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Luciano Pires -

Luciano           Bom dia, boa tarde, boa noite! O projeto do líder cast é um desdobramento do pod cast Café Brasil, que talvez você já conheça. Algumas das entrevistas desta primeira temporada, como é o caso desta aqui, foram originalmente feitas para o Café Brasil, portanto se você me ouvir falando do Café Brasil ao longo dela ou se entender que de alguma forma fugimos um pouco do tema, já sabe a razão. Seja bem vinda, seja bem vindo e boa entrevista.

Muito bem, mais uma daquelas visitas especiais dos ouvintes. Nós estamos aqui na presença do…

Alexandre       Alexandre Ferreira Santos.

Luciano           Alexandre Ferreira Santos. Deixa eu só contar como é que ele veio parar aqui. O Alexandre eu conheci por ocasião da promoção da Pelegrino, o Alexandre foi o feliz ganhador, de um ipad, entrou no Facebook da Pelegrino, participou, mandou ali uma frase, mandou algumas coisas a respeito de manutenção preventiva em automóveis e sorteado ganhou um ipad. Que sorte hein meu? Você disse que não tinha ganho nunca nem…

Alexandre       Nem frango em rifa de quermesse.

Luciano           Nada na vida inteira deixou para ganhar um ipad. Tá bom cara, se for assim está bom né? E ai a gente conversando lá na Pelegrino, um garotão, vestido assim com uma roupa de, eu não sei se aquele era um grunge, era um roqueiro, uma coisa assim…

Alexandre       É hispter.

Luciano           Hipster.

Alexandre       Agora está na moda ser hipster.

Luciano           Era um hipster. Muito bem. Ai eu perguntei para ele o que é que ele fazia, ele me respondeu e ai o bicho pegou né? O que é que você faz, Alexandre?

Alexandre       Eu sou padre da igreja católica.

Luciano           Padre. Que idade você tem?

Alexandre       32 anos.

Luciano           32 anos, um garotão hipster, ganhando um ipad numa promoção, padre da igreja católica, ai eu falei cara, você tem que ir lá conhecer, tem que ir lá assistir a gravação, para abençoar a gente né e depois a gente bater um papo, então deixa eu só situar aqui no contexto, Alexandre eu sou católico apostólico romano, minha mãe é frequenta muito, mas muito a igreja, daquela senhorinha que no domingo de manhã ela leva o café, né, na missa para ajudar, etc e tal e a minha vida inteira foi assim, até meus 18 anos eu frequentei tudo o que você pode imaginar da igreja e dos 18 para a frente eu tomei… segui a vida, então eu sou católico apostólico romano não praticante, conheço os ritos, conheço aquilo tudo, decorei uma série de coisas, mas nunca mais eu me aproximei e tenho comigo que tudo é uma filosofia, eu também gosto das coisas, não sou praticante mas eu tenho certeza que parte importante do que eu sou vem da informação como um cristão né? E agora a gente vê essas lutas todas por ai, nascendo a coisa da igreja virando comércio de um lado, o questionamento de outro e está ficando cada dia mais complicado né? Eu não dei nenhuma orientação para os meus filhos né, porque eu falei eu vou deixar eles ficarem adultos, para eles decidirem o que é que eles vão fazer e a gente foi tocando avida né, então eu te dei esse preâmbulo para você saber que você não está falando com um ateu, não está falando aqui com um budista, não está falando com um sei lá, você está falando com alguém que tem as origens na igreja católica né. O que que leva um garotão a decidir ser padre nos dias de hoje?

Alexandre       Então Luciano, a minha caminhada, minha trajetória dentro da igreja, foi numa comunidade de periferia, de bairro e foi onde eu encontrei um grupo de amigos, essa questão da ideologia foi muito importante para mim porque naquela fase de definição de quem você é, na adolescência, aquilo que eu encontrei na minha comunidade de fé, veio de encontro com aquilo que eu queria ou fortaleceu os valores que acabou definindo o meu caráter e ai eu estava lá na minha trajetória de vida, estudando, eu fiz curso técnico em eletrônica, já estava rumando para essa área de exatas e ao mesmo tempo era catequista na paróquia, tocava violão na missa de domingo e eu comecei a perceber que isso me satisfazia bastante e foi ai que eu comecei um discernimento vocacional e é interessante que tem um período que a gente faz os encontros com vários jovens e ai tinha um que via um anjo e o anjo falou, olha você tem que ser padre, o outro a vó sonhou…

Luciano           Essa era a pergunta que ia fazer a você, quer dizer, não houve um momento em que teve um chamado divino…

Alexandre       Não…

Luciano           … você viu a luz, acordou no meio da noite, não aconteceu nada disso?

