
LíderCast 295 – Gustavo Cerbasi
Luciano Pires -Luciano Pires: Bom dia, boa tarde, boa noite, bem-vindo, bem-vinda a mais um LíderCast, o PodCast que trata de liderança e empreendedorismo com gente que faz acontecer. Hoje trago pela segunda vez no LíderCast, meu amigo Gustavo Cerbasi, Gustavo é um grande batalhador pela educação financeira no Brasil. Depois de 24 anos de carreira, 16 livros e dezenas de turmas em seus cursos online, Gustavo está batendo forte na tecla da riqueza da vida simples, que é o título do seu livro mais recente, uma conversa de dois compadres sobre a dificuldade do planejamento financeiro no Brasil, das descobertas da maturidade e da missão de educar toda uma sociedade para que aprenda a ter uma vida plena.
Muito bem, mais um LíderCast, aqui eu vou até pular a apresentação toda porque de novo, a gente já se viu tantas vezes gravando aqui que é legal, e o legal do Gustavo é que ele… eu dou um toque para ele, ele atende na hora e a gente está sempre aqui trocando umas ideias, e nunca é papo furado, então para você que está acostumado a ouvir PodCasts de adolescentes de 30 ou 40 anos falando bobagem, contando piadinha, com nhenhenhém, aqui não tem, quem vem escutar o LíderCast vem porque quer se incomodar, quer se incomodar em que sentido? Cara, vamos falar de coisas que tem a ver com crescimento pessoal e profissional, essa é a intenção da gente aqui, não é trazer super celebridades para contar como é que foi que ela rompeu o seu último casamento, nada disso, cara, aqui é papo de gente adulta. E com essa loucura toda que está o mercado aí, essa doideira que aconteceu no mundo, aliás de semana para cá, guerra, uma guerra nova, que doideira, tem um clima geral de apreensão, todo mundo angustiado, saímos de uma pandemia misturada com uma politização do mercado gigantesca, todo mundo enlouquecido, e a gente entrou, tem uma grande angústia que impacta a gente em todos os sentidos, tudo aquilo que eu quero fazer na minha vida hoje eu penso 10 vezes. Tem amigos meus que me ligaram, estava conversando outro dia, a Dani, você conhece a Dani, a Dani eu estava conversando com ela esses dias, ela falou, cara, eu sempre, quando aparecia um problema, eu matava no peito, desenrolava e fazia, e agora eu estou pensando 10 vezes, já não consigo desenrolar mais, já fico preocupada. Um outro amigo meu que é um baita investidor, falou, cara, eu estou pensando 10 vezes antes de dar um passo, quer dizer, tem uma angústia no mercado. E aí eu estava trocando umas ideias aqui, lembrei, deixa eu chamar o Gustavo aqui, vamos falar sobre a angústia do ponto de vista econômico, até porque você partiu para uma visão um pouco mais filosófica da questão da economia, falei, cara, vou trazer ele de novo, então você que está me ouvindo aqui, se quiser ouvir aquela história toda, de onde você veio, vai ouvir o LíderCast anterior, que está lá toda a história do Gustavo, então temos aqui hoje Gustavo… deixa eu começar parecido, assim a gente continua, seu nome, sua idade e o que que você faz?
Gustavo Cerbasi: Vamos lá, Gustavo Cerbasi, 49 anos, quase chegando nos 50, completando 24 anos de dedicação à educação financeira e à inteligência financeira, durante muito tempo one man show, palestrante, escritor, tudo o que fazia era eu, meus artigos, meus trabalhos, obviamente com muita gente me ajudando nesse processo, mas atualmente sou sócio de uma plataforma de planejamento financeiro, a Super Rico, em que agora tem um exército de pessoas trabalhando com a minha metodologia, com a minha reputação, para democratizar a organização e o planejamento financeiro para muitas famílias no Brasil.
Luciano Pires: Legal. Gustavo, tem uma questão aí que acho que é até cultural, a gente sempre fala disso, o brasileiro é muito ruim em planejamento financeiro, e quando você pega alguém que é do mercado e conhece, o cara fala, compara com o Japão, o Japão tem um nível de poupança muito alto, o brasileiro não tem. Então, é uma questão cultural, brasileiro não sabe lidar com dinheiro e vem lá de baixo, não é que não aprendeu quando era adulto, não, aprende quando era criança na escola, começa ali. Você sempre viu isso, cara? Isso sempre te incomodou? Como é que você…
Gustavo Cerbasi: Sempre, sempre, se eu falar que é bom que quando você me chama eu te atendo, para amigos e amigos que são bons para esse tipo de reflexão, a gente atende o quanto antes. Eu há muitos anos acompanho o seu trabalho, desde o comecinho, desde a descida do Everest, quando começou a se tornar conteúdo, da mesma forma que você se incomoda esse tempo todo com o nível de ingenuidade, ignorância das pessoas do ponto de vista a política, da sociedade, do comportamento, eu me incomodo da mesma forma com relação às finanças. Não precisa ser assim, nós temos muitas qualidades, muitas oportunidades que bastam um grãozinho de habilidade, um pouquinho de conhecimento, talvez exercitar um pouquinho a musculatura cerebral para você poder aproveitar oportunidades que o mundo inteiro não tem, o Brasil tem clima estável, o Brasil tem uma sociedade em desenvolvimento, tem uma cultura financeira em evolução, quando eu comecei o meu trabalho lá em 2002 que eu escrevi o primeiro livro, o produto de crédito número 1 no mercado de utilização, que mais CPFs utilizavam, era o cheque especial, hoje está em quarto ou quinto lugar, mas os brasileiros que precisavam de grana recorriam ao cheque especial que já era caro naquela época. Naquela época o investimento número 1 no mercado era a poupança, ainda está lá disputando o primeiro e segundo lugar, porque muito se escreveu, muito conteúdo se trabalhou nesses anos, mas também o tamanho da pizza aumentou, o mercado financeiro brasileiro era muito pequeno lá em 2002, era uma elite, era um clube de poucas pessoas, e hoje qualquer pessoa com 30 reais pode abrir sua conta em um banco digital, pode ter um rendimento de 100% do CDI, pode comprar um título público.
Luciano Pires: Quando você fala do… você falou cheque especial, depois falou poupança, não é assim porque é muito fácil, você vê o pix agora, olha o que aconteceu com o pix, o pix é um fenômeno, é tão fácil que o custo de entrada é zero, ele não precisa aprender nada.
Gustavo Cerbasi: Exatamente, o cheque especial por quê? Porque bastou acabar o dinheiro que você já aciona, se em algum momento lá atrás você autorizou o banco a te dar essa oportunidade, entre aspas, e aí você nem precisou pedir, não precisou passar pela suposta vergonha de pedir, já está usando. Poupança porque Vovô fazia, papai fazia, as pessoas mantêm uma tradição, hoje, nem de longe é um produto competitivo, mas as pessoas mantêm por tradição. Agora, você tem razão, que por ser conveniente, por ser automático as pessoas aderem rapidamente, o pix tem a grande vantagem de ser simples de usar, cadastro é algo praticamente burocracia zero, você baixa um aplicativo de um banco digital, você tira foto do seu documento, sua foto ali, pronto, a conta está aberta, você já pode fazer pix, a grande sacada do pix é que agora todo pagamento instantâneo é rastreado pelo Banco Central, a grande sacada do pix é combater a informalidade e isso é uma arma poderosíssima para o governo, aí aquele que falava não, mas vamos fazer em dinheiro porque é mais conveniente, ficou tão fácil usar o pix, que as pessoas agora até aceitam sair da informalidade e prestar contas para o governo de forma indireta, diante do quanto que isso facilita os negócios.
Luciano Pires: Até por segurança, a vendedora do Yakult, toda semana ela vem aqui, ela não anda com dinheiro no bolso, ela não vai ser assaltada na esquina.
Gustavo Cerbasi: É uma combinação de benefícios, você tem do ponto de vista da sociedade, o governo que tem um controle melhor da circulação de dinheiro, do ponto de vista de segurança, uma sociedade que está violenta, principalmente nas grandes cidades, você elimina boa parte do problema, obviamente que multiplicou o número de assaltos sequestros, que a pessoa não só pega o celular, mas leva a pessoa para poder mostrar o rosto ali no telefone e desbloquear, mas a gente tem que conviver com a transição de tecnologias, mas sem dúvida é uma solução que por ser conveniente se massificou rapidamente, a pandemia facilitou isso, as pessoas não queriam ir para o banco, e aí o pix nasceu junto com o momento que as pessoas tinham que ficar em casa, mas queriam receber o benefício lá da Caixa Econômica durante a pandemia, então tudo isso combinado resultou na adesão muito rápida à uma tecnologia que ela é um ganha ganha para todo mundo, os bancos saem perdendo no primeiro momento, porque tinha uma receita significativa com doc, ted, pagamentos instantâneos, mas o número de pessoas que se bancarizou, que aderiu ao sistema, é um número que justifca a queda de receita no pagamento instantâneo para o banco poder oferecer outros serviços, por exemplo, o crédito mais popular, o investimento mais popular, e na prática todo mundo sai ganhando.
Luciano Pires: E aí eu quero começar a fazer investimento, eu ligo para o banco, e o cara começa a falar em CDI, CBI, CTT, PQP, 3%, 10%, cara, eu fico enlouquecido porque eu vou ser obrigado a entrar em um mundo que sempre foi tratado como uma coisa extremamente complexa e eu quero ficar longe disso, e aí não me estimulo a desenvolver uma cultura de investimento na minha cabeça.
Gustavo Cerbasi: A gente passou por um período muito interessante, muito rico, Luciano, que foi essa moda dos influenciadores financeiros, como toda moda vem com ônus e com bônus, então o bom é que lá em 2002 eu lamentava que faltava uma educação financeira para o brasileiro, essa educação financeira surgiu, foi surgindo aos poucos com conteúdo, com livro, com eventos, deu um boom em 2015, 2016 com o surgimento dos influenciadores financeiros, pessoas que tem lá 5, 6, 10 milhões de seguidores nas redes sociais e isso atraiu muitas pessoas que não tinham exatamente uma base financeira, uma formação para também atuar como palpiteiro no assunto, como toda moda, aconteceu lá atrás com a moda da alimentação saudável, anos antes com a moda dos exercícios saudáveis, chega uma hora que algum órgão regulador fala, espera aí, vocês estão exagerando, não dá para comer qualquer coisa, fazer qualquer exercício, tem gente morrendo, estamos com a CVM agora trazendo uma regulamentação específica para limitar a atuação dos influenciadores financeiros justamente porque tem muita gente dando palpite que leva as pessoas para o buraco. Mas nesse momento que começa a depurar, começa a baixar a poeira da moda, os especialistas voltam a ganhar destaque, só que a população brasileira já tem uma consciência legal do que fazer e do que não fazer, nós temos 78% dos brasileiros endividados, a mesma pesquisa que mede quantos estão endividados pergunta, por que você acha que está endividado? E o brasileiro sabe, eu estou endividado porque eu não tinha uma reserva de emergência quando perdi o emprego, eu estou endividado porque confiava na estabilidade da minha renda e veio a pandemia, eu estou endividado porque…
Luciano Pires: Comprei a minha TV de 60 polegadas em 135 parcelas e não fiz a conta que dava para comprar quatro TVs…
Gustavo Cerbasi: Fui muito otimista achando que acabou a pandemia e ia voltar emprego, então a pessoa sabe os fundamentos do porquê está endividada, o que que está faltando? Já temos educação financeira, falta inteligência financeira, que é a capacidade de a pessoa colocar em prática aquele conhecimento que ao pesquisar no Youtube, por exemplo, encontra, você quer saber como investir em renda fixa, dá um Google, Google não, desculpa, vai lá no Youtube, digita renda fixa, vai vim milhares de vídeos te explicado desvantagens da poupança, como escolher, qual que é o melhor produto, o que que há de melhor agora. Agora, por que que as pessoas não colocam isso em prática tão facilmente? Porque tem medo, porque sabem que nessa boa orientação tem também orientação ruim, tem aquele influenciador que diz que qualquer pessoa pode investir em ações de pequena empresa, aquele influenciador que diz que cryptoativo é investimento, não é, é uma aposta. Então, como se multiplicou a fonte de informações com pessoas opinando sobre o assunto e também a fonte de informações sobre os alertas de riscos, as pessoas sabem que têm informação, mas já estão mais cautelosas, então agora o mercado começa a meio que deixar para trás aqueles palpiteiros, e aqueles educadores que têm mais experiência, mais consistência começam a ganhar espaço novamente.
