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Luciano Pires -

 

Luciano Pires: Bom dia, boa tarde, boa noite, bem-vindo, bem-vinda a mais um LíderCast, o PodCast que trata de liderança e empreendedorismo com gente que faz acontecer. No episódio de hoje, temos Renato Arakaki, que é fundador e CEO da BTC, Business Training Company. Renato é um engenheiro que muito cedo se apaixonou pelos processos de ensino e das aulas informais que ministrava para os alunos da USP, tirou a inspiração para criar uma empresa capaz de ministrar conteúdo de alto nível nas áreas de gestão com o foco no mercado financeiro, consultorias estratégicas e trainees. Uma conversa fascinante sobre o mundo da educação pelos olhos de dois profissionais que não se formaram em pedagogia, mas que atuam como educadores por paixão.

Muito bem, mais um LíderCast, e eu começo contando como é que o meu convidado chegou até aqui, eu tenho um programa que é o meu mastermind, que chama-se MLA, master life administration, onde um grupo de pessoas que assinaram o programa se reúnem uma vez por mês, então um mês a gente faz um online, o outro mês a gente faz um ao vivo, um evento delicioso o dia inteiro, um almoço em família e tudo mais, e um dos caras que está presente lá, que é o Luciano Serrano, manda um áudio para mim, cara, conheci um cara muito legal, você precisa conversar com ele. Como o Luciano faz parte desse grupo que nós estamos sempre juntos, ele já conhece bastante, ele já sabe como é que funciona, conhece muito bem o programa, ele sacou, tem material aqui para funcionar, então, eu vou te dar o contato, conversa com ele, vê se ele topa. Conversamos, acabou que deu certo, então estamos juntos aí em um horário pós expediente. Eu começo com três perguntas que são as únicas que você não pode chutar, depois você chuta à vontade, as três você responde, por favor. Seu nome, sua idade e o que que você faz.

Renato Arakaki: Bom, meu nome é Renato Arakaki, eu tenho 41 anos, e qual que é a terceira mesmo? Desculpa.

Luciano Pires: O que que você faz?

Renato Arakaki: O que eu faço? Bom, hoje eu toco uma empresa chamada BTC, Business Training Company, que é um negócio que prepara treinamentos de negócio para pessoas de alto potencial, tanto treinamento aberto, quanto em company.

Luciano Pires: Quando você fala eu toco um negócio, você é o dono da firma?

Renato Arakaki: Exato.

Luciano Pires: É uma startup?

Renato Arakaki: Não, eu costumo não falar que é uma startup, mas é um negócio voltado para a educação.

Luciano Pires: Você nasceu onde?

Renato Arakaki: Eu nasci em São Paulo mesmo.

Luciano Pires: Paulista daqui?

Renato Arakaki: Paulista.

Luciano Pires: Tem irmãos?

Renato Arakaki: Tenho um irmão, um irmão mais velho.

Luciano Pires: O que que o seu pai e a sua mãe faziam?

Renato Arakaki: Meu pai é aposentado, minha mãe já faleceu, mas ela também era aposentada, então eles fizeram até nível técnico e daí trabalharam bastante para dar educação para os filhos.

Luciano Pires: CLT, o que que era? Estou te especulando para saber de onde veio o vírus do empreendedorismo e tudo mais, os dois eram CLT, trabalhavam para empresa, por conta própria?

Renato Arakaki: Meu pai, ele foi servidor público, ele trabalhou na Telesp por muitos anos, ele trabalhava na Erickson primeiro, depois Telesp, se aposentou lá. Inclusive, ele até me influenciou para o meu primeiro estágio no técnico que foi na Telefônica.

Luciano Pires: Na Telefônica?

Renato Arakaki: É, que virou, a Telesp virou Telefônica.

Luciano Pires: Seus pais era… como é que é dekassegui, japonês, do Japão, do Brasil?

Renato Arakaki: Nissei.

Luciano Pires: O que que é o dekassegui?

Renato Arakaki: Dekassegui é quem é japonês e vai…

Luciano Pires: E que chega aqui no Brasil?

Renato Arakaki: Não, que vai lá para fora para trabalhar lá no Japão.

Luciano Pires: Ah, é ao contrário, eu sempre confundo isso.  Eles são nisseis, então?

Renato Arakaki: Nissei, eu sou sensei.

Luciano Pires: E o nissei é o que veio do Japão para o Brasil?

Renato Arakaki: É a segunda geração.

Luciano Pires: É o filho do japonês, então os seus avós vieram do Japão.

Renato Arakaki: Vieram do Japão mesmo.

Luciano Pires: Legal. Você quando era moleque, qual era o seu apelido?

Renato Arakaki: Qual era o meu apelido? Os tradicionais, Jaspion, e como eu sou baixo, tenho 1,57, na época obviamente era bem menor, aí todos aqueles apelidos de pessoas baixas.

Luciano Pires: De tampinha. O que que o Jaspion queria ser quando crescesse?

Renato Arakaki: Olha, o Jaspion, ele queria só ter uma carreira muito parecida com a do pai.

Luciano Pires: Imaginei que era isso, no serviço público?

Renato Arakaki: Não, na verdade assim, trabalhar, ter tempo para a família, onde o meu pai sempre foi muito presente, e aquele negócio, você ter carro e uma casa. Na minha época essa era a ideia de sucesso para a carreira. Então, fazer técnico etc. era basicamente isso. Meu pai fez técnico, minha mãe também, técnico em eletrônico e técnico em química, então eu achava que eu fazendo o técnico já tinha chegado no auge ali da educação, então era esse o meu objetivo.

Luciano Pires: Que é uma coisa muito doida, eu estava lendo outro dia um material sobre a Alemanha, e os caras botando o foco que os alemães botam no técnico muito mais do que o superior, um técnico que sai com um diploma legal e fica um cara bom na profissão dele, ele ganha muito mais do que qualquer advogado, qualquer engenheiro que tem lá, o técnico em si… e aqui no Brasil a gente não tem isso na cabeça, tem que ter o diploma, cara, um técnico bom…

Renato Arakaki: Exato, na época quando eu fiz técnico não tinha gente desempregada.

Luciano Pires: Era técnico em que?

Renato Arakaki: Telecomunicações, eu fiz na Escola Técnica Federal de São Paulo, era praticamente impossível você ver uma pessoa sem emprego.

Luciano Pires: Você olha hoje para trás, quando você olha para a tua infância e tudo mais, você seguiu um esquema de educação japonesa ou brasileira? Como é que era, você consegue ver diferença?

Renato Arakaki: Sim, o esquema de educação, ele foi brasileiro, mas até a oitava série eu estudei em escola adventista, minha mãe sempre foi muito católica, então eu sempre tive essa formação religiosa muito forte no início ali da educação, e depois eu fui seguindo mais para educação pública, porque a escola técnica e depois a USP, mas em casa a cultura era japonesa, você não vai ganhar absolutamente nada se você não se esforçar, então bem japonês mesmo.

Luciano Pires: Meritocracia na veia.

Renato Arakaki: Sempre fazer as coisas de forma correta.

Luciano Pires: E com coisas meio ritualísticas também, tem um certo ritual ali, pai e mãe, aquela hierarquia, aquela coisa, como é que eu vou dizer, é hierárquica e aquela coisa de respeite a hierarquia.

Renato Arakaki: Tinha que mostrar boletim, se tirasse abaixo de 10 já começava, você não está se dedicando. Então, sempre foi assim.

Luciano Pires: Você estudou a cultura japonesa, você se preocupou em saber da tua origem, você foi ver isso?

Renato Arakaki: Alguma coisa sim, mas interessante, eu moro, meus pais, tem alguns nichos de locais onde os japoneses se concentraram, em São Paulo, por exemplo, então você tem ali Liberdade, Praça da Árvore etc. Meu pai especificamente, meus pais foram para Campo Limpo, que é um bairro na periferia, onde a quantidade de japoneses lá é zero, então eu nunca tive muito contato com outros japoneses a não ser a minha própria família, interessante isso. Então, eu só fui começar a ter muito mais contato com pessoas japonesas mesmo no técnico, aí no técnico eu nunca vi tanto japonês na minha vida, na USP então.

Luciano Pires: Você era o japonês na sala de aula, você era o japonesinho na sala de aula.

Renato Arakaki: Sempre, então tudo o que eu via de cultura japonesa vinha dos meus pais.

Luciano Pires: E esse lance de você ser o único japonês da sala de aula, cara, tinha em você alguma pegada de você chegar em casa, pai e mãe, por que que eu sou diferente, o que que é? Ou não tinha, está tudo igual e vamos embora. O meu melhor amigo quando eu era um molequinho na infância era um japonês, tinha uma oficina mecânica, a casa dele… eu lembro até hoje, cheiro de japonês, o tipo de comida que ele fazia, era tudo muito japonês, era o boia, era o melhor amigo que eu tinha, vivia o dia inteiro com ele e não tinha diferença nenhuma, estou falando dos anos 60, era tudo igual, o fato dele ser japonês e eu não ser não fazia a menor importância lá, era muito integrado. Você sentiu alguma coisa da diferença do fato de ser japonês?

Renato Arakaki: Não, nada, o pessoal obviamente zoava…

Luciano Pires: Zoar, o bullying está aí.

Renato Arakaki: Normal, então esse daí para mim nunca teve problema, e é interessante porque quando você é criança e está ali até a oitava série, você não tem muito esse negócio de raça, então eu lembro que os meus melhores amigos eram o Silvio, que é uma pessoa preta, ainda tinha o Rafael que era loirinho e tinha um outro branco com cabelo preto e eu, então se fosse ver assim era o grupo de amigos mais diverso da…

Luciano Pires: Eram os vingadores.

Renato Arakaki: E ninguém ligava para isso, todo mundo era amigo, ninguém via diferença nenhuma.

Luciano Pires: Depois que cresce é que vira uma bagunça.

Renato Arakaki: Exato, as coisas vão bagunçando demais.

Luciano Pires: Então, quando eu te perguntei o que você queria ser quando crescesse, você falou, quero trabalhar, você não tinha uma carreira em mente, como é que você foi parar no técnico de telefonia? Só por causa do seu pai?

Renato Arakaki: Basicamente foi o seguinte, então já tinha feito o técnico e obviamente ele orientava a gente a fazer isso, meu irmão fez técnico também em eletrônica, e eu fiz técnico em telecom. Olha que interessante, uma prima minha, você sempre tem alguém na família que você admira, geralmente um primo mais velho etc., uma prima minha, ela entrou na federal, eu nem sabia o que era federal, mas aí descobri que era na época a melhor escola técnica de São Paulo, e aí como eu gostava muito dela, que era uma prima mais velha, eu falei assim, olha, eu quero entrar na federal também, porque se minha prima conseguiu, eu também quero. Então aí que começou esse negócio de querer fazer técnico, mas até entrar lá eu não pensava muito em carreira, pensava, vou ser técnico, beleza, e escolhi Telecom porque achava o nome bonito, sendo bem sincero para você, que era assim, todo mundo estava fazendo eletrônica, mas tinha Telecom, ah Telecom parece ser um nome legal, eu vi algumas coisas que Telecom ia ser o futuro na época, aí era 93, 94, falei, então beleza, vou fazer. Então, não tinha muita… naquela época não tinha muito isso de pensar em carreira.

