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Luciano Pires -

Luciano Pires: Bom dia, boa tarde, boa noite, bem-vindo, bem-vinda a mais um LíderCast, o PodCast que trata de liderança e empreendedorismo com gente que faz acontecer. Hoje trazemos Virginia Planet, que é psicóloga, empresária, palestrante, fundadora da primeira escola de sentimentos do Brasil, Virginia acredita que o autoconhecimento é o caminho para uma jornada leve e feliz, e falar de sentimentos é tão importante quanto falar de resultados. Virginia começou a estudar sobre felicidade em 2015, quando nasceu a semente da House of Feelings, empresa que cuida de mentes e corações das pessoas. Uma conversa fascinante sobre a importância da psicologia, sobre o impacto das doenças mentais que estão muito mais presentes em nosso dia a dia do que imaginamos, e principalmente das consequências da pandemia em nossas vidas.

Muito bem, mais um LíderCast, como sempre eu começo contando como é que a minha convidada veio parar aqui, essa aqui foi mais uma de uma agência de comunicação que entrou em contato com a gente, mandou uma mensagem, olha eu estou com… tem uma cliente que é assim, assim, assado, tem características interessantes, eu dou uma olhadinha muito por cima, se tiver alguma coisa que chame atenção, eu convido para vir aqui, então estamos aqui, se você tem uma agência de comunicação e tem clientes que querem estar conosco aqui, Lidercast@lucianopires.com.br, manda para a gente uma sugestão lá, a gente vai dar uma olhadinha para ver se interessa e convida, tá bom? Três perguntas para começar o programa, as únicas que você não pode errar, seu nome… como você é mulher, eu até abro mão de uma se não quiser falar, mas se quiser, vamos em frente, seu nome, sua idade e o que que você faz.

Virginia Planet: Meu nome é Virginia Planet, eu tenho 44 anos, e eu faço… eu incomodo pessoas, eu incomodo empresas.

Luciano Pires: Tua profissão deve ser a que mais existe no Brasil, que é gente incomodando gente.

Virginia Planet: Não, eu incomodo, mas eu trago a solução, eu acalmo também.

Luciano Pires: Que legal. Planet é o sobrenome, de planeta mesmo?

Virginia Planet: Planet, é.

Luciano Pires: De onde vem o Planet?

Virginia Planet: Nossa, Luciano, você sabe que a gente não descobriu exatamente de onde ele vem, mas a família da minha avó morou muitos anos na Bélgica, então é de alguma região próxima ali na Europa, então é Planet, na verdade, então, a gente fala Planet, mas Planet é o que dá mais certo. E eu sempre começo, falo, é Virginia Planet é realmente o meu sobrenome.

Luciano Pires: Que interessante isso. Você nasceu onde?

Virginia Planet: Eu nasci no Chile, sou chilena.

Luciano Pires: Chile? Mas que beleza.

Virginia Planet: Nasci no Chile, vim para cá com três anos.

Luciano Pires: Pai e mãe chilenos também?

Virginia Planet: Pai e mãe e chilenos, eu falo assim, a minha cultura, ela é chilena, porque os meus pais chilenos, minha família chilena, então quando a gente veio para cá era tudo chileno, tanto é que quando eu vim para cá falavam assim, nossa, sua avó não fazia… não tocava tal música, não fazia tal doce? Não, não conheço, eu não sei, palavras muito antigas, ah minha avó falava… eu não tenho, então eu cresci com a cultura chilena.

Luciano Pires: Sim, que barato. E por que que os seus pais vieram para cá?

Virginia Planet: Meus pais quebraram, a empresa dos meus avós quebraram, na época de Allende quebrou.

Luciano Pires: Que época era isso?

Virginia Planet: Isso daí foi… a gente chegou no Brasil, na verdade, meu pai veio um pouco antes, veio em 81, ele veio na frente, veio para ver se dava certo, mas assim, a empresa quebrada, falidos e na época se você devia, você era preso, então de algum jeito o meu pai, por conta da empresa falida, iam atrás dele, ele teve que sair do país.

Luciano Pires: Ele foi quase que um refugiado, não é necessariamente um refugiado político, porque estava sondando para ver se era época de setenta e pouco, da mudança de poder do Pinochet e tudo mais.

Virginia Planet: Sim, teve um pouco sim.

Luciano Pires: Você veio com três anos?

Virginia Planet: Três anos, em 81.

Luciano Pires: É bem novinha, acho que você não consegue lembrar o choque que é chegar aqui hablando um espanhol.

Virginia Planet: Eu fui alfabetizada em português, então eu não tive isso, mas a gente tem uma história muito legal, que quando… meu pai veio primeiro, e meu pai veio pela Argentina, e quando minha mãe veio depois comigo e com meu irmão, ela passou na polícia internacional, embarcou comigo e com meu irmão, eu não sei o que aconteceu, a polícia falou, não, eu acho que essa senhora não pode sair do país, porque meu pai já tinha saído antes. E aí entraram no avião, meu pai já estava com a gente dentro do avião, entraram no avião chamando e o comandante, porque quando você entra é responsabilidade do comandante, e o comandante falou, não, vocês não tiram eles daqui, vão ficar, e foi assim que a gente veio para cá.

Luciano Pires: Caramba, parece filme.

Virginia Planet: E aí começou, então quando a gente veio muito pequeno, meus pais também não falavam nada de português, meu pai veio primeiro para conseguir trabalho, conseguiu, alugou uma casa, aí começou.

Luciano Pires: Você conversou com ele para saber porque que ele escolheu o Brasil, que é o único país onde não se fala o idioma de vocês lá?

Virginia Planet: Então, eles falam que… primeiro meu pai foi para a Argentina, a gente tem família também na Argentina, aí da Argentina ele falou assim, bom, qual é o país onde a gente pode ter uma oportunidade? E o Brasil era um país que ele mostrava isso, que ele dava essas oportunidades, e aí o meu pai falou, vou para o Brasil, escolheu assim, falou, é para lá, tanto é que depois de alguns anos eu falava para os meus pais, vocês não têm vontade… porque o Chile estava muito bem há alguns anos atrás…

Luciano Pires: Sim, isso que eu estava pensando aqui agora, que o Chile virou paradigma da América do Sul.

Virginia Planet: Era potência e lindo assim, você ia… uma Europa na América do Sul, e aí minha mãe falava, não, o meu coração é aqui do Brasil, eu não saio mais daqui, eu não volto. E minha mãe tem um sotaque muito carregado, você fala com a minha mãe, é portunhol, meu pai também, meu pai é falecido, e aí eles nunca pensaram em voltar a morar no Chile, nunca, ela falou, não, esse país me acolheu, e até hoje minha mãe fala, não vou embora de jeito nenhum.

Luciano Pires: E os parentes estão todos lá, está todo mundo lá, continua todo mundo?

Virginia Planet: Sim, meus primos, meus tios, meu marido reclama, porque a gente vai para o Chile, eu fui várias vezes para o Chile e não conheço o Chile, porque a gente vai e vai na casa da família, do primo um, e aí vai fazer o churrasco na casa do outro primo, e vai fazer o almoço na casa da tia, e vai fazer na outra tia, a gente volta e fala, não conhecemos nada.

Luciano Pires: Qual era o apelido que você tinha quando era pequenininha? Você tem irmãos?

Virginia Planet: Eu tenho um irmão, um irmão mais velho, 10 anos mais velho.

Luciano Pires: Veio você e um irmão, depois não tiveram… nenhum nascido no Brasil?

Virginia Planet: Não, nada.

Luciano Pires: Você já é brasileira?

Virginia Planet: Não, sou chilena.

Luciano Pires: Você continua chilena.

Virginia Planet: Sou chilena com visto de permanência aqui.

Luciano Pires: Teu passaporte é chileno?

Virginia Planet: Meu passaporte é chileno.

Luciano Pires: Você… quando você era pequenininha, lá nos seus 6, 7 anos, qual era o seu apelido?

Virginia Planet: Ginita.

Luciano Pires: Como?

Virginia Planet: Ginita.

Luciano Pires: Quinita?

Virginia Planet: Ginita, é como se fosse Ginita.

Luciano Pires: O que que quer dizer isso?

Virginia Planet: É de Virginia.

Luciano Pires: Virginia ficou Virgininha.

Virginia Planet: É, tipo Virgininha.

Luciano Pires: Ginita. O que que a Ginita queria ser quando crescesse?

Virginia Planet: Eu queria ser tanta coisa, nossa, eu queria… quando eu era pequeninha eu queria ser aeromoça, eu achava tão elegante aquelas mulheres ali no avião, eu queria ser médica e médica mantive durante muitos anos, até terminar o colégio, mas eu falo assim, eu só passei na porta da faculdade, que eu fiz o vestibular, não fui bem, mas por sorte, minha filha fala, mamãe, jura que você queria ser médica? Porque eu vejo meus filhos, às vezes machuca, eu… ai meu Deus, abaixa a pressão, sabe? Cai a pressão, que eu morro de aflição. Que bom que as coisas dão certo.

Luciano Pires: Você conseguiu seguir, então, o que você queria de…

Virginia Planet: Não, mas você sabe que eu falo assim a vida, ela vai te levando, você só se entrega, que eu falo, naturalmente a vida vai te levar, então eu queria fazer medicina, prestei só a faculdade pública, porque os meus pais não tinham condição de pagar uma faculdade de medicina particular, não passei, eu falei, vou para o Chile, vou mudar o Chile, eu tenho minha tia, vou para lá e vou tentar entrar na universidade lá no Chile, pública, meio pública, lá você paga uma parte. Aí cheguei lá na universidade, fui fazer a inscrição para fazer o vestibular lá no Chile, aí eu olhando assim, nossa, medicina terapia ocupacional, eu falei, que interessante isso, vou querer terapia ocupacional e fui fazer terapia ocupacional no Chile, na Universidad del Chile. Isso foi em 2018. E aí eu fui fazer, comecei a fazer, imagina, fui alfabetizada em português, eu falava espanhol em casa, porque meu pai me obrigou a falar espanhol, eu não queria, que eu falava em português, ele, no entiendo, no entiendo, e aí só espanhol. E aí eu entrei em terapia ocupacional, quando eu entrei, os primeiros anos, você faz junto com medicina, porque você faz anatomia…

Luciano Pires: Por que você foi procurar lá no Chile?

