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Luciano Pires -

Luciano Pires: Bom dia, boa tarde, boa noite. Bem-vindo, bem-vinda a mais um LíderCast, o PodCast que trata de liderança e empreendedorismo, com gente que faz acontecer. No programa de hoje, temos Marco Aurélio da Silva, que com a Mammute, desenvolve líderes, integra pessoas, e constrói equipes de alta performance.

Muito bem, mais um LíderCast. Esse aqui, é daquele que é interessante fazer, porque o convidado chega, recomendado por outro convidado, o que significa que o outro gostou, né? Gostou da experiência, e, ou ele te odeia, ou ele gosta de você, e convidou você para… Me ligou, falou, “Luciano, vai falar com esse cara aqui, que ele é bom”. Tenho 3 perguntas aqui, que são fundamentais, e são as únicas perguntas estruturadas dessa conversa aqui. Você não pode mentir nelas. O resto, você chuta à vontade. Essas 3 não, tá? Quero saber seu nome, sua idade, e o que você faz?

Marco Aurélio: Ok. Meu nome é Marco Aurélio, eu tenho hoje 51 anos, caminhando para os 52. O que eu faço hoje, é trabalhar dentro da área de desenvolvimento de liderança, desenvolvimento de times. Faço isso através de palestras, através de coach, de mentoring, faço isso através de workshops.

Luciano Pires: Você é um coach?

Marco Aurélio: Rapaz, eu diria a você, que hoje eu sou um educador. Eu não me considero um coach, ainda que eu faça processos de coaching, e processos de mentoring, mas, eu prefiro me colocar como um educador. Fiz um caminho para educação corporativa, e é o que eu sou apaixonado.

Luciano Pires: Toma cuidado cara, porque você sabe que coach virou moda. Então você pega o cara que não consegue pagar as contas dele do dia a dia, e vem se meter a ser coach da vida dos outros.

Marco Aurélio: Aí é terrível.

Luciano Pires: É o que mais tem aí. Mas você nasceu onde?

Marco Aurélio: Nasci em Barra Mansa, na baixada fluminense, lá no Rio de Janeiro.

Luciano Pires: Tem irmãos?

Marco Aurélio: Tenho uma irmã, Mara Lúcia. Mara Lúcia mora no interior de São Paulo.

Luciano Pires: Mais velha, mais nova?

Marco Aurélio: Mais nova, casada, 3 filhos.

Luciano Pires: Seu pai, sua mãe, faziam, fazem o que? Me conta um pouquinho da história.

Marco Aurélio: Papai e mamãe, papai tem agora caminhando para 82, mamãe faleceu em 2014. Até os meus 6 anos de idade, nós morávamos em Barra Mansa. Um belo de um dia, meu pai trabalhava em uma indústria metalúrgica, perdeu o trabalho, e veio procurar emprego então em São Paulo, que era onde se dizia que tinha trabalho. Veio para cá. Nessa de vir para cá, foi procurando ali Guaratinguetá, Aparecida, Lorena, e chegou em uma cidade chamada Jacareí, que tinha uma indústria, na época chamada Papel Simão, e conseguiu trabalho lá. Conseguiu, foi trabalhar lá, papai não tinha… tinha o que a gente chama de ensino fundamental hoje 1, e aí foi trabalhar lá, como inspetor de qualidade. Foi crescendo, e tal.

Luciano Pires: Ele trouxe a família nessa busca pelo emprego?

Marco Aurélio: Então, nessa busca, ele deixou lá mamãe e 2 filhos, minha mãe, eu e a minha irmã. 30 dias depois, a minha mãe arrumou um motorista de caminhão que transportava enxofre. Colocou todos os móveis em cima, eu e a minha irmã dentro do caminhão, e falou, “vamos embora. Seu pai foi, vamos embora agora também”.

Luciano Pires: Atrás do seu pai?

Marco Aurélio: É, veio atrás do papai.

Luciano Pires: Não foi com o motorista de caminhão.

Marco Aurélio: Não, atrás do papai, a gente veio para cá. Lembro da primeira casa que nós moramos, era um conjunto de casas ali de um único banheiro para 6 casas, eu acho. E cada casa tinha uma cozinha e um quarto. Então, eu lembro da gente morando em uma cozinha, um quarto, um quintal, um banheiro, e aquelas 6 famílias se relacionando ali. Ali foi o começo, e onde eu aprendi empreendedorismo e liderança, foi com esse homem e com essa mulher.

Eu acho que isso, quem plantou essa semente no meu coração, se chama Ironi da Silva, e se chama Jovelina Neves da Silva. Essa semente de uma mulher que nunca deixou de trabalhar.

Luciano Pires: Ela trabalha, o que que ela fazia?

Marco Aurélio: Vamos lá. Papai veio para trabalhar em uma empresa, Papel Simão. E durante, na época que não tinha essa coisa de 40 horas semanais. Então, trabalhava das 6 da manhã as 6 da tarde. E para pagar as contas, ele era tintureiro a noite. Então, ele passava roupa. E a mamãe lavava toda a roupa durante o dia, ternos, camisas, paletós, roupas de banho, aquela coisa toda, lavava isso durante o dia. E, no período da noite, enquanto ele passava roupa, ela fazia tricô em uma máquina – nem sei se isso ainda existe hoje – uma máquina que a gente dormia escutando, “rac rac, rac rac”. Ali ela fazia blusas, ali ela fazia pulôveres, ali ela fazia meias, e tudo isso a gente aprendeu, isso é um jeito de cuidar da gente.

Luciano Pires: Eu te pergunto isso, para sair essa raiz, de onde veio esse… Eu sempre gosto de perguntar, de onde veio esse bichinho do empreendedorismo, de mexer. Sempre tem uma raiz. Sempre tem um pai, uma mãe, que ou te ensinaram como não fazer, ou como fazer. No seu caso, que baita experiência. Como era seu apelido quando você era criança?

Marco Aurélio: Carioca.

Luciano Pires: Carioca?

Marco Aurélio: Carioca.

Luciano Pires: Tá certo, “poRRRta, miXXto”, hoje fala “poRta e miXto”.

Marco Aurélio: Mas hoje não tem mais esse sotaque, né? Esse sotaque já ficou. Mas, era o Carioca.

Luciano Pires: O que que o Carioca queria ser quando crescesse, cara?

Marco Aurélio: o Carioca achou que ia ser engenheiro. Achou que ia ser engenheiro, eletricista.

Luciano Pires: Por que?

Marco Aurélio: Porque eu achava bonito a ideia de ser engenheiro, e também porque eu via que existiam profissões que eram bem interessantes: médico, engenheiro e advogado”. Eu ouvia isso. Mas, ao longo da minha história, não foi isso que aconteceu. Esse caminho foi se distanciando, ainda que…

Luciano Pires: Nós vamos achar esse caminho, a gente já vai achar esse caminho.

Marco Aurélio: Esse caminho foi…

Luciano Pires: O seu pai não teve estudo então formal?

Marco Aurélio: Nem papai, nem mamãe.

Luciano Pires: Não tiveram estudo formal. E botaram na cabeça que os filhos iam ter estudo formal, e tudo mais. Então, eles devem ter te incentivado, etc. e tal. Quando chegou na idade de você escolher o que que você ia… Você começou a trabalhar cedo?

Marco Aurélio: Eu comecei a trabalhar com 14 anos, na mesma empresa que papai. O Senai tinha esse projeto, não sei se ainda tem.

Luciano Pires: Jovem aprendiz…

Marco Aurélio: Alguma coisa nessa direção. E aí eu fazia o curso dentro do Senai, e depois ia para a empresa trabalhar.

Luciano Pires: Você, na verdade, aquilo era uma mistura de trabalho com escola, né?

Marco Aurélio: Isso.

Luciano Pires: Você estava lá para ser treinado, e tudo mais. Mas, de qualquer forma, tinha responsabilidade, tinha horário para chegar, tinha horário para sair, e tinha uma graninha no final do mês. Como é que você avalia, olhando hoje para trás, o fato de ser uma criança de 14 anos de idade, trabalhando, quando você começou a trabalhar. Você olha para trás assim, você se arrepende disso ter acontecido com você, porque você podia ter curtido muito mais a vida, ou podia ter sido entregue para a escola, etc. e tal, ao invés de ter que trabalhar. Ou, você olha isso com outros olhos. Como que você olha isso?

Marco Aurélio: Ah, eu tenho bons olhos para isso. Se eu pudesse voltar atrás, eu teria feito a mesma coisa. Essa questão de trabalhar cedo, de saber lidar com o dinheiro, dos meus pais, sempre, eles nunca disseram que eu precisaria doar dinheiro dentro de casa. Aí falou, “você trabalha, agora o dinheiro é seu”. Mas, isso sempre foi um hábito, né? Meu pai nunca pediu, minha mãe nunca pediu, mas, a gente sempre compartilhava os recursos. E daqueles recursos, a gente fazia o que era bom para todos nós.

Luciano Pires: Você sabe que se você botar seu filho de 14 anos para trabalhar hoje, você vai preso, né?

Marco Aurélio: Sim, ele tem 15 já.

Luciano Pires: eu faço sempre essa brincadeira, eu pergunto para as pessoas, porque de 100% das pessoas com quem eu converso, que começaram a trabalhar com 10, 11, 12, 14, eu não encontrei uma que me disse, “não foi bom isso”. Todas, 100% me disse, “cara, ainda bem que eu comecei tão cedo, ainda bem que eu já me envolvi, ainda bem que eu estava lá, porque eu aprendi responsabilidade, um monte de coisa”.

Marco Aurélio: Autonomia, responsabilidade, um monte de coisa que você aprende a lidar nesse mundo dos adultos, porque tem uma série de adultos. Nesse mundo de cobranças.

Luciano Pires: E de dependência. Tem gente dependendo de mim, e eu dependo dos outros.

Marco Aurélio: E se tornar mais resiliente, né? Você fica, você não deixa de ser vulnerável, mas, você fica menos vulnerável a algumas artimanhas que a vida te prepara na história.

Luciano Pires: Pois é, mas o Estado tirou isso das nossas crianças, cara.

Marco Aurélio: Ah, da possibilidade de trabalhar. Ainda tem o jovem aprendiz.

Luciano Pires: Dizendo que as está protegendo, entendeu? Dizendo que as está protegendo, tirou isso. Esse negócio é complexo. Um dia eu quero entrar fundo nessa história toda aí. Na hora que você chegou em um ponto lá, de preciso escolher o que que eu vou fazer na vida. O que que eu vou ser quando crescer, né? Você tinha que escolher uma escola, você chegou a fazer universidade?

Marco Aurélio: Sim.