Luciano Pires: É sempre assim, é impressionante, você estava falando aí, eu estava lembrando, nossos tempos de palestra, um monte de… o que mais tem no Brasil é palestrante, e tem palestrante e palestrante, de repente o mercado cansa, eu peguei clientes meus que falavam, eu parei de fazer palestra há cinco anos porque eu não aguentava mais, você é o primeiro que eu trago depois de cinco anos porque eu não aguentava mais, tive tanta coisa ruim aqui que… é em tudo.
Gustavo Cerbasi: Você dá um bom exemplo, Luciano, vamos supor que surge uma tecnologia nova, por exemplo, cryptoativos, por que que eu posso falar com alguma propriedade sobre cryptoativos? Porque eu vi muitas tecnologias novas surgirem nos últimos 24 anos de carreira em que eu me dediquei a entender os produtos, criticar os produtos, dar aula sobre os produtos, por que que você é palestrante? Porque fala da sua experiência de vida, da sua experiência executiva, daquilo que você viu funcionar e não funcionar e vem compartilhar experiência. A partir do momento que eu vi nascerem cursos de formação de palestrantes, eu meio que me desapontei com o que viria pela frente, é como se qualquer pessoa pudesse compartilhar qualquer experiência, não, primeiro tem que ter uma experiência que envolva lições, aprendizados, erros e acertos, e uma certa habilidade que a gente vai desenvolver com a experiência, com o dia a dia, liderando pessoas, não adianta eu tentar seguir regras chave de uma palestra padrão, você já viu muitas pessoas virem no palco, esse cara fez algum curso, porque ele está procurando o momento de chorar, o momento de fazer rir…
Luciano Pires: É tudo fake, cara.
Gustavo Cerbasi: Dá uma vergonha alheia.
Luciano Pires: Se dá. Eu falo que o meu problema é estar sentado assim, e quando termina esse circo, entra o apresentador e fala, muito bem, com vocês agora o próximo palestrante.
Gustavo Cerbasi: Um bom palestrante é aquele cara que pode ser pego de improviso e fala, faltou um palestrante, fala, Luciano, você acabou o seu tempo, topa estender o seu tempo, falar mais do assunto? Cara, você vai… se você tiver duas horas, quatro horas ou oito horas você vai dar um show do mesmo jeito, porque na verdade não é aquela palestra de uma hora que você formatou bonitinho com slide da cor do cliente que, na verdade, faz a diferença.
Luciano Pires: Aquilo é o show formatado.
Gustavo Cerbasi: Aquilo é um guia.
Luciano Pires: Terminou o show, vem cá, me dá o violão aqui, me deixa fazer…
Gustavo Cerbasi: Faz seu acústico.
Luciano Pires: 2018 eu fui para os Estados Unidos, participei de um evento da National Speakers Association dos Estados Unidos, lá em… onde foi? Não foi em Baltimore, bom, fui para lá, e cara, foram três dias de eventos e teve alguns momentos lá que eles tinham… era uma disputa onde ele dava para você assim, escolhia lá 12 palestrantes, se inscreveram antes e toparam ir lá, onde eles tinham cinco minutos para fazer uma palestra, e nesses cinco minutos, quem tinha slide tinha que ser automatizado, o slide começava a andar e não parava, então não estava o controle na mão do cara, soltava… e cara, cada um tinha cinco minutos, e foi sensacional porque foi todo tipo de palestrante eu vi ali em 12 caras, então tinha o cara fake que você via esse cara está… não é ele, é um personagem, inventou uma história, leu isso aqui, está recitando, ele não está sentindo, tinha um outro que usava… bom, no final das contas o mais aplaudido, o mais legal foi uma mulher que subiu ali, conversou com a gente como se tivesse na cozinha da casa dela, não tinha nada, não tinha impossação de voz, não tinha nada, era tão verdadeiro aquilo que você falou, cara, essa mulher é um demônio, ela pode falar do que ela quiser ali em cima que eu vou ficar preso nela, porque ela não impostação, e antes dela tinha entrado um cara lá que subiu, pegou o microfone e falou, e agora… bom, isso é fake. Então, essa coisa do talento, é a coisa do Neymar, joga a bola no pé dele, o moleque sai fazendo que nem um louco. Mas vem cá, vamos voltar para a nossa trilha aqui, você falou 24 anos você está nessa…
Gustavo Cerbasi: 24 anos dedicados à educação financeira.
Luciano Pires: Quantos livros?
Gustavo Cerbasi: 16 livros, o mais recente A Riqueza da Vida Simples, 3.2 milhões de exemplares vendidos, uma boa história, e continua vendendo bem, eu estou surpreso porque os meus livros no formato físico, eles ainda vendem muito mais do que no formato online, o que significa que eles são presenteados, muitas pessoas compram para dar de presente para os outros e muito orgulho desse conteúdo compartilhado.
Luciano Pires: Sabe que você está falando um negócio interessante, que outro dia alguém mandou para mim dizendo o seguinte, não é byte, ele usou um outro termo que diz respeito ao não físico, não era o byte, como é que ele falou? Cara, era genial a frase, ele falou alguma coisa assim, o byte não tem sentimento, entendeu? Eu te dar um e-book de presente não acontece nada, agora eu pegar um livro físico na mão, Gustavo, eu trouxe para você, olha a minha dedicatória, tem um lance ali do possuir que não há…
Gustavo Cerbasi: Como se criou o pix, alguma coisa assim.
Luciano Pires: Não há e-book que ganhe. Mas eu estava te perguntando seguinte aqui, eu te acompanho há muito tempo, eu consigo ver claramente uma mudança tua de postura ao longo do tempo quando você vai, você vai saindo da prática do dia a dia que está presente, você continua com ela lá, ou seja a matemática está contigo, você não largou dela nunca, mas há um momento em que você começa a adotar uma postura mais filosófica, vou falar daí filosofia da educação financeira e não da matemática em si, matemática é uma coisa que a planilha resolve lá, mas antes disso tem uma filosofia que tem a ver com o meu ponto de vista e que desemboca no teu livro mais recente, que é a coisa da vida simples. Então, sai daquela história de, cara, ganhei dinheiro, fiquei rico, já tenho meus quatro apartamentos, meu sítio, de repente eu olho e falo, para que isso tudo? E vai desembocar em uma tendência que o mundo inteiro está falando aí de ser mais simples, de reduzir, como é que é, os estúdios de 24 metros quadrados, e tudo mais. Como é que isso acontece? É uma compreensão que você tem do uso… não quero dizer do dinheiro, do uso do… o americano chama de wealth, do uso da tua riqueza que te leva à essa compreensão, é uma ideia de você olhar e falar, cara, eu virei escravo de um mercado que obriga a consumir e quero me libertar disso, como é que você faz essa evolução?
Gustavo Cerbasi: Luciano, é um amadurecimento tanto do Gustavo Cerbasi, quanto da ciência que o Gustavo Cerbasi produziu, por quê? Eu parti do zero, eu não fui tentar fazer melhor ou que alguém estava fazendo mal feito no Brasil, na verdade, eu quando fui convidado a dar aula de contabilidade, eu comecei nas primeiras aulas a perceber que professor jovem pegava as piores turmas, o que que eram as piores turmas? Eram os alunos que não queriam aprender contabilidade, então no MBA finanças pegavam os melhores professores de finanças para dar aula de contabilidade e finanças, no MBA em marketing, que é uma área que odeia finanças, pegava os professores menos experientes para dar aula de finanças para quem não queria aprender. E eu me sentia muito sacaneado naquele momento, aula sexta-feira à noite, aula sábado à tarde, pegar uma turma sem tesão nenhum. Quando eu comecei a trabalhar a contabilidade para quem não queria aprender contabilidade, eu comecei a trabalhar finanças pessoais, e foi ali a sementinha que me levou a escrever o primeiro livro, quando as pessoas perceberam que aquele ferramental de contabilidade quando traduzido para o dia a dia da família tinha muito valor.
Luciano Pires: Qual que era o primeiro? Casais…
Gustavo Cerbasi: Não, Dinheiro: Segredos de Quem Tem. Na sequência veio Casais Inteligentes Enriquecem Juntos. Então, quando eu escrevi Dinheiro: Segredos de Quem Tem, era a evolução de uma apostila de aula que o Roberto inint 22:00 em uma sala de aula lá atrás falou, professor, você tem que transformar isso em um livro, essa apostila está muito legal. Transformei em um livro, não foi o primeiro, mas talvez um dos primeiros livros de educação financeira do Brasil, educação financeira o passo a passo, como organizar suas finanças, como se esforçar para poupar um pouquinho todo mês, para acumular um patrimônio, exemplos, exceções, educação financeira na prática. Os leitores desse primeiro livro, quando começaram a me escrever na época que eu cometi o deslize de colocar na última página do livro, fale com o autor, o meu e-mail ali, eles me escreviam e diziam, professor, seu livro é fantástico, mas como é que eu convenço a minha esposa, o meu marido a entender esse assunto? Provavelmente quem comprou um livro de educação financeira é alguém com uma visão mais lógica, casado com alguém com uma visão mais emocional e a conversa não fluía. E aí começou o palpite, lá em casa, eu e a Adriana fazemos mais ou menos assim, a gente divide as tarefas, eu que tenho facilidade explico para ela de um jeito mais simples, e eu fui vendo que esses e-mails traziam resultados impressionantes, meus leitores voltavam meses depois dizendo, cara, você salvou meu casamento com aquela dica. Bom, se uma dica salvou um casamento é porque ela vale uma teoria, vamos escrever um artigo, o artigo acabou virando um livro, casais inteligentes enriquecem juntos. Esse amadurecimento veio na busca de argumentos para leitores que diziam, sua teoria é boa, mas ela é furada no meu caso, ah mas eu sou exceção, eu sou pobre, eu moro no interior, eu perdi meu pai muito cedo, eu estou morrendo muito cedo, então você começa a ver que em torno do planejamento existe um não óbvio, eu não vou viver, trabalhar até os 65, me aposentar, viver até os 95 e criar filhos, porque parte da vida não vai acontecer, eu vi que no meio do caminho tinham pessoas que eu queria planejar um casamento tradicional, um homem e uma mulher, mas tinha um casamento homossexual, tinha um casamento em que um dos dois trazia um apêndice de outro casamento, tinha um filho de um casamento que acabou. Então, quando eu comecei a trabalhar as exceções, na verdade, eu vi que havia uma variedade muito grande de possibilidades, houve um momento muito importante da minha carreira em que eu fui consultor do Encontro com Fátima Bernardes, na TV Globo, em que eu comecei a falar para uma plateia muito popular, um público que a TV chama de CD, classe média, média baixa, com poder aquisitivo muito pequeno, que não adiantava eu falar, economiza no lazer, que lazer se eu mal… eu tenho que decidir todo mês se eu boto comida ou remédio dentro de casa.
Luciano Pires: Eu estou escrevendo um episódio do Café Brasil sobre a economia prateada, e aí peguei um puta material que tem e estou vendo aqui, e a hora que eu comecei a montar a estrutura toda, eu falei, cara, eu estou falando dos velhinhos americanos, isso que está escrito aqui não se aplica no Brasil, então tinha um momento, as mulheres de 60 anos dirigem grandes carros, não, cara, a classe A aqui no Brasil faz isso, agora os milhões não fazem. Então, não se aplica aqui.
Gustavo Cerbasi: É, e no fundo quando você entende o seu público, você vai ajustando conhecimento, eu vi que ao longo do tempo eu saí da educação financeira e fui construindo cada vez mais inteligência financeira, em que em um artigo, em um palco ou em um vídeo que eu estou gravando, eu tenho que pensar que espera aí, eu não estou falando para uma pessoa de 35 anos, com um filho que poupa 10% da renda, que sabe que o salário vai aumentar 15% ano que vem, eu estou falando para o brasileiro que talvez recentemente perdeu 20% da renda, que talvez…
Luciano Pires: Você sai da tática e vai para a estratégia, você sobe um degrau.