Virginia Planet: Porque eu queria… acho que eu me frustrei, eu falei, vou embora, vou tentar lá.

Luciano Pires: Você não estava casada em 2018?

Virginia Planet: Não, não, 2018 tinha 18, 17 anos, 18 anos. E aí eu fui para o Chile, fiz um ano de terapia ocupacional, estudei como nunca tinha estudado na minha vida, e aí eu comecei a sentir falta de casa, eu falei, vou voltar para o Brasil, não quero mais isso, gostei do que eu estava estudando e voltei, e aí quando eu voltei eu falei, bom, o que que eu vou estudar agora? Tentei fazer mudar…

Luciano Pires: A transferência.

Virginia Planet: E aí eu lembro de ter ido super bem na prova, porque eu estudava muito e lá é muito puxado, era muito puxado, e eu fui muito bem na prova, eu falei, nossa, tirei de letra. E acho que tinham, sei lá, tinham três vagas e seis pessoas tentando, e aí falou, não, você não passou. Aí eu falei, posso ver minha prova? Porque eu fui muito bem. Não, você não pode ver sua prova. Aí uma moça depois me puxou e falou, como assim, eu fui muito bem, como que eu não passei, então deixa eu pelo menos olhar, ver o que que aconteceu. Aí depois quando eu estava saindo uma moça me puxou e falou assim, fica tranquila, essa vaga não era para você, já tinham outras pessoas que estavam marcadas para entrar. Eu falei, beleza, então vamos embora. Segui, falei, vou começar, vou entrar em outra faculdade, e aí veio a psicologia. Eu falei, eu quero… e na terapia ocupacional você tem um pouco de psicologia e fisioterapia, é junto.

Luciano Pires: Você sabe que até hoje eu achava que a terapia ocupacional era uma vertente da psicologia, você fazia psicologia e depois optava por ela, eu achava que era assim, quer dizer que não é?

Virginia Planet: Não, tem uma faculdade só de terapia ocupacional, que é excelente, maravilhoso, mas eu fui só para psicologia, aí eu falei, me encontrei, amei estudar psicologia, gosto muito, eu falo que todo mundo deveria fazer psicologia, porque te traz uma percepção e ouvido que é diferenciado.

Luciano Pires: Eu bebo demais dessa fonte aí, os roteiros de PodCast, para escrever tudo, vira e mexe eu estou batendo em alguma fonte da psicologia e tudo mais e realmente é fascinante. Você falou que… se você ver direitinho, as coisas estão se encontrando, depois que um sujeito ganha um prêmio Nobel com economia comportamental, que nada mais é do que você pegar tudo aquilo da psicologia, cruzar com a matemática da economia e nascer uma terceira coisa, está tudo cruzando ali.

Virginia Planet: Tudo, tudo se conecta, quando você começa a falar de um assunto, e aí você pega o outro, você fala, gente, tudo faz sentido, as coisas começam a se conectar.

Luciano Pires: Até porque se você tratar de um sem trazer o outro, você vai ser aquela história, até escrevi um texto uma vez que eu dizia o seguinte, de que vale um tremendo engenheiro que não se emociona ouvindo uma música, um médico maravilhoso que não fique emocionado lendo um livro, você sabe, que não tem o outro lado é só um baita técnico, é uma máquina, é uma inteligência artificial.

Virginia Planet: Mas nós somos seres emocionais, a nossa decisão, ela é emocional.

Luciano Pires: E quando bota emoção no jogo é psicologia na veia.

Virginia Planet: Total, e como que você consegue entender isso.

Luciano Pires: Quando você tira o teu canudo lá de psicóloga, forma-se psicóloga, você já sabia o que você ia fazer, você já tinha em mente, você já… a única coisa assim que eu sentia, é que eu não ia para a clínica, eu sempre tive muita dificuldade de clinicar, de estar ali com o paciente, e eu lembro de uma professora minha que falava assim, quando a gente fazia estágio clínico, ela falava, Virginia, não leva os pacientes para a cama, deixa eles. Porque eu sofria junto, eu ia dormir pensando nos pacientes, eu falava, nossa, gente, mas é tão simples de resolver, é só falar como que você… e não pode, você não pode direcionar, enfim, e aí eu sofria e falava, não, não, não é isso, falar muito de passado e isso… e eu falava, vamos falar do futuro, vamos falar do positivo, vamos falar das oportunidades que a gente tem. Então, eu sempre me vi olhando para a frente e falando de oportunidades, e aí eu comecei a ir por esse caminho mesmo, de desenvolvimento, sabe, de trazer esse incômodo de falar assim, o que que você quer? Você quer? Então, vai, você tem isso, se você não tem esse recurso, procure o recurso para te ajudar nessa jornada.

Luciano Pires: Mas então, você não fazia isso clinicando, você virou o que?

Virginia Planet: E aí eu comecei a ir para treinamento e desenvolvimento, e eu comecei por esse caminho, mas no momento, em um determinado momento, o meu pai tinha começado a trabalhar com… meu pai sempre foi da indústria gráfica, e em um momento ele começou a trabalhar com o mercado de capitais, IPOs, e aí a empresa começou a ir, porque o Brasil começou a melhorar em mercado de capitais, tudo isso, começaram a aparecer os IPOs aqui, e meu pai falou, olha, eu preciso de ajuda na empresa, meu irmão já estava trabalhando com ele, meu irmão é formado em administração de empresas, e meu pai falou, eu preciso de ajuda, porque a gente está começando a crescer, eu preciso estruturar a empresa. E aí eu lembro de ter falado assim, pai, você quer com você a sua filha ou você quer uma profissional? Porque eu estou indo muito bem, eu estou crescendo. Aí ele falou, não, eu quero uma profissional. Então, a gente vai falar de contrato social, a gente vai falar da parte que eu vou entrar como profissional. E aí nesta jornada eu passei 14 anos trabalhando junto com o meu pai, minha mãe, era uma empresa super familiar, e a gente trabalhava com o mercado financeiro, o mercado de capitais, fusões e aquisições.

Luciano Pires: O que que você fazia lá? O que que a psicóloga fazia no mercado financeiro?

Virginia Planet: Eu cuidava de toda a parte administrativa, financeira, de pessoas, gestão de pessoas, tudo o que era back office era eu que estava responsável.

Luciano Pires: Você assistiu Billions, a série?

Virginia Planet: Assisti, adoro, era isso.

Luciano Pires: Uma das personagens principais é exatamente a psicóloga da empresa, ela que mantém as coisas no eixo lá.

Virginia Planet: E aí eu lembro assim, vários momentos quando tinha que discutir coisas mais pontuais, fatura, quando eu tinha que resolver alguma coisa com cliente, meu irmão falava, Vi, vai você. Aí eu, caramba, Jorge, mas sério, sou eu? Não, eu acho que é importante você ir. Aí chegava eu, um monte… só homens, que é um mercado super masculino, e aí eu não entrava em briga com eles, eu só ia resolver, e eu falava, gente, posso começar pelo meu lado, então? Claro, Virginia, vamos lá. Então, eu falava, aqui é isso, isso e isso. Não, não, está tudo certo, resolvido.

Luciano Pires: Isso é psicologia.

Virginia Planet: Eu ia, sabe assim, então… e aí ao longo desses 14 anos acompanhando esse mercado, eu comecei a perceber o quanto as pessoas eram adoecidas, eu falava, gente, é quase uma histeria coletiva aqui, e você olhava assim, pessoas, imagina, em um IPO, e quando acontecia algum imprevisto, alguma coisa, era assim de desestruturar todo mundo, eu falo, cadê a gestão emocional aqui, cadê a maturidade para você, gente, calma, vamos baixar aqui a emoção, vamos entender racionalmente o que que está acontecendo.

Luciano Pires: Que ano que você foi estudar no Chile?

Virginia Planet: 2018.

Luciano Pires: 18?

Virginia Planet: Não, 98.

Luciano Pires: Você me deu um nó aqui na cabeça, você falou 2018, eu estou aqui fazendo umas contas…

Virginia Planet: Eu falei 2018?

Luciano Pires: Você falou 2018 lá atrás, e aí começou a me dar um nó na cabeça, como 2018, que idade tem a filha dela, ela estava solteira, como é que era, eu estava até agora enrolado.

Virginia Planet: Não, não, não, foi 98, agora fechou…

Luciano Pires: Agora, ufa, agora sim, agora fechou.  Bom, e aí você ficou lá 14 anos, até?

Virginia Planet: Aí em um determinado momento eu falei… porque o meu irmão, ele sempre foi o comercial, ele sempre foi, sabe, o que aparecia, o que trazia o resultado, porque a gente começou a ir muito bem, a gente trouxe algumas empresas de fora, de tecnologia, para fusões e aquisições, tudo, e estava super bem, e aí era meu irmão, e aí eu falei, eu quero fazer alguma coisa, eu quero fazer alguma coisa, e aí foi o momento que eu comecei a olhar para esse lado. Eu falei, amo trabalhar com pessoas e desenvolver pessoas, gosto disso, e isso está me incomodando, por que que as pessoas não falam de gestão emocional, por que que as pessoas são tão imaturas emocionalmente?

Luciano Pires: Que ano era isso?

Virginia Planet: Isso daí foi em 2000… esse incômodo começou em 2016.

Luciano Pires: 16, pré-pandemia, mal sabia você o que viria…

Virginia Planet: Não, e aí em 2017 eu fundei a House of Feelings, que é a primeira escola de sentimentos do mundo, porque eu também comecei a ver os números do adoecer mental dentro do mundo corporativo, e eu falei, gente, não é possível, não é possível que tem tanta gente adoecida, ninguém está falando sobre isso e isso impacta diretamente a minha entrega, o meu engajamento.