Luciano Pires: Como é que foi na hora de escolher, Medicina, Engenharia ou Advocacia. Como que foi?

Marco Aurélio: Na verdade, quando eu fui escolher Medicina, Engenharia, aí por diante, tinha uma série de opções, e nenhuma dessas era a que eu fiz. A minha primeira graduação, foi teologia. Eu fui fazer teologia, vim para São Paulo.

Luciano Pires: Você tinha alguma relação com religião, tudo mais, alguma coisa assim?

Marco Aurélio: Tinha, fui criado em uma igreja batista, né? Mas assim, falei, “vou me formar em teologia. Eu quero entender, quero compreender”. E a teologia, na verdade, que é o estudo de Deus, você tem uma formação para entender o mundo. Qual é essa cosmovisão? Como é que eu enxergo o mundo? Que lente é essa que eu vou colocar, para eu olhar para a humanidade, e para eu ver o ser humano, de que maneira eu vou olhar. Então, teologia me daria isso. Eu enxergar o mundo de uma maneira com respeito, com dignidade, com amor, sem olhar para a religião A, B, C, para a cor A, B, C, para a questão de raça. Eu conseguiria olhar de uma maneira que ela fosse uma lente de amor, e uma palavra que talvez veio muito forte, que é de graça. Eu vou aprender a amar todos, do jeito que eles são, e não do jeito que eu gostaria que eles fossem.

Luciano Pires: Essa racionalização que você está fazendo para mim, do alto dos seus 50 anos, é absolutamente compreensível. Eu consigo entender. Eu quero saber com 17 anos de idade, como é que um cara escolhe ir fazer teologia, aos 17. Quando o mundo tem outra cor. Esses valores, é tudo diferente. Hoje, você olha para trás, eu consigo explicar tudo o que aconteceu, consigo encadear isso tudo. E com 17, cara, como é que você toma uma decisão dessa aí, quando é um mundo que você olha, “pô, aquele cara, jogador de futebol, é milionário, tem carro, sai com a mulherada, etc. e tal. O advogado ganha dinheiro que não sei o que. O médico, é o médico da sociedade. E eu, com 17 anos, vou estudar para padre”, entendeu? Eu estou fazendo uma… “vou estuar para ser padre? Vou estudar teologia”, cara. Como é que uma decisão dessa é tomada aos 17 anos? Teve alguém te influenciando na hora de tomar essa decisão?

Marco Aurélio: Então, acho que teve. Talvez tenha algumas pessoas, mas, não nessa linha, mas de admiração. Eu comecei a frequentar, e aí vamos daqui há pouco linkar na minha carreira, na frente, eu comecei a frequentar acampamentos com 9 anos de idade. As ideias do que a gente tem os grandes acampamentos hoje, as temporadas de férias, que levam crianças e adolescentes para passar as temporadas de 1 semana, a criança, e tal, idade, aí por diante, eu passei a frequentar isso, em uma organização aos 9 anos de idade. Existia um líder…

Luciano Pires: Batista?

Marco Aurélio: Batista.

Luciano Pires: Então já tinha uma pegada religiosa.

Marco Aurélio: Tinha.

Luciano Pires: Tá, legal.

Marco Aurélio: Tinha um líder, Joel, era uma pessoa muito querida, pai de 4 meninas, e Joel um líder assim, eu diria que hoje, se a gente olhasse para trás, hoje olhando para trás, nós entrávamos em uma Kombi, que ele colocava os colchoes na Kombi, e levava 12, 13 adolescentes para acampar. E ali a gente pescava, ali a gente ia ordenhar a vaca. “tira o leite aí, mistura com chocolate. Agora, vamos fazer pão. Agora vamos pescar o peixe”. Aquela experiência era muito rica. Então aquela experiência, era uma experiência de comunidade da garotada junto, é uma experiência de aprender a fazer as coisas juntar. De novo, aprender a respeitar o outro. E a gente era só meninos. Então, era uma briga ali, quem vai cozinhar, quem vai lavar, você é folgado, você não. E ao longo do tempo, você vai amadurecendo, e você de alguma maneira, vai crescendo com isso.

Luciano Pires: Eu fiz isso como escoteiro.

Marco Aurélio: Que é muito legal.

Luciano Pires: Foi mais ou menos nessa linha também, que é outra coisa que tem se perdido bastante. Você já não vê mais tantos… o que eu quero dizer? Eu sou de uma época onde ser escoteiro era parte do dia a dia de todo mundo. Não tinha classe social. Era pobre, rico, todo mundo ia ser escoteiro. Todo mundo ia para o clube. Todo mundo frequentava o clube da cidade, todo mundo ia na missa domingo, todo mundo. Cidade pequena, era Bauru. Então não havia divisões, como tem hoje em dia. Hoje em dia, é uma minoria que vai ser escoteiro, é uma minoria que vai no clube, é uma minoria que vai no acampamento. Já está toda fragmentada, ela fragmentou. Aí eu venho de um caminho, eu entendo perfeitamente o que você está dizendo aí, essa coisa de você olhar seu líder, e admirar aquele cara, que era o cara.

Marco Aurélio: Então, essa foi uma influência. Teve um homem também, Francisco Rodrigues Sobrinho, era um pastor da igreja batista. Uma pessoa muito querida, que também teve uma influência muito forte, no jeito de me mostrar a vida.

Luciano Pires: Passou pela sua cabeça que você ia estudar para fazer o que eles faziam? Talvez ser pastor?

Marco Aurélio: Então, passou, porque um dia eu falei assim, “eu vou dedicar minha vida, a cuidar de jovens e adolescentes”. E eu quero dedicar a minha vida, em um programa onde eu consiga, de alguma maneira, ensinar pessoas a liderar. Porque eu faço uma escolha. Ou eu vou liderar, ou vou ser liderado. E esse caminho aqui, eles dois, o tempo todo eles existem, porque eu não sou só líder, e também não sou só liderado. Eu posso fazer nessa trama da vida, ora eu sou, ora aqui. Papéis diferentes. E eu via como isso era benéfico para a garotada, como isso foi construindo homens e mulheres mais fortes. E quando eu pensei em algo, falei poxa, eu quero seguir uma carreira, o que que eu quero fazer? Primeiro, aos 18 anos, você quer mudar o mundo. Você acha, inclusive, que você pode mudar o mundo.

Luciano Pires: Sim, você é invencível, nada de atinge, e você vai… sai da frente.

Marco Aurélio: Eu estou aqui rindo, e lembrando dos meus 18. Mas assim, eu falei, “eu quero mudar o mundo, eu vou mudar o mundo”. E eu fiz o que eu pude fazer naquele momento, com a minha idade, com a minha maturidade, eu diria mais ou menos assim, é o que eu chamo de cem, né? Com meu conhecimento, com a minha experiência, e com a minha maturidade, aos 18 anos, que era enorme, tinha um conhecimento fantástico da vida e do mundo, tinha uma experiência fantástica, tinha maturidade assim… com aquilo que eu tinha, a melhor decisão que eu podia tomar naquele momento, era dizer, “eu vou para São Paulo, eu estou saindo de casa, eu vou para uma universidade”, que era a faculdade teológica Batista de São Paulo. E vim para cá, para morar em um pensionato, que tinham 22 meninos que moravam. Acho que divididos em 10 ou 1 quartos.

Luciano Pires: Todo mundo na teologia?

Marco Aurélio: Todo mundo teologia. Era um pensionato específico para a faculdade teológica, e ali foram 4 anos fantásticos.

Luciano Pires: Olha o insight legal que você está me dando aí, cara. Como é bom ser ignorante, né? Como é bom, você ignora…

Marco Aurélio: Diz um amigo meu, que a ignorância é uma benção.

Luciano Pires: Pô, é uma benção, né cara? Eu sou tão ignorante, que eu posso escolher o que eu quiser. Se você para hoje em dia, e faz racionalmente a conta, cara, sair daqui para ir para São Paulo, e tudo mais. Se você soubesse o que lhe esperava, talvez você viesse, mas com um outro tipo de visão. O ignorante aos 18 anos, cara, vamos embora. E é assim que a moçada faz acontecer, né?

Marco Aurélio: Mas foi uma escolha… olhando para trás, eu não me arrependo da escolha. Porque o que eu sou hoje, o que eu me tornei, o que eu estou me tornando, ele cada tijolinho, foi colocado nos lugares certos ali. Foram movimentos muito interessantes. A teologia foi um presente na minha vida.

Luciano Pires: Então, você se forma com um diploma de teólogo. E aí você vai olhar no jornal, procurar um emprego teólogo. “Procura-se um teólogo”.

Marco Aurélio: Não tem no jornal. O que aconteceu, é que eu ouvi um convite de um amigo, chamado Ed Rene.

Luciano Pires: Kivitz?

Marco Aurélio: Kivitz.

Luciano Pires: Claro. Quero traze-lo aqui, cara. Eu preciso botar ele aqui, cara.

Marco Aurélio: Muito querido, muito gente boa.

Luciano Pires: A minha história com o Ed é o seguinte cara. A gente se cruzou fazendo palestras, e tudo mais. E cara, eu ouvi ele fazendo uma palestra, fiquei encantado. Falei, “cara, que cara bom, que legal”. Tirou todo o ranço de religião, e conseguia trazer aquilo de uma forma… Cara, fiquei encantado. E a gente começou a se corresponder. E um belo dia, fui, almocei com ele, comecei a conversar com ele e tudo mais, convidei, ele começou a escrever no meu portal, portal Café Brasil. Ele começou a publicar e tudo mais, né? Mas, eu acho que passou o tempo, e ele tem uma visão progressista, e ele começou a ver que a minha é conservadora. Eu não sei se foi isso, tá? Eu acho que foi isso. E uma hora ele olhou e falou, “cara, onde é que eu estou amarrando meu burro”, porque ele estava com uma visão de progressismo mesmo. E ia contra, não que é contra, é diferente. Ele tinha uma visão muito mais voltada para a esquerda, do que a minha, que é mais voltada para o que se chama de direita, e tudo mais.

E aí ele parou de escrever, e nunca mais me respondeu cara. Mandei contato com ele, “vamos conversar”. Convidei para vir, ele nem me respondeu mais. Então ele deve ter lido alguma coisa minha que ele não gostou, e rompeu.

Marco Aurélio: Gravando aqui, eu vou conversar com o Ed.

Luciano Pires: Mas esse não é o Ed. Se foi isso que aconteceu, esse não é o Ed que eu conheço.

Marco Aurélio: Eu tenho uma admiração muito grande, e o convite que ele me fez a época, acho que 92, 93, era, vem aprender a ser pastor. Esse foi o convite. Eu estava ali, tinha terminado a faculdade, estava há um ano em uma igreja pequena, no interior de São Paulo. E aí em uma conversa com ele, ele falou, “vem aprender a ser pastor”. E eu fui trabalhar com ele.