Gustavo Cerbasi: Exatamente, que é a maneira de sobreviver no Brasil, todo mundo fala, o Brasil é uma merda para viver, não é, o Brasil é maravilhoso, a questão é que no Brasil você tem que ser extremamente flexível no curto prazo, extremamente tático, saber lidar com os imprevistos, mas tem que ser extremamente competente no longo prazo, porque quem é resiliente vai desfrutar de uma economia, e como você começou falando no nosso papo aqui, não tem guerra, quando o pessoal começa a ficar muito tenso, triste do que é viver no Brasil, nossa, mas eu não gosto da nossa sociedade, eu não gosto da nossa política, eu não gosto do Brasil como um todo, de repente vem uma guerra para lembrar que a gente está em um lugar maravilhoso, tanto que a gente estava conversando aqui, faz menos de 24 horas que o Banco Mundial fez uma revisão do crescimento do PIB do Brasil, já está prevendo um PIB maior para 2024, como consequência da guerra, a partir do momento que começa um conflito internacional, um conflito que parece que vai durar um tempo significativo, até porque a questão da palestina não tem fim, já se direciona a tensão, cara, está perigoso investir em vários lugares do mundo, onde está seguro? Vivemos em um país que é meio que blindado contra guerras, então o Brasil de tempos em tempos, ele se destaca por ser uma zona de paz, por ser uma zona de não conflitos, por ter uma posição neutra ou majoritariamente neutra e por ser um grande provedor desse mundo que de repente interrompe ciclos de produção, ciclos agrícolas, Israel, apesar de ser pequenininho como país, é um grande produtor de alimentos lá do Oriente Médio, e aí quem é que vai alimentar o Oriente Médio se o principal provedor está em crise? O Brasil ganha força. Então, nesse contexto nós temos que pensar um pouco mais a longo prazo e a inteligência financeira é importante para entendermos que com resiliência para lidar com os conflitos, sustos de longo prazo, nós vamos nos preparando cada vez mais para os benefícios de médio e longo prazo que o Brasil proporciona para aquele que se organiza, para aquele que tem uma visão mais estratégica.
Luciano Pires: Me fala dessa tua evolução para filosófica da questão, tática é uma coisa, estratégia é outra, nós estamos ainda no reino da… meio que da matemática ali, eu tenho uma visão ali na frente, mas de repente pinta essa ideia do viver simples, o que me choca… vou te dar um exemplo que para mim é sensacional, depois de muito tempo eu realizei um sonho, estou falando de dez anos atrás, mais do que isso aí, comprei uma BMW, eu me lembro que eu saí do lugar que eu comprei, vim com ela pela Bandeirantes, eu estava dirigindo, a turma não sabia, eu bati uma foto do volante com o símbolo da BMW e botei para minha família, para os meus filhos, e aí estava naquele momento realizando um sonho, comprei e fiquei com a minha BMW. Hoje, dez anos depois, não passa pela minha cabeça ter uma BMW, não porque… cara, para quê? Houve em dez anos um fenômeno que aconteceu comigo, eu vivi a vida inteira em cima de um carro, então grandes carros, hoje cara, para quê? O que que eu vou fazer com uma BMW, eu vou pagar uma puta nota de seguro, de imposto e o cacete, não, cara, larga aí, eu trabalho aqui do lado, não preciso mais, se eu tiver que precisar, eu alugo um carro, e houve… a chave mudou no meio do caminho, então 10 anos atrás eu tinha 50 anos de idade, natural um cara de 50 anos comprar sua BMW, está certo, hoje estou com 60 e cacetada e houve uma mudança de chave no meio do caminho, que não foi a mudança só do Luciano, a sociedade como um todo acho que começou a virar a chave. E eu tenho visto isso muito no teu trabalho, toda vez que eu vejo um post seu, cara, como é que é? Viva uma vida menor do que o teu padrão, como é que é essa questão?
Gustavo Cerbasi: Vamos lá, antes eu não posso deixar de fazer essa brincadeira com você, se tivesse talvez comprado um Audi, você teria mantido até hoje, o público se não souber, eu sou embaixador de mobilidade sustentável da Audi, depois te levo para dar uma volta no meu elétrico aqui, você vai ver…
Luciano Pires: Tive um Audi também.
Gustavo Cerbasi: É um carro sensacional, mas vamos lá, estou com meus 50 anos, talvez seja isso, mas o que que é essa questão da vida mais simples? Na verdade, eu conquistei algo que eu não esperava muito cedo, que foi a minha independência financeira, naquele comecinho de carreira, em que você já conhecia, eu era um professor de destaque, eu ganhava muito bem, comecei a ser convidado para livros, para palestras, uma coisa alimentando a outra, somada a falta de tempo, absoluta falta de tempo, porque eu trabalhava muito, Adriana, minha esposa trabalhava também, a gente não conseguiu desfrutar daquilo que a gente estava ganhando naquele momento, os convites eram muito importantes, muito oportunos, se falava já de uma transformação na cultura financeira brasileira, cara, eu não vou perder uma oportunidade dar uma palestra, mesmo que de graça, só porque eu estou pensando em ir na concessionária comprar um carro esse final de semana, então eu cancelava a compra do carro e ia lá, o que aconteceu? Eu ganhei um dinheiro rápido que acelerou o meu projeto, que era um projeto de 15 para independência financeira, e lá em 2005, com 30 anos de idade, eu cheguei em um patrimônio cujo rendimento pagava as minhas contas, aquilo foi mágico.
Luciano Pires: Isso é a definição de independência financeira?
Gustavo Cerbasi: Independência financeira, independência financeira eu posso ter graus diferentes, eu posso ter 70% da independência financeira, significa que eu posso trabalhar pouco para me manter, porque meu patrimônio, aluguéis que eu tenho, rendimentos dos meus fundos, por exemplo, provê a maior parte do que eu preciso. Lá em 2005 eu cheguei à uma renda que pagava 100% da minha vida supersimples, um apartamento compacto, um dormitório, desculpa, era um dormitório e um escritório, então dois dormitórios ali na Vila Mariana, um prédio bem velho, um carrinho bem popular, mas pagava. E aquilo motivou uma conversa legal em família envolvendo não só eu e a minha esposa, mas meus pais também. Cara, eu com 31 anos posso não trabalhar mais, por quê? Se eu parar de trabalhar agora, meu patrimônio corrigido pela inflação paga as minhas contas. E aí? Vou trabalhar? Não é que vou fazer o que, a questão é, eu tinha muitos convites naquele momento para fazer coisas que davam dinheiro e para fazer coisas que eram legais, mas não davam dinheiro, o que que eu decidi fazer naquela hora? Parei com os trabalhos que me davam muito dinheiro, e comecei a fazer os trabalhos que eu curtia muito, cara, dar uma palestra em um resort na Bahia, poder e minha esposa, me paga o aéreo, alimentação e me dá aí um troquinho ou me permita vender livros lá que eu vou. O que aconteceu? Isso me permitiu dar uma visibilidade muito grande para o meu trabalho que estava engatinhando naquele momento, o trabalho de escritor, segundo, como era um trabalho que eu gostava, eu fazia com uma paixão incrível, o palestrante que está cansado porque está trabalhando muito, ele vai com uma energia para o palco, o palestrante que ganhou de presente uma viagem para um lugar que ele não conhecia, que está com a esposa ali no quarto esperando para ir para a praia na sequência, ele vai com uma energia diferente, então eu percebi que…
Luciano Pires: Motivação intrínseca versus motivação extrínseca.
Gustavo Cerbasi: Exatamente.
Luciano Pires: Uma eu faço porque eu vou ganhar alguma coisa, outra eu faço pelo tesão de fazer a coisa.
Gustavo Cerbasi: Cara, o que aconteceu? Eu comecei a trabalhar simplesmente porque eu achava demais, aconteceram duas, três situações em que eu estava lá, eu era júnior, estava começando, um livro lançado há um ano, dei minha palestra, aí os caras, estamos com um problema, o outro palestrante não chegou. Gente, vocês têm aí 500 pessoas no auditório, quer que eu fale mais um pouquinho, eu tenho outro assunto aqui para abordar. Eu salvei muitos eventos, e isso começou a criar uma história, cara, esse é o tipo de palestrante que eu quero, cobra pouco e resolve o problema. Começaram a me chamar para a imprensa, como eu tinha uma agenda livre, cara, topei 15 minutos no rádio, mas a gente falou tão pouco de um assunto tão rico, posso te montar uma relação de pautas que a gente pode discutir aqui na sua rádio a cada 15 dias, a cada mês, quando for melhor para você? Eu comecei a virar pauteiro e sugerir que o meu conteúdo fosse falado mais vezes, aí eu virei colunista de Folha de São Paulo, na época Gazeta Mercantil, TV Record, e fui ganhando espaço por ajudar os veículos de comunicação a resolver o problema que era o problema de ter uma grade de qualidade, com conteúdo novo.
Luciano Pires: Mas tinha uma coisa também, Gustavo, você não estava espalhando platitudes do mercado, você não estava contando histórias, você não estava viva a vida, seja você, pensamento positivo. Pé no chão.
Gustavo Cerbasi: Vi muitas pessoas, inclusive alguns amigos em comum nossos, falar, cara, você ainda precisa amadurecer como palestrante, o que você está dando ali palco é uma aula. Tudo bem, mas me deram só uma hora, eu vou pegar avião, vou dormir fora de casa para falar só uma hora contando piada, mostrando vídeo que outro fez, deixa eu dar uma aula legal, ensinar um começo, meio, fim para as pessoas. Então, eu acreditava que a minha aula por ser mais quadradinha não seria o assunto mais interessante do evento, mas seria o de maior valor agregado.
Luciano Pires: Não era um show, mas era um conteúdo.
Gustavo Cerbasi: A pessoa ia sair incomodada e foi assim até hoje. Mas não fugindo da sua pergunta sobre a mudança filosófica, com isso, trabalhando com muita paixão, os convites se multiplicaram, quando eu comecei a lotar agenda, eu comecei a subir preço, e aí eu comecei a ganhar mais dinheiro quando eu menos precisava ganhar dinheiro. Então, a partir de então um ponto importante, o dinheiro que eu ganhava não era para pagar as minhas contas, que as contas eram pagas com rendimento do meu patrimônio, só que ganhando dinheiro, eu aumentava o meu patrimônio, se aumentava o patrimônio, aumentava a renda disponível, bom, comecei a aumentar o luxo na minha vida, aumentar o conforto, só que eu me sentia tão feliz, tão pleno, ao mesmo tempo tão exposto em um país que a violência sempre foi e continua sendo muito alta…
Luciano Pires: Isso antes de ter o Instagram mostrando a vida de todo mundo para todo mundo.
Gustavo Cerbasi: Eu saí na capa da Você SA como o cara que chegou a um milhão de reais aos 31 anos de idade, então aquilo já me expunha muito, e aquele era o ano em que o PCC lá estava metralhando as bases da polícia, então não foi um ano qualquer. Então, eu me sentia ali extremamente exposto, em família, a gente conversou sobre como se proteger, tem uma frase muito importante que a Adriana me falou na véspera do réveillon de 2005, essa capa de revista vai ferrar a gente, e ela falou, olha, nós temos dois caminhos, um milhão que a gente tem na conta, a gente vai gastar tudo isso para blindar carro, aumentar muro de casa, nos proteger, ou vai ter que ensinar todo mundo a ser milionário como você ficou em pouco tempo, e você some na multidão. Então, eu estou desde 2005, quase 20 anos tentando sumir na multidão, tentando ensinar para as pessoas a técnica para que todo mundo consiga essa tranquilidade, mas com isso meu patrimônio começou a crescer, e crescendo o patrimônio, o meu sentimento era de, poxa, não vou adotar um estilo de vida de ostentação, um estilo de vida perdulário, porque isso pode se tornar algo meio que doentio, e eu perder esse equilíbrio que eu conquistei. No meio do processo vieram filhos, eu senti que meus filhos poderiam ficar muito expostos a esse tipo de situação, eu ouvi até do meu filho comentário, ele com 4 aninhos chegar da escola, papai, dizem na escola que a gente é a família mais rica da escola. Independentemente de ser ou não, tem filho de industriário, tem filho de dono de loja de shopping, eu não sei se eu sou o mais rico ou não, mas essa é a impressão que passava por eu ser famoso, eu comecei a tentar blindar meus filhos dos excessos. Cara, como é que a gente blinda o filho dos excessos? Vamos mostrar para os filhos experiências de vida que sejam muito valiosas, mas que não envolvam dinheiro. E eu comecei a viajar com os meus filhos, viajar, tem palestra no interior, no Mato Grosso, para o sul, para o nordeste, vamos conhecer o Brasil.