Luciano Pires: E você se forma técnico em Telecom?

Renato Arakaki: Exato.

Luciano Pires: Aí foi para uma universidade, uma coisa assim ou foi trabalhar de cara?

Renato Arakaki: Olha que legal também, fiz estágio, trabalhei na Telefônica, essa foi influência total do meu pai, que eu falei, queria trabalhar onde meu pai trabalhou, fiquei lá como técnico de computação, um ano de estágio e meio ano de técnico efetivo. E aí o que que aconteceu? Eu achava que eu já estava no auge da carreira, que eu falei assim, imagina, você com 16, 17… na época 16, 17 anos, já está fazendo estágio, está ganhando dinheiro, na época mil reais já era um bom dinheiro, então achava que ali era minha carreira, pronto. Até que, como as pessoas te influenciam, um amigo meu que era veterano meu na época, até morava no Campo Limpo, acho que era o único japonês do Campo Limpo depois de mim, e aí a gente voltava junto, etc., era assim, eu morava no Campo Limpo e estudava no Canindé, então dava duas horas mais ou menos para chegar. Então, eu ficava com ele lá ida e volta pelo menos umas 4 horas por dia, e aí ele queria entrar na USP, e aí ele começou a estudar para caramba e passou. Eu nunca tinha cogitado entrar na USP, para minha era, sabe aqueles sonhos distantes? Falei, mas olha que interessante, eu falei assim, se o Fábio consegue, eu acho que eu também consigo. E aí eu comecei a ter a vontade de estudar para o vestibular para fazer engenharia na USP, na Poli, e aí que começou a surgir essa vontade de avançar na carreira.

Luciano Pires: E você foi para a Poli?

Renato Arakaki: Fui.

Luciano Pires: Fez? Se formou lá?

Renato Arakaki: É, me formei lá.

Luciano Pires: Em?

Renato Arakaki: Engenharia elétrica, controle de automação. Aí quando eu fui para a Poli, aí já era um negócio mais diferente, porque eu queria ser engenheiro mesmo, então eu fiz os cinco anos de engenharia ali querendo ser engenheiro até o último momento, o que não é o comum, tem muita gente nos meus amigos que queriam ir para mercado financeiro, consultoria etc., eu queria ser engenheiro raiz mesmo, só que aí as coisas foram mudando depois que eu me formei. Aconteceram duas coisas, na verdade, a primeira é que depois que eu me formei… eu fiz cursinho para entrar na faculdade, até porque na minha época técnico você não tinha todas as matérias, então você tinha muita matéria técnica, mas você não tinha a base, aí quando eu fiz cursinho eu fiquei maravilhado pela metodologia de ensino que o cursinho te dá, por quê? Porque ele resume 3 anos que você deveria estudar e aprender em um ano, e faz você ter condições de passar em uma faculdade. Então, quando eu fiz cursinho e entrei na Poli, além de ser engenheiro, eu queria dar aula, porque as aulas… eu falo para o pessoal, que a Poli, apesar de ter um nome muito bom, não são as melhores aulas que você vai ter na sua vida. E aí eu sempre pensava que dava para ensinar de uma forma diferente, eu falei assim, por que que não usam a metodologia do cursinho? E aí no final ali, no quarto, quinto ano, eu comecei a dar aula de reforço para alunos em uma disciplina específica que chamava álgebra linear.

Luciano Pires: Meu pai do céu.

Renato Arakaki: Aí eu ajudava eles a ir bem na prova, então eu estava dando aula etc., aí começou a me despertar a vontade de dar aula, de ensinar, e aí começou, aí eu queria ser engenheiro e tinha uma visão de ser um professor ali eventualmente da Poli. Então, foi ali que começou a…

Luciano Pires: Pegou o canudo na mão e fez o que?

Renato Arakaki: Então, e formei como engenheiro, estava dando aula lá na Poli ainda, porque eu criei um grupo ali para aula…

Luciano Pires: Quando você fala dar aula, era um freela seu, era por tua conta, não tinha nada a ver com a escola?

Renato Arakaki: Tinha assim, vamos lá, tinha um professor lá que ele precisava autorizar eu usar uma sala da Poli, então chamava professor Nacau, e aí era muito interessante, a primeira aula que eu dei, porque não existia isso na Poli, aí eu comecei a dar uma aula de reforço para a prova, na primeira aula foram 20 pessoas, na segunda, que era para a segunda prova, já tinha 40, na terceira, eu já tive que ir para um auditório, e aí depois todas as aulas que eu fui dando era em auditório, porque era uma quantidade imensa de pessoas e eu dava muita dica…

Luciano Pires: Um puta mercado virgem ali te esperando, ninguém enxergou isso para fazer.

Renato Arakaki: Exato, e era tudo de graça.

Luciano Pires: Isso que eu ia te perguntar, você não cobrava nada, dava aula pelo prazer de dar aula.

Renato Arakaki: Pelo prazer de dar aula. E olha que interessante, uma das coisas que eu achava que ia ganhar dando aula, além de transmitir conhecimento, japonês, então japonês, introvertido, falar em público é uma coisa… eu comecei até a treinar um pouco de soft skills, de começar a ensinar, falar em público, etc. Isso eu nem tinha ideia na época, mas me ajudou muito na carreira, muito.

Luciano Pires: Eu imagino, eu imagino, isso é uma ferramenta fundamental. Tudo o que o tímido quer fazer da vida é passar despercebido. Aí você fala, como é que eu consigo ser um cara de sucesso, bem-sucedido na vida, tendo como meta que ninguém me veja, que eu não seja percebido, e complicado. Mas é bem interessante essa pegada sua. Bom, aí você vai trabalhar como engenheiro, você vai ver engenheiro?

Renato Arakaki: Então, aí eu comecei a fazer engenharia em uma empresa chamada Dixtol, que fabricava equipamento médico, aí eu comecei lá a fazer toda a parte de engenharia, interface gráfica etc.

Luciano Pires: E largou as aulas ou continuou dando?

Renato Arakaki: Continuei dando aula. Só que…

Luciano Pires: Você se deslocava, você ia para o lugar, perdia duas, três horas lá dando aula, mais um tempo preparando as aulas, tudo de graça? Na verdade, você estava pagando para ir.

Renato Arakaki: Exato, mas na época era o gosto de dar aula. E aí o que que aconteceu? Eu estava trabalhando lá na Dixtol, e aí eu comecei a me questionar se era bem aquele tipo de atividade que eu queria fazer para o resto da minha vida. E aí chegou um momento que eu percebi que não era engenharia que eu queria, eu gostava muito da parte técnica, mas trabalhar com engenharia é diferente do que aprender engenharia. E aí o que aconteceu? Eu comecei a procurar programa de trainee, e eu li um livro que tinha na biblioteca da Dixtol, que é o Competitive Strategy, do Michael Porter, e aí eu li e falei assim, nossa, acho que é isso que eu quero fazer da minha vida, trabalhar com estratégia. Aí eu procurei programas de trainee que estava com vaga em estratégia, prestei, aí eu passei na inint 18:49, que é uma empresa ítalo-argentina que tem uma fábrica lá em Pindamonhangaba, e o escritório também, e aí eu passei no programa trainee, era um programa global, que também era interessante porque eu ia para fora, no meio da faculdade eu morei em Londres, como eu estava te contando aqui em off.

Luciano Pires: Para quem está nos ouvindo aqui, a gente subiu a escada aqui, e a minha escada, a parede dela é inteirinha a capa do disco Abbey Road dos Beatles, ele olhou assim, eu morei nessa rua aí. Como é que é? Morei na rua, logo ali, se a foto subisse um pouquinho, você ia ver o lugar que eu morei ali, na Abbey Road. Que coisa.

Renato Arakaki: Exato. E aí esse global trainee, eu tinha a expectativa de trabalhar com estratégia, a primeira coisa, e a segunda, ter uma carreira internacional, então eu queria morar fora naquela época. E aí começou a minha transição de carreira para business, e aí fiquei lá por dois anos até começar a empreender.

Luciano Pires: E o fato de você ter feito engenharia te ajudou de montão na visão de negócios, na visão do business? Deixa eu te contar porque, eu tenho um amigo, aliás, dois amigos, um deles se formou em… como é que era? Não era agricultura… como é que é? Alguma coisa relacionada à agricultura há muito tempo atrás, e outro se formou em química. O de química não sabe a diferença entre um elemento e outro, não tem a menor ideia, nunca executou, e o outro que fez a formação na área agrícola virou um consultor de empresas cuja especialidade é comprar e vender empresas, fazer fusões e tudo mais. E eu conversando com ele falei, mas como assim? Ele falou, bicho, você não faz ideia de como a minha formação em uma área como a agrícola me ajudou no meu negócio, porque eu tenho uma visão de negócio que nenhum concorrente meu tem, quando eu encontro concorrente, um engenheiro, o outro é advogado, o outro é arquiteto, matemática, ninguém vem da área que eu vim, e esse tipo de coisa que eu aprendi ali me deu uma visão de negócios que nenhum deles têm. E o químico fala a mesma coisa, eu não tenho a menor ideia, eu não sei misturar duas coisas aqui, mas a formação que eu tive ali me ajudou de montão e virou um baita líder de empresa, sabe, de CEO de empresa e tudo mais, calcado naquela formação legal que ele teve. Então, isso me ensinou quando o meu filho entrou na idade de ir para a universidade, um belo dia ele me chamou para conversar todo cheio de medo, pai, vou fazer artes plásticas, e quando falou… e meu mundo caiu, porque a hora que ele falou para mim, eu já imaginei ele com 40 anos, de sandália, vendendo miçanga na praça da Sé, fiquei… depois eu virei para ele falei, vamos fazer uma coisa aqui, cara, qual é a melhor faculdade de artes plásticas de São Paulo? É a Faap, então presta, se você entrar, legal, eu banco, vamos lá, e aí você se dedica e tudo, eu não sei o que você vai ser lá no futuro, você pode ser dono de pet shop, pode ser diretor de uma… não interessa, interessa que a formação seja a melhor possível, então vai, faça e depois que você sair que você vai se virar. E aí eu trabalho com vídeo, videomaker e tudo mais, mas aconteceu isso com você, a formação da engenharia de teus elementos para… lá na frente?

Renato Arakaki: Ajudou bastante, porque a formação de um engenheiro é resolver problemas, então principalmente na minha engenharia, que é controle de automação, você sempre tem entradas e saídas, que aí você precisa controlar o processo, quando você pega um problema de business, é basicamente isso, então você tem entradas, saídas…

Luciano Pires: Só que muita coisa não está em uma planilha Excel, não dá nem para botar na planilha, tem coisa que você pode medir, o engenheiro pinta e borda, tem coisa que você pode ver, e tem coisa que pode sentir, quando você pega o business, o ver e sentir, puta, faz parte, e não cabe em uma planilha, você tem que desenvolver o outro lado que o engenheiro normalmente não fez na escola.