Luciano Pires: Ah que legal.

Marco Aurélio: Fui trabalhar com ele, até 2004.

Luciano Pires: Uma pausa aqui. Então você que está ouvindo a gente aqui. É Ed Rene Kivitz. O Kivitz é com “K”, K-I-V-I-T-Z.

Marco Aurélio: Isso mesmo.

Luciano Pires: Acesse, ele tem um canal no Youtube que é uma delícia, ele tem textos maravilhosos, ele é genial naquilo que ele faz. E não me importa se você é umbandista, se você é… não me interessa que religião você tenha, eu não estou falando de religião. Ele trabalha a questão da espiritualidade de uma forma genial. É ultra acessível, os textos dele são muito legais. A conversa dele é muito legal. A forma como ele expõe, ele é genial no que ele faz. Então cara, se você puder, dá uma olhadinha, porque realmente tem coisa ali que são muito importantes.

Marco Aurélio: Eu sou suspeito, porque eu sou fã dele. Sou um admirador dele. E o ouço, e vejo, todos os domingos. E lembro que ele me dizia o seguinte, “olha, você precisa ter a bíblia em uma mão, e precisa escolher o que você vai colocar na outra mão”. E ele tinha, ele recebia, não sei se era assinatura, mas, ele recebia revista Exame. E ele, na verdade, gostava da Veja. Ele gostava da Veja, e a Exame cara, eu pegava todas. E eu lia as Exames dele. Eu acho que aquilo, de novo, eu falei que mamãe e papai plantaram para mim lá, a vontade de trabalhar, e de empreender. Eu acho que o Ed, ele planta esse desejo de conhecer o mundo corporativo. Porque a minha formação, não levaria para isso.

Luciano Pires: O que chamou minha atenção, foi isso. Eu o assisti pela primeira vez, fazendo uma palestra em um evento corporativo. Só tinha palestrante de business, e o Ed apareceu lá no meio, e arrasou. Você fala, “o que é isso? Espiritualidade aqui no meio?”. E foi muito legal.

Marco Aurélio: O Ed tem um livro, não sei se você já teve oportunidade de ler. Vivendo com propósito?

Luciano Pires: Eu acho que eu ganhei dele cara, lá atrás.

Marco Aurélio: Capa preta, muito legal. E aí os primeiros ensaios daquele livro, e quando a gente fazia workshop daquele livro, que eram 2 ou 3 dias, participei daquilo. E aquilo foi também, algo muito inspirador na minha vida. E em um dado momento, então eu fiquei esse tempo até 2004, trabalhando junto com ele. Na verdade, na igreja batista de Água Branca. Ali eu fui pastor de adolescentes. Em dado momento, ajudando a cuidar de crianças, jovens, desenvolvendo pessoas, e tal. Ali tem muito a questão de, eu não sei em que ano, acho que ano 2000, eu falei, “eu queria entender como é que esses caras, lá nos Estados Unidos, eles cuidam de jovens. Queria entender como eles fazem essa mentoria de jovens”. E a gente, em uma conversa, em um almoço, 15 dias depois tinha um cara nesse almoço, “olha, estou indo para os Estados Unidos, vou ficar 10 dias lá em uma conferência, e vou visitar esses 2 lugares aqui”. Que era [Sarelback], e qual era a outra? Eram duas comunidades. Uma na Califórnia, outra em Chicago, de gente que trabalhava muito com jovem. E conhecia muito disso. E aí eu falei, “cara, eu quero ir nisso”. E (inint) [00:22:47.03] falou, “então vai”. Então, eu sou uma pessoa que eu posso dizer assim. O que eu quis fazer, enquanto ali eu trabalhei, 100% eu fiz. Eu fiz, eu pude equilibrar de construir coisas novas, de inovar, o que eu pude fazer ali, eu fiz. Viajei, fui para lá, vi, voltei, falei, “cara, mas os caras aqui têm muita grana para fazer. Como é que eu vou fazer isso voltando para o Brasil?”.

Voltando para o Brasil, e basicamente o que eles faziam é, eles cuidavam de adolescentes em grupos pequenos, de jovens em grupos pequenos.

Luciano Pires: Isso em um ambiente batista ainda? Ou não?

Marco Aurélio: No ambiente, na verdade eles não são batistas. É uma comunidade crista, nos Estados Unidos. A [Sarelback] está ali do lado de Los Angeles.

Luciano Pires: Mas tinha um embasamento religioso?

Marco Aurélio: Isso.

Luciano Pires: Tá, ok.

Marco Aurélio: E a ideia era mentoria, ensinar liderança, mas, basicamente, o que você estava ensinando ali, você estava dentro de uma comunidade cristã. Então, você está mostrando para o menino, Deus Criador, Jesus Redentor, Espírito Santo Consolador. Você está mostrando um jeito de olhar para o mundo. E um jeito de aceitar o mundo. Quando eu voltei, falei, “como é que eu vou fazer isso agora aqui?”. Fazer aqui, significa, não temos espaço. Aí falei, “olha, o que nós podemos fazer aqui é o seguinte. A gente pode comprar tendas, aquelas Gazebos.

Luciano Pires: Que idade você tinha?

Marco Aurélio: Eu estava com acho que 32 anos.

Luciano Pires: E trabalhava com o que? O que que sustentava você?

Marco Aurélio: Ah, eu era remunerado pela igreja. Era pastor de adolescentes.

Luciano Pires: Já era pastor?

Marco Aurélio: Já.

Luciano Pires: Você era um pastor?

Marco Aurélio: Já, já era pastor de adolescentes. Nisso, o que eu fiz foi, vamos comprar tendas então. “E como é que nós vamos cuidar desses meninos?”. “Cara, me dá 25 jovens, caras que tenham entre 18 e 30 anos, eu vou treinar esses caras, e esses caras vão cuidar desses meninos”. Eles vão ensinar esses meninos no dia a dia. Então, a gente criou um jeito, e isso era o que a gente chamava de pequenos grupos. Até hoje tem isso lá. Então, o que a gente fez, foi treinar esses meninos, e daí para frente, colocar para funcionar. Todo dia de manhã a gente tinha uma equipe que chegava antes, montava todas as tendas no domingo, espalhava essas tendas ao redor da igreja batista de Água Branca, e ali esses meninos eram pastoreados.

Quando eu passei a treinar essas pessoas, aí tem uma outra pessoa, uma outra influência na minha vida. Eu falei, “eu quero estudar então gestão de pessoas”. Eu conheci o centro de voluntariado de São Paulo, fui, falei, “como é que eu cuido de gente? Como é que eu treino gente?”. Eu falei, “vou fazer gestão de pessoas”. Nisso entra um homem chamado Marcos Flávio. Porque eu falei, “ah, vou estudar em tal universidade”. Ele falou, “não, melhor lugar para você estudar isso, é na GV”. Aí eu olhei, falei, “espera aí, lá na Fundação Getúlio Vargas?”. “É.”. “Rapaz, mas acho que esse negócio é muito para mim”. E é interessante, como no meu caso, eu sempre tive mentores ao meu redor, que me ajudaram a olhar para isso que você acha que é demais, que por exemplo, o seu Everest, dizendo, “cara, não é. Você pode, você consegue. Vamos em frente? Eu te ajudo”. E o legal nisso, é, “eu te ajudo, eu estou com você”.

E eu lembro como o Marcos me ajudou nisso, Marcos Flávio, que foi um gestor na época, como ele me ajudou a encarar esse desafio, e a ir para o GV, e fazer gestão de pessoas e clima organizacional. Daí para frente, eu gostei. Fui trabalhar com isso. Em 2004, eu deixo, eu saio da [Ebab], em uma reestruturação do time, eu deixo de participar desse novo time, e deixando de participar, eu preciso me reinventar. Porque a àquela altura, meu filho que vai fazer 15 anos em maio, ele vai nascer 2 meses depois. Ou seja, tem uma menina de 4 anos, e tem um menino para nascer daqui há 2 meses. Falei, “cara, como é que você faz agora?”. Quando você olha lá para trás, aquele garoto de 18 anos, o sonho dele é? Eu vou ser um cara que vai mudar o mundo, eu quero transformar o mundo. Como é que eu vou fazer isso? A partir da educação de jovens, adolescentes, ensinar esses meninos a liderar, a serem íntegros na liderança, e a serem homens e mulheres que de fato, vão mostrar para o mundo, um jeito de ser gente. Jeito que gente deve ser.

Então era assim que eu queria ensinar. A essa altura, eu tenho 37 anos de idade. Eu falo, “e agora?”.

Luciano Pires: Você conheceu sua esposa no ambiente da igreja?

Marco Aurélio: Conheci.

Luciano Pires: Então ela estava contigo, abraçada nesse processo.

Marco Aurélio: Nessa causa.

Luciano Pires: Ela trabalhava?

Marco Aurélio: Trabalhava. Até hoje, dentro da área financeira. Área dela, foi sempre área financeira. Aí nesse momento…

Luciano Pires: 37 anos de idade, não é mais um moleque. Já é um senhorzinho, um tiozinho.

Marco Aurélio: Já é pai de uma menina de 4 anos, pai do Kaleb que vai nascer. Pai da Lídia, e do Kaleb.

Luciano Pires: Já é tiozinho, e tem que dar um jeito na vida. Cara olha para trás, já tem casa própria, já tem, não tem…

Marco Aurélio: Nada, não tinha.

Luciano Pires: Essas coisas te preocupavam? É muito bonito, eu vou mudar o mundo, vou mudar a juventude. Cara, tem um lado meu aqui, que é aquela história. Olha, eu não vivo pelo dinheiro, mas, eu não vivo sem dinheiro. Então tudo bem, enquanto eu vou na igreja lá, eu sei, eu conheço, você deve ser o terceiro ou quarto pastor batista, que eu converso aqui. Eu sei como é que funciona o esquema, eu sei que nenhum deles está lá para ficar rico. Eu sei que é completamente diferente o tipo de relacionamento que você ali. Não é aquela coisa, estou aqui para me dar bem na vida, e ficar milionário. Não é nada disso, né? Mas, há um momento que você tem que olhar para a sua família, então você sai da igreja, olha para trás, fala, “muito bem, cá estou eu, tiozão, 2 filhos, e preciso fazer minha vida”. E você falou um negócio aí, reinventar, que significa começar de novo.