Luciano Pires: Uma coisa que me chamou a atenção de você, porque o teu post de viagem não é nós fazendo um cruzeiro no Caribe, o teu post é assim, nós fazendo um tour a 40 quilômetros de distância de São Paulo, pelo vinhedo não sei o que… é sempre assim.
Gustavo Cerbasi: Então, vamos mostrar não só o que está ao nosso alcance, mas ao alcance de qualquer pessoa, para poder contar a história entre os amigos. Desse passeio eu vi que os meus filhos se conectavam demais com essa vida simples que eu tive na minha infância também, sempre achei minha vida rica, mas sem dinheiro, sempre rodeado de família no campo e tal, consegui transmitir para os meus filhos a mesma coisa, e veio a ideia de eu alugar uma casa de campo por um período longo para aproveitar a infância deles correndo no gramado, tendo uma piscina, talvez colhendo fruta no pé, consegui uma casa…
Luciano Pires: Você falou alugar, você não falou comprar.
Gustavo Cerbasi: Alugar, a ideia era alugar. O que aconteceu na hora de alugar essa casa foi que eu encontrei um proprietário que estava com a vida financeira desequilibrada, que me reconheceu e falou, cara, preciso de uma solução, eu falei, a solução para você, você está aí com um problema na empresa, relacionamento, filho entrando na faculdade, você precisa vender bens, se desfazer de um estilo de vida que ficou insustentável, e ele falou, cara, estou tentando vender essa casa e não consigo, você não quer comprar? Porra, se eu for comprar essa casa de você, eu vou te fazer uma oferta que é boa para mim, não para você. Mas aí da oferta, veio uma combinação, tipo, eu compro a casa de você e te oriento a multiplicar esse dinheiro, ele gostou e tal, passou a ser um cliente com uma orientação financeira bem estratégica, e eu acabei comprando a casa que eu ia alugar, com o objetivo de revender depois de um tempo. Só que aí essa casa, ela teve um papel tão importante na nossa vida, que a gente decidiu trazer amigos para dentro dela, começou a fazer churrasco todo fim de semana, todo mundo falar, fim de semana é no sítio, a gente chama de um sítio…
Luciano Pires: Você lembra daquele filme Campo dos Sonhos, com Kevin Costner, build it and they will come.
Gustavo Cerbasi: Exatamente essa lógica, compramos essa casa, e a gente viu que essa casa estava sempre cheia de 20, 25 pessoas.
Luciano Pires: Esse estúdio aqui não faz o menor sentido para um cara como eu, isso é um absurdo, vai gravar na esquina aí, estão alugando a preço de banana, só que, cara, eu fiz e todo mundo começou a vir, começou a vir, o nosso estúdio, é build it and they will come.
Gustavo Cerbasi: E aí com essa ideia de ter uma casa de campo sempre ocupada, começaram a ter alguns problemas, uma casa tinha 120 pessoas lá, a fossa enchia rapidamente, cheirava mal no fim do domingo, eu falei, vamos fazer uma reforma. E aí eu comecei a pesquisar sobre… coincidentemente nessa época que eu pensei em fazer a reforma, eu estava lendo o livro do Greg MckeOwn, chamado Essencialismo, que ele convida à uma vida em que você vai ter muito daquilo que é importante para você, simplifica o que não é importante para você e tenha generosidade no que é importante para você, eu falei, cara, a casa de campo é importante, a pessoa… o arquiteto que veio para reformar a casa, o problema é fossa, não vamos deslocar a fossa, vamos tirar a fossa, vamos tratar o esgoto aqui mesmo. Eu falei, você está louco, eu vou ter uma estação de tratamento… é simples, vamos colocar um biodigestor, consome, vira gás. Ele começou a falar das ideias sustentáveis da casa, eu falei, mas isso é poderoso, se eu tratar meu próprio esgoto eu não dependo mais do governo para fazer isso por mim, ele falou, você gosta dessa ideia, dá para fazer um sistema de captação de água, aqui chove 9 meses por ano.
Luciano Pires: E energia solar.
Gustavo Cerbasi: E aí o que que faltou? Energia solar que era o mais simples. Então, eu tenho uma casa agora que reformada gera a própria energia, ela capta do céu 100% da água que ela consome, na verdade, tem dois meses do ano de seca que a gente capta de um poço caipira, mas nós temos aprovação de usar esse poço caipira porque nós conseguimos comprovar com estudo feito na casa que durante os 9 anos de captação da chuva, tem excedente, tem um limite lá de 60 mil litros, o que sobra, eu injeto no lençol freático filtrado, tratado, então eu tenho um aumento de pressão a maior parte do ano, o que eu consumo nos meses de seca, na verdade, não está diminuindo nenhuma nascente, pelo contrário, a nascente perto de casa, ela está mais generosa do que antes. Então, a gente conseguiu montar um sistema em que 100% da água que a gente usa vem do céu, 100% da energia vem do céu, a gente paga muito pouco, que é aquele custo mínimo de transmissão, e 100% de esgoto é tratado, não vai uma gota de esgoto para o meio ambiente, o que acaba gerando um gás, que representa 20% do consumo da casa. A única coisa que a gente compra na casa, gás para o fogão, 80% do consumo. Isso, quando eu comecei a compartilhar essa lógica de eu ter me tornado mais sobrevivencialista, de ter construído uma casa que parece luxuosa, mas ela me custa um quinto do que é morar em São Paulo, veio a pandemia e comprovou que eu poderia viver nessa casa a um custo de vida muito baixo, aí veio todo o modelo de discutir…
Luciano Pires: Na pandemia você se deslocou, você mudou para lá, você foi para lá?
Gustavo Cerbasi: Eu tinha mudado, tinha acabado de lançar o livro A Riqueza da Vida Simples, e a teoria conversou muito bem com a prática, eu estou a 60 quilômetros de São Paulo, muito próximo de restaurantes, de hospitais, shoppings, tudo o que eu preciso, só que…
Luciano Pires: Onde é?
Gustavo Cerbasi: São Roque, já começa um clima bem agradável. E na verdade, essa realidade tem em qualquer grande cidade brasileira, se você ver as pessoas que puxa, foram trabalhar em uma grande cidade, não conseguiram um bom emprego, sem bom emprego, ganham pouco, foram morar na periferia, periferia você paga caro por uma região que não tem serviços públicos, você tem uma falta de dignidade enorme, as pessoas não perceberam que se deslocarem um pouco mais para o interior, talvez elas possam trabalhar ainda no centro da grande cidade, mas por estar no interior, com o custo bem mais baixo de vida, talvez até podendo comportar a compra de um automóvel, e esse automóvel, apesar de gastar combustível, vai tirar a pessoa de duas, três, quatro horas de tempo no transporte público.
Luciano Pires: Que esse é o ganho indireto, que não para ver lá, eu tenho um amigo que mudou para Sorocaba, ele fez comigo um outro dia um exercício dizendo o seguinte, pega exatamente o que você tem aqui, igualzinho, igualzinho, transfira daqui de Moema em Sorocaba, igual, você vai ter um apartamento do mesmo tamanho, o carro igual, tudo igual, você não vai mudar nada, é 40% a menos você vai gastar por mês só pelo fato de ter deslocado do bairro onde tem o IPTU altíssimo, tudo é caro, sem contar os ganhos indiretos.
Gustavo Cerbasi: Exatamente, isso acontece no mundo inteiro, se for ver nos Estados Unidos, há décadas que a gente ouve falar dos commuters, que é o cara que trabalha no centro, mas pega ou trem ou carro porque ele mora em uma casa enorme com jardim fantástico com árvores na periferia, na Europa, se você for para Frankfurt, que é a capital econômica da Europa, ninguém mora em Frankfurt, as pessoas moram nas várias cidadezinhas do entorno, algumas com cinco mil, com sete mil, oito mil habitantes, porque o imposto é muito mais baixo, porque por morar nessas cidades você vai ter uma série de facilidades e qualidade de vida que no centro de Frankfurt você não tem, mas a vida social das pessoas acontecem em Frankfurt, até porque o transporte público lá funciona muito bem. Então, o que que faltou ao Brasil nos últimos anos? Faltou essa descentralização, o Brasil dos militares é um Brasil que atraiu muita mão de obra para as capitais, porque seriam as regiões de grande desenvolvimento, porque São Paulo imitava Paris, porque Rio de Janeiro seria a nova Mônaco do mundo, só que gente demais pouco qualificada foi para lugares que não tinha trabalho para todo mundo, criou-se as favelas, o que que é o Brasil que funciona hoje? Pega um avião e vai dar um pulinho no Mato Grosso, vai ver o sul de Goiás, vai ver a Suíça que é esse Brasil do centro-oeste que se descentralizou das grandes cidades e começou a valorizar o agronegócio de forma produtiva e tecnológica…
Luciano Pires: E você está falando de uma área nova do Brasil, mas se você for na Serra Gaúcha, já é esse modelo muito mais antigo.
Gustavo Cerbasi: Porque os gaúchos funcionam no modelo europeu do cooperativismo, em que todo mundo se une para que pequenas propriedades se juntem para negociar com grandes, por exemplo, intermediários, como uma Bungee, uma Cargill, o que que acontece é que o gaúcho espelha o modelo de vida europeu de tentar preservar as pequenas cidades, ninguém no Rio Grande do Sul pensou em se mudar todo mundo para Porto Alegre, as pessoas valorizam a cidadezinha com a cultura ucraniana, cidade com a cultura alemã, cidade com a cultura italiana, cada um com a sua origem tentando manter a arquitetura simbólica da sua terra, até porque o custo de vida é mais baixo, e eles querem fazer qualidade de vida na sua pequena cidade. O Brasil que funciona, Luciano, a gente fala, olha o sistema público de saúde, o SUS, a escola pública, que ridículo, vai ver a escola pública de uma pequena cidade do interior, vai ver o sistema de saúde de uma cidade que tem um médico que é da região, você vai ver que existe um Brasil que funciona, e quando você vai entender o que que é esse Brasil que funciona, são cidades pequenas em que geralmente o político que lidera a cidade, o prefeito, o vereador, não são políticos, são o melhor médico da cidade, o professor que deu aula para todo mundo, aquele que era amigo de todo mundo, então a política muito mais orgânica, muito mais conectada com a sociedade. E o grande Brasil, o Brasil das grandes cidades perdeu, o Brasil, ele é administrado por essa política herdada de Portugal, essa política feudal em que o político é uma autoridade a ser blindada do povo que não tem sentido existir nos dias de hoje, a gente dá poder demais para quem, na verdade, apenas suga da população. Nas sociedades em que há uma coordenação melhor entre a sociedade… entre a população e o poder público, você vê que o Brasil funciona e funciona muito bem.
Luciano Pires: Você está ouvindo o LíderCast, que faz parte do ecossistema Café Brasil, que você conhece acessando mundocafebrasil.com, são conteúdos originais distribuídos sob forma de PodCasts, vídeos, palestras, e-books e com direito a grupos de discussão no Telegram. Torne-se um assinante do Café Brasil Premium, através do site ou pelos aplicativos para IOS e Android, você pratica uma espécie de MLA, master life administration, recebendo conteúdo pertinente de aplicação prática e, que agrega valor ao seu tempo de vida, repetindo, mundocafebrasil.com.