Renato Arakaki: É, esse discernimento para você ligar a parte técnica com a parte de negócios que tem muito humanas, que é o que você está falando, concordo plenamente, é isso que você tem que ir trabalhando como engenheiro, porque engenheiro, ele é muito bom a princípio na parte lógica, mas na parte humana ele peca bastante. Então, já tive diversos chefes que eram muito bons tecnicamente, mas às vezes tinham um certo problema. Eu falo de marketing, por exemplo, o pessoal até brinca porque eu dou muita aula de finanças, e toda vez que eu dou aula de finanças eu incorporo o diretor financeiro, corta marketing, mas quando eu estava em empresas discutindo coisas de marketing, às vezes eu era a pessoa que tinha que dar o lado humano do negócio, que basicamente é o seguinte, vamos fazer uma campanha de branding, por exemplo, vamos cortar, por quê? Porque não está dando resultado. Mas como que você está medindo esse resultado? A gente fez lá uma campanha e não aumentou as vendas. Falei, mas essa é a métrica para você mensurar se está fazendo sentido ou não o branding? Às vezes está agregando mais valor na marca, que pode permitir a gente no futuro trabalhar com uma precificação mais alta que é aumentar a margem, não dá para você medir desse jeito. Então, eu que tinha que ser a pessoa ali mais racional em termos de administração, mesmo tendo a formação técnica. Eu acho que é isso que vai ajudando quando você vai desenvolvendo a carreira, quando você tem uma formação universitária muito técnica.

Luciano Pires: Até então você não tinha ainda a visão de vou ser dono do meu negócio, o empreendedor não tinha acordado ainda?

Renato Arakaki: Não, eu tinha uma meta, qual que era a meta, a meta era a seguinte, quando eu comecei a trabalhar com planejamento estratégico, eu comecei a ver que administração era uma coisa extremamente importante, que eu não tive absolutamente nada na faculdade, e aí eu queria fazer MBA, lembra que eu tinha vontade de trabalhar fora etc.? Então, eu coloquei uma meta que até os 30 anos ou eu estaria fazendo o meu MBA fora ou eu estaria empreendendo, coloquei essa meta, a partir do momento que eu comecei a entender como funcionava administração. E aí que eu coloquei as duas metas e fui fazendo, então fui trabalhando a parte de teste, porque tem que fazer de match, de um monte de coisa para passar e MBA, e o negócio eu sabia que ia vir naturalmente com alguma ideia que ia surgir, fui trabalhando, fui trabalhando até ter a ideia de ter um negócio quando eu estava na inint 24:53 no meu programa de trainee, como que foi? Eu estava fazendo um curso na GV e eu morava lá em Pindamonhangaba, aí eu estava voltando etc., em uma dessas viagens eu comecei a questionar assim por que que o curso de administração era tão caro, porque eu falei assim, olha, eu estou fazendo um curso de administração, estou pagando uma bala, por ser GV, e é uma pessoa falando e eu aprendendo, e a sala aprendendo, eu até entendo que medicina é caro porque tem muito equipamento etc., engenharia também, administração, por que que administração é tão caro? E isso no carro. E aí eu comecei a pensar se não dava para começar a ensinar business com qualidade com um custo acessível, principalmente porque eu estava em começo de carreira, e aí aquele negócio, quando você está no começo de carreira é onde você mais precisa de conhecimento e é onde você tem menos dinheiro, aí você vai lá procurar os cursos, 40, 50, 60 pau, você fala assim, olha, é difícil. Então, eu comecei a pensar, aí quando eu cheguei em São Paulo, aí eu falei assim, eu vou fazer isso, até então nenhuma ideia…

Luciano Pires: Vou montar uma escola, é isso?

Renato Arakaki: Vou montar uma escola de negócios para ensinar business de uma forma acessível com qualidade, e aí foi que surgiu a ideia e eu comecei a trabalhar.

Luciano Pires: E você quando pensou no vou formar uma escola, você pensou em uma escola tradicional com sala de aula, professor lá na frente, ou você já foi para o digital de cara?

Renato Arakaki: Não, tradicional, então eu comecei a ver, eu falei, eu quero dar uma aula como se fosse uma escola de negócios tradicional, só que tem que ter um custo baixo até para eu conseguir oferecer um preço baixo.

Luciano Pires: Você queria fazer o que você estava fazendo na USP ganhando dinheiro com isso.

Renato Arakaki: Exato. E aí começou, lembra? Eu sempre quis dar aula, então eu sempre tive vontade de dar aula, e aí eu comecei a estruturar como que eu ima montar um negócio com um custo baixo para conseguir oferecer esse negócio com preço baixo, mas com qualidade, e aí foram algumas decisões, por exemplo, professor com mestrado e doutorado não, até porque eu queria dar uma pegada mais prática para os cursos que a gente ia ensinar, então uma das coisas que eu queria é que todos os professores tivessem experiência naquilo que eles estavam ensinando, prática, então não um professor que fez mestrado e doutorado, que nunca sentou ali em uma mesa para ver como que funciona isso no dia a dia. Isso é bom, por quê? Porque aí o valor do professor é mais baixo, mas atende a proposta de valor. Outra coisa, vários sócios meus no início queriam ter um espaço físico, ah vamos pegar lá na Paulista um andar, fazer sala, etc.? Não, é despesa variável, vamos alugar salas conforme a gente fecha turmas. A gente começou na USP, lá na Associação de Ex-alunos, e depois a gente foi procurando locais onde a gente podia alugar para conseguir fazer as turmas.

Luciano Pires: Então, de repente você saiu do eu e foi para o nós, você está falando gente, gente, gente, tem mais gente no pedaço, então?

Renato Arakaki: Sim, sim.

Luciano Pires: Como é que foi esse plano de negócios, quando você sentou e falou, vou fazer uma escola, não sou só eu sozinho, eu vou ter que ter mais gente comigo, para você determinar que esse mais gente tem que ser mais quatro, mais cinco, mais três, mais dois, a turma tem que ter X alunos para funcionar, você desenhou um plano de negócios?

Renato Arakaki: Sim, mas se eu falar para você que eu fiz isso de forma formal, eu estaria mentindo, então é tudo na cabeça, então tem que ter finanças, tem que ter marketing, estratégia, modelagem em Excel, aí eu sabia mais ou menos como que seria o primeiro curso.

Luciano Pires: Tudo aquilo que o Michael Porter ensina…

Renato Arakaki: Exato.

Luciano Pires: No papel é uma maravilha, vamos fazer, vamos lá, manda bala. Eu estou rindo porque onde você está sentado aí, já sentaram quase 300 pessoas, e eu não tenho medo nenhum de dizer para você que 95% de quem sentou aí responde igual a você, como é que foi o plano? Que plano, vou fazer e dane-se. E tem de todo tipo de gente, desde a empresinha a empresona, o cara nasce, não emito nota fiscal, emprestei a sala de um amigo para enganar um cliente para ele pensar que era minha, os caras inventam qualquer coisa, saem fazendo, e um belo dia, o negócio pegou, agora eu vou organizar. Essa é a história sempre e com você não foi diferente, mesmo com o teu background de engenheiro e tudo mais, muito foi no eu sentir o feeling aqui, acho que vai dar.

Renato Arakaki: Aí eu tinha o curso na cabeça, eu não tinha obviamente todos os conhecimentos para conseguir ministrar todas as aulas…

Luciano Pires: Já começou com sócio?

Renato Arakaki: Não, aí começou assim, eu pensei no negócio, pensei no curso, aí eu fui vendo quais seriam as necessidades para conseguir fazer esse curso sair do papel, aí que eu fui trazendo sócios, então os sócios, eles tinham que ser pessoas que tinham conhecimento justamente nas disciplinas que eles iriam ministrar, e aí a gente foi montando. Foi difícil convencer as pessoas, porque o pessoal chegava para mim e falava assim, então quer dizer que você quer fazer uma escola de negócio para competir com GV, Insper, etc.? Eu falei assim, não é para competir, mas é uma escola de negócios. Mas quem vai dar aula? Falei, a gente. Mas como que a gente vai fazer o pessoal pagar? Se a gente fizer um trabalho bom de lançamento de negócio, quem sabe a gente faz. A ideia no início era fazer um negócio para engenheiro, por quê? Porque engenheiro não tem administração na graduação, e como engenheiro vai muito para a área de negócios, eu falei, vamos focar lá na Poli, por exemplo, que foi onde eu estudei, e depois a gente vai expandindo o negócio conforme a coisa vai ficando mais sólida.

Luciano Pires: Quer dizer, a coisa não foi tanto feeling assim, tem uma histórico teu ali atrás, você deu aula para essa molecada, você sentiu onde a coisa pegava, quando você foi lá para fora e trombou com os problemas, falou, se eu tivesse tido esse tipo de background seria legal. Quer dizer, você foi em um nicho interessante, havia uma demanda e você foi ali e entregou essa demanda.

Renato Arakaki: Tem muito empreendedor que fala isso, assim, quer abrir um negócio, parta de uma necessidade que você tem e que não é atendida para mercado. É mais ou menos isso que aconteceu. Então, eu falei assim, eu preciso de conhecimento de negócio, eu tenho opções, mas o preço é impeditivo, então foi dessa necessidade que surgiu a ideia, e aí o gosto de dar aula, etc., tudo foi juntando.

Luciano Pires: Você para poder dar aula você teve que se registrar em algum lugar, você teve que ir lá no MEC e falar, alô MEC estou construindo uma escola?

Renato Arakaki: Eu estudei como que a gente ia tirar o negócio do papel, e aí você poderia eventualmente fazer tudo regulado pelo MEC, ou você poderia ir para o desregulado, que são os cursos livres, como eu queria ter bastante liberdade para as coisas que eu queria apresentar, a gente decidiu ir para o desregulado, que na época ainda não tinha esse negócio, porque na época assim, diploma era uma coisa importante, então muita gente que eu fui apresentando o plano de negócios, porque você vai falando com as pessoas para dar uma validada, o pessoal falava, eu não sei se vai dar certo, o pessoal gosta muito de certificado, de uma escola…

Luciano Pires: Certificado avalizado pelo MEC etc. e tal.

Renato Arakaki: Exato. Aí eu falei, e eu tinha uma visão naquela época que eu acho que está se concretizando hoje, eu achava que conhecimento de administração ia funcionar que nem inglês, por quê? Antes você fazer Cultura Inglesa, inint 31:53 era o certificado para você… hoje em dia, tanto faz onde você aprendeu inglês, desde que você fale, eu achava que administração ia funcionar dessa forma, eu achava que o diploma, ele ia ter menos peso para o mercado de trabalho, e mais o seu conhecimento, tanto é que tem processo seletivo hoje que nem exige faculdade. Então, eu fazia, vamos para o desregulado que vai dar mais liberdade, e eu acho que o mercado vai para esse caminho, e aí foi assim que a gente começou.