Marco Aurélio: Começar de novo. E aí entra na minha vida, um outro cara. Um cara chamado George Barbosa. O George Barbosa, é um cara que ele me disse o seguinte, “Marco Aurélio, compra um apartamento”. Eu falei, “espera aí, você está falando com um cara que está desempregado. Como é que você está falando para eu comprar um apartamento?”. Ele falou, “não, estou dizendo para você colocar suas forças, colocar suas competências, tudo isso coloca em uma ordem, e compra um apartamento. Isso vai dar para você uma tranquilidade. Daí para frente, você faz o que você quiser”. Falei, “cara, que negócio maluco”, vou conversar com um cara, o George era coach, ele trabalha com coach de resiliência, e um terapeuta. Um amigo, nesse processo depois. Fiz lá alguns exercícios com ele, falei, “ok, vou nessa”. Falei, “vou nessa, vou fazer o que da vida mesmo? Como é que eu vou fazer?”. Um pastor, assim como você falou, “tem vaga para pastor?”. “Não tem”. Então, não existe esse negócio de você, onde é. O que acontece, é que você é convidado. E eu fui convidado para alguns lugares, e a pergunta que eu fazia quando eu ia junto com a minha esposa, nesses lugares, era: a gente quer que os nossos filhos cresçam nesse lugar? E a resposta era, a gente não quer. Poxa, não quer, então volta. O dinheiro vai acabar, então, você precisa fazer alguma coisa. E eu lembrei que durante anos, o que eu tinha feito dentro da igreja batista de Água Branca, era atuar com jovens, adolescentes, crianças, era o que eu sabia fazer. Falei, “então eu vou criar agora uma coisa que a gente chamava de temporada de férias, só que não com a marca mais da igreja, vai ser uma marca minha”. E aí um amigo falou, “põe Marco Aurélio“. “Não, Marco Aurélio eu não quero, marcoaurelio.com.br, não quero”. “Então vai querer o que então?”. Aí um amigo da DPZ, o Robson, ele conversando comigo, ele falou, “cara, o que que as pessoas te chamam aqui? Qual o seu apelido?”. “Ah, mammute”, porque na época eu não tinha esse peso, eu era um pouquinho maior, e aí eu tinha um apelido de mammute, e aí nasceu a Mammute temporada de férias. Era isso que era, Mammute temporada de férias. Que o slogan debaixo, era momentos que valem para uma vida. Mammute, momentos que valem para uma vida.

Fizemos a primeira, antes eu levava 150, 180, 200 crianças por semana. Naquela, foram 30. Eu falei, meu Deus…

Luciano Pires: Na primeira?

Marco Aurélio: Na primeira, eu estava sozinho. A marca…

Luciano Pires: Dá uma pausa aqui então, vamos ver uma coisa aqui. Você, na verdade, pegou aquilo, o conhecimento que você teve, em um processo que você já conhecia embaixo de uma marca fantástica que é da igreja, pegou isso e falou, “muito bem. Agora eu vou fazer isso aqui de forma independente, vou criar um negócio de forma independente”. Você já não tem mais o guarda-chuva da igreja, não tem marca, não tem coisa nenhuma. Não tem nem emissão de nota fiscal, você não tem nada.

Marco Aurélio: Nada!

Luciano Pires: Você vai ter que criar um business.

Marco Aurélio: Isso, de um cara que nunca teve business.

Luciano Pires: Exatamente. Então eu quero saber o seguinte. Nese momento, em que você tem essa ideia, e fala, “cara, legal. Criei uma temporada de férias independente, pode ser um negócio legal”, e eu acho que pode ser. Mas, você parou para pensar, vou abrir a firma? Vou abrir uma firma? O que que você fez cara?

Marco Aurélio: Que firma, nada, nada. Não fiz nada, e vou te colocando outro nome então, que vai entrar na história. O que eu fiz, foi: vou fazer, fazedor. Quero fazer esse negócio. Vou fazer, e aquela ideia do seguinte, 30 pessoas que eu digo assim, a trigésima era minha filha. Então, na verdade, eram 29 pessoas e a minha filha que estava lá. Fizemos.

Luciano Pires: Mas cara, você está me incomodando bicho.

Marco Aurélio: Diga lá.

Luciano Pires: Como é que eu vou botar meu filho na mão de um (inint) [00:33:03.21], que eu não sei o que. Como é que eu vou botar? “Fica com meu filho aí durante 1 semana, não tem endereço…”. Como é que é isso aí, cara?

Marco Aurélio: Então, o que aconteceu, é que eu tinha uma história de muitos anos em acampamento. Desde os 9 anos de idade, eu fazia isso. 8, 9 anos de idade.

Luciano Pires: Então, você foi buscar gente que te conhecia?

Marco Aurélio: Então, as próprias pessoas, na própria comunidade, me conheciam. Só que uma coisa, era quando você fazia com 150, 200. Agora, é você sozinho, em um outro lugar, você paga todo mundo. Antes, não precisava me preocupar com alimentação, nada disso.

Luciano Pires: Esses 30, tinham uma relação de confiança com você?

Marco Aurélio: Tinham.

Luciano Pires: Tá, isso que é fundamental.

Marco Aurélio: Alguns, muito interessante, que terminando a temporada, todo mundo voltou para casa, entregamos tudo legal. Foi uma temporada, que eu falei, como vai ser aberta, o que nós vamos ensinar? Vamos ter um tempo de recreação, social, cultural. Tenho tempo de… já tive idades lúdicas, e de educação experiencial.

Luciano Pires: Aonde aconteceria isso tudo?

Marco Aurélio: Isso aconteceu em um acampamento, que era na verdade do Mackenzie, lá no Cabo Sul. Mackenzie tinha acampamento, a gente…

Luciano Pires: Eles te emprestaram o acampamento? É isso?

Marco Aurélio: É.

Luciano Pires: Te deixaram levar a garotada para um acampamento. Então você conseguiu organização, a quadra de esportes, tudo que tinha lá.

Marco Aurélio: Tudo, dormitório, tudo. A criança ficava lá 1 semana. Feito isso, quando terminou, o meu susto foi, passados 2 dias, uma mãe me liga, falando assim, “o que você fez com meus filhos?”. Falei, “uau, que ligação é essa?”. “O que você fez com meus filhos?”. E o que você fez com meus filhos, você gela. Quem era o monitor que estava no quarto, quem é isso, quem é aquilo, né? Ela falou, “quero conversar com você”. Eu fui para esse lugar, onde era esse lugar? Era o WTC. Fui para o WTC, nunca tinha entrado no WTC na vida, passei várias vezes, mas, nunca tinha entrado naquele lugar. Cheguei no WTC, entrei, tinha uma mulher com um sorriso, mas, muito séria, e começou a me fazer perguntas. E eu levei todas as coisas que eu tinha feito, tudo.

Luciano Pires: Como que é o nome dela?

Marco Aurélio: Vilma Santos.

Luciano Pires: Para você que está nos ouvindo aí, não sabe do que se trata. WTC, nada mais é, do que o World Trade Center do Brasil, que é uma organização voltada para o mundo dos negócios, etc. e tal, que junta gente de business de todo lado. Faz uma série de eventos, tem salas de treinamento, tem reuniões. Ou seja, se associa ao WTC, e vai lá para fazer seu networking, conhecer outras empresas, etc. e tal.

Marco Aurélio: Chego lá no 8º andar para conversar, e apresento. Foi feito isso aqui, tal dia, assim, assim. Essa atividade, depois essa atividade, teve isso. E ela me perguntou, como é que você faz isso? E isso aqui, como é que você faz? Como é que você chegou nessa parte do autoconhecimento? Depois do autoconhecimento, como é que você mostrou para ele, qual era a capacidade dele em fazer as coisas? Porque eu trabalhei um negócio chamado V-O-C-E. Vocação, Ocupação, Competência, Excelência. Então, quem é você, para onde você vai, o que que você pode fazer? Como é que você entrega, e qual é a sua carreira?

Luciano Pires: Da onde você tirou isso?

Marco Aurélio: Isso eu criei. Foi a luz das coisas que eu estudava, eu criei. Então…

Luciano Pires: A teologia te ajudou barbaramente nisso.

Marco Aurélio: Nossa, com certeza, sempre. E ali, quando eu fiz isso, ela falou, “eu não estou acreditando nisso”. E eu nervoso. Eu falei, “a senhora me desculpa, eu não estou entendendo porque que eu estou aqui”. Ela falou, “eu não estou acreditando como é que isso deu certo para os meus filhos”. Aí eu ri, falei, “espera aí. A senhora não estava brava comigo?”. Ela falou, “não. Eu estou brava comigo. Também estou brava com você também, porque deu certo com você. Eu quero que você faça isso aqui”.

Luciano Pires: No WTC?

Marco Aurélio: É, eu falei assim, “mas espera aí, eu não sei nem onde eu estou. A senhora me desculpa, eu estava tão nervoso quando eu vim para cá, porque eu só sei que eu entrei em um prédio, aqui estou, e conversando com a senhora”.

Luciano Pires: Isso aconteceu depois daquela primeira rodada com 30 pessoas?

Marco Aurélio: Foi. Os 2 filhos dela, eram um dos 30.

Luciano Pires: No primeiro grupo que você fez, os dois estavam. Ok.

Marco Aurélio: No primeiro grupo, era um dos 30. E o que eu fiz ali? Eu falei, “o que é aqui então?”. Ela falou, “eu quero que você trabalhe com um grupo de treinee que eu tenho. Eu tenho 27 treinees, e eu quero que você me faça uma proposta”. Aí eu falei, “proposta? Senhora desculpa, eu não sei mesmo. O que a senhora quer que eu faça, eu faço de graça para a senhora. Senhora me diz o dia que a senhora quer, que eu venho aqui e faço.”. “Não, de graça você não pode fazer, eu preciso te remunerar por isso”. Ok, ela me ajudou, acreditou em mim, e eu fui. No dia anterior, olha, já tinha falado em auditório, tinham 500 pessoas, 1000 pessoas, já tinha tido essa experiência do auditório, com uma bíblia na mão, um púlpito, eu estou falando.

Mas, naquele momento, eu ia para um auditório de treinees, que a gente lia nas revistas, que era o cara que tinha um ego inflado, que era o cara que tinha passado em seleções, por exemplo, de 30 para 24. 30 mil para 24 vagas.

Luciano Pires: É o moleque que vai ser.