Luciano Pires: Eu me lembro de em algum momento, eu não me lembro se foi um papo nosso ou algum post seu, alguma sua eu vi, que você um belo dia cai uma chave, vou dizer o que eu lembro, pode ser que não seja verdade, você me corrija, tipo assim, você está lá na tua chácara, tranquilo, numa boa, de repente, você descobre que você tem uma chácara belíssima e um apartamento belíssimo em São Paulo e fala, eu não preciso dessas duas estruturas, foi alguma coisa assim?
Gustavo Cerbasi: Na verdade, a pandemia me levou a isso, que a gente decidiu ter uma educação para os nossos filhos exemplar, que foi uma lição que eu aprendi com meu pai, você poder perder tudo na vida, a justiça pode tirar seu trabalho, sua empresa, seu dinheiro, mas o conhecimento ninguém tira, e o conhecimento cria riqueza. Então assim, como meu pai se sacrificou muito para oferecer para mim e para a minha irmã um conhecimento da melhor qualidade que o bolso dele permitia oferecer, a gente nunca media esforços para oferecer a melhor qualidade possível de educação para os nossos filhos, e por isso a gente tinha uma vida dupla, o apartamento em São Paulo, a escola dos nossos filhos em São Paulo, e a moradia de fim de semana no interior, quando veio a pandemia nós passamos a ter a vida no interior, o ensino era à distância, então isso ficou viável. Ali eu falei, realmente a gente está com uma estrutura desnecessária na cidade, porque aquele apartamento na cidade custa bem mais caro do que essa casa de mais de 5 mil metros quadrados de terreno. Inicialmente pensamos em nos desfazer totalmente desse apartamento do centro de São Paulo, nós não fizemos isso porque acabou a pandemia, acabou o lockdown, nossos filhos continuam estudando em um colégio no centro de São Paulo, que a gente considera muito importante, meio que preparando eles para uma visão internacional de estudo, mas os planos que eu tenho para eles com a Adriana, é de uma vida cada vez mais interiorana, de nos desfazermos desse apartamento que hoje é para uma família grande, talvez futuramente ter um espaço, uma kitnet, um loft alguma para ir para um teatro e ter aonde dormir na cidade, mas nossa vida ser uma vida bem mais econômica, bem mais inteligente no interior, até porque a gente tem muito excedente no interior, quando o meu vizinho está sem água, eu tenho água na minha caixa de água que eu compartilho com ele, quando eu colho meu pé de abacate, eu não consumo nem 5% daquele pé.
Luciano Pires: Senso de comunidade, que no prédio de apartamento de São Paulo você não tem, eu não sei quem é o cara do quarto andar, o cara do décimo andar não me conhece, não há nenhum tipo de…
Gustavo Cerbasi: E Luciano, todo mundo se ajuda, quando você está em um ambiente desse, meu cachorro foi picado por uma cobra, é uma mobilização, eu tenho carro, calma, deixa ele parado, veterinário, estou acionando, uma coordenação social que a grande cidade perdeu, então a gente não se sente desamparado, em um primeiro momento… mas em São Paulo, eu tenho um hospital ali do lado.
Luciano Pires: Eu fui fazer o circuito Aprosoja, você deve ter feito já, fiz duas vezes o circuito Aprosoja, e uma coisa que me chamou atenção era que em várias cidades, ele acontecia no CTG, centro de tradições gaúchas no Mato Grosso, você chegava lá, o que é isso, estava aqui o centro, e estava o pessoal com a roupa gaúcha, a dança gaúcha, a música gaúcha, e aquele senso de comunidade lá, era uma comunidade, todo mundo se conhece, todo mundo sabe de tudo que acontece ali, e acontece exatamente isso, algum problema que tem ali a comunidade se junta para…
Gustavo Cerbasi: É o importante papel que as igrejas cumprem nas grandes cidades, as grandes cidades perdem muito da tradição, perdem do simbolismo, perdem da arquitetura, ela perde identidade, as igrejas têm um papel importante de… não sei se resgatar isso, não sei se conhecem resgatar, mas nas igrejas se discute família, se discute valor, se discute a ética, e aí a gente sabe que tem aquelas pessoas que seguem a religião muito mais de domingo, não consegue colocar em prática, mas enfim, o que acontece nas cidades interioranas é que quando há igreja, além da igreja há um reforço do senso de comunidade, do senso de cultura, daquilo que nós temos orgulho de preservar porque é nosso. Você que viaja bastante para o interior deve ter percebido que o interior do Brasil do ponto de vista financeiro gira em torno do cooperativismo, é uma relação totalmente diferente da que nós temos com bancos nas grandes cidades…
Luciano Pires: Eu mudei minhas contas tudo para a Sicredi, mudei para a Sicredi.
Gustavo Cerbasi: E tem um porque, nas grandes cidades as pessoas nem ouvem falar, é Itaú, Banco do Brasil, XP, BTG, aquele mercado financeiro de troca de interesses, quero negociar com o meu banco ali para conseguir o máximo possível, o banco tirar o máximo possível de mim. Quando você vai para o cooperativismo, o cooperado, que é o nome que se dá ao cliente da cooperativa, ele é apaixonado por aquele que presta um serviço para ele…
Luciano Pires: E ele é sócio do negócio, eu sou sócio do negócio.
Gustavo Cerbasi: Ele é sócio do negócio, ele sabe que ele está aplicando dinheiro, que aquele dinheiro está sendo usado para emprestar para o vizinho dele que está comprando uma colheitadeira, ou se ele está tomando dinheiro emprestado, está pagando juros, esse juro está nutrindo uma cooperativa que está valorizando o local, o dinheiro fica lá, quando tem lucro, e a maioria dos casos tem, esse lucro é distribuído como sobra para os cooperados. Então, na verdade, é um senso de propriedade, é um senso de coletivismo, é um senso de valorizar o que é nosso, de cuidar do nosso jardim que faz com que todo mundo tenha muito orgulho daquilo, tanto que é um negócio que no mercado financeiro que mais cresce no Brasil, os bancos estão se matando entre si, o banco tenta engolir a corretora, que tenta engolir a financeira, e o que que cresce no Brasil? É o cooperativismo, os números do Sicredi e Sicoob são gigantes.
Luciano Pires: Tem um escritor americano, eu não sei se ele é sociólogo, o que ele faz, chama-se Robert Putnam, e ele fala do capital social, fala o que que é isso, é capital social que a gente perdeu, então quando era moleque, tinha o natal, a família reunida, aquela coisa toda, aquilo é o capital social, quando você vem para a grande cidade, cara, isso se perde tudo, eu não tenho mais aquele núcleo familiar, não tenho mais essa coisa do… o clube, vamos no clube, e o que você falou da igreja, o que que é a igreja? Ela é um núcleo de capital social, e aqui… eu saio de lá eu perco o resto.
Gustavo Cerbasi: Exatamente, e ter o hábito de reunir amigos em casa, pode ser na sacada do apartamento, roda de samba, feijoada, coisas que ainda algumas comunidades brasileiras preservam é esse capital social que faz com que a pessoa consiga chegar na segunda-feira para o trabalho feliz, motivada.
Luciano Pires: E a gente vê a importância disso com uma pandemia, a pandemia corta, quem tinha o mínimo dessa experiência perdeu, ali de repente você desmonta o mundo todo. Mas volta lá naquela questão do… como é o nome do teu livro mais recente?
Gustavo Cerbasi: A Riqueza da Vida Simples.
Luciano Pires: A Riqueza da Vida Simples, vamos lá, continua nela, que você falou do essencialismo, e aí?
Gustavo Cerbasi: Então, a partir do momento em que eu comecei a fazer essas experiências com a minha casa de campo, na verdade, eu vi que o que tornava minha família feliz, meus filhos felizes, era a possibilidade de viver experiências e não de ter coisas, tanto que começou… eu comecei a ter conversas frequentes com a Adriana, com a minha esposa, do tipo, você reparou que vai chegando o dia das crianças, os pais estão comentando o que que os filhos estão pedindo para ganhar, e os nossos filhos não estão pedindo coisas para ganhar, eles estão perguntando… perguntando não, eles estão dizendo o que que eles vão fazer no dia das crianças, no dia das crianças, eu quero preparar o café da manhã, eu vou fazer isso, isso e isso, eu vi uma receita que tinha um bacon, não sei o que lá, mas o que que eles querem? Eles querem ter alguma coisa que marque o dia das crianças como aconteceu nos anos anteriores, então o que que é importante na páscoa? Meus filhos já nem estão comendo mais ovo de páscoa, mas se não tiver a caça aos ovos, a brincadeira tradicional de pistas escondidas, de correr o sítio inteiro, sobe o morro, desce o morro, vai para o telhado, entra na casa de máquina da piscina, essa diversão para eles é o que marca a páscoa.
Luciano Pires: Que é o que vai ficar para o resto da vida, eles vão lembrar disso para o resto da vida.
Gustavo Cerbasi: A gente está diminuindo o tamanho dos ovos a cada ano, porque acaba sobrando e estragando no armário, eles não estão nem reclamando, porque não importa o ovo em si, eles querem a brincadeira. Então, tem muitas situações do tipo, olha, aniversário, agora está chegando aniversário, tem criança esperando presente, a gente fala, no seu aniversário você vai escolher qual vai ser o roteiro da nossa próxima viagem de férias, e aí nós vamos fazer uma viagem de férias espetacular que vai ter a sua cara, então teve a viagem da Carol, teve a viagem do Guilherme, Guilherme gosta de animais, nós fomos para Tanzânia, Carol gostava de castelo, nós fomos para a Escócia, e a gente foi modelando as viagens de acordo com os interesses das crianças, e eles se sentem valorizados com isso.
Luciano Pires: Eu escrevi um texto uma vez dizendo que aconteceu comigo e eu apostava que o leitor seria igual, e onde eu definia ali que as três ou quatro maiores experiências da minha vida não exigiram dinheiro, nenhuma delas tinha grana, era eu fazendo uma viagem de carona para não sei aonde, mochilando, com os amigos fazendo um churrasco bagaceiro não sei aonde, quando você vai ver, fala, qual foi a importância do dinheiro naquilo? Bicho, quase nenhuma, e foi uma curtição maravilhosa. Mas deixa eu fazer uma provocação a você, vamos ver como é que está o nosso time aqui, estamos bem, não deu uma hora ainda. Provocação para você, tem um cara ouvindo a gente conversar agora, está ouvindo um PodCast, ele está dentro de um busão já faz 40 minutos, ainda faltam 35 para ele chegar no lugar do trabalho dele, ele está puto da vida, porque o trabalho dele é uma merda, ele não ganha o suficiente para tocar a vida dele, e ele ouve você falando que a molecada curtiu, e nós fomos para o castelo da Escócia e fomos para a Tanzânia, ele fala, cara, o máximo que eu consigo ir é Guarujá e olhe lá, esse cara vive uma realidade que é tensa, ele está morando longe, demora para trabalhar, cara, que horror, como é que dá para falar vida essencial, essencialismo para gente assim.