Luciano Pires: Você sabe que a impressão que me deu, acho que a impressão que deu para todo mundo, é que foi a pandemia que destampou essa panela, mas na verdade, essa coisa já vinha há muito mais tempo.

Virginia Planet: Era um absurdo, os números são ridículos, a gente já era o país mais ansioso do mundo, nós somos o número 1 em transtorno de ansiedade do mundo.

Luciano Pires: Eu não sabia disso.

Virginia Planet: Nós somos o triplo da média mundial, então assim, a gente está no topo da lista em transtorno de ansiedade.

Luciano Pires: Eu tenho uma palestra minha, vou fazer agora inclusive no cliente aqui, chama-se Ensaio Sobre o Cagaço, é o nome da palestra, eu trato do medo e cagaço, o medo é bom, o cagaço é ruim, a diferença de um para o outro, e eu começo contando a história da minha vida, então eu começo, boto uma foto minha pequenininho, e aí eu vou contando a minha vida, mas só com crise, nasci em crise, e aí vem crise, e eu vou contando uma por uma, e é um horror, porque são quatro charts, que eu venho de 1956 até agora, é uma pior que a outra, porrada, porrada, quando chega no final, agora lá terminando a pandemia, eu falo, bom, muito prazer, essa é a minha vida, eu não tenho a menor ideia do que é viver sem crise, nunca passei por um momento… quando eu pensei que era um momento de estabilidade, era mentira, e de certa forma, dá para entender isso porque o Brasil é uma sequência de frustrações, eu falo das grandes broxadas, cara, vamos fazer, que maravilha, troca o presidente… é um atrás do outro, vem na sequência, cara, não pode dar certo isso, isso tem que criar um ambiente de… mas eu não sabia que tinha já uma medição, que tinha uma…

Virginia Planet: Sim, você tem dados de, por exemplo, o afastamento por transtornos mentais é o que está em terceiro lugar no trabalho, então quando você começa a olhar para isso e você vê uma liderança que não cuida, não olha para isso, você está patinando, e aí o que eu falo assim, líder, você acha que você tem uma equipe de 10 pessoas, por exemplo, você acha que você tem 10 pessoas trabalhando com você, mas se você olha os números, sei lá, vamos falar que 40% da adoecida, se não mais, 40% não está te entregando o quanto ela poderia, porque o adoecer mental, ele te traz um prejuízo cognitivo, memória, foco, atenção, eu falo, então, você acha que você tem 10 pessoas trabalhando com você, mas na verdade, você tem 5 com sorte, se juntar todo mundo você não tem. Então, o quanto a gente está falando sobre isso? A gente… imagina… e eu lembro, quando eu falei, House of Feelings, que era a primeira escola de sentimentos, eu lembro de ter escutado assim, Virginia, esse nome não vai pegar, muda, porque esse negócio de sentimento, corporativo… eu falava, vai, vai, porque a gente precisa falar sobre isso, é urgente, é para ontem, eu preciso falar, eu preciso trazer maturidade, a gente não é maduro, não existe maturidade emocional hoje no ambiente corporativo para falar, então eu preciso me sentir segura de falar assim, Luciano, não estou gostando do jeito que a gente está trabalhando, você sendo meu líder, eu sendo sua liderada, aí eu me calo, eu faço as coisas bem de qualquer jeito…

Luciano Pires: Sabe, isso é um desafio, eu trabalhei em uma empresa norte-americana durante 26 anos, e um choque que eu tinha muito sério com eles, é a forma como americano, ele vai… ele vira para você e fala, você fez um treco aqui péssimo, horroroso, ruim, não serve, não dá, mas fica muito claro na conversa com eles que ele está tratando de uma atitude que você teve que foi ruim, quando você traz uma conversa dessa para o brasileiro, o brasileiro imediatamente assimila aquilo, você não está falando da minha atitude, você está falando de mim, se você falou que a minha atitude foi ruim, você está dizendo que eu sou ruim, imediatamente vira uma encrenca, eu posso engolir aquilo, mas eu vou guardar comigo, na primeira chance eu vou devolver para você, vira uma bagunça, que não consegue separar uma coisa da outra, a gente não é… essa assertividade, chega alguém aqui assertivo na tua frente, o brasileiro fica ofendido, imediatamente eu me ofendo. Aí você junta as coisas, olha só que loucura, vou te dar a minha impressão, me avalie depois, vê se eu estou certo ou não, quer dizer, algum tempo atrás, quando você falava de House of Feelings, bicho, isso é bobagem, porque nós estamos focados aqui em fazer acontecer, tem que dar lucro esse treco aqui, é grana que interessa, era assim, mas isso era um ambiente que eu diria para você que era muito mais maduro do que ele é hoje, eu assisti uma juniorização ao longos dos últimos 7, 8 anos, onde as posições de liderança nas empresas foram trocadas, os velhos foram trocados por uma garotada, e entrou uma molecada com MBA de todo lado, falando 4 idiomas, mas nenhuma estrutura emocional, e hoje em dia o que eu vejo é uma zona, é uma zona porque você não tem mais aquela estabilidade anterior, tem uma molecada querendo dar certo em 15 minutos, e agora quando você discute uma questão emocional, o pêndulo parece que foi para o outro lado, tudo eu fico chateado, você falou mal, eu não gostei do tom que você usou.

Virginia Planet: Mas eu acho que assim, a grande… a diferença que eu vejo é assim, as pessoas não se auto responsabilizam pelas suas dores, então assim, eu posso ficar chateado, não é que eu não posso ficar chateado, não gostei do jeito que você falou comigo, fiquei chateado, mas isso é meu, eu não jogo a responsabilidade em você, então assim, você tem que mudar o jeito de falar comigo, porque do jeito que você fala, eu fico chateada, isso é o que está acontecendo hoje porque as pessoas não se responsabilizam. E eu acho que a grande dificuldade de a gente trazer esse assunto para a mesa, corporativo ou não corporativo, é tudo igual, a questão pessoas, quando você assume a responsabilidade, que eu falo, gente, vamos falar sobre emoções, não tem problema, mas a liderança tem medo, porque fala, Virginia, se eu abrir esse assunto, eu vou ter que cuidar de mais uma coisa, então eu deixo assim. Eu falo, não é responsabilidade sua, porque se eu estou chateada do jeito que você falou, eu tenho que parar e pensar, falar, nossa, por que que fiquei chateada, hein? O que que será que eu tinha de expectativa que o Luciano não me atendeu e o que que eu preciso cuidar? Porque sou eu que estou chateada.

Luciano Pires: É muito mais fácil eu jogar a culpa em mim, a culpa é desse ogro.

Virginia Planet: É, imagina, o que você mais escuta é, meu líder não me desenvolve, meu líder não me entende, meu líder não me ajuda, meu líder não me promove, eu falo, meu amigo, desculpa, mas qual é a sua parte em tudo isso? Então, quando você se assume e você tira esse peso da liderança, e quando você fala de questões emocionais, não é que você vai resolver, eu já ouvi líder falando, Virginia, você tem como escrever assim para a gente quais são os sintomas de uma depressão, de uma ansiedade, o que que a gente tem que fazer? Eu falo, meu amigo, isso não é função sua, você é líder, você não tem que diagnosticar, mas você tem que ter um espaço e uma escuta para você entender que você tem uma pessoa que não está bem, e que ela pode procurar ajuda e está tudo bem, e você, inclusive, quer que ela procure ajuda, não vai ser você que vai resolver, mas você vai dar esse espaço para que ele procure ajuda, e aí ele vai estar 100% com você, mas não é responsabilidade do líder. Então, acho que falta muito essa auto responsabilidade de assumir.

Luciano Pires: Que isso não é ensinado em lugar nenhum, você não tem nenhuma cadeira na escola, a escola nem toca nesse assunto, você não tem nada, vai muito longe. Eu saio da escola achando que se eu for competente e fizer bem o meu trabalho, pelo meu julgamento, eu acho que eu sou competente, eu acho que eu fiz tudo muito bem, o mundo vai me recompensar automaticamente por isso, e aí eu chego lá e descobri que não, eu não sou tão bom quanto eu achava, quem está me olhando não está vendo o meu valor e eu fico aqui, vou entrar em parafuso.

Virginia Planet:  E aí o que você começa a perceber é que as pessoas não têm recurso, nós não temos recurso, então o que eu mais vejo quando eu falo assim, o que que você sente fisicamente quando você está com ansiedade? As pessoas começam, acho que dá um taquicardia, minha boca seca. O que que você sente fisicamente quando você está com muita raiva? Nossa, começa a sentir um calor. Eu falo, olha, o seu corpo, ele está te falando dessas reações, ele está te avisando o que que está acontecendo, a maturidade, ela vem assim, recebi essa informação, agora o que que eu faço com isso?

Luciano Pires: Fiquei chateada, nossa, fiquei incomodada, o que que eu faço agora com isso? Só que a gente não tem esse recurso, porque ninguém ensinou, a gente aprendeu a engolir o choro, a gente só engoliu o choro, agora o choro está aí e o que que eu faço com ele, eu preciso responsabilizar alguém, e agora eu tendo a passar a bola para o outro.

Luciano Pires: Você então decidiu montar a tua empresa, House of Feelings, em 2000 e…

Virginia Planet: 17.

Luciano Pires: 17, legal, é um período… já estava doido, porque o Brasil começou a enlouquecer em 2013, começou a virar, virar aquela coisa política, 2016, 17 estava lá… estavam em uma transição, saindo do impeachment, passando… e dali para frente foi ladeira abaixo, porque politicamente o Brasil virou um pandemônio, e com uma insegurança econômica, porque a gente achou que ia começar a andar, começou a se arrumar uma pancada de coisa e terminou em 2000… bom, não vou entrar em política aqui se não a gente vai longe aqui. Mas eu ia te perguntar o seguinte, então você monta uma empresa com o nome de House of Feelings, que já vai ser recebida meio com, lá vem a psicóloga…

Virginia Planet: Lá vem abraçar.

Luciano Pires: Lá vem com as historinhas dela, vem com a musiquinha dela, com a dança dela, vai logo isso aí que nós precisamos trabalhar.