Marco Aurélio: Ele vai! E aí, você fala “cara, como é que é esse menino, né?”. A noite anterior, eu passei muito mal, fiquei com febre, perdi a voz, e liguei para ela logo cedo, “olha, estou indo para aí, mas eu estou assim com a voz”, fui embora. Ela chegou lá com uma garrafinha de água, chegou com uma maça a cravo. Come a maça, mastiga esse cravo, toma essa água, você tem meia hora para ficar bom. Fiquei bom, e vamos embora, e fiz, fiz o que eu sabia fazer: ensinar aqueles meninos a liderar. E apara ensinar a liderar, eu tinha que ensiná-los a trabalhar em time. Cara, a gente lidera quando a gente aprendeu a trabalhar em time, aprendeu a respeitar o outro, aprendeu a olhar para as diferenças, sem cobrar que ele seja como eu. Feito isso, aquilo foi uma experiência muito rica, eu falei, “uau, eu estou em um outro ambiente”, diferente de tudo o que eu já fiz. Eu sempre fiz dentro da Eclésia, dentro da igreja. Agora, eu estou na diáspora, eu estou para fora. Eu estou em um ambiente, que eu posso agora ir para o corporativo, que era o que chamava. Era empresa, organizacional, é para lá. E ela me abre as portas, e ela, de novo, é uma pessoa que acredita, e eu vou em frente.

A partir dali, em 1 ano, eu fui fazendo, e outros clientes foram surgindo.

Luciano Pires: Sim, aí você tem que dar nota fiscal.

Marco Aurélio: Aí, perdão, essa nota fiscal foi muito interessante, porque essa nota fiscal, eu não tinha empresa. Então, como é que eu vou dar nota fiscal, se eu não tenho empresa. Aí eu liguei para um amigo, falei, “cara, você tem uma empresa, não tem? Eu estou prestando um serviço aqui em um lugar, e a mulher vai me pagar, mas, eu já falei para ela que não precisa. Mas, ela quer me pagar. Então, você pode me ajudar com isso?”. “Não, posso Marco Aurélio, vai lá, não tem problema nenhum”. Ele me ajudou com isso, e aí talvez um hábito que seja novo para você, que é o seguinte. O pastor, quando ele recebe uma oferta em qualquer lugar, ele faz 2 coisas: ou, ele põe dentro da bíblia, ou ele põe num bolso, mas, ele nunca olha a oferta dele, porque ela é oferta. Para mim, na hora que aquela mulher me deu um cheque administrativo, era a mesma coisa, ele tinha o mesmo símbolo para mim naquela época, simbolizava isso. E eu guardei.

Luciano Pires: Você não tinha definido valor?

Marco Aurélio: Não, ela que definiu. Ela definiu tudo.

Luciano Pires: Você falou, “dê o que você acha que…”.

Marco Aurélio: É, ela falou, “eu vou te pagar como consultoria por hora. Como a gente tem os consultores aqui, eu vou te pagar”. Eu falei, “está ótimo, não tem problema. O que você fizer para mim, está ótimo”. O meu prazer aqui, está em fazer isso que eu vou ter oportunidade de fazer. Então o meu prazer está nisso, em poder mover…

Luciano Pires: Era o pastor das ovelhas, era o pastor pastoreando as ovelhas.

Marco Aurélio: Só que em um ambiente diferente.

Luciano Pires: Sim, mas afinada, a pegada era do pastor pastoreando as ovelhas.

Marco Aurélio: Com certeza. E aí fui lá e fiz. Feito isso, depois eu fui olhar. Quando eu olhei, lembre-se que é o seguinte. Eu estou em um processo, que o dinheiro está terminando. Eu não tenho necessariamente um trabalho, um emprego. Eu estou construindo algo, começando a construir algo. Aquele valor, eu pego aquele valor, no estacionamento, entrei dentro do carro, abro, e vejo o valor. O valor, quando eu vi, eu comecei a chorar, choro e ligo para a minha esposa. Falei, “olha, você não vai acreditar quanto eu ganhei para fazer isso, durante 8 horas. Cheguei aqui, das 8 e meia as 5 e meia”.

Luciano Pires: Me dá uma ordem de valor, vamos entender do que nós estamos falando aqui. R$ 4 mil, R$ 3 mil, R$ 5 mil, R$ 10 mil, R$ 20 mil, o que que é? A níveis de hoje.

Marco Aurélio: A níveis de hoje, eu não saberia dizer talvez a níveis de hoje, mas saberia dizer o seguinte. Ele era exatamente o valor que eu ganhava por mês.

Luciano Pires: Me dá ordens de valor.

Marco Aurélio: Talvez hoje, se eu jogasse um valor hoje, R$ 5 mil, R$ 8 mil. Talvez isso.

Luciano Pires: Eu estou insistindo com você isso aqui, entendeu, porque nós estamos vivendo em um mundo hoje, onde tem uma molecada que quer bilhão, entendeu? Eu quero bilhão, eu quero salário de R$ 15 pau, eu vou começar minha startup, para ganhar bilhão. Eu vou ganhar milhão, bilhão. E a gente tem que botar o pé no chão. Falar cara, não é bem assim, espera um pouquinho.

Marco Aurélio: O que era um salário maravilhoso.

Luciano Pires: Quando você fala que você pega um cheque e olha e começa a chorar, e a dimensão daquilo é R$ 5, R$ 8 mil reais, a gente consegue entender, em que escala você está, entendeu?

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Você está passando por um momento de virada na sua vida, e está descobrindo um ambiente onde aquilo tudo que você trouxe com o seu conhecimento de teologia, porque é filosofia. Você vê como filósofo, cria uma coisa que deu impacto no mundo empresarial, né? E começa a ser remunerado por isso. E acho que aí, vem um momento de mudança, né? Você descobre que aquilo é um business.

Marco Aurélio: É, aí nasce uma empresa, nasce a Mammute Treinamento e Desenvolvimento Humano. E o que é, pelo menos para mim, é bonito, é que a partir daquela, vão surgindo indicações. E o que é interessante, é que essas indicações, não são pessoas da minha história. Porque a minha história, conhece o pastor. Então, não dá para ele me levar para a empresa dele. Não dá para ele me levar para a empresa A, B, C. E a minha história, o cara não fala no ambiente corporativo. Ele não tem conteúdo, competência, não tem experiência nisso. E ali, vão surgindo, e aí a gente nasce fazendo outdoor training, nasce fazendo (inint) [00:45:01.00], e vai fazendo, vai fazendo, por indicação. E aí eu achei que nós íamos atender empresas de 200 pessoas, familiares, e os clientes vem, multinacionais, e eles vem.

Luciano Pires: Que ano era isso?

Marco Aurélio: Isso era 2005/2006.

Luciano Pires: É, estava na moda, levar os caras para subir montanha, descer barranco, remar não sei aonde.

Marco Aurélio: Sim, eu fazia 4 dias de…

Luciano Pires: Isso era moda, né?

Marco Aurélio: É, e isso foi um tempo muito bom. E a gente conseguiu surfar nesse momento. Conseguiu surfar nessa onda, falou, é uma onda legal. Quando chegou um cliente e falou, “não, agora eu quero em sala de aula”. Opa, reinventa. Isso que a gente leva de caminhão, não cabe mais. A gente tem que agora ir para a sala de aula. Sala de aula, todas as nossas atividades que provocam essas mudanças, e que permite… Eu digo que toda atividade nossa, ela permite que você veja a se mesmo, se veja, perceba o teu comportamento, e consiga perceber qual o impacto que isso causou no outro. E ao perceber o impacto que isso causou no outro, você precisa decidir se é isso mesmo que você quer, e a organização, se é isso mesmo que ela espera de você. Deixar claro essas expectativas. Mas, a atividade, ela tem que provocar isso. Eu, agora de manhã, estava fazendo isso.

Luciano Pires: Você precisou contratar gente logo nesse começo?

Marco Aurélio: Só os amigos. Os amigos vieram juntos.

Luciano Pires: Os amigos da igreja?

Marco Aurélio: Os amigos da igreja. Os amigos que eram… lembra dos líderes das barracas, que eram… esses amigos vieram junto.

Luciano Pires: Mas vem como funcionário seu, vem como ajudante, vem como o que?

Marco Aurélio: Isso, vem todo mundo remunerado.

Luciano Pires: Você monta então uma organização, que tem um lado ali, como é que eu vou dizer, não é ilegal. Você não tem um time CLT, você não contratou um monte de gente, mas você tem um time em volta de você, te ajudando lá em 2005, 2006, que vem como se fosse animador de festa, vai. É uma relação, junta uma moçada, vamos lá na festa. Era mais ou menos assim. Tem muito de informalidade, que eu quero dizer. Você tem uma empresa, mas em volta de você, aquela turma toda lá, é informalidade.

Marco Aurélio: Até que em um dado momento, você vai tornando isso formal, porque o mercado exige essa excelência de você.

Luciano Pires: Essa transição que eu quero chegar. Então, em um determinado momento, você olha para isso aí e fala, “cara, isso aqui virou um negócio agora”. Já não é mais o pastor com voluntário, né? Agora é um dono da empresa, com alguém que vai lhe prestar um serviço, e que tem data para entregar, tem responsabilidade e tudo mais. Não dá para ser mais a relação de voluntariado, né? Agora a relação é profissional, né? Quando você vira essa chave, e passa a ser uma relação profissional, você toma um susto ao perceber que mudam as coisas, ou, não muda nada? Eu quero dizer o seguinte. Você como voluntário, eu e você, temos uma relação. No momento em que passa a ser profissional, a tendência é que mude o esquema de cobrança, mude a relação de dependência de um para outro, porque como voluntário cara, eu não posso cobrar muito de você. Voluntário, olha, você está dando seu tempo conforme dá, se não der amanhã, tem que entender. Como profissional não, cara. Agora, eu estou botando na sua mão, um pedaço do sucesso do meu negócio, e mudou a relação. Isso aconteceu com você?

Marco Aurélio: Então Luciano, ali eu acho que o jeito que eu trabalhei com os voluntários, e que eu aprendi a trabalhar com os voluntários, e aí eu vou trazer aqui uma frase do Bill Hybles, que era assim: A excelência honra a Deus, e inspira pessoas. O voluntariado, enquanto com ele eu trabalhei dentro de uma comunidade cristã, isso para a gente era norte. Olha, a excelência honra a Deus, e inspira pessoas. Então, o que eu faço, o meu tempo de 2 horas ou de 4, ou de 8, ele precisa ser tão bom, quanto o tempo que você dedica lá naquele ambiente remunerado. Então, se você vai cuidar de uma criança, de um adolescente, de um jovem, você precisa ser criativo, inovador, você precisa ser “O cara”, aqui dentro. E isso era uma relação que a gente tinha. Quando passa, ele passa a ser remunerado, ele não muda, porque ele é bom cara. Eu posso citar aqui o primeiro quarteto que a gente caminhava, o Levi, Cris, a Cris, a Regina, Maitê, Felipe, sabe, remunerado ou não, eles entregavam igual. E as pessoas, o cliente, se tornava apaixonado por esses meninos. Eu falo, porque eu sou apaixonado pela qualidade do serviço que eles entregam.