Gustavo Cerbasi: Na verdade, nessa resposta eu vou concluir essa reflexão que você me perguntou até agora que era a minha mudança de filosofia. O que a gente entendeu é que não era o custo da nossa casa que trazia felicidade, conforto e sim o que a gente fazia com a estrutura que a gente tinha. Nesse livro que eu citei agora pouco do Greg Mckeown, que é O Essencialismo, na verdade, ali eu conectei com muitas ferramentas que eu vinha usando até então para orientar as pessoas sobre como resolver problemas financeiros, uma pessoa que está com dificuldades, que não consegue pagar suas contas, que está sempre no vermelho, não consegue proporcionar um fim de semana de um passeio com um picolé para os filhos, essa pessoa está em um desequilíbrio financeiro muito grave e uma das soluções, umas das, porque a solução principal é você montar um projeto para acabar com a dívida, você vai apresentar um projeto para os credores, vai passar 5, 6 meses com grande sacrifício, cortando gastos, aumentando a sua renda com horas extras, vendendo tudo o que você tem, então você vai fazer um caixa robusto para tentar negociar da melhor forma possível com os bancos, mostrando que você está fazendo um grande sacrifício, é importante mostrar o que você está fazendo. Mas um dos elementos importantes desse processo é adotar uma postura minimalista, minimalista é eu vou viver um tempo apenas com estritamente essencial, eu vou me alimentar da forma mais simples que eu puder, eu vou desfazer, desfazer não é doar, eu vou vender tudo o que eu posso, algumas coisas que eu uso, mas que eu posso ficar algumas semanas sem usar, eu vou vender, depois eu compro de novo parcelado, só para fazer caixa e resolver o problema. Mas o minimalismo é o exercício de você limar completamente qualquer tipo de excesso, tem duas televisões em casa, vende uma, luzes acesas em casa, você vai desrosquear as lâmpadas para ficar todo mundo à noite na sala, não tem mais um na sala, outro no quarto, wifi vai usar só wifi público, você não vai pagar nenhum serviço de assinatura, assim por algumas semanas, um corte radical para você enxugar mais ou menos, como se fosse um grande jejum se preparando para uma dieta mais saudável, você dá um chacoalhão no corpo para o corpo já começar a ter algum benefício e você receber alimentos que você não está acostumado, com um pouco mais de apetite, um pouco mais de fome. Então, postura minimalista, eu percebi nesses mais de 20 anos de trabalho, é que quando você sugere à uma família que tenha uma postura minimalista, 15, 20% das famílias adoram isso e resolvem se manter minimalistas, os outros 80, 85% falam, cara, que desgraça de vida, eu quero conforto para a minha família, só que quando você passa pelo minimalismo, você reduz o seu gasto do orçamento, você faz uma grande limpeza, você praticamente criou um papel em branco para redesenhar, retomar a sua vida…
Luciano Pires: O orçamento base zero, que hoje é uma das bases… você lembra, mas na verdade é uma das bases do meu trabalho, hoje quando eu vejo o orçamento de uma família, eu peço para essa família ignorar o orçamento e falo, vamos conceber um orçamento do zero, só tem sua renda, nós vamos modelar o que seria um orçamento ideal, você vai ter o orçamento atual e o ideal, nós vamos construir uma estratégia de migrar de um para outro, que é exatamente o que você fez durante muito tempo na Dana, nas empresas pelas quais você passou, mas enfim, mas o que a gente propõe é que a partir do momento em que a pessoa adotou uma postura minimalista, na retomada, ela não volte a gastar com o que ela gastava, mas ela volte a gastar com aquilo que é importante para ela, e o que é importante para ela envolve uma conversa ligada a sonhos, o que que está faltando para você, sua mãe mora longe, está faltando visitar sua mãe com uma certa frequência, está faltando talvez aproveitar melhor o seu tempo e ter um carro, talvez você está muito tempo no transporte público, será que não é porque você ganha pouco, talvez essa retomada de alguns meses, talvez um investimento em um curso, em uma qualificação, um diploma que melhore sua vida. Então a gente sai do minimalismo e vai para o essencialismo, que é ter abundância daquilo que é importante para você. Você mencionou Tanzânia, castelos na Escócia, o cara pode ficar meio puto lá no ônibus e estar ouvindo isso aqui, mas desde que a renda familiar era 3 mil reais, que não era uma maravilha, a gente dedicava quase 50% da renda para o lazer, a gente tinha uma vida extremamente enxuta, nossos colegas de trabalho tinham uma vida muito mais confortável que a nossa, carros melhores, apartamento maior, decoração com grife, com plaquinha na porta do armário, a gente tinha lá a decoração básica do marceneiro, o apartamento que a gente vai morar um tempo, mas era uma vida bem enxuta porque a gente queria gastar mais do que os outros com viagens, uma coisa que me encantava, porque eu viajava muito a trabalho, falava, cara, se a gente começar a viajar para lugares que eu não conheço a trabalho? Até porque eu tinha um motivador disso, como eu viajava muito a trabalho, eu tinha muitas milhas aéreas, tenho milhas para ir para os Estados Unidos, vamos viajar pela primeira vez para os Estados Unidos, vamos viajar pela primeira vez para a Europa? Então, isso virou um hábito da família. Do ano 2000 até hoje, quase 50% do meu orçamento é com viagens. Eu não acho que é importante a pessoa ir para a Escócia ver castelo, eu não acho que é importante ir para a Tanzânia ver animais, mas como nós já tivemos muitas experiências de vida por todo o Brasil, eu conectei muitas viagens de trabalho com os meus filhos, a gente queria algumas experiências um pouco mais exclusivas até para ter privacidade, para não ter que, poxa, o tempo inteiro ser interrompido pelo público, eu sou muito conhecido, mas é um pouco na linha, Luciano, do faça o que você tem que fazer até que você possa fazer o que você quer fazer, lembra que eu falei que o meu patrimônio foi sendo construído e que eu não tenho preocupação de gastar com a viagem, depois pensar em como pagar, porque na verdade eu já estou, com base no patrimônio que eu tenho, em quanto ele rende, eu vejo o dinheiro que vai cair nos próximos meses e falo, dá para pagar essa viagem, dá para pagar uma viagem melhor, eu uso inteligência financeira, se eu economizar na passagem aérea porque eu tenho milhas, eu vou para um lugar que é mais caro, vou para a Tanzânia ao invés de ir para a África do Sul. Então, tem todo o recurso de saber lidar com os recursos que a gente tem, milhas fidelidade, antecipação, meu trabalho me põe em hotéis duas, três vezes por semana, por que não me fidelizar à uma rede de hotéis e ganhar milhas, pontos com essa rede de hotéis e quando eu for viajar para um lugar sofisticado, eu me hospedar em um hotel dessa rede, eu vou pagar a metade, então tudo isso faz com que uma viagem que custe muito caro quando uma pessoa cota na agência, para mim custe 40, 50, 60% menos. Eu diria que a mesma coisa com o carro que eu sou embaixador hoje, eu sou embaixador da Audi, embaixador de mobilidade sustentável, um carro elétrico, que não é um carro barato, mas se eu não pago pelo carregamento do meu carro, porque eu gero energia na minha própria casa, se o carro eu compro sem afetar o meu planejamento de longo prazo, se eu proporciono para a minha família conforto, segurança, silêncio, desempenho e continuo com a minha renda preservada, com a educação dos meus filhos ok, com a minha saúde sendo paga normalmente, eu não estou cometendo nenhum pecado, é um pecado muito grande quando as pessoas adoram carro, como eu adoro, compram na hora errada e aí por comprar na hora errada inviabilizam todos os outros projetos, eu sou embaixador da Audi, mas eu me tornei embaixador da Audi antes de comprar o meu primeiro Audi, eu simplesmente era um fã da marca, muito envolvido com a marca, participava dos eventos, pagava diária desses drive experiences, que você passa o dia no autódromo pilotando, conhecendo carro, lançamento e tal, e teve muitas situações que no bate papo ali com mecânicos, pilotos, eu conhecia mais do carro do que o próprio representante do evento. Bom, se o cara é fã mesmo, vamos trazer ele para mais perto da marca para associar a tendência agora do carro elétrico com a casa sustentável, que tem total conexão. Então, eu já era fã da marca, a partir do momento que a gente se torna embaixador, eu tive acesso em primeira mão aos carros que estavam chegando, vai chegar daqui a três meses, quer fazer uma reserva? Aí eu comecei a ser um usuário feliz, fiel da marca também.
Luciano Pires: Uma coisa que você fala também que chama muita atenção, você fala aquela coisa do padrão de vida, tente viver em um padrão de vida menor do que aquele que você poderia estar vivendo. Me explica aí essa visão.
Gustavo Cerbasi: Um erro que os brasileiros cometem, quase 100% dos brasileiros, ricos, pobres, abonados, herdeiros, empresários, não importa, a partir do momento em que eles têm uma noção do quanto ganham, se eu ganho 5 mil por mês, ou 10 mil ou 100 mil, com esse dinheiro dá para eu pagar esse padrão de vida, eles vão ser os mais generosos possível na escolha da casa, do carro, das conveniências que a família pode ter, por quê? Entende-se que cabe no orçamento, legal, cabe no orçamento, só que quando a pessoa está passando por uma vida em transformação, ela não percebe que sair de uma casa, por exemplo, de um milhão de reais e ir para uma casa de dois milhões de reais, significa talvez ir para uma casa maior ou… e ou mais luxuosa, ou para uma vizinhança mais luxuosa, você faz as contas do quanto custa uma casa de dois milhões, você faz as contas de quanto vai pagar de imposto, eventualmente condomínio, se é fechado, talvez até faça as contas de quanto gasta de energia, mas você não percebe que uma casa em um ambiente mais caro vai ter vizinhos mais caros que vão te chamar para festas mais caras, e que a padaria daquela vizinhança é mais cara, o mercado daquela vizinhança é mais caro, então vem um efeito cascata que desmonta qualquer planejamento caso você esteja avançando em um estilo de vida que você não conhecia, e o Brasil sendo um país desigual tem uma sociedade em eterna transformação, nós somos o oposto da Dinamarca, em que o cara nasce dinamarquês, mas a família dele há 55 gerações está no mesmo estilo de vida, ninguém quer ascender, ninguém quer provar para ninguém que evoluiu, ninguém quer comprar um tênis de marca para falar venci. Então, o dinamarquês é feliz porque ele se contenta com o que tem, o brasileiro não se contenta com o que tem, porque o que ele tem é pouco, ele quer mostrar para a sociedade que agora ele tem um Camaro amarelo, que ele tem um Nike da moda, que ele tem um telefone, o iPhone 25, que é o último que saiu, porque aquilo é um símbolo de status que mostra que ele está vencendo mais que os outros.
Luciano Pires: Tem um valor intrínseco aí e tem um texto também que eu usei há um tempo atrás, eu relato uma experiência minha, eu fui fazer uma palestra para uma produtora de um amigo meu, e ele juntou todo mundo da produtora e eu fui lá fazer a palestra para a moçada e no meio da palestra estou falando sobre a noção de valor das coisas, o que que é valor contra preço, a diferença de valor para preço, aí eu fiz uma brincadeira, vamos ver, quero saber da plateia aqui, tinha uns 30 caras na plateia, quem é que tem o celular mais bala, o celular mais foda da plateia, e um cara lá tinha um iPhone XPTO que era o iPhone da hora, o cara era o motoqueiro da empresa. E quando… foi a maior surpresa, ele tinha o celular melhor que o dono da produtora, e aí começou aquela especulação, qual foi o lance do cara, mas como é que você fez para comprar? Eu dividi em 150… mas por que isso aí? Porque eu tenho um celular de bacana, eu ando com um celular de bacana. Então, o valor para ele era mostrar para as pessoas que ele tinha um celular de bacana, e ele consumiu boa parte da grana que ele ganhava para poder ter um celular, isso é valor intrínseco, eu não consigo medir, não tem nada a ver com quanto custa, tem ver com o valor que ele dá.
