana é outro. Covardia.
Comportamento típico de gente que acha que o povo brasileiro são os outros. Eles ficam nas sombras esperando o jogo terminar pra tomar posição. Tipo comentarista de jogo encerrado.
Fato é que as escutas telefônicas estão revelando a verdadeira face de muita gente.
Melhor que o façam de própria vontade e à luz do dia sob o risco de colocarem suas biografias em lugar pouco nobre, como o bem cortado paletó ou saia que vestem.