Virginia Planet: É isso mesmo.

Luciano Pires: Como é que foi, você foi batendo na porta das empresas e dizer, vim cuidar das pessoas que estão com problema mental aí, como é que foi isso?

Virginia Planet: Eu me preparei para isso, então imagina, eu trabalhava com banco, advogados, pessoas muito pragmáticas, eu falei, se eu olhar para esse público, como que eu consigo falar sobre questões emocionais com essas pessoas? Eu fui me embasar cientificamente, eu falei, eu não vou abraçar árvore, eu quero que eles pensem que a gente vai abraçar, mas vou trazer dados e fatos, aí eu fui estudar. Então, tudo o que eu falo hoje, eu trago a ciência, tudo eu trago a ciência, tudo eu trago dados, então eu falo de cérebro, aí eu fui fazer neuropsicologia, porque eu queria entender o cérebro, o cérebro, o cérebro, eu falo, gente, é uma química maravilhosa, tudo o que você pensa, o que você sente, todas essas reações, elas têm uma descarga química cerebral, e isso impacta na maneira de você pensar, na maneira de você ver a vida, na maneira de você reagir, então eu fui atrás de como provar tudo o que eu estava falando, e hoje o que você mais tem é estudo, você tem estudo de tudo.

Luciano Pires: E você pegou uma época então que essa coisa floresceu, Daniel Kahneman, mindset, a Carol Dueck, aquela turma toda com a questão mindset, de comportamento, de questão de tomada de decisão.

Virginia Planet: O Antônio Dalmazio, você já ouviu falar? É um neurocientista português.

Luciano Pires: Já ouvi falar, não li nada dele não.

Virginia Planet: Ele escreveu um livro que chama o erro de Descartes, que ele questiona o penso, logo existo. Então, ele comprova, eu já falo, gente, vocês acham que vocês são racionais, mas deixa eu te mostrar, olha aqui, a gente é 100% emocional no primeiro momento, o cérebro toma decisões emocionais, depois a gente passa um segundo sistema que é o racional, então quando você começa a trazer e fala, gente, se nós somos seres emocionais, nossas decisões são baseadas nas nossas emoções, eu não sei o que eu estou sentindo, não faço ideia, será que a gente está tomando a decisão certa? Será que eu estou fazendo bem de tudo o que eu poderia fazer? Então, eu começo a trazer ciência, eu começo a trazer dado, olha, está aqui, tem um cara que é espetacular, ele chama Posic, ele é um neuroeconomista, ele começou a estudar confiança, o nível de confiança que estava ligado à quantidade de oxitocina no sangue, oxitocina o hormônio do prazer, da felicidade, quanto maior o nível de oxitocina no sangue, maior o nível de confiança, e se eu tenho uma empresa de funcionários desengajados e desmotivados, eu não tenho nível de confiança, aí a performance cai, e esse cara começou a estudar e trazer dados científicos de confiança, ele escreveu um livro que chama A Molécula da Moralidade, que ele fala da oxitocina, e agora ele escreveu um outro livro que chama The Trust Factor, que fala exatamente sobre essas questões de assim, como que eu crio a confiança com o meu time, como que eu desenvolvo isso? Isso é emocional, isso é subjetivo, você não consegue…

Luciano Pires: Em um mundo onde engajamento é a palavra-chave, tudo engajamento agora.

Virginia Planet: Que é confiança, eu confio no que você está me falando, eu confio na empresa, eu confio no que a gente está fazendo.

Luciano Pires: Aí eu começo a entender, a gente vê lá atrás nego, ah então eu vou botar uma mesa de ping pong aqui, vou botar um escorregador, vou botar uma área para a pessoa meditar, vou botar musiquinha ambiente, vou deixar vir de bermuda, como se isso fosse a resolução, e não resolve, não é?

Virginia Planet: Não resolve, é paliativo ali, é só… e depois a pessoa… não, não é isso que está fazendo diferença. Mas aí o interessante é quando você começa a trazer essa autorreflexão para a pessoa, para o colaborador, de assim, o que que te motiva, por que que você está aqui, o que que você está procurando aqui, quanto tempo você quer ficar com a gente, o que que você quer impactar? E aí, sabe, fala, nossa, então sou eu que tenho que fazer, eu que vou… e eu vou te dar o espaço, vou te dar as ferramentas, os recursos para a gente conquistar isso junto.

Luciano Pires: E isso dá um nó, porque eu consigo entender a tua dificuldade para vender o teu trabalho para uma empresa, você tem quase que uma… você tem quase que catequizar para poder fazer o teu trabalho lá dentro, mas eu consigo… não consigo entender o outro lado, quer dizer, a hora que sentou o povo na tua frente, você vai e fala, moçada, eu vim aqui para virar o jogo, a culpa não é da empresa, a culpa não é do líder, a culpa não é… tem uma responsabilidade que vocês transferiram para cá com uma plateia de geração Z, geração millennial, que é uma geração que para chorar é só fazer cara feia, só fazer cara feia. A minha geração, eu sou baby boomer, casca grossa, apanhei a vida inteira, então comigo não tem problema, manda ver aí que eu vou… casca grossa. E essa garotada nova é casca fina, por minha culpa, a minha geração baby boomer protegeu tanto a geração millennial que não deixou que eles ganhassem uma casca grossa, e a Z veio pior, veio mais fina ainda. Então, fica um choque complicado, porque essas três gerações estão convivendo, elas estão ao mesmo tempo em um ambiente.

Virginia Planet: Sim, que é o choque geracional, e as empresas estão sofrendo muito disso. Mas quando você cria… e a gente fala muito sobre isso, porque você tem que ter um espaço de escuta onde os dois têm que abrir mão das suas verdades, onde todos podem contribuir ali, mas é você dar espaço, se você não dá espaço, não fala assim, poxa, o millennial ali, o que que ele pode contribuir, o que que esse cara tem para me oferecer, porque a gente já vem julgando e apontando dedos, então assim, vamos ver o que que ele pode me ensinar. E aí você começa a ter… porque vai ter choque sempre, não tem como, mas como que você traz essa leveza para conseguir conviver, porque se não vai ser sempre na crise, vai ser sempre…

Luciano Pires: Sugestão para você que está nos ouvindo aqui, eu lancei um Café Brasil chamado o Encantador de Millennials, onde eu trago um podsumário, que eu lancei para os assinantes do Café Brasil Premium, mas eu abri desse episódio, é um podsumário de um livro chamado Encantador de Millennials, que é exatamente de um profissional que olhou para esse povo todo e falou, meu, deve ter um jeito legal de trabalhar com essa turma, então ele vem para trazer o lado positivo, como é que você motiva, como é que você conversa, é bem interessante essa história toda aqui. Quem te chama? Ou alguém te chama ou você tem que ir atrás, quem é que te aciona?

Virginia Planet: Então, você falou muito bem assim, qual que é a minha maior dificuldade? As pessoas não entendem como que eu entrego, então assim, Virginia, como que você vai falar de… porque assim, em um primeiro momento normalmente é gestão emocional, saúde mental, então assim, vem muito com esse olhar, só que a gente faz mais do que isso, a gente trabalha muito liderança, a gente consegue fazer programas de liderança ajudando nesse processo de autoconhecimento, o líder entender quem é ele, tudo ferramentado. Mas como que eu mostro para o meu cliente? E essa é a maior dificuldade, porque é tudo muito subjetivo, então o cliente fica assim, tá Virginia, você tem como me explicar um pouco melhor como que você fala sobre esse assunto.

Luciano Pires: O problema do teu cliente, ele está com problema de performance, de produtividade?

Virginia Planet: Sim.

Luciano Pires: Isso ele consegue ver, ele saca claramente, eu tenho um problema de produtividade. Eu não sei se ele tem capacidade de entender o problema de produtividade dele para saber que, olha, eu tenho um problema de produtividade que diz respeito à minha liderança ou diz respeito ao ambiente que eu criei aqui ou ao produto que eu tenho, ou à formação das pessoas, ou eu não consigo pagar um salário decente, tem mil maneiras de você trabalhar esse assunto aí. E uma delas é onde você trabalha, então a pessoa está com a cabeça virada, eu não sei até chegar aí olha quanta coisa o cara passou no caminho.

Virginia Planet: Mas no RH normalmente ele sabe, porque isso chega no RH, então se eu tenho um time que está adoecido porque eu tenho uma liderança, por exemplo, mão pesada, e o time está adoecido, por isso que o time não está performando, aí eu tenho uma alta rotatividade naquela equipe, isso chega no RH, o RH sabe, RH chega na gente e fala assim, estou com problema nessa área específica, eu tenho este líder que está com a mão pesada e que está adoecendo a equipe. E aí é normalmente onde a gente entra primeiro para trabalhar esse líder, para entender porque que essa mão está pesada…

Luciano Pires: Você vai trabalhar o líder ou a equipe do líder?

Virginia Planet: A gente vai cuidar dessa equipe, e vai mostrar para o líder, essa é a parte difícil.

