Os polirretos
Fernando Lopes - Iscas Politicrônicas -Quando a esperteza é muita, come o dono, já dizia Tancredo Neves (1910-1985).
Em tempos do politicamente correto, a onda mais ridícula desde a modinha do ioiô ou, quem sabe, fotografar comida, é muito importante segurar o rabo (no bom sentido, claro) porque a porta bate sem aviso. Todo cuidado é pouco, até para os adeptos mais experimentados do politicamente correto, os “polirretos”.
São emblemáticas as pernadas que o ator Bruno Gagliasso tomou quando foram descobertos seus antigos tuítes “gordofóbicos” e “homofóbicos”. Não adiantou o Mr. Nice Guy (Guy, e não “gay”; atenção anarfas da língua de Shakespeare) apresentar todo um histórico de polirreto entusiasta; levou chumbo de todo lado e perdeu vários trabalhos. Tome, Mané.
Mas essa turma, como os peixes, morrem pela boca, e uns engolem até a chumbada. Túlio Gadelha, que só é conhecido por ser namorado da embaçada Fátima Bernardes, polirreta neófita, foi eleito deputado federal; e só o foi pelo namoro famoso. Era sua única plataforma. A fama vem até para coadjuvantes, camarada. Pois é; Tulião, outro Good Guy (pouco good e muito guy) entrou para o rol dos polirretos que atravessaram o samba. Elogiado pela ministra Damares Alves, dos direitos humanos, resolveu dar uma de machão de boteco e respondeu “não vai rolar milagre”, como se a ministra estivesse com terceiras intenções em relação ao sujeito, que deve se achar a última bolacha do pacote: https://www.oantagonista.com/brasil/tulio-gadelha-foi-machista-com-damares-maria-do-rosario .
O mais engraçado é que a maioria dos polirretos, empedernidos robôs lulistas na defesa de “minorias” (reais ou fictas), só ataca quem não é da sua turma (ou religião, vai saber). São os esquerdistas festivos que ficam doidões com o ópio do povo, tão criticado por Marx, vá entender. Ah sim; apesar do exemplo ridículo de machão de galinheiro, NENHUMA feminista defendeu a mulher atingida – obviamente por ser ministra de Bolsonaro. Aí pode tudo, inclusive humilhar uma senhora. Mas Túlio se lascou; muitos polirretos despiram as vestes lulistas e estão desancando o malandrão nas redes sociais. Muitos, mas não todos.
Como sempre lembra Danilo Gentili, não é o que é dito que importa, mas sim quem diz. Se for da turminha lulista (fingida ou não), terá toda a leniência do mundo para si. Se não é, sentirá a pancada forte da bota stalinista. Aí você será um inimigo do povo e alvo preferencial da rediviva luta de classes.
Tem outra saborosa: Fernando Haddad, robô lulista por excelência, vive às turras com o clã Bolsonaro (que devia tomar mais cuidado e economizar bobagens nas redes sociais); num dos recentes duelos entre Haddad e Carlos Bolsonaro, cheio de carinhos e elogios galantes, Carlos chamou Haddad de “marmita de preso” em razão de suas inúmeras visitas a Lula, seu mestre máximo enjaulado. Haddad respondeu perguntando sobre o “priminho” de seu antagonista, numa clara referência a uma suposta relação homossexual dele com seu primo: https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2019/04/11/interna_politica,1045761/carlos-bolsonaro-e-haddad-trocam-farpas-no-twitter-chora-marmita-e.shtml
Haddad foi extremamente homofóbico (arrá!), mas poucos cavaleiros andantes dignaram-se defender a honra da classe LGBTSGHBVCDOIYTRMNCAQW. Por que será? Só porque Haddad é lulista, obviamente. Tais crimes só são cometidos por quem não é da rodinha (no bom sentido, claro). Mesmo assim, Haddad sentiu o golpe. Não vai escapar ileso dessa bobagem. Não obstante, silêncio total dos grupos LGBTSGHBVCDOIYTRMNCAQW. Silêncio não; conluio. Enfim, cada um tem o Fernando que merece.
Outra genial: Um gay acusado de transfobia. Não, não é piada; um transgênero acusou um gay de transfobia – está criada a classe do gay que é anti-gay, desde que aquele gay não seja lulista, é claro: https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2019/04/08/malunguinho-deseja-felicidade-a-deputado-que-disse-ser-gay-apos-transfobia.htm
Não, não dá pra ser feliz. Nem o cara mais conformado, mais estóico do Brasil. Tremei, senhores(as), ou senhorxs… os Tribunais Polirretos não descansam; entretanto, a dose de chumbo pode diminuir para o insurreto que apresentar uma boa folha de serviços prestados ao desserviço.