Então, cada um deles, para mim, foi assim, não mudou essa relação. Eles receberam, tanto que chegou uma época que eu disse para eles, “olha moçada, quando eu termino todas as contas, sobra X. Esse X aqui, vocês se importam, só daqui há 30 dias?”. Eles já tinham recebido. “E a gente fazer umas contas aqui, e aí desse X a gente divide aqui?”. “Ok”. Entendeu? Dava lá na frente, a gente fazia isso. Então a gente foi criando um jeito. Não tinha um jeito certo. Era o nosso jeito.

E o cliente, e o mercado, foi exigindo essa mudança. Aí eu lembro que eu fui nessa caminhada para o MBA de liderança e gestão organizacional, fui para Franklin Covey, os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes. Então, fui fazer MBA. Depois, alguns outros cursos. Fui fazer a formação em coaching. Fui estudar. E fui para o mestrado, em análise de comportamento aplicada, falar sobre liderança também, que jeito é esse de liderar. Então, eu acho que com isso, o que aconteceu é que os consultores foram se tornando mais maduros. O time, então, eu tenho homens e mulheres hoje que são parceiros, que estão na casa de 50, 60 anos. Então, mudou, é quem vai para o palco, para a sala de aula, quem vai falar de, por exemplo, quem vai falar de gestão por competências? É o fulano. Quem vai falar de trabalho em equipe? Ciclano. Mas, quem cuida das atividades? Essas pessoas aqui.

Luciano Pires: Você está nessa estrada há 14 anos? De WTC para cá, vai dar isso aí, 14 anos.

Marco Aurélio: Isso aí.

Luciano Pires: É notável a mudança de perfil dessa garotada nova? O moleque que você pega hoje, com 18, 19 anos, na sua sala, compara com moleques de 18, 19 anos, de 14 anos atrás. Tem uma mudança no meio do caminho aí, tecnológica, gigantesca, etc. e tal, que causou mil impactos. Mas, há uma outra mudança que me parece que aconteceu, de valores no meio do caminho. Essa moçada, vem diferente, né? Você consegue notar isso aí? Você consegue perceber que há uma geração diferente? Eu não estou nem questionando se é boa ou ruim. Estou dizendo o seguinte, é diferente essa geração, tá? E não é que é diferente porque tem mais celular. É porque ela pensa diferente do que pensava há 14 anos atrás.

Marco Aurélio: E ela tem coisas boas, e ruins, como a anterior também tinha, e como as que virão pela frente, também terão. Terão prós, contras, aí por diante. Mas, uma coisa, é que ela é uma geração que busca uma causa. Eu digo que acho que talvez duas coisas que eu podia dizer dessa geração. Primeira, que ela está buscando uma causa. E segundo, que ela precisa ser amada, e aceita. Então, eu hoje, eu trabalho muito mais dentro do ambiente corporativo não com jovens, é muito mais dentro de um nível gerencial, e aí por diante. Então, eu acabo ficando nesse mundo.

Luciano Pires: Ensinando esses caras a amar esses jovens que vem aí.

Marco Aurélio: Ensinando esses caras o seguinte: cara, para você liderar, para você fazer com que a sua empresa cresça, você precisa olhar para esse menino. Esse cara precisar estar preparado, para que de fato, ele assuma uma organização, e ele seja um gerente, seja um SEO, seja um diretor cara, alguém que respeite pessoas. Não adianta ele bater, bater, querendo resultado. Não é assim, porque senão ele vai sangrar as pessoas. E existe uma estatística, não é nova, ela é muito antiga, e é ruim, que é a estatística, de, eu me demito de você. Eu não me demito da organização, eu gosto da organização. Eu gosto de trabalhar nesse lugar. Mas, eu não suporto mais você. Então, eu me demito, é de você. Porque você, liderando a minha vida, me torna menor. Você me torna alguém ruim, e eu não quero ser ruim. Eu quero ser alguém melhor. Eu vi a Sofia Esteves uma vez, já há alguns anos, dizendo o seguinte. Que o que o menino hoje quer, em uma das pesquisas que ela faz, o que o menino quer, é a pergunta para decidir se ele quer ou não trabalhar com você, é, quanto de você, ou do seu tempo, você vai investir em mim. Então, essa geração está dizendo assim, eu vou aprender algo novo com você? Eu vou crescer estando com você? Porque se eu não for crescer, não for aprender algo novo, para que eu vou andar do seu lado? Não faz sentido. Então, agora, já faz talvez umas 3 semanas, acho que nem isso, 2 semanas, eu estou voltando algumas coisas das origens, que é colocando novamente, estou trazendo o MOVA, e VOCE, que é um programa focado em jovens, 100% focado em jovens. E ali, o que eu quero, é a ideia de formar uma liderança jovem íntegra. Quando eu olho para o cenário do Brasil, quando eu olho para o corporativo, para o primeiro setor, segundo setor, quando eu olho para esse mundo, eu falo, “eu posso contribuir para que não seja assim? Eu posso contribuir para que os meus filhos, eles naveguem, transitem por esse mundo, mas, um mundo íntegro, honesto, um mundo que a moeda de troca, seja competência versus remuneração, seja legitimidade, ao invés de ser um jeitinho”.

Luciano Pires: Você está falando em qualificar liderança. Uma liderança qualificada. E esse qualificada, não é pela habilidade técnica, pela habilidade que ela tem de trabalhar bem uma planilha, não é conhecimento técnico. São os valores, voltamos ao teólogo.

Marco Aurélio: É, ele está aqui dentro.

Luciano Pires: O teólogo cuida exatamente disso, questão desses valores todos e que eles aflorem. Eu coloquei no ar agora, um PodSumário, o caminho para o caráter, você vai adorar isso aí cara. O caminho para o caráter, e ali o autor trata de uma definição interessante, que ele chama de Adão 1, e Adão 2. São duas definições. Fala, o Adão 1, quem é? O Adão 1 é aquele cara focado em resultado, é o cara focado em fazer acontecer, desenvolver habilidades, e tudo mais. E o Adão 2, é um cara focado em causar um impacto no mundo, fazer uma mudança, cuidar de valores morais, etc. e tal. Ele diz o seguinte, “a sociedade hoje em dia, valoriza muito mais o Adão 1, do que o 2. Ela está com foco no resultado, em fazer acontecer”. Ele diz, “quem escolhe ser o Adão 1, tem uma visão muito limitada do mundo”. Ele falou, “até porque o prazer definitivo, não é o prazer que o Adão 1 te dá, comprando um carro novo, uma televisão, nada disso. O prazer, é o prazer moral que o Adão 2 tem, que vai trazer para vocês a questão do propósito, tudo mais”. Ele diz, “a dificuldade hoje em dia, é você fazer equilibrar os 2 Adões, e fazer com que um não seja muito, um não é um sonhador maluco que não vai ter resultado, e também não é aquele bicho sangrento, que quer morder, e quer ir para cima.

Marco Aurélio: Deixa rastro.

Luciano Pires: Exatamente, né? Então, você equilibrar isso aí. E você está falando exatamente isso, essa questão de qualificar. E o que me deixa fascinado, é essa raiz da teologia, que ela traz você como um agente de uma área filosófica, para implementar coisas em um ambiente, que quer tudo, menos filosofia. Ele adora filosofia, ele adora trazer o Pondé, trazer o Karnal.

Marco Aurélio: Mas ele quer resultado.

Luciano Pires: Ele bota os caras, paga uma nota, os caras vão lá, contam um monte de histórias, e todo mundo dá risada. Quando volta para o trabalho, chicote em cima, número no fim do mês, né? Então, a filosofia bonita para fazer barulho, etc. e tal. Mas, no fim do dia cara, eu quero grana, eu quero resultado. Então, é muito difícil você ver todos esses valores que são lindos, e quando você traduz para o dia a dia, não é bem assim. Terminou o dia, eu tenho que fazer acontecer. E é uma luta inglória, cara. Até para botar valor naquilo que você faz. Então, eu não vim dar aula de vendas. Eu não vim ensinar o cara a vender. Eu vim ensinar um cara a pensar valores, e a ser íntegro, etc. e tal. Que alguma coisa que ficou meia esquecida aí.

Marco Aurélio: Eu tive uma experiência sobre exatamente como você falou agora, que era para um time de vendas. Eu já tinha feito algumas convenções de vendas. Uma outra coisa interessante, é que a gente, eu caí, falo que todos os clientes que nós temos, são presentes. Presentes que vieram por indicação de A, B, C, mas, são presentes. E a gente também foi para um ambiente de laboratório farmacêutico. Isso aconteceu, e foi. E um deles, eles tinham que fazer, tinham “X” milhões lá de vendas, e ele me convidou para falar durante 2 dias, para um time de vendas. E a conversa era o seguinte. Olha, a sua remuneração, a gente atrela se eles baterem a meta. Eu nunca tinha feito, até porque o que eu faço…

Luciano Pires: A sua remuneração? Você ia treinar os caras…

Marco Aurélio: E eles iam vender. Ok, então eu não vou ensinar técnica de vendas. Ele falou, “tudo bem, é a sua remuneração”. Se eles tinham X milhões que eles tinham que vender, se eles venderem isso em 3 dias de feiras, ok. Falei, “tá bom, eu topo”. Já trabalhava com eles acho que há uns 3 ou 4 anos, falei, vamos lá. Conheci o time, 40 executivos de vendas, e fui trabalhar com eles. No que eu peguei, que eles tinham um cartão deles, que atrás tinha os valores deles. Eu falei, “olha, se vocês vão estar naquela feira, todos os gigantes estarão lá. Todos os concorrentes de vocês, vão estar lá. E em algum momento, a taxa de financiamento dele vai ser menor que a sua, porque ele tem um volume maior de vendas do que o seu. Em algum momento, eles vão ter talvez um equipamento que seja melhor que o seu, como é que você vai… nesse ambiente, como é que alguém vai olhar para você, e vai querer comprar o seu? Desejar o seu? E eu fui para os valores. Lembrei a primeira experiência que eu tive naquela empresa, e trabalhei os valores com eles. E daqueles valores, eu falei, “é isso que você precisa entender”. Os caras olharam para mim todos desconfiados, “Marco Aurélio, mas como é que é isso?”. “Você precisa vender isso aqui”. Os caras vão vender produto. Você vai lá e vai vender o que está escrito aqui. Aqui, está dizendo que você entrega, você cumpre o que promete. Pergunte se os outros cumprem o que prometem. Aqui está dizendo que você olha para as pessoas, em primeiro lugar. Que toda a construção dos seus equipamentos para a saúde, é olhando o benefício do paciente. Então, é isso que você vai vender. E eles vieram meio desconfiados, perdidos. Segundo treinamento, estava claro aquilo para eles. São esses 4 valores que a empresa tem, é isso que você vai vender.