Luciano Pires: Eu lancei um podsumário, de quando em quando eu lanço um podsumário, eu peguei a tecnologia do PodCast e faço um sumário de livro como se fosse um PodCast, eu pego um livro que foi editado não sei aonde, inglês, nunca teve no Brasil, pego o livro inteirinho, leio o livro, faço um sumário dele e ao longo do sumário eu paro e dou meus pitacos, então é um sumário comentado. E eu lancei um deles que fala sobre seleção de pessoas, como é que você faz, e lá eles contam algumas histórias de seleção de pessoas, você me contou agora, me lembrou uma coisa interessante, eu estava contando de uma dessas grandes, eu não me lembro qual delas era, mas os Google da vida aí, grandão, falou que os caras montaram um esquema de… tão maluco, que eles começam a avaliar o teu… você manda o teu resumé para eles lá, o teu currículo, e eles começam a avaliação com o currículo de ponta a cabeça, então começa de baixo para cima, deixa eu ver qual é hobby desse cara, o interesse da vida dele, a bobajada para chegar no final e ver em qual escola ele se formou, entendeu? O importante é deixa eu ver quem é esse cara, notaram e falaram o seguinte, a gente estava perdendo muita gente genial e talentosa por causa de uma linha de corte na escola, eu falei, não era aí, cara, eu tinha que pegar o cara que tem o culhão, eu vou começar com esse cara, o que que ele gosta de fazer, aí a escola a gente dá um jeito aí. E aí o cara falou, aumentaram barbaramente a quantidade de gente talentosa porque eles tiraram o corte da escola ali. É bem interessante isso.

Renato Arakaki: Exato. Cada vez mais o currículo está contando menos, então tem muita gente que ainda tem a ideia da formação, ela filtra de fato, vestibular etc., faz um filtro que é importante para algumas carreiras, mas para outras às vezes é um impeditivo, então tem muita empresa mesmo que está vendo mais o que que é a pessoa, o que que ela sabe do que onde ela aprendeu.

Luciano Pires: Você vê como é importante isso, cara, que interessante, eu tive uma conversa semanas atrás, a Bárbara que trabalha comigo aqui, ela mora no Rio de Janeiro, e trabalha aqui, ela estava conversando comigo, tem 36, 37 anos de idade, e ela preocupada, queria enriquecer o currículo dela, então ela estava olhando ali para fazer um MBA, um curso legal e tudo mais, e a hora que ela começou a ver a carga horária desses cursos, e o custo desse curso, e comparar com o benefício que eu terei quando eu tirar um certificado daqui a três anos, falou, cara, eu vou gastar um tempo gigante, que se eu tivesse aplicando esse tempo no desenvolvimento do negócio, baseado naquilo que eu já tenho de experiência no que eu tenho que fazer, talvez eu tivesse um resultado muito melhor e não vou ter garantia nenhuma que esses três anos e o dinheiro que eu vou gastar aqui vai me tirar um papel na minha mão que me dê um avanço lá. Então, foi muito interessante isso, e aí acendeu uma luzinha que eu estava pensando, se eu tivesse que fazer hoje, eu ia buscar um curso de alguma coisa que me falta, eu sou um especialista em comunicação e marketing, eu não vou fazer outro curso de marketing, chega, onde é que eu sou ruim? Eu sou péssimo em finanças, é isso que eu tenho que fazer, e não é pelo certificado, nem pela nota que eu vou tirar, é pelo o que eu vou aprender ali, então esse é o valor intangível, a nota eu sei, a escola que eu fui eu sei, mas o que eu aprendi eu não sei. Então, vamos olhar esse o que aprender e talvez fazer isso a moeda de motivação.

Renato Arakaki: E isso também foi uma… isso que você falou é 100% verdade e foi uma das coisas que eu tentei focar bastante no início que foi o seguinte, eu fiz um curso na GV que foi esse curso que eu falei que até me inspirou a fazer a BTC, mas toda parte de conhecimento de negócio ou ela veio on the job, mas muito por causa de leitura, e eu usei exatamente o que você falou, se eu estou trabalhando com planejamento estratégico, no dia a dia eu vou aprender isso, o que eu não sei? Finanças, aí eu comprava um monte de livro de finanças e ficava lendo. Aí pronto, estou vendo que tem muita discussão de supply chain, nem sei o que que é isso, pega lá supply chain, marketing, aí vai pegando. Aí é isso, vai você vai aumentando a base de conhecimento que para a área de negócios acho que é fundamental, e para empreendedorismo, então… muita coisa que eu aprendi em business, eu apliquei na BTC inicialmente, por quê? Porque quando você está trabalhando em empresa, você tem lá o seu escopo de trabalho, agora quando você é empreendedor, você tem que fazer tudo.

Luciano Pires: Essa escola que nasceu, a BTC, é essa que nasceu lá atrás?

Renato Arakaki: Foi essa.

Luciano Pires: Que ano foi isso?

Renato Arakaki: Foi 2009, início de operação 2010.

Luciano Pires: E continua sendo, é a mesma BTC que nasceu lá?

Renato Arakaki: Mesma BTC.

Luciano Pires: Mas você não teve alguma experiência antes disso trabalhando com outras coisas? Você foi…

Renato Arakaki: Eu toquei tudo em paralelo, tudo em paralelo, eu estava tocando a BTC e estava montando a minha carreira, por quê? Empreendedor precisa de dinheiro, eu não… a minha formação, não vim de família, então eu estava trabalhando… trabalhei na inint 37:25 saí de lá para voltar para São Paulo para conseguir abrir a BTC, fiz um projeto na Usiminas para reestruturação na área comercial, na Usiminas junto com uma consultoria chamada Mackinsin, e quando estava rodando a operação na BTC, eu estava na Restock, que é uma empresa de moda, que tinha a marca Le Lis Blanc, Bobo, John John, fiquei  lá como novos negócios e planejamento estratégico.

Luciano Pires: Você era CLT lá?

Renato Arakaki: Era PJ, mas era contratado.

Luciano Pires: Era um caminho, contratado como PJ.

Renato Arakaki: Exato.  E aí eu fiquei lá por quase três anos, minha última posição lá foi diretor de recursos…

Luciano Pires: Das 8 às 18 lá?

Renato Arakaki: Das 8 às 20.

Luciano Pires: E que horas você tocava a BTC?

Renato Arakaki: Ou bem a noitão e nos fins de semana, muito Starbucks, Starbucks sábado e domingo foi meu escritório. E aí ficou, isso foi bom, porque uma das coisas que a gente montou na BTC é não ter escritório, que no meio de pandemia foi ótimo, porque como todos os processos já estavam virtuais, aí a gente não sentiu absolutamente nada quando aconteceu a pandemia, mas foi isso…

Luciano Pires: Ah, ela nunca teve… você nunca teve um escritório?

Renato Arakaki: Não, quando a BTC fez 10 anos me perguntaram qual que era o maior orgulho que eu tenho BTC, eu falei assim, ficar 10 anos sem ter escritório. E qual que vai ser o seu próximo objetivo? Ficar 20.

Luciano Pires: E aí, mas como é que isso aí? Porque tem uma puta discussão rodando aí agora, que o não ter escritório mostrou uma série de coisas  muito legais, derrubou uma série de barreiras, tinha um monte de preconceito para isso, e de repente os caras descobriram que… tem até uma história interessante, eu já contei até aqui no LíderCast, vou contar de novo aqui, um amigo meu que tem uma empresa também, que ele tinha a empresa, a última vez que eu o visitei, ele me levou na janela e falou, está vendo aquele prédio lá, nós estamos mudando para lá, estamos com nosso escritório, vamos para lá, dois pisos, triplicar o tamanho, pandemia, pandemia, desanda o negócio todo, depois da pandemia eu encontro com ele, como é que está o negócio, e o escritório? Ele falou, não só não mudamos, como devolvi o que eu estava lá, acabou, o meu escritório virou um showroom com umas salinhas ali onde a turma vem de vez em quando e eu não obrigo mais ninguém a vir, o pessoal vem porque quer, o estar no escritório passou a ser um evento. Então, sexta-feira venham que vai ter um evento aqui. E ele falou, cara, a minha produtividade aumentou barbaramente, evidentemente que o negócio dele permite isso, mas ele falou, mas o maior ganho que eu tive foi o seguinte, eu tinha como linha de corte na contratação a distância que as pessoas moravam do escritório, eu não contratava ninguém a mais de uma hora do escritório porque era impossível, agora eu tenho o cara trabalhando para mim há dois anos, o cara mora em Porto Velho, o outro mora em Fortaleza, mora no fim do mundo e eu jamais teria esses caras trabalhando comigo se não fosse a pandemia. E aí acontece um fenômeno interessante  que ninguém estudou ainda, que precisa ser estudado, esse cara contratou um sujeito de Porto Velho para trabalhar em uma operação aqui em São Paulo, ocupando um lugar onde estaria um cara de São Paulo, e ele está pagando para esse cara de Porto Velho, o salário que ele pagaria para o cara de São Paulo, a cidade de Porto Velho recebeu um cara ganhando um salário de São Paulo lá em Porto Velho, ou seja, tem uma transferência de renda no Brasil brutal com essa moçada, lá, Rio Grande do Norte, tem um núcleo gigantesco lá de gente em informática e o dinheiro está indo para lá, então alguma coisa vai acontecer no Brasil, porque essa distribuição foi fenomenal, é um case que aconteceu por causa do não ter escritório. Por outro lado, um monte de gente está se queixando, eu sinto falta de encontrar as pessoas, a interação, respirar o ar, então vários estão trazendo de volta, teve um deles que eu conversei, o cara falou, de jeito nenhum, eu nem fiz o home office, nunca parei e não vou parar, opção dele, a turma de TI achando ruim, fazendo bico e tudo mais, mas ele manteve lá. Mas você começou convicto ou naquela história, eu vou alugar para não ter custo fixo e foi isso que te fez…

Renato Arakaki: Foi, o drive foi custo e uma coisa que eu sempre coloquei para todo mundo que a gente contrata na BTC é que trabalhar remotamente exige muita disciplina, então se você é disciplinado, você vai performar muito bem ali no home office, mas obviamente não é todo mundo que se adapta. Então, como eu já trabalhei na Restock, mais de 3500 funcionários, eu sei que para a empresa que tem muito colaborador fazer o home office eventualmente pode ter alguma perda de performance em algum momento, ou de alinhamento, ou de até o convívio que você mesmo falou, para você criar uma cultura organizacional, então acho que são alguns negócios de algumas áreas podem, outras eu acho mais difícil.

Luciano Pires: Mas se a tua já nasceu assim você não tem nem como comparar como seria a BTC se tivesse nascido com um escritório ali, o que que seria? Não dá para saber, não tem como saber.

Renato Arakaki: É completamente diferente, bom, primeiro porque como a gente começou tudo remoto, como eu falei para você, eu toquei o negócio sempre em paralelo, a gente foi começar a ter gente full time na BTC depois que a gente tinha validado o modelo de negócio, que foi ali para a terceira turma, até então todo mundo…

Luciano Pires: Terceira turma significa o terceiro ano?