Gustavo Cerbasi: Muita gente pergunta, cara, por que que você não usa relógio? Eu não uso relógio, porque eu ando o tempo todo com o meu celular e o meu celular mostra as horas. Mas relógio para mostrar, um rolex, alguma coisa. Eu não gosto de expor, eu não gosto da violência que rodeia a gente, então eu tento andar do jeito mais simples possível, e aí vem o conceito do essencialismo de novo, para mim, eu viajo bastante de carro, meu carro é muito bom, eu não olho as horas no pulso, então eu não tenho relógio, mas eu ando com celular, então essa questão do ser essencial, ela é muito importante para que uma pessoa que hoje está lá andando de ônibus, ela saiba que existe uma lição de casa a fazer que é, primeiro você tem que… se estar sofrida a vida, talvez aumentar de forma organizada e programada esse sofrimento por um tempo, mas consciente e coordenado com pessoas que estão envolvidas no projeto, reunir a família e falar, durante seis meses, um ano, nós vamos fazer várias coisas simultâneas que são necessárias para sair dessa situação, vamos estudar, adquirir currículo, diploma que talvez seja necessário para subir de vida, melhorar nosso salário, nós vamos redesenhar nosso estilo de vida, eliminar as dívidas, em muitos casos nós vamos talvez parar estrategicamente e pensar, por exemplo, que é um conceito importante do livro A Riqueza da Vida Simples, se o que eu ganho é pouco para viver, onde pessoas que fazem o que eu faço, ganham melhor e vivem melhor? Que é ampliar o radar geográfico das oportunidades, é o que se faz nos Estados Unidos, você assiste filme, vê que o moleque quando se forma na universidade, ele não vai morar perto da família, ele vai para um outro estado que é aonde estão oferecendo uma casa com imposto mais baixo, conseguir um emprego melhor, então onde que paga o melhor por aquilo que eu faço? É algo a ser pensado por quê? Estive recentemente em Sorriso, Mato Grosso, talvez a cidade com maior PIB per capita do Brasil hoje, uma das cidades mais ricas do Brasil, o pessoal lá… a quantidade de jatinhos que tem na cidade é incrível, aí você fala, pergunta para eles, qual que é o lazer que tem na cidade? A gente pega o jatinho e vai para Balneário Camboriú. Mas é quase um continente de distância, por que lá? Não tem praia tão perto, mas enfim, para quem tem jatinho é fácil. Mas lazer local, coisa de fim de semana, tem muito pouca coisa para fazer aqui na região porque falta mão de obra, falta, se eu montar um parque, não tem profissional para tocar o parque, se eu montar um clube não tem, se eu montar um pet shop não tem funcionário, se eu montar um spa não tem atendente porque nós estamos no interior. Você vai ver que tem muita manicure ganhando pouco, muita massagista ganhando pouco, muito personal trainer ganhando pouco nas grandes cidades, porque ele está disputando espaço onde está sobrando profissional e faltando cliente. Então, o que que falta? Buscar onde. Tem também uma outra visão que acho que é um pouco simplista, quando a pessoa se sente limitada, eu não sou capaz, eu não sei se eu vou aprender fazendo curso, tudo bem, onde que pessoas que ganham o que você ganha vivem melhor do que você vive hoje? Porque tem gente ganhando 3, 4 mil reais por mês, mas eu vivo na periferia, exatamente, em São Paulo, com 3, 4 mil reais por mês você não vive, talvez aquele salário mínimo do Dieese lá de 6.500 reais seja o piso para se viver com uma condição mínima, uma família com um casal e dois filhos em São Paulo, mas com 3, 4 mil reais você vive muito bem em uma cidade de interior, ou vão pagar menos pelo meu trabalho, tudo bem, com 2500 reais talvez você viva em uma cidade de interior muito melhor do que você vive com 4 mil reais em São Paulo, então essa percepção de pensar em uma maneira de mudar de vida, considerar na mudança de estilo de vida que haverá um gasto adicional, por exemplo, para se manter em contato com a família, uma vez por mês eu vou vir visitar a minha mãe, vai ser de ônibus, vai ser de carro, vai ser avião, enfim, isso tem que ser contabilizado, mas o nosso planejamento financeiro, ele parte do pressuposto de talvez, talvez não, muito provavelmente nós teremos que mudar o estilo de vida da pessoa, reduzindo custo fixo e ampliando significativamente o custo variável, por que o que que é o variável? Lazer, cuidados pessoais, qualidade de vida, cultura, experiências, são gastos que além de serem mais motivacionais, eles compensam um estilo de vida muito baixo, metáfora fácil de entender, eu tenho um apartamento muito grande, sacada gourmet, mas como o apartamento é muito caro, eu nem convido os amigos aqui, porque eu vou ter que rachar picanha com todo mundo, o governo ainda não me deu minha picanha, então para convidar todo mundo aqui para o apartamento sai caro, então o cara tem uma casa grande, uma moradia grande, mas ele não consegue aproveitar, ele vai se mudar para uma kitnet, um loft, um apartamento super compacto, agora que eu não consigo convidar ninguém mesmo, não consegue, mas agora ele custa bem menos, e você tem verba para ir para o teatro, para o cinema, para visitar os amigos, para alugar um espaço para reunir alguém, uma experiência gastronômica, então o custo fixo menor, mas que te permite ter um gasto variável maior. Esse não é o maior ganho do planejamento, quando você tem mais gastos variáveis, aconteceu um imprevisto e o Brasil é cheio de imprevistos, você simplesmente cancela ou posterga um gasto variável e acomoda, cara, ralei um carro, tive um problema de saúde, fui chamado para ser padrinho de um casamento, nossa, surgiu um curso que eu quero fazer, o show da minha banda favorita está indo para a cidade, isso é um imprevisto, você está com tudo bonitinho ali para pagar saúde, alimentação, transporte, mas vai vir o show, cancela o curso que você ia fazer mês que vem, joga para o trimestre seguinte. O gasto variável te dá o poder de acomodar os imprevistos e de preservar o seu planejamento, ou seja, torna o seu planejamento mais resiliente, você consegue atravessar crises e crises, imprevistos e imprevistos de maneira mais estável, quando a pessoa tem 95% do orçamento comprometido com condomínio, prestação, IPVA, IPTU, escola, plano de saúde, tudo fixo, surge um imprevisto, fudeu, acessa o crédito, já começa o efeito bola de neve, se enrola e não sai mais. Então, é um poder que nós trazemos para a pessoa de se preparar para os vários imprevistos que a vida vai ter, e quanto mais interessante for a vida da pessoa, mas imprevisto ela vai ter, porque ela vai sempre avançar na zona do desconhecido, sempre fazer alguma coisa que ela não conhecia, que ela planeja de um jeito e na hora acontece de um jeito diferente, tendo um orçamento resiliente, a vida vai ser cheia de novidade, cheia de imprevisto e cheia de acomodação de imprevisto e você vai ter um orçamento equilibrado.
Luciano Pires: Esses milhares de alunos, como é que se chama o cara para quem você presta consulta?
Gustavo Cerbasi: Ah, são os clientes da Super Rico.
Luciano Pires: Os clientes, isso. Onde pega, cara? Quando você propõe isso, onde pega? A resistência está onde?
Gustavo Cerbasi: A resistência, normalmente a resistência está em não conseguir fazer sozinho, durante muito tempo eu tive meu curso online, foi meu projeto mais rentável, alcançou mais pessoas, enfim, mas eu via que no curso online, primeiro me incomodava o fato de que para chegar até as pessoas eu tinha que gastar muito com aquele mecanismo do marketing digital, impulsionamento, enfim, o custo de tráfego, de funil, eu via que de cada milhão que eu faturava, 40%, 400 mil ficavam para o Facebook e Instagram, outros 100 mil, 120 mil ficavam para o governo, e uma parte pequena ficava para mim e para o meu time, estou trabalhando para a rede social e não para mim. Mas isso fazia com o que o curso ficasse caro, consequentemente eu tinha um conhecimento bom que eu queria democratizar, mas só quem podia pagar contratava, eu encerrei o curso por causa disso. Hoje, eu estou em uma plataforma de planejamento financeiro, na Super Rico, em que a gente oferece o cadastro gratuito, quem entra lá em superrico.com.br, faz o cadastro, tem todas as ferramentas financeiras que precisa para entender onde é que está o problema e se organizar, orçamento doméstico, controle de dívidas, simulação da renda futura, simulação da carteira de investimentos, tudo acessível, sem custo e também as trilhas de conhecimento sobre como usar.
Luciano Pires: Superrico.com.br?
Gustavo Cerbasi: Superrico.com.br, atenção porque super e rico juntos dá dois Rs ali no mesmo, então superrico com dois Rs, e isso não custa nada. Quando a pessoa percebe que está com a situação financeira desequilibrada e quase 100% das pessoas vai estar, existe a trilha de conhecimento para ensinar a organizar, quem for bom, autodidata segue ali e resolve o seu problema ao longo do tempo e tranquilidade, se a pessoa quiser contratar um planejador, pode contratar o serviço de um planejador, tem um custo, mas esse planejador vai acelerar a virada de mesa incrivelmente, o que a pessoa faria em dois anos, com o planejador faz em três meses, então é um custo que se paga muito bem. Mas você perguntou da objeção, onde que as pessoas emperram? Quanto mais velha for a pessoa, mais a constatação de desequilíbrio tem a ver com escolhas mal feitas no passado, eu tenho que convidar a pessoa a desfazer um estilo de vida, desfazer, desconstruir alguns erros, então tem muitas situações que a pessoa fala, mas essa casa é um bem de família, essa casa eu herdei da minha avó, tem muita história nela, tem uma resistência de sair de uma propriedade para ir para uma propriedade menor, por exemplo, que seja financeiramente perfeita, mas se perde supostamente a história familiar. Então, o que que a gente faz? Algumas hipóteses, eu posso, por exemplo, convidar a família para morar um tempo, uma moradia menor, a moradia menor ser alugada para terceiros, tem uma outra hipótese em que eu posso, por exemplo, manter a família na moradia original, mas tem muitas dívidas, eu vou hipotecar ou tomar empréstimo com esse imóvel em garantia e vou fazer um acompanhamento muito próximo do dia a dia das finanças para não correr nenhum risco da família perder esse imóvel, então a gente faz uma substituição que não é o ideal, mas eu mantenho a família ali.
Luciano Pires: Você assume uma dívida com um juro menor do que aquele que você vai…
Gustavo Cerbasi: O cara está devendo em média com o juro de 3% ao mês, empréstimo com imóvel em garantia vai dar lá 2% ao mês, então pelo menos em juros eu consegui um alívio, o mais comum é uma situação em que ou a família vende um imóvel ou ela sai do imóvel temporariamente, não vai desejar ter um inquilino ali, mas acaba pagando mil por um aluguel para viver e recebe dois mil do outro aluguel, mas depois de um tempo a gente montou um plano para reformar essa casa, resgatar um pouco da história e depois de reequilibrar as finanças, a gente põe a família de volta ali, mas a principal objeção é essa, geralmente o apego…
Luciano Pires: E baixar o padrão? Tenho dois carros em casa, você vai ter um só, eu tenho um carrão, vai ter um carrinho.
Gustavo Cerbasi: Tem um conceito importante de planejamento, Luciano, que é lembrar a pessoa que ela não precisa do carro, ela precisa de transporte, então quando ela fala, mas o carro é importante porque eu tenho uma vida louca, eu pego filho de manhã na escola, eu levo na natação, depois tem o inglês, depois tem minha mãe que eu ajudo, levo para o hospital. Algumas soluções, uma solução é você ter o carro, outra solução é você pagar transporte por aplicativo, que para quem pica muito acaba ficando caro, muito vai e vem, sai caro, outra solução é você alugar o carro por mês, você tem um carro que está sempre novinho ali, a cada dois anos você troca, mas você não tem custo de IPVA, seguro, enfim, manutenção, tem a solução que às vezes é você contratar um motorista, que muita gente acha que, nossa, que luxo, mas acaba ganhando tempo e trabalhando no carro, quem é profissional liberal, por exemplo, advogado, ganha um tempo e você pode ter um motorista que te atenda parte do tempo, são várias soluções que a gente lista ali, a gente vai olhar sempre qual que é a financeiramente melhor, e geralmente na adaptação tem um grau de desconforto, mas eu quero mostrar para a pessoa qual que é o ganho que ela tem com aquilo, então a gente nunca vai falar, olha, sai do apartamento que custa 2 mil por mês e vai para o que custa 1500, eu vou falar, com uma redução de 500 no mês na moradia, você agora vai passar a viajar todos os anos, vai ter independência financeira sendo alcançada daqui a 25 anos, seu filho vai sim conseguir fazer um intercâmbio na escola, você vai sim garantir a verba de uma faculdade para ele, então eu estou trazendo um benefício e todos os meses para quem paga o serviço de acompanhamento da Super Rico, que é meio que uma assinatura para a manutenção do plano, eu estou confirmando se a pessoa está ou não no caminho certo, ou se ela perdeu, por exemplo, meio %, ela perdeu meio % do projeto, mês que vem nós vamos cancelar aquele passeio de fim de semana, só um mês, para recuperar o fôlego e garantir. O que que a gente faz com o planejamento, Luciano, é alertar a pessoa do risco que está por vir, o risco de não pagar o IPVA no início do ano, o risco do seu filho não continuar na escola, quando a pessoa está errando em 30 reais, não quando ela chegou no fim do ano e falou, está faltando 5 mil, então quando a situação quebrou, eu vou ter que propor uma mudança radical, quando a pessoa… excedeu, chegou no dia 15 do mês, se já está em 75% da verba de jantar fora, esse mês vai ser mais criativo, chama a pizza em casa, porque o jantar fora já ficou caro no começo, a pessoa percebe que é na sutileza que ela vai administrando as finanças, e não no corte radical, não é na mudança radical de comportamento. Isso acaba funcionando muito bem. Ou a gente faz isso com acompanhamento planejador, o open banking está evoluindo bastante, a gente está cada vez mais tendo acesso aos dados diretos dos bancos, a gente está muito perto de eu ter um aplicativo em que a pessoa faz um pagamento na padaria lá de 30 reais, não só em o push do cartão dizendo, confirmado 30 reais pagos, como vem o push do aplicativo dizendo, olha, hoje é dia 10 e você já atingiu 40% da verba de padaria do mês, está gastando mais do que o normal, segura. Isso tudo configurável, a pessoa pode pedir alertas para quando perder o ritmo, ou sabendo que está em uma época mais festiva, aceitar que a plataforma permita pagamentos maiores durante um certo período e alguns gastos para ajustar no período seguinte. Então, quanto mais dados eu tiver, mais facilidade eu vou ter de alertar sobre mudanças no trajeto e manter a pessoa no caminho. O que que nós esperamos ao longo do tempo com a Super Rico, Luciano? Eu quero provar para os bancos que um cliente planejado, ele não merece pagar a mesma taxa de juros nos empréstimos e financiamentos que uma pessoa não planejada, eu consigo dizer com antecedência, que ele está correndo risco de errar, eu vou corrigir a rota, então não é justo ele pagar a mesma taxa de financiamento que um cliente que não tem planejamento, mesma coisa com carteira de investimentos, se ele tem um investimento feito para projetos que vão se concretizar em um, dois, três, cinco, dez anos, esse meu cliente não corre o risco de pegar uma LCA que vence em 2026 e ano que vem pedir o resgate, por quê? Porque ele sabe que é para um projeto específico de 2026.