No final, ele vai te perguntar quanto custa. Ok, mas é no final. E ali foi. E aí eu lembro que eu fiquei com eles na feira, e aí ele brincava comigo, “ih cara, não está vendendo nada, não sei o que”. “Gente, será?”. Quando chegou 5 da tarde, acabou a feira, ele falou, “eu vi que tinham alguns negócios, mas, que não tinha chego naquilo”. Passou um tempo, 6 da tarde, a gente foi tomar café, ele falou, “vendemos U$ 200 mil dólares a mais do que aquilo”. Eu falei, “uau”, e a gente foi celebrar, nós fomos celebrar. E para mim, vale isso. O que eu ensinei lá, há 10 anos atrás, eu ensino hoje do mesmo jeito. Tem muita gente que sabe fazer isso, muito bem feito. Ensinar técnicas de vendas, eu admiro, fantástico. Eu quero ensinar o seguinte: se você viver os valores que de fato, são concernentes aquilo que você está dizendo, que faz, que você fala que faz, e faz de verdade, se existe coerência entre essas duas coisas, e seu cliente percebe isso, cara, ele quer ter você perto, ele quer ter o seu produto. Porque não existe incoerência nas coisas. Então, comprar alguma coisa, a gente compra por aquilo que a pessoa diz que é, mas, de fato é. Se não, eu estou sendo enganado.

Luciano Pires: Tem que haver uma verdade aí. Nós estamos gravando aqui hoje, e quando acontece no Brasil uma discussão gigantesca aí. Você viu o caso da Empiricus? Da Empiricus, que bota a Bettina, e a Bettina aparece em um vídeo da Empiricus dizendo o seguinte, “eu sou Bettina, sou linda, tenho 22 anos de idade, tinha R$ 1.500,00 reais, e transformei em R$ 1.400.000,00”.

Marco Aurélio: Fórmula para ficar rico, tem muita gente vendendo.

Luciano Pires: E aí eu ouvi ela na rádio hoje de manhã, e ela tentando de toda forma, com discursos, mas ela, “não é bem assim, não foi que eu transformei R$ 1.500… Eu nunca disse isso. É que eu fui colocando mais dinheiro, eu tinha várias fontes de renda. Meu pai me deixou uma graninha, e eu fui juntando isso tudo”. Então tinham vários lugares com fonte de renda para ela. “Porque eu trabalhei como modelo, porque eu trabalhava assim”. Então, eu fui juntando um monte de coisa, fui comprando ações. Bom, então, não é R$ 1.500,00 de R$ 1.400.000,00 né? Eu saí de R$ 1.500,00, e hoje eu tenho R$ 1.400.000,00. O que que você fez no meio do caminho? Um monte de coisa. Eu trouxe dinheiro de várias fontes, tá bom, então dá para fazer.

Mas, na raiz disso tudo, tem uma promessa que vai contra tudo isso que você falou agora aí. Você falou, “olha, eu venho aqui, eu vou te… eu quero que você faça negócio comigo, porque eu sou a pessoa verdadeira, e estou aqui, eu estou te oferecendo aquilo que eu cumpro. Eu estou te desenhando um processo que é honesto, e que eu faço porque eu acredito nele”. Esse sou eu. E aí vem alguém e fala o seguinte, ” eu tenho um negócio aqui, que não importa o que que você faz, não importa a sua idade, não importa o quanto de dinheiro você tem, eu vou te enriquecer em 2 meses. Comprem meu negócio aqui”. Que é totalmente contrário a isso. E esse lance da Empiricus, não é único. Tem dezenas de projetos que estão aparecendo toda hora na internet, com, “compre meu curso que você vai ficar rico, compre meu curso, eu vou te ensinar a ser palestrante. E, se você passar comigo final de semana, eu garanto que você vai ganhar R$ 6 pau por palestra”.

Marco Aurélio: R$ 1 milhão e meio por ano.

Luciano Pires: R$ 6 pau por palestra, e vai fazer 5 por mês, né? E aí o cara olha para aquilo, e acaba entrando. E, de repente, você tem uma situação em que o vendedor, ele não é capaz de olhar para a pessoa e falar o seguinte, “cara, esse produto que eu tenho não serve para você. Você está aqui na minha frente, com R$ 4mil reais na mão, pronto para comprar meu curso, e eu não tenho a dignidade de olhar para você, falar, “cara, Marco, não adianta você comprar, porque o que eu estou oferecendo aqui, não adapta a você. Isso que você faz, não serve aqui”. E eu fecho o olho, e vou vender igual cara, vou vender igual. No fim do mês, eu fiz um puta projeto, lancei para 1.600 pessoas, 1.000 compraram, 900 quebraram a cara, mas, 100 deram certo.

Marco Aurélio: Eu levo as 100 para o pau.

Luciano Pires: Essas 100, serão esfregadas na minha cara no próximo evento, para dizer que eu sou um puta de um fracassado, para dizer que eu sou um mané, porque comigo não deu certo, e com aquele cara deu certo, dos 1000, 100 deram certo. Portanto, os outros 900 são uns manés, e se deu errado, a culpa é deles, que não souberam fazer, o que os 100 estão mostrando que deu certo. E essa coisa, até ontem eu escrevi um texto assim. Cara, isso aí nada mais é, do que a evolução daquele… lembra aquele golpe antigo, que o cara ficava lá vendendo bilhete premiado? Interior, “eu tenho bilhete premiado aqui, contava uma história, eu preciso trocar”, e vendia um bilhete premiado, e a pessoa ia ver, não tinha prêmio nenhum. Essa coisa, ela evolui, e hoje em dia, ela ganha uma casa maravilhosa. Dá-se uma pincelada de proposito, dá-se aquela ideia, tem um lance meio pastoral, do tipo assim, eu amo tanto você, que eu vou te ensinar como ficar rico. Ai, você é tão legal. Eu estou sustentando minha família, veja.

Marco Aurélio: Eu escolhi você. Essa oportunidade vai ser sua.

Luciano Pires: É pastoral, isso aí é evangelização, tem toda uma mecânica evangélica nessa história. Se você for no evento de lançamento, é uma missa, cara. É um templo que está ali dentro. O que está acontecendo lá, cara, tem um templo. Tem filósofos, tem um pastor, tem tudo igual. É igual uma religião. E no final das contas, alguém dá muito certo, e alguém dá muito errado, mas, no meio desse processo, eu não consigo ver essa coisa desse valor que você está colocando. Não serve para você. Eu não posso te vender algo, que não se adequa a você. Eu não posso te vender esse apartamento, porque ele é grande demais para você. Não posso te vender esse carro, porque o carro é baixo demais para você. Entendeu? Então, eu me nego a terminar essa venda, porque eu me coloquei no seu lugar. E há um valor envolvido aí, que a gente vê se perder. Eu quero bater meta, cara. Quero bater a meta no fim das contas. Então, achei interessante você falar isso, estou colocando esse meio que desabafo aqui, porque cara, eu sou bombardeado o dia inteiro, e já recebi convites para participar disso. “Vem, vamos fazer isso, você vai ficar rico”. Cara, desculpa cara, assim não. Eu prefiro ficar com meus 1500 seguidores de assinantes, do que embalar o negócio de 7 milhões, que eu não sei se vai ter sustentabilidade lá na frente, né?

Marco Aurélio: Em um país como nós estamos nesse momento, você ainda cria muito mais expectativa nessas promessas que são feitas. O número de desempregados que a gente tem, nesse ambiente de fragilidade, vulnerabilidade, muita gente acredita nessa promessa, e muita gente vai nessa direção.

Luciano Pires: Ou compra essa formula, ou vira coach.

Marco Aurélio: Isso. E ali você vai viver uma experiência, de frustração. Alguns de fato vão… Eu diria para você o seguinte. Eu sempre sugiro um caminho quando você quer empreender, acho que tem 2 lugares nesse país que são sérios, e nos ajudam muito. Vá conhecer a Endeavor, que é uma organização séria, que eu diria que é uma das organizações que me ensinaram muito. Durante o primeiro ano que eu comecei, dificilmente eu não passava 1 semana, sem assistir 2 a 3 palestras, para entender qual é o jeito que eu ia falar. Então naquele primeiro ano, 2 ou 3 palestras. Então, todos os cursos de graça, tudo de graça, tudo que era de graça. Então, eu sou um defensor de coisas gratuitas inclusive. Todo lugar que eu vou, workshop, eu apresento coisas gratuitas. Então, por exemplo, SEBRAE tinha muita coisa de graça, eu ia fazer de graça e aprender, como é que ele ensina isso, como é que ele faz assim? A Endeavor, por exemplo, day one, que é a história do primeiro dia, desse empreendedor que de fato chegou em um lugar muito legal. Então, e aí [TED], os [TEDs] também. Então, tudo o que eu pude ter acesso, e ainda faço hoje, não deixo de fazer. Hoje, talvez um pouco menos, mas faço. O [TED], Endeavor e SEBRAE, são 3 ambientes que eu… hoje, alguns outros ambientes também, na linha de inovação, eu vou até lá. E quando alguém me diz assim, “ah, eu não aprendi isso, porque eu não tenho dinheiro”. Eu falo, “você conhece FGV, cursos gratuitos?”. “Não”. “Então, olha, a FGV tem curso gratuito assim, assim, assim, e se você quiser o diploma, você vai marcar um dia, vai lá, e vai prestar uma prova, e vai receber o diploma”.

Luciano Pires: Você conhece o Bradesco cursos gratuitos? E você, como assim? Entra lá, está cheio de curso, um monte de coisa lá, né?

Marco Aurélio: Veduca.

Luciano Pires: Udemy.

Marco Aurélio: Você tem plataformas aos montes, dizendo assim, “poxa, eu quero aprender inglês. Vamos aqui. Eu não tenho dinheiro”. Eu lembro que eu chegava no final das palestras, gente, quem quer fazer isso, quem quer fazer aquilo? Deixa eu te mostrar alguns lugares que fazem isso de graça. Um pouco de disciplina. Eu digo assim, você quer chegar em um lugar? Direção, disciplina e determinação. Você precisa saber para onde você vai, direção. Você precisa ter disciplina, para de fato todos os dias fazer a lição de casa. E determinação, para parar só quando você chegar lá. Não para antes. Não para quando você cansar. Para quando você chegou lá. Chegou no final, para. Para. Eu queria, não sei quanto tempo a gente ainda tem.

Luciano Pires: Estamos partindo para o [rop-up].