Renato Arakaki: Terceiro ano, era uma turma por ano. E aí a gente fez a primeira turma no primeiro ano, depois a segunda, a terceira, a gente falou, olha, parece que o negócio dá para expandir, só que para expandir precisamos ter alguém focado, porque não dá para ficar meia noite vendo lá se o e-mail foi respondido ou não, aí que a gente começou a contratar gente, isso foi em 2013 mais ou menos.

Luciano Pires: Tudo à distância também?

Renato Arakaki: Tudo à distância.

Luciano Pires: Isso envolve um grau de confiança brutal, contratei um cara que eu não sei quem é, chegou agora e não precisa vir, não vejo a cara dele, está trabalhando lá longe, porque você montou um modelo de acompanhamento, de report, de… como é que você fez?

Renato Arakaki: A gente se encontrava em alguns lugares assim, vou dar aula ali na Paulista, então, pessoal, vai todo mundo ali na Paulista, que a gente precisa fazer uma reunião, aí era assim que a gente fazia, porque eu já pagava o local para dar aula, então a gente já usava aquele aluguel para fazer algumas reuniões para alinhamento, então de tempos em tempos a gente se encontrava nessas ocasiões. Era basicamente isso.

Luciano Pires: Continua assim até hoje?

Renato Arakaki: Até hoje.

Luciano Pires: Você dá aula em um local alugado?

Renato Arakaki: Alugado, exato, agora está tudo… a maior parte das turmas agora é via zoom, o pessoal tem preferência para virtual ao vivo, mas a gente ainda faz aula na Paulista, mas mesmo assim, a gente foi para Campinas assim, então a gente tinha operação, a gente tinha três operações em São Paulo, lá na Avenida Paulista, uma na USP e uma e Barão Geraldo, lá em Campinas, para pegar o pessoal da Unicamp, lá a gente dava aula em um hotel, porque o hotel tem o salão ali, a gente alugava o salão de sábado, então sempre assim.

Luciano Pires: Cara, você é uma empresa de eventos, bicho, você não é uma escola.

Renato Arakaki: E os professores, hoje a gente está com 42 professores, professor são profissionais que têm a carreira deles e que quando a gente monta uma turma, eles vão lá e dão aula, então eles também não são custo fixo.

Luciano Pires: O teu certificado já é do MEC ou ainda não?

Renato Arakaki: Não, não e nem vai ser.

Luciano Pires: Você continua naquele esquema livre?

Renato Arakaki: Isso, até 2015 a gente estava com uma ideia de ir para o regulado, até que eu vou conversar com o conselheiro da Anima, grupo Anima de educação para pedir umas dicas, falei assim, estou precisando dar o próximo passo, ele falou assim, você está no desregulado, onde todas as empresas de educação estão querendo ir. Aí ele falou assim, então minha recomendação, foi uma pessoa bem sincera, eu não estou evitando um concorrente, é porque a gente comprou uma empresa aqui que dá aula de culinária, a gente comprou a HICM que faz evento, então eu estou falando que a gente está indo para o desregulado, que é onde você está, ele falou assim, não vale a pena você ir para o regulado. E aí eu mudei, falei assim, então tá bom, então vou manter aqui, vou crescer dessa forma.

Luciano Pires: Quer dizer, a tua proposta de valor nunca é o certificado?

Renato Arakaki: Nunca.

Luciano Pires: É o conhecimento que a pessoa vai ter ali.

Renato Arakaki: Exato, a gente sabe que tem aluno que busca certificado, não busca conhecimento, o nosso…

Luciano Pires: Esse cara não te interessa.

Renato Arakaki: Não, não me interessa, eu quero a pessoa que queira aprender, aprender mesmo.

Luciano Pires: Cara, que interessante isso.

Luciano Pires: Você está ouvindo o LíderCast, que faz parte do ecossistema Café Brasil, que você conhece acessando mundocafebrasil.com, são conteúdos originais distribuídos sob forma de PodCasts, vídeos, palestras, e-books e com direito a grupos de discussão no Telegram. Torne-se um assinante do Café Brasil Premium, através do site ou pelos aplicativos para IOS e Android, você pratica uma espécie de MLA, master life administration, recebendo conteúdo pertinente de aplicação prática e, que agrega valor ao seu tempo de vida, repetindo, mundocafebrasil.com.

Luciano Pires: Você está falando aí, a minha cabeça está indo a milhão aqui, porque eu tenho uma dificuldade assim com PodCast, com meu PodCast lá, que eu falo, no meu PodCast não vem quem quer entretenimento, quem quer piadinha, quem quer musiquinha, vem quem quer se incomodar, então o cara que quer se incomodar, botar um PodCast que vai ficar falando para ele de coisas que tem a ver com uma visão filosófica da vida, que vai botar para ele umas coisas pentelhas, com um locutor pentelho, com música pentelha, ele só vem para se encher o saco, você veio para se incomodar, o que que você quer com ele? Cara, eu quero aprender, eu não quero entretenimento, para isso tem PodCast de piadinha, mas lá eu vou perder o meu tempo ouvindo piadinha, tem uma hora para isso, mas aqui eu venho… e esse perfil de gente é muito complicado de achar, você pega um milhão de caras, você tira 100 dali, mil dali, que são os caras que têm perfil para se pentelhar. Esse MLA que eu faço onde está esse Luciano que te indicou é isso, para botar 18 caras lá, os caras têm um perfil muito especial, o cara, bicho, eu pago para me incomodar, eu pago para sentar em um lugar onde eu vou ver um cara botando um conteúdo pentelho, todo mundo vai ter uma discussão de altíssimo nível e sai todo mundo feliz da vida de lá, porque fez a ginástica cerebral, tudo o que eles vão ler não tem fórmula, tem vamos nos incomodar. Então, o teu marketing targeteia esse tipo de gente, você desenhou um perfil para esse tipo de gente, como é que você fez?

Renato Arakaki: Exato, a gente tenta pegar pessoas jovens, foi o início da operação, que tinha muito sangue nos olhos, queria entrar em consultoria estratégica, mercado financeiro, que eram as vagas mais concorridas na época, ou os grandes programas de trainee. Então, todo o nosso marketing era assim, então se você quer entrar em consultoria estratégica, banco ou programa de trainee tem que fazer o curso, e aí só vinha o pessoal que tinha sangue nos olhos, e aí é engraçado, porque como a gente trabalha com esse público jovem desde 2010, eu vi uma mudança muito grande do tipo de pessoa…

Luciano Pires: Essa seria a próxima pergunta que eu ia fazer.

Renato Arakaki: Lá no início era muito gostoso, por quê? Como a gente também não estava tão avançado na carreira assim, a gente estava com sangue nos olhos também, então as aulas eram uma delícia, a gente…

Luciano Pires: 2010, nós estamos falando de 13 anos atrás.

Renato Arakaki: 13 anos. Então, a gente falava palavrão para caramba, e falava que tinha que morder a mesa…

Luciano Pires: Cursinho, cursinho.

Renato Arakaki: Exato, e o pessoal amava, o pessoal, nossa, que legal. E aí a gente foi se adaptando, porque eu sempre faço uma avaliação de todas as disciplinas, e a gente foi vendo que a partir de 2015, 2016 o pessoal começou a se incomodar com esse negócio…

Luciano Pires: Começou… o politicamente correto entrou em campo e as aulas começaram… eu conversei com… cara, não vou conseguir me lembrar quem era também, dá aula, muita aula, professor, ele falou, a minha energia hoje, a maior parte da minha energia vai para o meu policiamento, eu entro em uma sala de aula, e dou uma aula em uma hora com os nervos à flor da pele, eu abro a boca, eu fico me policiando de tudo aquilo que eu disser, porque no dia seguinte vai ter um pai de aluno me enchendo o saco, vai ter um aluno levantando e me enfrentando em sala de aula, então eu não posso mais fazer como eu fazia antigamente, então eu gasto uma energia dobrada hoje para me controlar e cuidar. Isso não pode ser bom, isso não pode ser bom.

Renato Arakaki: Tinha aula que o pessoal dava tanta risada que às vezes chegava uma pessoa de fora e falava assim, mas o que é isso? Show de comédia e tal. Por quê? Porque fazia muita piadinha e tal, as pessoas tinham bastante liberdade, hoje em dia a aula é mais séria, então tivemos que nos adaptar ao mundo moderno. Então, eu também quando dou aula me policio bastante, por vários motivos, primeiro porque eu dou muito exemplo das experiências que eu passei nas empresas, e sei que agora com o zoom principalmente precisa ter um cuidado, porque as pessoas estão gravando…

Luciano Pires: Está tudo gravado lá, vão fazer um corte, vão te…

Renato Arakaki: Exato, e outra porque o público se incomoda agora, então eu também tenho esse esforço. Era mais legal antes.

Luciano Pires: É claro que era. Você está me dizendo o seguinte, acabou a liberdade, cara, você não tem mais a liberdade de incomodar alguém, então como é que eu vou saber de 10 caras com o que que cada um vai se incomodar? 9 vão ficar insatisfeitos com a minha aula porque eu não pude diverti-los para não incomodar o décimo cara que está ali. E isso não pode ser bom, cara. E não tem nada a ver com desrespeitar ou humilhar as pessoas, nada a ver com isso, estou falando, eu quero uma aula criativa, excepcional, única e sensorial, a aula é um barato, me diverti, ri, teve piada, teve coisa picante na aula, teve tiração de sarro, eu sou palestrante profissional, então eu faço palestra adoidado, e uso muito esse recurso, e já comecei a ouvir abobrinha, porque você falou tal coisa, bicho, 400 pessoas aplaudindo em pé você vem me encher o saco por causa de uma palavra, porque nhenhenhém, quer dizer, tentando podar, até virar um negócio insosso ali, vai entrar um leite pasteurizado.

Renato Arakaki: Só para você ter uma ideia, tem aula que eu dou que eu falo assim, pessoal, acabou a aula, quem quiser sair, pode sair, acabou, agora eu vou contar aquele caso que eu falei que ia contar, quem ficar, eu vou contar do meu jeito, aí eu falo do jeito que eu gosto de falar assim tete a tete, mas eu tenho que fazer isso fora, agora tem uma certa…

Luciano Pires: Quantos alunos você tem hoje?

Renato Arakaki: A gente tem formados mais de 8 mil desde 2010, isso só para cursos abertos, se a gente for contar para in company já tem mais de 10 mil…

Luciano Pires: Rodando hoje?

Renato Arakaki: Por ano? Por ano mais ou menos uns 1500, 1600 alunos.

Luciano Pires: É um bom número, legal. E isso significa um ano de… 10 turmas, 20 turmas, você tem aulas diferentes, tem cursos diferentes?

Renato Arakaki: Sim, a gente tem o general business program, que é o nosso curso generalista, que aprende soft skills, marketing, finanças.

Luciano Pires: Um MBA?