Luciano Pires: Você com essa tua história de educação financeira, você vai sacanear a dona Luiza, que está oferecendo para todo mundo aquele carnezinho gostosinho…
Gustavo Cerbasi: Não, não, o que nós queremos não é o lucro das empresas e dos bancos, nós queremos o custo, eu quero que as pessoas tenham uma relação mais eficiente com todo o mercado, porque se o meu cliente hoje pagar menos juros em uma operação de financiamento, mas porque ele não vai dar inadimplência para o banco, o banco está lucrando a mesma coisa, o que ele tirou ali, a ineficiência, é como se tivesse um nível extra da Serasa, do SPC na análise de crédito…
Luciano Pires: Sim, você está focado em qualidade e não em quantidade.
Gustavo Cerbasi: O banco, se ele te cobra 10% ao ano, ele quer os 8 para ele e 2% é para cobrir o risco de caras iguais o Luciano, que tem meia dúzia de caboclo ali que não cumpre o prometido, acaba dando calote no banco, e o Luciano que paga em dia vai ter que pagar uma parte dele também. Então, o que que a gente quer? Quer o custo do banco, quando o cliente deixa de gastar com juros, ele tem mais dinheiro para gastar lá com o carnezinho da dona Luiza, ele vai comprar mais, eu estou fomentando, a gente tem um exemplo para seguir, eu não estou inventando essa história do nada, nós estamos seguindo uma história que já aconteceu nos Estados Unidos, que é quando você conseguiu eficiência no mercado financeiro, você trouxe maior qualidade para o consumo das pessoas, o americano, ele parece ser extremamente consumista, mas na verdade, toda vez que ele vai ao shopping, ele sai com uma sacolinha pequena, porque tem a moda pré verão, a moda verão, e a pós verão, a moda pré outono, a moda outono, a moda pós outono, ele compra uma pecinha da moda, o brasileiro passa 11 meses lascado, quebrado, pagando dívida, quando vem o décimo terceiro, ele sai com oito sacolas do shopping, e aí já se ferrou até o décimo terceiro do ano que vem. Isso é ruim para a família, isso é um desastre para o lojista, imagina um lojista, é o cara que vive de ovo de páscoa, que ele só vende em abril e tem que passar 11 meses do ano com aquela loja aberta, fazendo promoçãozinha do chocolate, brinde e o caramba, o lucro dele vem em um único mês, se as pessoas consumissem todos os meses um pouco melhor, ele teria um custo menor, teria mais eficiência, aproveitaria melhor aquele espaço dele. Então, o que a gente quer é trazer eficiência para o mercado com as famílias tendo um planejamento mais azeitado, mais eficiente.
Luciano Pires: Perfeito.
Gustavo Cerbasi: É bonito, é um projeto bonito, tenho muito orgulho disso.
Luciano Pires: Legal, cara, e é recente, nasceu agora? Você recém lançou a Super Rico.
Gustavo Cerbasi: Não, a Super Rico não é uma empresa tão recente, ela nasceu em…
Luciano Pires: A tua associação é que é recente.
Gustavo Cerbasi: Isso, ela nasceu em 2014 a convite de empresas americanas que desejavam ter no Brasil o que elas ofereciam para os funcionários nos Estados Unidos, que eram os planos de saúde financeira, a Super Rico em 2014, até o ano passado, em 2022, ela funcionou muito bem no B2B, vendendo planos de saúde para colaboradores de empresas, com uma avaliação NPS tão bom, em alguns casos até melhor do que o nosso modelo inspirador nos Estados Unidos, e aí quando a gente viu que era um sucesso no atacado, pensaram, os sócios originais pensaram, vamos levar para o varejo, vamos levar oportunidade para as pessoas físicas que não tem esse plano vindo da empresa contratarem esse tipo de serviço. Aí eles me convidaram para entrar como sócio, porque eu teoricamente daria essa cara do varejo para a Super Rico, aí começou essa abordagem 1 a 1, nas redes sociais, nos eventos, e felizmente o projeto vem crescendo bastante, a gente começou o ano com 8 mil clientes usuários da plataforma, estamos indo para 32 mil agora e a projeção é de chegar a 100 mil ainda antes do fim do ano que vem, então é um crescimento bem interessante, também viemos de 32 franqueados planejadores, estamos em 202 e mais de 1500 em formação, um exército aí sendo preparado para atender um grande número.
Luciano Pires: E eu no momento que eu saí da parte gratuita do diagnóstico e acionar você para alguma coisa, eu estou lidando com gente, não é um robô?
Gustavo Cerbasi: Não, não, nós temos a inteligência artificial, o robô que ajuda nessa parte de você está preenchendo o orçamento, mas você poderia estar aprendendo na trilha de conhecimento a melhorar esse aspecto aqui do gasto com automóvel, Luciano lá, dentro do que você ganha, você está entre os 2% mais gastadores com jantar fora de casa, está entre os 5% mais gastadores com transporte, então a inteligência artificial te ajuda a entender onde é que está o desequilíbrio nesse automático. E também te ajuda a direcionar o seu perfil para o planeador adequado para te atender, porque hoje eu tenho todo tipo de problema financeiro, as pessoas chegam com dívida, com herança recebida, com uma carreira de futebol que está chegando ao fim, com uma carreira artística que está começando, então cada um tem um perfil bem diferente, eu tenho planejadores com perfis diferentes também, eu uso a inteligência artificial para…
Luciano Pires: Encaminhar.
Gustavo Cerbasi: …Criar o match, meio que o Tinder do planejamento financeiro, o endividado com o planejador adequado para endividamento.
Luciano Pires: Perfeito. Vamos lá, então, superrico com dois Rs .com.br, @superricobr nas redes sociais, no Instagram. No meu perfil, Gustavo Cerbasi, lá no link da bio tem toda a árvore para você chegar lá, entender como é que funciona para famílias, como é que funciona para empresas, estamos captando planejadores financeiros, se alguém gosta do planejamento financeiro, o modelo é de franquia, por que franquia? É o jeito que nós encontramos o planejador ser melhor remunerado, nós somos muito ambiciosos nessa frente de planeadores, a gente olha o mercado de assessores de investimento em que as pessoas que buscaram certificação para atuar como assessores estão extremamente infelizes, com uma renda média de mercado entre 3 e 5 mil reais, nós esperamos pagar pelo menos 3 ou 4 vezes mais por mês para os planejadores, temos um plano de negócio…
Luciano Pires: 3 ou 4 vezes?
Gustavo Cerbasi: 3 ou 4 vezes, nossa meta é entre 12 e 15 mil reais de remuneração para os planejadores medianos, porque eu já tenho planejador meu faturando aí acima dos 30 mil reais por mês, simplesmente seguindo a cartilha, porque ele trabalha integralmente com isso, porque ele está bem organizado, tinha um conhecimento prévio que ajudou a formar a carteira de clientes mais rapidamente, nós temos todo o modelo de negócio, nós damos o cliente para o planejador, ele não vai atrás de cliente, as pessoas entram na plataforma, nós direcionamos planejadores, e tem um plano de carreira bem interessante, mais de 70% dos nossos planejadores estão em transição de carreira, a gente não exige que a pessoa abandone um trabalho para começar o de planejador, vem aprender, vem experimentar, vai se envolvendo e quando sentir que pegou segurança você abandona o trabalho anterior, então não estamos chamando ninguém para a fogueira, nem para pular do precipício, é um trabalho consistente que também para o planejador vai ter um suporte muito grande para a carreira, por isso que tem muito valor agregado.
Luciano Pires: E o nome do livro mais recente então é?
Gustavo Cerbasi: A Riqueza da Vida Simples, é o livro mais elogiado pelos meus leitores, é o décimo sexto livro, acho que eu vim com esse amadurecimento que você falou…
Luciano Pires: Aprendeu a escrever, depois de 16 a gente aprende a fazer.
Gustavo Cerbasi: Eu sempre fui bom de redação, isso me colocou em duas faculdades, mas acho que a comunicação com o público, o fato de ter participado de um programa de TV em que a minha audiência tinha uma renda muito baixa, me conduziu a criar uma obra que servisse tanto para quem ganha mil reais por mês, quanto para quem ganha 1 milhão, é uma obra muito inteligente que dá uma perspectiva de vida, de trabalho, de equilíbrio, de planejamento muito interessante independente de quanto a pessoa ganha. Eu tenho muito orgulho, foi o livro mais baixado na pandemia, 125 mil downloads durante a pandemia, que foi um número impressionante e já é o meu quarto livro mais vendido. Então, recomendo a leitura, tenho muito orgulho dessa obra.
Luciano Pires: Legal, cara, sempre bom te receber aqui, viu? Tem um aspecto social no teu trabalho que é o valor que ninguém olha, o lance social que se você conseguir botar no mundo uma sequência aí de pessoas que tem o mínimo de entender como funciona, você muda a sociedade, você acaba mudando a sociedade.
Gustavo Cerbasi: Eu tenho muito orgulho da essência do meu trabalho que é ser professor, e eu tenho muita gratidão ao tamanho da sala de aula que eu tenho hoje, que eu consegui pelas redes sociais, pelos amigos como você, pelos contatos, pela imprensa, fazer com que minha sala de aula fosse muito grande e o que eu faço simplesmente é ensinar o caminho. Eu não gosto, Luciano, de enrolação, eu acho que é uma estupidez se me derem 5 minutos e nesses 5 minutos eu prometer que no final da minha fala, vou fazer um sorteio, eu vou te dar alguma dica, não, 5 minutos são muito preciosas, eu tenho que dar no mínimo 5 lições importantes nesse tempo, para mim uma honra estar aqui com você e poder compartilhar esse pouquinho de conhecimento, talvez inspirar mais pessoas a entrarem no mundo do planejamento financeiro.
Luciano Pires: Um abração, um abraço.
Gustavo Cerbasi: Obrigado, valeu.
Luciano Pires: Muito bem, termina aqui mais um LíderCast, a transcrição deste programa você encontra no LiderCast.com.br.
Voz masculina: Você ouviu LíderCast com Luciano Pires, mais uma isca intelectual do Café Brasil, acompanhe os programas pelo portalcafebrasil.com.br.