Luciano Pires: Imagino, imagino, como é que é esse desafio de você sentar na frente de um cara e dizer, meu…

Virginia Planet: Então, são números e dados, então a gente precisa, quando a gente fala assim, qual que é o nível de consciência desse líder, que ele percebe a responsabilidade dele? Aí o RH fala, sabe, mas não está nem aí, o negócio dele é resultado. E aí a gente fala, então vamos fazer um pequeno diagnóstico para a gente conseguir conversar com este líder e a gente mostrar para ele e falar assim, líder, eu consigo te ajudar, mas eu vou te ajudar só em uma parte, a grande responsabilidade vai estar na sua mão, você quer aproveitar e usar a gente para esse processo? Então, a gente tenta mostrar com o diagnóstico para provar aquilo que a gente está falando. E o diagnóstico, ele sempre traz coisa muito rica para a gente. Então, quem me liga é o RH, mas normalmente é indicação, eu tenho muita indicação, e quando eu entro em um cliente que conhece como a gente trabalha, que entende qual que é o nosso foco, aí o cliente começa a chamar a gente, eu tenho outra equipe também, poxa, eu preciso fazer um upsite com esse outro time, eu estou com esse caso. Então, por exemplo, a Nestlé, a gente está… trabalha muito com a Nestlé, e o time lá, eles perceberam como que a gente poderia contribuir, sendo House of Feelings o que que a gente poderia fazer, então assim, já teve… a gente já fez, a pandemia veio, a gente fez muita coisa com eles e até já teve caso, por exemplo, de um luto, teve uma pessoa que faleceu em uma equipe e assim, ligaram para a gente, pelo amor de Deus, a gente precisa de ajuda, o time está arrasado, foi um caso bem sério e a gente precisa cuidar desse time. Tá bom, amanhã a gente faz uma reunião com todo mundo para fazer um acolhimento sobre luto. Então assim, de coisas, de tudo, fábrica que já teve um acidente, a gente precisou cuidar e falar sobre questões emocionais, de luto…

Luciano Pires: Cara, você falando o negócio do luto, traz um pastor aqui, traz um padre aqui, bota um pastor, um padre para falar palavras que tenham a ver com… porque isso está muito perto do espírito, quando você fala do luto é uma questão espiritual que está ligada no emocional, cara, eu não sei nem como palavras podem…

Virginia Planet: Mas na verdade, quando você fala de luto, é você dar um espaço, porque a gente não fala sobre morte, ninguém fala, e quando você vai falar, as pessoas batem na madeira e falam, Deus me livre. Eu falo, gente, a gente vai passar por isso. Então, quanto mais você fala, menos temor você tem e mais recurso você cria para você lidar com o processo, eu fiz um curso uma vez de cuidados paliativos que eu queria entender, eu fui estudar felicidade, cheguei na morte, no luto, que está tudo ligado ali, e aí quando você dá espaço para as pessoas, para as pessoas, está doendo, eu não consigo dormir, eu estou sem fome, eu falo, esse é o processo do luto, você acolhe, você fala, está tudo bem você passar por isso, é isso mesmo, eu falei, agora, quando isso começar a prejudicar demais e começar a ter um longo período, aí a gente precisa procurar ajuda, mas é um processo recente, está tudo bem você passar por isso, pode chorar, pode se recolher, isso está certo. Então, você simplesmente dá nome, traz esse entendimento do que que é um processo do luto, só é dá um espaço para que as pessoas possam falar.

Luciano Pires: Você está ouvindo o LíderCast, que faz parte do ecossistema Café Brasil, que você conhece acessando mundocafebrasil.com, são conteúdos originais distribuídos sob forma de PodCasts, vídeos, palestras, e-books e com direito a grupos de discussão no Telegram. Torne-se um assinante do Café Brasil Premium, através do site ou pelos aplicativos para IOS e Android, você pratica uma espécie de MLA, master life administration, recebendo conteúdo pertinente de aplicação prática e, que agrega valor ao seu tempo de vida, repetindo, mundocafebrasil.com.

Luciano Pires: Você monta, então, o teu House of Feelings e começa a batalhar, então, em 2017, 18 e assim vai, e de repente aparece uma pandemia no meio do caminho que extrapola isso tudo, eu acho que nós estamos pagando a conta agora, hoje pagando a conta da pandemia, aquela que a gente não viu, porque a gente só contabilizou a pandemia por infectados e mortos, a consequência, a pancada psicológica daquilo lá não vinha agora e vem muito depois e está vindo agora, desde criança até todo mundo, cara, tem uma psicose que tomou conta da sociedade que é um negócio que eu nunca vi, também quem quiser, ouça o Café Brasil, o poder do mau, é um programa de três horas de duração, onde eu faço uma… eu também trago um podsumário de um livro chamado O Poder do Mau, mau com u, não com l, que é a má notícia, a má coisa impactando a tua vida de uma forma brutal, muito mais do que como uma coisa boa, então se você tem quatro coisas boas e uma ruim, essa ruim acaba com as quatro boas em um instantinho, e aí dá esse impacto todo, cara, a gente liga a televisão é um bombardeio irresponsável, porque aquilo só ajudou a piorar o ambiente, e chega no momento de hoje em que nós estamos aí, continua o bombardeio, agora estão dizendo que está vindo uma outra, que vai ser pior e não sei o que, então o mundo vai acabar amanhã, sempre vai acabar amanhã, se você está ruim com a crise de hoje, espere que a de amanhã vai ser pior que… quer dizer, cara, viver com essa perspectiva de que… quando começou a pandemia o que me deixou alucinado logo no começo, depois eu montei um curso, fiz uma porrada de coisa assim, que dizia o seguinte, cara, o problema disso tudo é você tirar o horizonte das pessoas, quando você fala o seguinte fica em casa por 15 dias, tem um horizonte, 15 dias acabou, não, agora mais 15, mais 15, agora mais 30, não tem mais horizonte, e aí as pessoas sem horizonte tudo perde sentido. E como é que isso bateu lá no teu…  Se você clinicasse, eu ia perguntar como é que foi no teu consultório, o que aconteceu com o volume de…

Virginia Planet: Então, a gente fazia muito trabalho presencial, basicamente a gente era presencial, então quando chegou a pandemia, a agenda começou a cair, sabe quando cancela uma, cancela lá, cancela, a gente começou, meu Deus…

Luciano Pires: Sim, eu sou palestrante, eu vi isso acontecer em uma semana, acabou a minha agenda.

Virginia Planet: Não, a gente estava com a agenda linda, de repente caiu tudo. Luciano, eu acho que foi, não deu uma semana que a gente parou, eu tenho uma sócia, a Lísia que trabalha comigo, somos nós duas, e a gente parou e falou, calma, vamos ver o que que vai acontecer. E aí começou uma demanda absurda de que… o que que começou a acontecer? A liderança não estava dando conta de falar com… de lidar com o time que estava nesse estado, sem horizonte, todo mundo à distância, mas eu tinha, por exemplo, indústria que estava trabalhando, então lidando com o pânico, então assim, nossa, eu estou levando para a minha casa, eu estou indo trabalhar. E aí veio o desespero, não, a gente vai fazer, e aí começou o online, online, online, eu trabalhei insanamente durante a pandemia, eu não via notícias, isso foi ótimo para mim porque eu não me contaminava, só focando, a gente focou ali em trabalhar, online, online, mas era assim uma atrás da outra. Para primeiro fazer o acolhimento das pessoas…

Luciano Pires: Então, quando você fala nesse online, deixa eu entender o que que é esse produto aí, é um Zoom com dez caras, com vinte caras ou com um por um, é uma consultoria, como é que é isso?

Virginia Planet: Não, a gente… é uma consultoria, nós somos uma consultoria. Abria um Teams, um Zoom e chamava um time, líderes, líderes de tal área, juntava ali 10, 15, 20, chegou 30 pessoas no mesmo, e a gente ia dando recursos para eles, ajudando no processo.

Luciano Pires: Então, mas aí você começa, moçada, estamos aqui reunidos hoje porque está acontecendo um problema assim, então…

Virginia Planet: A gente estrutura um programa, como se fosse um curso, vai, entre aspas, a gente chamou de emoções conectadas, foi o primeiro que a gente fez, de você entender o que que está acontecendo, por que que a gente reage assim na crise, o que que acontece com o nosso corpo, o que que acontece com o nosso cérebro, é assim, assim, a gente fica sem perspectiva, a gente entra em pânico, como que a gente… e aí você dá recursos, o que que vocês precisam fazer, como que a gente lida, então com slides, a gente usa ppt para mostrar imagem e a gente escuta, tinha gente que chorava…

Luciano Pires: Isso que eu ia te perguntar, quando você acerta na tecla certa você deve desmontar a pessoa na frente ali, porque uma por alívio, porque cara, não sou o único maluco aqui, outra por…

Virginia Planet: Acontecia muito isso.

Luciano Pires: Ou por gatilho, você revela para a pessoa uma coisa que ela não esperava. Mas em grupo, isso acontecia em grupo?

Virginia Planet: Em grupo.

Luciano Pires: O grupo com gente chorando no grupo?

Virginia Planet: Tinha gente chorando…

Luciano Pires: Na telinha ali?

Virginia Planet: Na telinha, e acolhia e falava… e aí as pessoas falavam assim, nossa, eu não estou sozinha, eu estou passando por isso, então eram encontros de uma hora, uma hora e meia que você fazia esse acolhimento e sustentava, que você tem que fechar, porque você tem que cuidar desse pessoal. E aí outro grupo, entrava outro grupo, mas assim, foi… eu tenho gente… assim, até hoje eu tenho pessoas que vêm dar feedback falando, nunca mais esqueci aquele encontro na pandemia que a gente teve, eu nunca mais, para mim foi um divisor de águas, aquilo foi o que me ajudou a dar conta de tudo, porque você falava, porque o que que acontece? Como a gente não aprendeu a falar sobre o que a gente está sentindo, as pessoas não sabiam o que fazer com aquilo, e quando você ajuda e fala assim, está tudo bem, você pode falar que você está ansioso, o que que você faz com a sua ansiedade, como que você trabalha ela, como que você cuida? É como se você fosse organizando as informações na caixinha para seguir, e eram sequências de encontro, então às vezes dava uma semana tinha outro encontro, e aí gente, como que vocês estão? Vamos falar agora dessa outra parte. Eu já tive encontro, Luciano, teve uma empresa de offshore que… isso daí foi bizarro, a gente trabalhou com várias empresas de offshore, dos embarcados, sabe das plataformas de petróleo?

Luciano Pires: Sim.

Virginia Planet: O que que eles faziam? Eles ficavam em um hotel de quarentena antes de embarcar, mas eles ficavam muitos dias assim, no começo acho que era 20 dias…

Luciano Pires: Isolado em um hotel.