Renato Arakaki: É como se fosse um MBA, a gente só não chama de MBA para não… eu tenho esse negócio de não querer enganar os clientes, então a gente chama de general business program, mas tem curso de pricing, tem curso de finanças e estratégia, tem curso de mercado financeiro, modelagem em Excel.

Luciano Pires: Como é que você determinou esses… agora eu vou querer saber de business mesmo, como é que você foi… vai nascer um curso novo, qual é a mecânica para pintar um tema e falar, cara, accountability, vamos lá, vamos pegar um tema que está aí, ninguém dá aula disso, não tem isso em lugar nenhum, acho que a necessidade apareceu, vamos criar um curso de accountability, como é que é esse processo, você tem monitoramento, você tem gente olhando, você tem olheiro para dizer o que está pegando é tal coisa, como é que funciona?

Renato Arakaki: Na BTC a gente tem uma filosofia que é o seguinte, as escolas de negócio, elas sempre contratam professores para ministrar algum curso que ele acredita que tenha mercado, que é o que você está me falando, que é o processo tradicional. Só que eu sempre me incomodei com esse modelo de negócio, por quê? Porque o conhecimento não fica com a instituição, o conhecimento, ele fica com o professor. Então, na BTC, desde o início a gente quis que todo o material e toda a didática e tudo o que a gente fosse ensinar fosse de propriedade intelectual da BTC. Então, os sócios têm um conhecimento e a partir dele a gente vai adequando qual que é o público alvo que a gente vai atingir. Então, por exemplo, general business program eu te contei a história, então sou um cara de engenharia, não tenho business, preciso ter, beleza. Teve um outro curso que a gente lançou na pandemia que é strategy finance program, que é basicamente você dar uma carga de finanças muito pesada, até valuations, e estratégia empresarial para pessoas que são middle ou top manager, por quê? Eu fui diretor de recursos humanos lá na Restock e fui diretor de operações lá na Oasis e presidente na inint 54:21, quando eu tive muito contato com…

Luciano Pires: Espera aí, louge…

Renato Arakaki: Loungerie.

Luciano Pires: O que que é isso?

Renato Arakaki: Loungerie é como se fosse uma Vitória Secret no Brasil, sabe?

Luciano Pires: Você foi presidente…

Renato Arakaki: Da Loungerie. Eu falo que eu já fiz o ciclo completo da mulher, que eu já trabalhei com moda feminina, já trabalhei com acessórios femininos, sapatos femininos e lingerie.

Luciano Pires: Caramba, que interessante.

Renato Arakaki: Mas aí o que acontece? Como eu lidei com muita gente que é top management, uma das coisas que me impressionava em algumas pessoas era uma falta de conhecimento profundo nessas duas áreas, estratégia e finanças. Então, identificando que existe essa necessidade com a expertise dentro da BTC, a gente criou esse curso.

Luciano Pires: Mas essa tua visão de que faltava isso é naquele segmento que você estava do Loungerie, era ali que faltava… porque quando você fala isso, eu falo, é um monte de marketeiro, um monte de desenhista de moda querendo fazer o negócio funcionar lá, evidentemente não vai ter finanças, nem estratégia lá, vai ter moda. Foi ali que você viu ou você chegou à essa conclusão quando lidou com gente de tudo que era segmento e você percebeu que não tinha em lugar nenhum?

Renato Arakaki: Exato, a segunda.

Luciano Pires: Foi isso.

Renato Arakaki: Porque eu tive que recrutar muita gente, até porque depois da Loungerie eu fui para a Brasif, que é o controlador da Loungerie e lá a gente controlava as empresas do grupo, então eu tive que fazer muito processo seletivo para executivo, top management, e aí vinha lá dos head hunters muita gente, eu entrevistava, e eu via que tinha um déficit…

Luciano Pires: Tinha um gap ali.

Renato Arakaki: E tinha gente de tudo, tinha gente de consultoria, de mercado financeiro, tudo, quando você começava a apertar um pouquinho você via que faltava. Isso daqui é interessante e eu até entendo o porquê, quando você pega uma carreira tradicional, entra em uma multinacional, você fica ali focado em uma atividade, vai subindo, subindo, você não tem a visão do todo, você vai começar a ter a visão do todo ali em cima.

Luciano Pires: E para chegar lá em cima você vai ter que fazer aquela… mudar de… aconteceu comigo, um belo dia o presidente da empresa me chama na sala lá, eu estava lá como diretor de marketing, diretor de marketing e comunicação. Luciano, já pensou em assumir um cargo na área de finanças e não sei o que? Que o olhar dele é o seguinte, esse cara precisa experimentar outras áreas para se preparar melhor para poder galgar na empresa aqui, e aí eu virei para ele foi de bate e pronto, falei, cara, a minha área é marketing e comunicação e eu não quero ser presidente da empresa, eu quero fazer o melhor que eu puder, ainda tem muito o que ser feito aqui ainda. Então, abri mão, eu não quis, mas eu tinha colegas meus que toparam, os caras fizeram todo… o cara foi gerente de fábrica, controller, aí quando o cara estava pronto, esse cara subiu, foi ser vice-presidente para ter essa visão do todo ali. Mas é uma coisa que eu também tenho notado, cria-se uma estradinha, vai nela e sai dela, vai para outra, quando percorri 12 estradas agora eu sei o que é uma empresa, eu posso ter pretensão de tomar conta dela lá na frente.

Renato Arakaki: Exato.

Luciano Pires: Deixa eu te dar uma provocada aqui, você está formando um monte de gente aí, eu escrevi um livro em 2012 chamado Diário de um Líder, é um livro que eu peguei meus quase 30 anos de empresa e escrevi um livro contando cases e uma moral da história no final, tal coisa aconteceu e sempre focado na questão da liderança. E quando eu abri um livro em um momento qualquer dele, eu dei uma pesquisada, nunca se escreveu tanto sobre liderança como se escreve hoje, nunca teve tanto curso, eu nunca vi se discutir tanto a questão de liderança como se discute hoje e ao mesmo tempo eu nunca vi tanto problema de falta de liderança como eu vejo hoje, cara, e está piorando, cada dia que passa fica pior. E aí eu faço uma pergunta no livro, eu não sei se ninguém está entendendo nada ou se estão ensinando as coisas erradas para as pessoas, o fato é que o nó que nós temos no mundo é um nó de liderança, está faltando gente com culhão para tomar decisão como se tomava lá atrás, hoje em dia nem cabe mais, hoje em dia tem um board, o board que define, o CEO fica sendo jogado de lá para cá. Você notou esse tipo de coisa nessa tua visão desse mundo todo, está faltando alguma coisa para criar líderes, nós não estamos sabendo, a gente está perdendo a oportunidade aí de encontrar essas cabecinhas e levar para algum lugar, trabalhar os caras melhor? Como é que você vê isso, tem um nicho aí, tem uma oportunidade de negócios aí?

Renato Arakaki: Sim, sem dúvida. Uma das coisas que a gente tinha mais dificuldade nas empresas do grupo era conseguir ter um presidente, por exemplo, que conseguisse além de tecnicamente conduzir a estratégia da companhia, liderar o time, porque a gente sabe que o time é muito diverso, então se você não conseguir ter paixão por pessoas ou pelo menos fingir que você tem, dificilmente você vai conseguir engajar as pessoas e fazer a companhia caminhar para o lado correto. Então, de fato, eu vejo que existe muito gap de liderança, se ensina muito, mas na prática as pessoas têm dificuldade de aplicar. E uma das coisas que eu acho que é fundamental, eu aprendi muito, eu sou engenheiro, então engenheiro não lida muito com pessoas, mas entender bastante motivação das pessoas, ajuda a você conseguir liderar pessoas, então teve um momento na minha carreira que eu estudei muito sobre isso, li e é bom você estar em cargo de liderança para você conseguir testar, só que isso daí eu vejo que acontece bastante não só com liderança, mas com tudo, às vezes você vai, ensina a pessoa, a pessoa na sala de aula aprende, só que ela não consegue ter o discernimento de conseguir ampliar aquele conhecimento para outras aplicações. Isso daí que eu acho que falta no ensino de liderança, que é o seguinte, liderança… estilo de liderança, aí começa, estilos de liderança, como que você vai enxergar isso lá no seu dia a dia? Quando você fizer uma avaliação de performance, você vai identificar quais são os drives dessa pessoa, quais perguntas você vai fazer, eu acho que os cursos, eles são bastante teóricos, mas hoje em dia você tem que dar uma avançada, você tem que falar assim, isso é a teoria, como que você vai aplicar no seu dia a dia? É assim, isso eu acho que falta.

Luciano Pires: É exatamente isso que eu tenho ouvido, os caras têm falado para mim que o pulo do gato é a aplicação prática daquela teoria que foi ensinada, está cheio de teórico, está cheio de gente aí dando… como é que eu falo? São os evangélicos pregando, não tem nada a ver contra evangélico, mas é pelo modelo, eu tenho alguém fazendo a pregação, e aí você que quer ir para o céu, ouviu, tem que aplicar na tua vida aquilo que o pregador falou ali, e as pessoas falham na hora dessa aplicação, e não tem ninguém pegando pela mão e falando, é assim que se faz. Então, a maioria que senta aqui para conversar comigo, e até um tempo atrás eu fazia essa pergunta, vem cá, onde é que você aprendeu os teus skills de liderança? Os caras falam, poxa, foi dando porrada, apanhando e vendo, eu tive modelos do que eu não devia ser, aprendi o que eu não devia fazer, mas não tive alguém que chegou para mim, pegou pela mão e falou assim, é assim que você resolve. Quando chegar um cara pedir um aumento na tua frente chorando, se for homem é assim, se for mulher é assado, se for um homem velho é assim, se for um garotinho é assado, isso não existe, isso acontece na hora lá e você tem que se virar. Por isso que se fala tanto de soft skills agora, como é que é… sócio… esqueci o nome agora, em todo lugar que você vai, eles falam a mesma coisa, escola, tudo assim, sócio… não me lembro agora, mas é trazer para dentro da sala de aula essas disciplinas que a gente nunca atuou ou que foram abandonadas lá atrás, não tem mais aula de filosofia, agora tem matemática e português e geografia, e a filosofia? Não, essa bobagem deixa para trás. E agora nós estamos voltando, meu, traz de volta, compra isso em algum lugar, pelo amor de Deus, porque sem essa filosofia você não consegue aplicar o que estava aqui ou você vai ser aquele tremendo engenheiro incapaz de se emocionar com um concerto musical, um médico maravilhoso que não consegue se emocionar com uma poesia, falta um lado.

Renato Arakaki: Tem ciclos e tem o que você falou, temas da moda, então tanto para liderança, quanto para outras áreas de conhecimento eu vejo muita moda. Por exemplo, a BTC também faz advisory, então…

Luciano Pires: O que que é o advisory?