Marco Aurélio: Então, eu queria lembrar aqui, voltar no papai e na mamãe, que foi onde a gente começou. Mas, eu lembro que desde os 14 anos de idade, eu sempre acompanhei minha mãe com diabetes. Mamãe com diabetes, o doce, o bolo, aquela coisa toda, não, não faz isso. Chega um dado momento da minha vida, que eu vou ao médico, isso já por volta de uns 45 anos de idade, e o médico diz, “olha”… E a mamãe nessa época, vivendo assim, já tinha passado 11 dias na UTI, e aquilo mexeu comigo. Eu falei, “não, eu vou para o médico, e vou perguntar quais são as chances desse negócio acontecer comigo”. Cheguei no médico, ela olhou tudo, falou, “o que que você faz hoje?”. Olha, eu abri mão do pão francês, para o pão integral, como arroz integral. E caminho 2 vezes por semana, 3 a 5 quilômetros. Contei a história da minha família, e ela falou, “olha, então corre”. “Corre?”. “Corra mais. Se você corre 3 a 5, corra bem mais. Você precisa correr, e seu organismo precisa produzir aí todas as coisas que você precisa para ter saúde”. “Ok”. Naquele ano, eu comecei a correr, na verdade comecei a tentar correr, sentindo dores, vamos embora, dor no joelho, não sei o que, estava acima do peso, tinha 89 quilos. O que eu não acho também que era muito, mas, na minha altura de 1 metro e 70, 89 quilos era bastante. E fui correr, e lembro que quando chegou ali, já depois de uns 7, 8 meses, eu fiz… não, depois de 3 meses, eu fiz os primeiros 5 quilômetros, em 48 minutos. Nossa, aquilo para mim era uma vitória. Gente, consegui correr 5 quilômetros, em 48 minutos. Aí eu fui olhar, as pessoas corriam 48 minutos em 30 minutos. Nossa, como que o cara consegue isso? Isso foi, foi. Eu fui aprendendo, melhorando minha alimentação, fui emagrecendo com isso. Naquele ano, a mamãe entrou na UTI de novo, 18 dias. Daquela segunda vez que ela entrou na UTI, ela não saiu mais, ela faleceu. Isso foi em 2014. A primeira coisa que me veio à mente, quando a mamãe faleceu, é ela falar, “poxa vida, a gente recebe todos os dias chances e chances, oportunidades e oportunidades, possibilidades e possibilidades. O que eu faço com isso que a vida me dá?”. E naquele mesmo ano, eu quase que em uma homenagem a minha mãe, eu fui correr 21k. E a partir daí…

Luciano Pires: Meia maratona.

Marco Aurélio: Meia maratona. E no ano seguinte, eu fui fazer uma maratona.

Luciano Pires: 42.

Marco Aurélio: 42. E aí saí de 89, fui para 70. E ali eu lembrei do Ed novamente, que ele dizia que a vida não perdoa os displicentes. Eu acho que de fato, a vida é assim. Não quero usar, aquela coisa, a vida te dá um limão, vou fazer uma limonada. Cara, não sei o que a vida te dá. Não sei o que a vida te propõe. Mas, a gente precisa fazer a vida ser boa. Eu acho que todo ser humano, precisa ser um promotor do bem. Você acorda todos os dias, para promover o bem. E quando você promove o bem, você coíbe o mal. Então, a promoção do bem, é você ajudar o próximo, é você estender a mão, é você ser um professor, você ser um médico, advogado, não importa a sua profissão. Importa, é que aquilo que você vai fazer, precisa promover o bem. E quando você promove o bem, entenda que o mal trava em você. Ele não vem.

Luciano Pires: Eu vou usar essa sua inspiração, para colocar isso dentro de um contexto que é fundamental para hoje em dia, né? Aliás, deixa eu fazer aqui a parte do fechamento já, que eu costumo usar esse finalzinho agora, para um fechamento. Nós estamos falando aqui com o Marco Aurélio, né, da Mammute, que contou uma história genial, de uma formação que vem de teologia, para entrar no mundo corporativo, para mudar pessoas, para criar liderança, e tudo mais. E essa parte final sua, é interessante, porque eu vou trazer ela para esse contexto do dia a dia de hoje, que você promover o bem, e, promovendo o bem, evitar o mal. Eu quero trazer isso para dentro do ambiente de mídias sociais. Como é que essa coisa se reflete, em você receber um post, e a sua postura na hora de comentar aquele post, né? Eu recebi um post, não importa de quem, qualquer coisa. Eu recebi um post aqui, eu posso fazer um comentário tirando um sarro, posso fazer um comentário dizendo kkkkk, posso calar minha boca, ou posso falar, “meu, que legal, vou contar para mais pessoas”, né? E se eu conseguir estabelecer uma mecânica de, eu vou valorizar as coisas que merecem ser valorizadas, eu torno a minha timeline, eu torno a minha área de atuação ali, em um ambiente de promoção do que é bom. De olhar para as coisas que estão acontecendo, e falar, “cara, que legal”. Tem um monte de merda acontecendo, mas, tem um monte de coisa boa. Então, espera aí, deixa a merda para lá, vamos falar da coisa boa, vamos empurrar para cima quem merece. Deixa eu pegar essa sua história que é legal, e contar para mais gente, né? Deixa eu mostrar para mais pessoas, que existem caminhos para serem encontrados, ao invés de ficar descendo a boca e falar, “cara, tá errado, você fez errado, está mal, falta isso, falta aquilo”. Não cara, espera um pouquinho, tem um outro lado bom. Foca naquilo que você tem de bom, para deixar mais forte, e deixa de promover o errado, deixa de entrar na briga cara, para de encher o saco dos outros, para de falar merda em rede social. Para de tirar sarrinho, de… para.

Marco Aurélio: E a rede social permite que você fale isso, sem se identificar. Quando você está aqui de frente, você precisa olhar olho no olho, precisa conversar com o outro, e precisa ver a reação do outro, quando você fala dele.

Luciano Pires: E aí eu não sou mais machado. É duro ser machado, né?

Marco Aurélio: É diferente. Então, acho que a internet te protege. Na verdade, te protege não. Ela te esconde, se você não tem coragem de ser aquilo que você é, na frente do outro. E eu acho que esse mundo, é o mundo que a gente pode evitar. E são coisas boas, eu quero divulgar. São coisas legais que A, B, ou C estão fazendo, eu quero divulgar. São coisas ruins, cara, eu não vou comentar. Agora, é claro, as coisas ruins que estão fazendo mal para alguém? Opa, eu vou lá.

Luciano Pires: Claro, eu tenho que ser o agente de interromper esse tipo de coisa.

Marco Aurélio: Eu vou lá e dizer, “opa, vou parar isso aqui”. Eu vou denunciar, vou fazer algo. Agora, tem gente que está fazendo nada, para lugar nenhum. Gente, não faz sentido você ir para uma internet.

Luciano Pires: Gastar seu tempo de vida.

Marco Aurélio: Seu tempo nisso, não faz isso.

Luciano Pires: De nada, para lugar nenhum. Isso aí.

Marco Aurélio: Agora, vale muito a pena, você comentar e gastar tempo, e aí por diante, em coisas que de fato edifiquem, coisas que de fato contribuam, na vida do outro.

Luciano Pires: Quem quiser lhe encontrar, quem quiser saber como que faz, quem quiser te contratar, quem quiser fazer parte dos seus projetos, vamos lá. Procura onde?

Marco Aurélio: Vamos lá. Mammute, com 2 “M”s. então, Maria, Amarelo, Maria, Maria, Uva, Tatu, Eva.

Luciano Pires: O “MU” Tem 2 “M”s? Só para ficar mais difícil. Mammute com 2 “M”s, no lugar do “MU”. Tá.

Marco Aurélio: mammute.com.br. Esse é o lugar que você vai encontrar, é o site, você tem todas as coisas lá. E você pode nos encontrar lá.

Luciano Pires: Já escreveu seu livro, não?

Marco Aurélio: Ah, estou nele.

Luciano Pires: E o Blog?

Marco Aurélio: Também está começando. As duas coisas, estão na brincadeira. Você também acha no Instagram, Marco Aurélio Mammute. Você acha no Facebook, Marco Aurélio Mammute. No Linkedin também, Marco Aurélio Mammute. Então, no que eu puder te ajudar, eu digo que o que é meu, como eu aprendi também com um outro amigo na infância, o que é meu, também pode ser seu. Então, o que eu tenho a disposição, de conteúdo, qualquer lugar que eu falo, eu sempre… O que a gente faz hoje, é compilar muitas coisas que você lê, e vê, e tem a liberdade e a possibilidade de ir lá e trazer. Então ele não é meu, ele é nosso. Então é compartilhado.

Luciano Pires: Legal. Grande Marco Aurélio, obrigado pela visita.

Marco Aurélio: Obrigado eu.

Luciano Pires: Espero que você tenha curtido aqui nosso bate-papo. Você estava meio receoso no começo, né. Meu, para que lado vai? Falei, “bicho, lá é papo”. É bater papo, e aí no fim, sai um papo gostoso, que eu acho que as pessoas têm muito a ganhar. Porque, o que nós estamos fazendo, é exatamente isso. Ao contar minha história, e ao contar sua história, e ao incluir alguma coisinha a mais, a gente está criando um conteúdo aqui, que talvez tenha gente lá do outro lado, que acenda uma luzinha e fala, “cara, tem um caminho interessante aí, para a gente andar”. Tá bom?

Marco Aurélio: Foi um prazer, um privilegio estar contigo. Eu já admiro o Luciano. Quando foi o Meu Everest?

Luciano Pires: Quando eu fiz a viagem?

Marco Aurélio: É.

Luciano Pires: 2001.

Marco Aurélio: Mas o livro?

Luciano Pires: 2002 é o livro, e você deve ter visto aquele evento, em 2004/2005, por aí.

Marco Aurélio: 2004/2005, que eu conheci, fui ler, e achei uma história brilhante. Vi você falando, na verdade.

Luciano Pires: Sim, no Conar, né?

Marco Aurélio: No Conar.

Luciano Pires: Foi tão boa aquela palestra, que nunca mais me chamaram.

Marco Aurélio: Que isso!

Luciano Pires: Grande figura até mais. Grande abraço.

Marco Aurélio: Prazer!

Luciano Pires: Muito bem, termina aqui mais um LíderCast. A transcrição deste programa, você encontra no lidercast.com.br. O LíderCast nasceu da minha obsessão pelos temas liderança e empreendedorismo. É em torno dele, que eu construí minha carreira com mais de mil palestras, nas quais distribuo iscas intelectuais, para provocar equipes e indivíduos, ampliar seus repertórios, e suas capacidades de julgamento e tomada de decisão. Leve o fitness intelectual para a sua empresa. Acesse lucianopires.com.br, e conheça minhas palestras.

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