Virginia Planet: Em um quarto de hotel, não era no hotel, então cada um ficava em um quarto em um hotel isolado durante 20 dias dentro de um quarto de hotel antes de embarcar, porque eles tinham, imagina, uma embarcação, quantas centenas de pessoas aí, um contaminado prejudicava toda a operação. E aí teve uma vez que eu entrei com um grupo e aí um senhor, era um senhor que ele começou assim, você sabe o que é estar embarcado, Virginia? Você não sabe o que você está falando. Mas ele falou, falou, ali acabou comigo ali, é fácil para você vir aqui…

Luciano Pires: No Zoom com mais gente ouvindo.

Virginia Planet: E cada um no seu quarto de hotel e a gente na tela todo mundo, e falou e falou e falou, e eu só ouvindo, eu falava, gente, ele precisa falar, ele está desesperado, e aí é o momento que assim, eu preciso me controlar, porque eu poderia falar, eu estou aqui para te ajudar. E eu me calei, eu falei, ele não está bem, e eu deixei ele falar, deixei, eu entendo, deixei, deixei, deixei falar, de repente ele começa a chorar e chora desesperado, eu falei, eu estou aqui para te ajudar, eu estou aqui para te ouvir, eu entendo que esse processo está sendo difícil para você. Mas ele precisava disso, no final chorou, um monte de gente chorou, e aí a gente conversou e falou assim, o que que a gente consegue fazer para a gente se cuidar? Porque, inclusive, teve caso de suicídio nesses hotéis assim, porque eram vários, de várias empresas que precisavam embarcar. E então assim, eu passei cada caso que as pessoas já não estavam mais aguentando, isso é insano, isso daqui não dá certo. E aí dava, imagina, tentavam dar tudo para eles, material para fazer ginástica dentro do quarto, cursos, qualquer curso que vocês quiserem fazer, a gente paga o curso online, os canais, sabe, de televisão para assistir filme, qualquer coisa, tudo disponível, mas o que que tirou? A liberdade.

Luciano Pires: Claro, imagina que loucura isso, o Big Brother Brasil já enlouquece os caras sabendo que estão ali para ir para um negócio legal, já deixa o pessoal louco, você está falando agora, eu estou lembrando, saiu um documentário agora do caso Nardoni, acho que está na Netflix, eu não me lembro se é na Netflix ou na Amazon, é uma delas.

Virginia Planet: Na Netflix.

Luciano Pires: E são alguns capítulos lá e tem um determinado capítulo lá, quando começa, quando estão em julgamentos, que eles pegam a mãe da criança, não a madrasta, não o casal que matou a menina, mas a mãe… matou, até hoje ninguém sabe direito, mas está lá bagunçado, mas a mãe da menina e aí no julgamento o advogado da defesa, eu não sei o que que ele colocou lá que ele pega, a mãe vai dar um depoimento e a mãe sai e ele faz com que os caras a obriguem a ficar trancada em um quarto no fórum, então ela não pode sair de lá enquanto o julgamento, contato com ninguém, ela fica trancada e nem a família pode falar com ela, e aí você vai vendo, eles vão contando lá, o estado que ela fica, a mãe desesperada, ela não pode falar comigo, trancaram minha filha, ela trancada lá dentro e ela era a mãe da criança, porque ela não podia contaminar de forma nenhuma. E o estado que ela fica, depois ela conta, cara, eu estava louca, eu enlouqueci ali dentro porque eu não podia falar com ninguém, não tinha contato, eu não podia ver minha família, não sabia o que estava acontecendo, eu não podia assistir o julgamento dos assassinos da minha filha. E que eu acho que esse é o grande lance que a gente aprendeu com a pandemia, você quando corta os laços, aí vai enlouquecer todo mundo, mesmo quem achava que não precisava, ah eu me dou muito bem sozinho, mas a hora que você corta a tua liberdade…

Virginia Planet: O poder de escolha, eu quero escolher, eu posso escolher ficar sozinha, mas eu posso mudar de ideia a qualquer momento.

Luciano Pires: Mas mesmo eu estando sozinha, eu sei que se eu precisar, está todo mundo aí, e agora me botaram em uma realidade que mesmo que eu precise não está todo mundo, eu não posso ir abraçar minha avó, não posso ir abraçar… cara, que doideira.

Virginia Planet: Foi… e a pandemia trouxe luz para isso, mas a coisa já tinha degringolado, os números já eram muito impactantes.

Luciano Pires: Mas eles não tinham importância nenhuma, não eram trazidos para a mesa de discussão como…

Virginia Planet: Não, nada. E aí quando você começa a analisar os números dentro das empresas, agora começaram, mas eu acho que o próximo passo é esse… aí vai ser o pulo do gato, quando os dados começarem a se cruzar, quando os dados assim de afastamento, de médico, sabe, como que fala? Atendimento médico, quando as pessoas vão no médico, quando tiver todos esses dados juntando com performance, com os KPIs, aí a gente vai ver se realmente esse líder de mão pesada, vamos ver se ele realmente dá resultado.

Luciano Pires: Eu fui na Bett Educar, que é a maior feira de educação que tem no Brasil, é um projeto mundial e tem uma versão aqui brasileira, é gigantesca a feira, você vai lá e tem stand que não acaba mais e todo lugar, todo lugar a moda é falar de educação socioemocional, então virou moda, onde você vai estar lá socioemocional, aquela história, vamos para o soft skills, que sempre foi meio que tratada como bobagem, cá entre nós, o pessoal fica puto da vida, mas sempre foi, chega na hora do vamos ver, passa um traço aí, eu quero saber o bottom line, se vai dar ou não vai dar, o resto é bullshit, e se tiver mal o negócio, corta essa grana, não vou investir em ninguém, tem que dar resultado e eu vou tratar as pessoas como se fossem máquinas. De repente, você está trazendo aqui essa ideia de que esses números já estavam aí, não vinham para a superfície talvez porque as pessoas não saibam lidar com isso, ou porque acham que isso é uma frescura, isso é uma tremenda de uma frescura, cara, eu fui tratado na porrada a vida inteira, como é que você vem agora querer me… ah não bate no seu filho, não é assim que se educa um filho, apanhei a vida inteira e não enlouqueci, como é que eu não posso? Então, eu acho que tem um choque de trazer isso para o primeiro plano, e quero voltar um negócio que a gente falou lá atrás, quer dizer, ao mesmo tempo que um cara ganha um Nobel porque pega a economia e joga todo esse intangível na economia, e fala, cara, economia comportamental é o que tem que ser olhado, não adianta você fazer conta matemática, porque números não representam o que acontece na vida da gente, há um reconhecimento de que isso é importante, mas ao mesmo tempo as empresas não estão investindo nisso, não estão preocupadas, sabe, não é Billions que paga uma nota para ter alguém ali e falar, olha o sujeito lá, chama ele na tua sala, vem cá, é interessante isso.

Virginia Planet: É, não tem, porque assim, no final das contas é o número que vale, certo? É uma empresa, tem que ser lucrativa, não tem jeito, eu preciso agradar o meu investidor ali, eu preciso ter um board feliz. Mas onde eu vou é que assim, é real esse número? Eu não acho que ele é real hoje, porque você tem outros dados ali que eles impactam esse resultado final e que a gente não está considerando. Então, às vezes a gente vai e fala assim, nossa, tem um líder ali, sabe, líder mão de ferro, que tem a mão pesada.

Luciano Pires: Eu chamo de cagonauta, ele cria um monte de cagões em volta dele e acha que a culpa é dos cagões, e não é dele.

Virginia Planet: Esse mesmo, e não é dele, exatamente. E aí fala assim, nossa, ele está… alta rotatividade no time, o pessoal não está engajado, mas o cara traz o resultado. Eu falo, qual o custo desse resultado, quanto está custando? Ah, o cara traz resultado, mas se esse líder está desse jeito, vocês não pensam em, de repente, trocar esse líder? Não, imagina, os alto… adora porque ele traz resultado. Então, o que eu vou é assim, será que esse cara traz resultado mesmo?

Luciano Pires: Ele está armando uma bomba, só que quando essa bomba explodir, ele já foi… eu vi isso acontecer claramente na minha carreira de… teve um caso interessante, os caras mandaram um gringo para cá, veio um gringo, o gringo chegou e fez terra arrasada, mas terra arrasada, um puta resultado. E aí maravilha, você está premiado, mandaram o cara embora e sobrou uma bomba que o próximo cara teve que vir para… nem desmontar, porque a bomba explodiu, e era interessante porque o responsável por aquele desastre tinha sido contemplado…

Virginia Planet: Premiado inclusive.

Luciano Pires: Premiado e foi para outro lugar, aí largou aquela… cara, era impressionante, quer dizer, eu estou falando para você de 30 anos atrás, então não é uma coisa nova, não é que está agora, mas deixa eu pegar um assunto aqui que é bem polêmico e tem a ver com isso. Bom, em um cenário como esse de tudo é novidade, esses números são, embora estejam aí, são novidades, de repente você é confrontado com uma necessidade de tomar decisões em cima de um tema que você não domina, que você não conhece, vou ter que chamar uma consultoria, chamo você, surge um mundo de coaches, mentores prometendo mágica e resolver o mundo, ganhando dinheiro que nem louco, aparecendo na televisão contando história, cara, a ponto de destruir o termo coach, o coach já foi detonado como outros termos foram lá atrás, porque vira um negócio vazio, qualquer um faz, e aí você se vê em uma situação em que você fazendo um trabalho sério, eu vou te dar a minha experiência como palestrante, eu estou lá tentando fazer uma palestra legal, chego no evento, tem quatro, cinco palestrantes, eu estou sentado, assisto o primeiro e o segundo, que são pavorosos, que faz todo mundo ficar em pé, vamos abraçar um ao outro, música do Airton Senna, reza no final, aquela conversa toda, bom, eu vejo aquilo, fico envergonhado e quando termina a performance do cara, o cara pega o microfone e fala, muito bem, com vocês agora o próximo palestrante, sou eu, então eu sou próximo, eu estou na mesma cesta, eu vou subir naquele lugar para… acontece com você, você está em um ambiente que está rodeado de gente assim, e aí, hein? Te incomoda, não te incomoda, há algum tipo de reação de quem faz um trabalho sério, é do jogo, e como é que faz?