Renato Arakaki: Advisory a gente senta com algum executivo de alguma empresa, ele tem algum problema, alguma tomada de decisão que ele quer fazer, a gente assessora. E aí tem gente às vezes fala assim, Arakaki, eu queria colocar squad aqui na minha empresa…

Luciano Pires: Para quem está nos ouvindo e não sabe o que é, exatamente, squad é um esquadrão, você pega uma turminha, monta um esquadrão e bota para resolver um problema específico ali, tem dia para começar, dia para terminar e tem um resultado para ser obtido ali muito claro, e o esquadrão vai para cima e executa, não é isso?

Renato Arakaki: É. Aí eu fui e perguntei para ele, legal, mas por que que você quer fazer squad na sua empresa? Não, porque eu fui em uma palestra… que foi o que você falou, que falaram que esse negócio é uma maravilha, que melhorou a performance do Google, que não sei o que, eu tenho que colocar isso na minha empresa para onde. Aí eu perguntei para ele, mas você está tendo problema de performance, de entrega? Não. Mas por que que você quer colocar isso, então? Porque eu acho que é assim que funciona as novas empresas. Aí eu comecei a pensar no que você falou, o cara foi evangelizado, esse negócio do squad, squad, squad, mas ele nem sabe se precisa e, imagina, em uma empresa que tinha bastante colaborador, olha o caos que vai ser você mudar o método de trabalho de todo mundo que não está ruim. Se estivesse ruim até entendia. Mas ele falou assim, não, porque eu vi que era uma maravilha, eu quero implementar. Aí eu até dei o conselho para ele como advisor, falei, olha, veja se existe necessidade de fato, se você acha que a equipe vai performar melhor, faz um teste, porque isso você vai mudar o estilo de trabalho deles, e não tem nada mais incômodo para um time, mudar a rotina, se tiver performando mal, concordo plenamente, tem que tentar alguma coisa diferente, agora se não tiver, para que raios você vai fazer isso? Então, acho que é esse negócio de teoria, como que eu aplico e para que, que eu acho que tem um gap, para qualquer coisa, inclusive para liderança. Tanto é que lá na BTC a gente tem uma filosofia que é a seguinte, o que é, para que serve e como aplicar. Se você não der uma aula onde você responde essas três coisas, a aula não está boa.

Luciano Pires: O que é, para que serve e onde aplicar.

Renato Arakaki: E como aplicar. Então, a gente tem essa metodologia para desenhar qualquer curso que a gente ministra, o que é, para que serve e como aplicar, porque é isso, então a teoria é assim, para que serve, caso de mercado, então a Uber faz isso, não sei quem fez isso, aí tem o case, você é o CEO de uma empresa, você está nessa situação, o que que você faz? Aí eu dou a tomada de decisão para os alunos, aí os alunos têm que decidir, e é muito engraçado, porque tomada de decisão é uma coisa que o pessoal tem dificuldade.

Luciano Pires: Cara, o meu trabalho há 30 anos está calcado em ampliação de repertório para refinar a capacidade de julgamento e tomada de decisão, há 30 anos eu falo isso. Perguntam para mim o que eu faço, é isso, o que é um puta de um problema porque eu não consigo vender isso, você não consegue vender o que eu estou falando aqui, se eu fizer o seguinte, o meu trabalho é para formar bons vendedores, comprei, o meu trabalho é para formar bons caras na área de finanças, comprei, quando eu dou um passo atrás, antes de ensinar o cara a vender, esse cara tem que saber a pensar, e o meu trabalho está aí. Só que como você vende isso? Eu não vou pagar por isso, não tem resultado essa merda, vem antes, então esse passo anterior não está se dando… e aí eu tenho encontrado… ontem eu tive um bate papo com um amigo meu que estava absolutamente indignado, ele falou, bicho, eu estou puto, está difícil, eu não tenho mais interlocutor, eu fui na padaria, ia fazer minha lasanha aqui, faço uma lasanha muito legal, e na hora que eu fui fazer a lasanha, eu descobri que não tinha presunto, e aí eu fui na padaria comprar o presunto, cheguei lá não tinha pacotinho com presunto cortado, então eu tive que pedir para cortar o presunto, e eu já sei que os caras fazem com uma puta má vontade, então fiquei procurando, procurei o garoto que trabalha lá, o que fosse o mais… tivesse mais cara de boa pessoa, chamei o garoto, pedi para ele cortar o presunto, cheguei em casa, abri o pacote, os caras não conseguiram cortar o presunto, tudo grosso, uma merda, um negócio horroroso, não tem mais, não tem mais qualidade, capacidade ali. Então, ele estava falando do empobrecimento daquela visão de que, cara, se você me contratou para cortar o presunto, eu serei o melhor cortador de presunto do mundo, nem que seja do meu mundo aqui só, então eu vou querer saber como é que corta, como é que faz, vou fazer da melhor maneira e vou te dar a mais, vou te dar além, a minha padaria aqui é interessante, eu vou aqui do lado, toda vez que o cara está cortando, ele tira um presunto e me dá para eu comer o presunto, toda, toda vez ele faz isso, aí você fica encantando, ganhei um presentinho aqui. E o cara estava reclamando e falou, isso se perdeu, porque essa moçada que está pegando agora, você me contratou para pegar esse copo e botar ali, é isso que eu vou fazer, eu não vou dançar o copo, eu não vou botar um pouco mais para frente, não é a minha função, eu não tenho obrigação para isso. Então, a impressão que você tem é que esses caras estão com má vontade, não gostam do que estão fazendo, acham que estão ganhando mal para isso e vão prestar um serviço de merda… cara, nem sei porque que eu comecei a ter falar isso aqui, mas você me deu um insight que eu me lembrei da reclamação dele, a qualidade desapareceu, ela se perdeu.

Renato Arakaki: Mas tem… até estendendo um pouco o que você está falando, tem uma frase que eu falava bastante para os meus… para o pessoal do time ou para o pessoal da BTC mesmo, é uma coisa que acontece bastante com as pessoas, principalmente cargo mais alto, que é o seguinte, falei assim, se você acha que você é mais importante do que a função ou o problema que você precisa resolver, começou a ter um problema. Qual que era o ponto? O ponto é que isso acontecia quando eu entrei no mercado em cargos mais altos, então tinha lá executivo que falava, não, mas isso não é minha função, daí eu não vou fazer isso, isso aí eu vou contratar um gerente para fazer. Meu amiguinho, você tem que fazer esse negócio, se é da sua área, você tem que fazer, se você não tem gente, vai você lá e faz. Aí, não, eu não quero me rebaixar. Isso eu via como um problema, e é um problema, porque até executivo é muito vaidoso.

Luciano Pires: Ego, isso é ego.

Renato Arakaki: Só que o que você está falando é verdade, a moçada hoje está com essa postura, a moçada, pessoal base da pirâmide, eu não fui contratado para isso, então eu não vou fazer. Caramba, meu, na minha época, quando tinha que fazer alguma coisa, tinha que fazer, estagiário ia lá pegar água para o analista, eu pegava água para o analista, tem que imprimir as coisas, tem que imprimir as coisas.

Luciano Pires: Minha filha começou a carreira dela trabalhando em um estúdio de design, e ela foi contratada assim como estagiária, trainee, sei lá o que era aquilo, acho que era estagiária, e chegava em casa puta da vida porque ela passou o dia tirando xerox, os caras… eu falei, cara, você tem que ser a melhor tiradora de xerox da empresa, cara, porque o dia que você for presidente da empresa, a tua experiência com xerox vai te trazer uma visão que ninguém mais tem, vai lá, seja a melhor tiradora de xerox, entenda que isso é parte do processo de crescimento e não queira pular o degrau, sabe, se você não passar por ali você não vai entender como funciona. Mas essa paciência, esse detalhe que, cara, esse osso que eu estou roendo é o que vai reforçar meus dentes, é o que vai fazer eu entender o que vai acontecer, se passou, então eu quero resultado imediato, quero tudo aqui agora e se você não me der, eu vou embora.

Renato Arakaki: E por isso que eu acho que empreendedorismo ajuda, por quê? Empreendedor, acho que eu percebi que você vai concordar comigo aqui vendo o seu escritório, tem que fazer tudo, se você não fizer, ninguém vai fazer, então eu lembro que lá na BTC, a gente falou assim, o pessoal fica das 7 horas da noite até às 23, a gente precisa fazer um café para a galera, não dá para ficar tanto tempo sem café, mas como que a gente faz? Vamos comprar o pó de café, vamos comprar uma cafeteira e vamos fazer café todo dia e vamos comprar uma térmica, só que às vezes a gente chegava no local e não tinha pessoas, quem tinha que fazer? Eu, então eu chegava lá e fazia o café. Mas é aquele negócio que você falou, eu falei assim, mas tem que ser um café bom, porque se eu fizer um café ruim, os alunos não vão gostar. Então, eu ia, comecei a estudar para saber a quantidade café, fui testando, não sei o que, até eu falar assim, o melhor café da BTC quem faz sou eu. E não tem problema, porque é um trabalho que tem que ser feito. Hoje vai pedir para alguém fazer café.

Luciano Pires: Não é minha função.

Renato Arakaki: Para essa moçada, empreendedor não tem isso não, tem que fazer, tem que fazer, então tem que fazer.

Luciano Pires: Então, cara, esse perfil que você notou de mudança dos teus alunos de 10 anos para cá, a gente já entendeu que você tinha um desafio que você não tinha naquela época, que é cuidar com o que você fala para não ter gente achando ruim, então do teu ponto de vista é assim. Essa massa que entrou lá para estudar com você hoje, como é que ela está vindo, o que que você está vendo lá, você fala, antigamente eu pedia para fazer, todo mundo fazia, dava uma ordem e todo mundo obedecia, hoje em dia se eu pedir para fazer, ninguém faz. Eu vi essa semana um amigo meu, grande lançador de cursos online, um dos caras campeões do Hotmart, arrebenta no Hotmart, a Hotmart veio parabenizá-lo porque ele é um dos caras de maior engajamento em cursos do Hotmart, e o número dele de engajamento era 38%, era o número de alunos que terminava o curso dele, e eu lancei o meu lá, fui ver, era 10, 12%, que é uma merda, quantos caras compraram? Mil. Se o teu engajamento é 12%, significa que 120 caras fizeram, e os outros 880 que compraram não terminaram. Então, cara, espera aí, se isso aqui fosse há 20 anos atrás, eu paguei, cara, vou querer usar até o limite… hoje em dia pega e não faz. Você notou alguma diferença nesse público que te procura?

Renato Arakaki: Olha, a gente… teve uma mudança clara, porque até para expandir o negócio, a gente tem que abrir um pouco o leque, então a gente tem que aumentar a quantidade de alunos e segmentos que a gente atua, até para a gente conseguir fazer a empresa crescer. No entanto, a gente faz uma seleção muito boa dos alunos, não selecionando, fazendo processo seletivo, mas até transmitindo a proposta do negócio para mercado, que é assim, o curso é rápido, ele é intenso, se você não se dedicar, você não vai aprender, a gente tem várias facilidades que é você refazer várias vezes o curso sem custo, mas o curso é na paulada, mas você vai aprender, tanto é que a gente tem um monte de casos de sucesso.

Luciano Pires: É cursinho, isso é cursinho.