Virginia Planet: Assim, eu vejo muito isso realmente, eu percebo que histórias, o que vende são histórias, sabe, dramáticas, a minha história. Mas eu falo assim, quando você entrega, eu falo assim, deixa eu fazer o meu trabalho, eu falo assim, o meu propósito é quando alguém de todas aquelas pessoas, se alguém vem no final e fala assim, nossa, Virginia, eu gostei tanto daquilo que você falou para mim, me fez refletir e a partir de amanhã eu vou fazer uma coisa diferente. Eu falo, é isso que eu queria, esse era o meu trabalho, vai vir muita gente, vai vir de tudo, eu falo, não, mas o que eu estou entregando é diferente. Então, eu não sei, vejo, mas…

Luciano Pires: E esses caras estão comendo o budget que pode te contratar, esses caras estão lançando sobre o teu trabalho uma nuvem, porque é lá vem ela, mais uma, acabou de passar uma aqui…

Virginia Planet: Não, agora virou todo mundo especialista em inteligência emocional, depois da pandemia todas as consultorias agora falam disso. Então, o que que eu vou fazer? Eu faço o meu trabalho e eu tento, mas não sei, eu tento não gastar minha energia, sabe, olhando para isso.

Luciano Pires: Você falou logo no começo lá que o Brasil é o terceiro…

Virginia Planet: É o… transtornos mentais é o terceiro motivo de maior afastamento do trabalho, é isso?

Luciano Pires: É, isso no Brasil, mas tinha alguma coisa no mundo, o Brasil era o primeiro em?

Virginia Planet: Transtorno de ansiedade.

Luciano Pires: Ansiedade, vamos falar de ansiedade, vamos falar de ansiedade um pouquinho. Eu nunca vi tanta criança com…

Virginia Planet: Com TDAH, diagnosticada de…

Luciano Pires: TDAH e com… eu nunca vi tanto na minha vida, sabe, de você olhar em volta e falar alguma coisa está acontecendo, está me parecendo que é uma epidemia que conseguiram o TDAH, que na minha época, primeiro que não tinha tanta criança assim desse jeito, segundo que não tinha esse nome, era tratado com alguma outra coisa, vou dar umas palmadas nela e está resolvido. E a impressão é que algo aconteceu para… e eu não sei se esse algo que aconteceu é químico, tem gente que diz que é o flúor na água, tem o outro que diz que é vacinação, tem um monte de gente tentando entender o que que está acontecendo, a questão é que está acontecendo algo, existe algo, autismo, a quantidade de criança autista, tem alguma coisa acontecendo, que a gente não sabe direito o que que é, e é de ordem mental, não é outra coisa. Você está olhando para isso também com relação à criança ou você só está focada em adulto?

Virginia Planet: Não, o meu foco é adulto, é corporativo 01:10:57, hoje o meu foco é corporativo, mas você sabe, quando você fala sobre isso, outro dia estava conversando com uma colega psicóloga que atende infantil, ela atende criança e ela começou a me trazer, foi uma percepção dela, que eu falei, vamos ver o que que vai acontecer, e ela falava assim, Vi, eu estou começando a receber adolescentes com sérios problemas por conta de medicamento. Então, o que que aconteceu? Esses diagnósticos, eles não estão vindo de agora, eles estão vindo já faz um tempo, e a gente começou a medicar essas crianças, e hoje essas crianças… e toda medicação, ela impacta no desenvolvimento do cérebro, e hoje a gente está com uma consequência por conta dessas medicações no cérebro, afetando o desenvolvimento dessas crianças. Então, não é querer ser… mas eu acho que a gente ainda vai descobrir coisas, porque essa medicação, o que que o médico faz? E aí quando você vai falar com o psiquiatra, imagina, a psicóloga vai falar com o psiquiatra, psiquiatra, vamos tentar tirar, vamos usar técnicas alternativas para tentar tirar a medicação, o psiquiatra não quer, vamos medicar, porque aí acalma a criança e fica todo mundo feliz, os pais estão felizes porque a criança está calma, a escola também fica feliz porque a criança está calma, não está atrapalhando a sala, mas agora a gente vai ter uma consequência, porque um medicamento, ele vai fazer algo no cérebro, não é possível que não vai acontecer nada. Então, eu acho que ainda vai vir coisa, eu vejo nas escolas, eu vejo… eu tenho três filhos e eu vejo as crianças, que hoje a educação, ela não está acompanhando mais assim esse novo momento, qualquer coisa que eles querem eles pesquisam, eles já sabem onde encontrar, eles estão em outro nível de como que eu vou adquirir o conhecimento, então, sabe quando existe… está defasado isso, os professores estão enlouquecendo com essas crianças, claro, e aí o que que faz, reclama para a família, a família medica a criança para acalmar, e aí fica todo mundo feliz, mas qual que vai ser a consequência disso? Então, você entende que é um processo, é uma escola que mudou, essa criança mudou hoje, o aprendizado não vem mais como a gente teve na escola, está diferente, e a gente tem que aceitar isso daí, a gente vai ter que adaptar, como? Não faço a mínima ideia. E aí vem essa escola que não aguenta mais essa criança, a família também não aguenta mais e vamos medicar e ver o que que vai acontecer.

Luciano Pires: Sim, a velocidade de adaptação dessa escola não segue essa demanda, é muito mais rápido o remédio novo, saiu uma nova droga aqui, manda bala, porque ninguém vai adaptar o processo para…

Virginia Planet: Exato. Então, eu vejo meus filhos assim, a gente quer brincar, a gente quer correr, a gente quer…

Luciano Pires: E essa criançada é a mão de obra que vai… com a qual você vai lidar logo mais à frente.

Virginia Planet: E que vai sustentar a gente na aposentadoria, eu estou com medo do que vai acontecer.

Luciano Pires: Cara, em 2004, eu lancei um livro chamado Brasileiros Pocotó, reflexões sobre a mediocridade que assola o Brasil. Lá em 2004 eu dizia, cara, vai dar merda, porque é seguinte, só tem porcaria na televisão, e você deve estar perguntando para mim aqui, você que é da empresa e tal, o que que você tem a ver com o Gugu Liberato, o Gugu Liberato não tem nada a ver com você, e lá eu dizia o seguinte, cara, tem tudo a ver, porque ele está fazendo a cabeça desse menino de 20 anos que você vai contratar, quando você contratar esse garoto para trabalhar na tua empresa, esse garoto vem com a cabeça feita pelo Gugu Liberato, então você tem que se preocupar com isso sim, porque você vai ter que completar aquilo tudo o que foi destruído com essa porcaria da televisão. Eu não estava nem falando dessa questão toda emocional de droga, quer dizer, é muito mais sério hoje do que era lá em 2004, embora naquela época já estivesse acontecendo isso, mas eu acho que com o tempo, com essa ampliação de diagnósticos, com droga e tudo mais, nós estamos criando uma bomba relógio aí talvez.

Virginia Planet: Eu acho, porque eu vejo muito assim, realmente tem mais diagnósticos hoje, então você tem mais profissionais, por exemplo, você tem muitos neuropsicólogos, cada vez mais neuropsicólogos se formando para fazer um diagnóstico de TEA, por exemplo, então assim existe um diagnóstico que antes não tinha, porque a gente não tinha profissionais qualificados para fazer um diagnóstico.

Luciano Pires: E isso é bom?

Virginia Planet: Isso é bom.

Luciano Pires: Isso não é ruim?

Virginia Planet: Isso não é ruim, eu acho que começa a ficar preocupante quando você, e aí esse é o cenário, o que que a gente faz agora? Vamos criar alternativas, não precisa sair medicando todo mundo. Então assim, temos o diagnóstico, você vê que hoje você tem muito diagnóstico de TEA, autistas adultos, que passaram a vida inteira sem saber que eram autistas, e hoje é um alívio que fala, eu entendi porque eu era assim, a família entende, e é um alívio isso.

Luciano Pires: Que doideira. Para onde nós vamos, o que que você está vendo aí? Para você está uma festa, porque quanto mais rolo der, mais trabalho…

Virginia Planet: Então, mas sabe que assim, o que que vejo… porque o meu foco é o corporativo, eu quero trabalhar dentro da empresa, e aí eu recebo muito assim, Virginia, nossa, a empresa está o caos, está, nossa, o número de afastamento está alto e recentemente tive não sei quantos casos de burnout, aconteceu não sei o que, nossa, aquele cenário, vamos fazer uma palestra? Aí eu falo, é sério?

Luciano Pires: Você não vai resolver com uma palestra.

Virginia Planet: Claro que não. Eu falo assim, então assim, você está me apresentando um diagnóstico de fratura exposta e você está me pedindo um band-aid, porque é isso que a gente vai fazer, vai colocar um band-aid em uma fratura exposta. Você faz uma palestra? Eu faço, mas não é aí que vai resolver o seu problema.

Luciano Pires: Você está tocando em uma coisa que para mim é fundamental, que os caras chamam, vem fazer uma palestra aqui, eu falo, cara, ninguém vai resolver a tua vida com uma palestra, o que que a palestra serve? A palestra é um momento em que você consegue, é um tiro de canhão, não é um sniper, é um tiro de canhão, você junta tudo aquilo que a empresa te deu, bota em um… isso vai estourar uma bomba, é aquele momento em que você fala, moçada… entendeu, olha o assunto é isso… abre uma série de momentos, você reforça algumas ideias, reforça conceitos, traz algum tipo de conhecimento, sempre superficial, mas a partir dali algo tem que acontecer que não é o palestrante, ou a empresa implementa algum tipo de mudança ou o palestrante fala, muito bem, agora eu vou dar continuidade, vamos fazer um projeto que vai durar x tempo, nós vamos entrar agora com um pouco mais… quer dizer, a palestra não é varinha mágica.

Virginia Planet: Então, eu recebo muito. Assim, adoro dar palestra, amo dar palestra, mas ainda não é o que vai resolver, então assim, o nosso foco hoje como consultoria, como House of Feelings é assim, deixa eu te ajudar, deixa eu te ajudar nesse processo, deixa eu te mostrar, eu vou te ferramentar, eu vou trazer, vamos entender, vamos ouvir. Você sabe que teve um dia que a gente fez reunião com uma empresa que tinha quatro pessoas do RH, eu e minha sócia, quatro pessoas, eu e minha sócia, aí falaram assim, a gente gostaria de um conteúdo, a gente quer conteúdo de vocês, pode ser vídeo, mas tem que ser coisa curta, pode ser um material enfim, para consumir, a gente subir na plataforma e tal. Aí a gente começou a fazer perguntas, mas por que que vocês querem isso? Porque os nossos líderes, eles são super desengajados com aprendizado, não vão atrás, a gente faz curso e eles não entram, então assim, para vocês terem uma ideia, lá em um curso começa 10, no dia seguinte tem 1 participando. Aí eu com a minha sócia assim, e aí vocês querem mais conteúdo, só querem o conteúdo? É, só o conteúdo. Mas que tal a gente entender porque que essa liderança não está consumindo o que vocês já têm hoje, vamos tentar ouvir esses líderes, então vamos fazer um diagnóstico, entender o que que eles estão precisando hoje para a gente direcionar, porque de repente a gente faz alguns encontros atendendo o que eles precisam, usa o que vocês já têm hoje e a gente complementa com o que precisar. E aí você via as carinhas assim, tá bom, pode mandar. Mas claramente qual que foi a leitura que a gente teve, ah não, Virginia…

Luciano Pires: Não enche o saco, não dá trabalho, isso…

Virginia Planet: Não quero, não, não, não, grava um vídeo porque é isso que a gente tem que seguir.

Luciano Pires: Eu subo na plataforma, o vídeo fica lá.

Virginia Planet: Pronto.

Luciano Pires: Gastaram dinheiro, vão gastar uma grana e não vai trazer resultado nenhum.

Virginia Planet: Mas não quer mexer porque vai dar trabalho, porque vai cutucar, e para a gente fala, a gente faz? Faz, mas a gente…

Luciano Pires: A tua remuneração é o resultado do trabalho, é o feedback do cara, meu, não é a grana que você ganhou ali. Isso é uma briga que eu tenho há bastante tempo, os caras dizem, uma vez aconteceu comigo um lance que eu tive um cliente, grande banco que me ligou, queria fazer palestra, chegou na hora da palestra, quando eu fui subir no palco, o cara, era uma hora e vinte, agora você tem 30 minutos, na hora de subir no palco com a palestra toda estruturada. Aí eu armei uma puta confusão, chamei o diretor, eu falei, eu não vou subir no palco, eu não vou, eu vim preparado para uma hora e vinte, não vou fazer uma palestra de 30 minutos. E aí o diretor veio, o que que aconteceu? Não, vai fazer a de uma hora e vinte, e aí eu peguei e fiz a palestra. Depois eu contei isso para um amigo meu, fiquei puto, arrumei um puta barraco lá, me recusei a subir porque não foi o combinado. E na verdade, eu estava brigando para entregar 110% do que tinham comprado, esse amigo virou para mim falou, bicho, para com isso, vai lá, faz meia hora e foda-se, pega o teu dinheiro e vai cuidar da tua vida. Eu falei, cara, você não entendeu nada, eu não estou subindo no palco por causa do dinheiro que os caras estão me pagando e não estou achando o máximo ficar 30 minutos ao invés de uma hora e vinte, eu, por mim, ficava duas horas, depois que eu subi no palco, cara, sai da frente.

Virginia Planet: Entra no estado flow, você perde a noção.

Luciano Pires: E eu quero dar o melhor, eu quero entregar para o cara 150% do que ele comprou. Não, você é um puta de um trouxa, faz a meia hora, pega a tua grana e vai embora. Quer dizer, trouxa eu, porque tem um monte de gente fazendo isso, trouxa eu, e que a gente fica tentando…

Virginia Planet: Mas sabe que… é uma boa reflexão para a gente, acho que nós dois, porque assim, será que esse cliente, ele quer isso, ele quer esses 110, 150%?

Luciano Pires: Ele nem sabe o que ele quer, ele nem sabe, ele quer terminar o negócio, os caras, que legal, que maravilha, que maravilha, então, se sou eu ou é a Ludmilla no palco não tem menor diferença, desde que no final o cara, que maravilha, que legal que foi, que bonito lá. Esse é o ponto, a gente sentou aqui para conversar um pouco antes, lembra que eu te falei, cara, teve uma juniorização no mercado que está me preocupando muito, porque há dez anos atrás, eu ia chamado para fazer uma palestra, eu sentava na frente do vice-presidente da empresa, o cara me dava uma aula de estratégia, chegava, eu quero isso, eu quero aquilo, eu quero você aqui por causa disso, disso e disso. Hoje, me liga a assistente da supervisora do departamento de não sei o que do RH para dizer para mim o seguinte, olha, eu tenho aqui uma hora entre a premiação e o jantar, tem uma hora lá, eu preciso de uma palestra lá. O que que você quer? Eu queria motivar as pessoas. Cara, e daí, quer dizer, que posso chegar lá e fazer uma mágica e foda-se, pode. E aí ele vai olhar e falar, tenho quatro palestrantes aqui, um cobra 10, outro 15, outro 2 e o outro 8, que esse é o mágico, esse aqui… outro dia aconteceu isso, o cara mandou para mim os orçamentos, eu falei, cara, você está me comparando, tem eu, tem um mágico, tem um músico e tem um bonequeiro, os quatro para ocupar, você não sabe o que você quer, entendeu? Você não tem a menor ideia do que você quer, então escolhe pelo preço, leva o mais barato e dane-se. O que para mim é uma tremenda frustração porque a minha paga é no dia seguinte entrar na internet, ver o cara no Instagram, cara, que puta palestra maravilhosa, essa é a minha paga, não é o dinheiro que eu ganhei ali, senão eu formatava um treco ali, vou fazendo lá. E é ruim, porque isso acaba… mentalmente eu fico mal, a gente fica mal.

Virginia Planet: Mas é isso que está acontecendo assim, eu falo assim, quem quer me ouvir, quem quer mudar? Porque de todo mundo, tem gente que fica me olhando com cara de ué, e está tudo certo, mas quem quer depois vai vir me procurar, poxa, Vi, gostei que você falou isso, nossa, que… e toda vez que eu vou, qualquer encontro eu falo, entra no meu Linkedin, me aciona, qualquer coisa que você precisar, você quer dica de livro, você está com dúvida, eu estou à disposição.

Luciano Pires: Eu tenho uma palestra minha para a garotada, chama-se geração T, T de testemunha, a geração que sabe tudo o que acontece, mas não tem a menor ideia do porquê que acontece, e eu começo a geração, abro lá com um número gigante na tela, 5% está na tela, aí eu conto a história para a molecada, eu falo, é o seguinte, nessa sala aqui tem 100, 100 garotos, 5% vão dar muito certo na vida, os outros 95 vão se arrebentar, e não é porque é vocês, é assim em qualquer lugar, se eu tivesse 100 policiais, 5% dariam certo, 100 médicos, 5%, 100 jogadores, é sempre assim, 5% vão dar muito certo, os outros 95 não vão dar, eu gostaria de estar aqui fazendo uma palestra para os 5%, mas como eu não sei quem é, eu vou dar palestra para todos vocês, os 5% aproveitam. Agora eu queria fazer uma pergunta aqui, quem de vocês acha que faz parte dos 5%? Todo mundo levanta a mão. Falei, bom, 100% levantaram a mão, essa conta não fecha, então presta atenção, o que que os 5% vão fazer, vão prestar muita atenção, vão estar anotando, vão estar preocupados, vão querer saber o que estão ganhando, vão me procurar depois, que é o pessoal que espera um pouquinho, eu quero trazer alguma coisa, eu vou empatar uma hora da minha vida te ouvindo, isso tem que servir para alguma coisa, agora se eu comecei a ouvir, me enchi, eu não sou mais os 5%, vai cuidar de outra coisa, vai cuidar de casa, vai fazer outra coisa, entendeu? Mas isso é complicado. Bom, para te achar, vamos lá, fiquei interessadíssimo no teu trabalho quero saber como é que eu faço para te encontrar, eu vou procurar você aonde?

Virginia Planet: No Linkedin, você me acha no Linkedin, Virginia Planet.

Luciano Pires: Virginia Planet, @virginiaplanet no Linkedin.

Virginia Planet: @virginiaplanet no Linkedin, tem o Linkedin e o Instagram da House.

Luciano Pires: Então é House of Feelings.

Virginia Planet: House of Feelings, e no meu Instagram, que é o meu Instagram pessoal ali dá para saber um pouco da minha jornada.

Luciano Pires: Também @virginiaplanet. E tem site também, tem o site da…

Virginia Planet: Tem o site, www.houseofeelings.com.

Luciano Pires: houseoffeelings.com.

Virginia Planet: E ali um pouquinho mais do que a gente faz…

Luciano Pires: Já lançou seu livro ou não?

Virginia Planet: Não, mas vai…

Luciano Pires: Vai sair?

Virginia Planet: Vai, tem que sair.

Luciano Pires: Legal, trabalho interessante, eu fiquei bem interessado em conhecer mais ele aí, mas obrigado por ter vindo aí.

Virginia Planet: Obrigada pela oportunidade.

Luciano Pires: Espero que você tenha gostado do papo aqui, a turma vai gostar de ouvir, acho que você vai receber um chamado lá, o que nós estamos mais precisando aí é gente para tratar da mente, sabe, que está muito complicado aqui.

Virginia Planet: Exatamente, pelo menos olhar para ela.

Luciano Pires: Isso aí.

Virginia Planet: Obrigada.

Luciano Pires: Obrigado, querida. Tchau tchau.

Luciano Pires: Muito bem, termina aqui mais um LíderCast, a transcrição deste programa você encontra no LiderCast.com.br.

Voz masculina: Você ouviu LíderCast com Luciano Pires, mais uma isca intelectual do Café Brasil, acompanhe os programas pelo portalcafebrasil.com.br.