Renato Arakaki: Exato. Então, o que acontece? Os alunos que se propõem a pagar o curso para fazer geralmente já têm um perfil diferente da média, então isso é uma das coisas que engaja a gente na BTC, que é dar aula para gente boa. No entanto, em termos de adaptação cultural, como eu comentei com você, a gente teve que fazer uma adaptação, mas os nossos alunos, de uma forma geral, hoje eles têm a mesma capacidade, só um pouco de…

Luciano Pires: Você tem um produto aí, você tem um produto aí que você precisa fazer… usa tua cabeça do gestor de RH lá atrás e classifica esses alunos aí pelo… esses que você falou, esse cara do perfil que pega e faz acontecer, você tem que ter uma lista para oferecer para as empresas, fala, meu, quer contratar nego bom? Tem uns 40 aqui que são redondinhos.

Renato Arakaki: Tanto é que tem muita empresa que faz recrutamento direto com a gente.

Luciano Pires: Vem pedir para você indicação?

Renato Arakaki: É, porque contratou um, performou muito bem, muito acima da média e aí entrou em contato direto com a gente, muita empresa pede indicação.

Luciano Pires: Para você indicar quem são os caras. Cara, olha o insight que você está dando aqui agora, olha como é importante isso, há uns dias atrás, um tempo atrás, já escrevi, já fiz PodCast a respeito e tudo mais, eu fui encontrar com um amigo meu em uma padaria aqui de Moema, e padaria de Moema significa cara, é um terror, é tudo caro, é uma baita padaria, bonita, fui lá que eu nunca tinha ido lá, fui lá, cheguei, ele estava me esperando na mesa, cheguei com o meu livro para ele, um livro de presente, você não vai me dar o livro sem dedicatória, espera um pouquinho, tem caneta? Ninguém tem caneta. Chamamos a menina que atendia, vem a menina, consegue uma caneta para a gente aí. Infelizmente eu não tenho caneta, é que eu trabalho aqui com o meu palm e não tenho caneta. Eu falei, não, mas sua amiga não tem? Um minutinho. E não voltou mais. Eu estou lá com ele, cadê as meninas? Estão as duas lá em pé conversando. Falei, vem cá, e caneta? Não, tem. Pede para o caixa. Não, não vai ter. Dá licença, levantei eu, fui no caixa, cheguei na menina do caixa, por favor, uma caneta? Não, não tenho caneta aqui. Como assim? Você não tem um escritório? Não, não tem caneta. Aí um cara da fila me viu, espera um pouquinho, me emprestou a caneta dele, eu vim, preenchi o livro, e aí escrevi um artigo a respeito. Falei, cara, para pra pensar comigo aqui, essas meninas botaram na cabeça que não é função delas arrumar uma caneta para atender uma demanda que o cliente tem, então foda-se, se ela pudesse, ela teria dito, eu não tenho caneta, foda-se, não é minha função, foda-se, não podia falar isso, então, ela não falou, mas estava implícito ali que era um foda-se, e aí eu escrevo no texto, se eu tivesse no lugar dela, eu com o meu espírito, eu falaria, espera um pouquinho, não tem caneta, não tem, eu vou atravessar, eu vou na banca de revista, eu vou emprestar a caneta e vou vir aqui porque neste momento eu sou a pessoa que vai resolver o problema do meu cliente, foda-se, eu vou trazer a caneta e vou dar para ele, eu vou na fila do caixa perguntar se alguém tem, mas eu vou resolver o problema, entendeu? Eu falei, agindo assim alguma coisa em algum momento ia acontecer, ou o cliente ia falar para o meu chefe que eu era diferenciado, e em um determinado dia eu seria a pessoa escolhida para ser a gestora daquela área, e dali a pouco eu vou ser o gerente da empresa, porque eu estou indo além do que me pediram ali, mas para isso eu tenho que ter o espírito que foi exatamente o que você falou aí, é o espírito do cara que, bicho, eu vou além, me pagaram para fazer isso, eu vou fazer isso, e mais um pouco, eu não vou ser visto e apreciado pelo o que eu fiz direito, eu vou ser visto e apreciado por aquilo que não esperavam e eu fiz a mais. E a pessoa hoje, ah estão te aproveitando, aproveitando o cacete, eu estou mostrando aqui que eu tenho café no bule para ir muito além do que estão me contratando, que é exatamente o que você está falando aí, cara, exatamente esse insight.

Renato Arakaki: E é isso que a gente tenta passar para os alunos, que é isso, você olha, se você quer ter uma aceleração de carreira, você tem que entregar o que te pedem e ir além, e se não estão reconhecendo você por causa disso, internamente você tem que saber que você está tendo a postura correta e está aprendendo, que é isso, assim eu não sabia que a banca tinha caneta, a próxima vez que vier um cliente e ele precisar de uma caneta, eu já sei que vai ter lá. E aí você já começa a pensar em soluções para qualquer coisa que vá acontecer dentro da padaria.

Luciano Pires: Eu vou andar com uma caneta no meu bolso, eu uso tablet, mas tenho uma caneta.

Renato Arakaki: Exato.

Luciano Pires: Porque cliente precisa de caneta, isso é um insight que você só pode ter se você aplicar conhecimento na tua experiência, então aconteceu tal fato, acontecimento não… se você aplicar uma reflexão na tua experiência, então no final do dia, aconteceram quatro coisas hoje, deixa eu refletir a respeito das quatro, quando eu reflito sobre aquilo, aí eu crio o conhecimento, se quatro caras pediram caneta e os quatro não tinha, significa que se eu andar com uma caneta no bolso, eu sempre terei a caneta quando pedirem, logo eu serei o atendente diferenciado que é o único que anda com uma caneta no bolso, entendeu? É o meu exemplo bobo, mas toda a diferença, bicho.

Renato Arakaki: Faz toda a diferença.

Luciano Pires: Chama o fulano que ele resolve, por quê? Porque ele já sacou, já entendeu, sabe onde estão as coisas, e é isso aí, esse é o cara que eu quero na minha empresa, ele não precisa nem ser o melhor técnico, o melhor cara que sabe usar planilha, mas ele é o cara que se ele não souber, ele vai dar um jeito de fazer acontecer.

Renato Arakaki: E a média de mercado, pelo o que eu estou vendo dos meus colegas de mercado, está nesse sentido da pessoa da padaria.

Luciano Pires: Se acomoda ali.

Renato Arakaki: Recentemente, acho que foi semana passada, eu estava falando com um amigo meu que é diretor de uma empresa, ele falou assim, Arakaki, você não tem gente para me mandar aí, não? Porque eu estou com uma dificuldade que a minha área de recursos humanos está me mandando umas pessoas que não estão indo muito bem. Aí eu falei assim, não está indo bem? Deixa eu te contar um caso, eu achei isso o cúmulo, fiz a entrevista com a pessoa que ia entrar lá na área, e aí eu falei assim, a gente tem reuniões ali de fechamento de dia que é umas 4, 5 horas da tarde, para a gente… aí contou um pouco da rotina. Aí puts, 4 da tarde na quarta-feira eu não consigo. Por que que você não consegue? Porque eu levo o meu cachorro para passear. Aí eu falei, o que que você me falou? Não, é que daria para eu fazer essa reunião um outro dia e não especificamente… por quê? Por causa do cachorro, você não pode andar com o seu cachorro em outro horário? É, porque ele começa a latir e aí não sei… olha o absurdo que as pessoas estão colocando como restrição para aceitar uma posição muito boa dentro de uma empresa.

Luciano Pires: E você vai ser criticado por isso que você falou aqui agora, que vai ter neguinho que vai ficar puto da vida, está mandando tratar mal o cachorro… os caras mudaram completamente a prioridade das coisas. E se você falar o cara vai achar ruim, estão se aproveitando de mim, me colocando em uma situação de humilhação, não é nada disso, eu quero um cara que resolva o problema, não quero um cara que venha aqui para me dizer porque que não dá, meia hora falando porque que não dá, caceta, dá para dizer para mim por que que dá? Tem todo esse monte de problemas, nós vamos dar um jeito, e isso que eu quero ouvir, eu não quero mil desculpas aqui. E eu estou te falando uma postura dos anos 90, não mudou nada, essa demanda continua igual, só está ficando mais complicado porque essa figura que tem essa atitude de ser o cara que vai pintar, que vai resolver está mais difícil de encontrar.

Renato Arakaki: E uma sorte que a gente tem na BTC é que os nossos alunos, eles já têm uma postura diferente, todos.

Luciano Pires: Pelo teu modelo do que você faz lá, se o cara for te procurar é a mesma coisa, ele foi lá para se encher o saco, ele foi lá porque ele quer ficar de saco cheio, cara, vou trabalhar e vou… não estou indo em um jogo de futebol para curtir com os meus amigos, eu estou indo para aprender.

Renato Arakaki: Tanto é que assim, às vezes acaba a aula 23 horas, tem aluno que fica falando comigo até 1 hora da manhã querendo, quando é turma presencial, então, vamos para o bar, vamos conversar, eu preciso contar um caso que está acontecendo, então o pessoal de fato…

Luciano Pires: Aproveita mesmo.

Renato Arakaki: Muito.

Luciano Pires: Legal. Muito bom, cara, que legal, que papo interessante aqui, gostoso. Vamos lá, quem quiser encontrar vocês, então, como é que é? BTC.com… como é que é?

Renato Arakaki: www.btcompany.com.br, BTC quer dizer business training company, então a gente usa BTCompany…

Luciano Pires: O company com n y no final, em inglês.

Renato Arakaki: Exato.

Luciano Pires: BTCompany.?

Renato Arakaki: .com.br, então pode entrar no nosso site, nossas redes sociais, eu também faço PodCast, mas na verdade, o PodCast é mais voltado para os alunos que estão tendo aula comigo naquele momento.

Luciano Pires: Mas está no Spotify?

Renato Arakaki: Está no Spotify, que chama BTCast, e no Youtube da Business Training Company, chama BTC News.

Luciano Pires: BTC News?

Renato Arakaki: É, BTC News. Eu usei o nome errado, a gente usou BTC na época que Bitcoin não era BTC, aí agora a gente tem que…

Luciano Pires: Cara, olha que coisa de geração, BTC para mim é Bauru Tênis Clube, que era o clube que tinha lá em Bauru, a piscina, BTC para mim era isso aí.

Renato Arakaki: Então, aí eu falo rapidamente sobre uma notícia linkando teoria com o que está acontecendo, então notícias na hora, então a gente tem esses PodCasts para acompanhar esse conteúdo e os nossos cursos na www.btcompany.com.br.

Luciano Pires: Vou dar uma fuçada lá. Cara, obrigado pela visita aí, um grande abraço.

Renato Arakaki: Valeu, prazer.

Luciano Pires: Muito bem, termina aqui mais um LíderCast, a transcrição deste programa você encontra no LiderCast.com.br.

Voz masculina: Você ouviu LíderCast com Luciano Pires, mais uma isca intelectual do Café Brasil, acompanhe os programas pelo portalcafebrasil.com.br.