Alexandre       Não, foi uma questão de escolha mesmo né, para mim e eu fiquei dois anos fazendo esse discernimento e eu cheguei a essa conclusão de que naquilo que eu queria para minha vida era seguir esse caminho né, de uma forma até bastante lógica, claro que tem a questão da oração, da espiritualidade, mas foi pesar os prós e os contras…

Luciano           E foi uma decisão racional?

Alexandre       Racional.

Luciano           Totalmente racional.

Alexandre       Não totalmente, porque não dá para escapar do coração, da emoção, mas com peso de racionalidade bastante grande sim.

Luciano           Quando você comunicou isso para o teu roll de amigos, para a família, como é que foi?

Alexandre       Tem uma parte engraçada nisso, porque eu sabia que meus pais iriam receber muito mal, por tudo o que eles tinham investido, tudo o que eles achavam que era o caminho que eu deveria tomar…

Luciano           Eles são católicos?

Alexandre       São católicos…

Luciano           Frequentam a igreja e tudo mais?

Alexandre       Hoje frequentam muito mais do que naquela época né, não eram praticantes naquela época e eu deixei para contar faltando um mês né e na verdade eu pretendia contar um pouco, postergar o máximo possível, só que eu fiz o retiro vocacional, já em vista de entrar e um amigo ligou, e ai, o que é que você acha? Você vai entrar no seminário ou não? Eu falei eu vou e todo empolgado e minha mãe, coisa de mãe né, de….

Luciano           Já sacou.

Alexandre       … de sacar a conversa no telefone e me encostou na parede, no começo minha mãe chorou muito, meu pai desacreditou, falou, aha, se é o que você quer, vai, aquela coisa de pai, vamos ver no que vai dar né? Ai depois a coisa inverteu um pouco, porque minha mãe começou a perceber o valor, as amigas, o próprio padre, olha, tem esse outro lado e o meu pai ficou meio balançado porque viu que era de verdade né, ai depois de um tempo a coisa se acalmou, primeiro ano ali, os primeiros 6 meses e meu pai hoje é aquele cara que se ele te encontra na fila do banco, ele vai falar, olha, eu tenho um filho padre. Mas tem uma outra história interessante que eu tenho, um amigo da paróquia que nós éramos muito grudados assim, né, ele tocava violão, eu  também e quando eu cheguei na decisão, foi a primeira pessoa que eu contei, eu cheguei para ele, cara eu tenho uma notícia para te contar, e ele falou, eu também tenho uma para te contar, ai ele: fala você primeiro, eu vou ser padre e ele, eu vou ser pai, e engraçado que ai quando a gente começava a contar para o nosso círculo de amigos, todo mundo achava o contrário, que pelo temperamento, pelo jeito…

Luciano           Você é que ia…

Alexandre      Eu que deveria ter… ser pai e ele…

Luciano           E ele padre.

Alexandre       … padre, porque ele era mais calado e eu era o palhaço da turma…

Luciano           Meu, mas que situação, você me contando essa história de você contando para o pai, hein Ciça, dá impressão que ele vai sair do armário né? É a mesma coisa sabe, eu vou contar, qual vai ser a reação da minha mãe e do meu pai, como se o ser padre fosse uma coisa, cara, é um absurdo, não é admissível, etc e tal. Por que você acha que existe essa resistência na sociedade ai, alguém, um garotão dizer que vai ser padre, ô por que que é isso, não, não faça isso. Por que que é? Porque não se vê assim a possibilidade de o padre ficar rico, se tornar um sujeito próspero, constituir família, etc e tal. Por que você acha que é? Por que que tem essa resistência?

Alexandre       É eu acho que até levando em consideração, em comparação ao sair do armário né, tudo aquilo que sai do padrão normal, daquilo que as pessoas tem como normalidade choca né. No caso dos pais, acho que tem um peso também de que os pais querem decidir um pouco a vida dos filhos, tem um sonho né e quando a gente começa a sonhar por si, isso afeta, mas de uma forma geral a sociedade hoje tem também um monte de cobrança onde você não corresponder à essas exigências, seja qual for a decisão que você toma, sempre vai ser visto com uma cautela, com um medo mesmo né, mas eu acho que no caso da vocação sacerdotal eu acho que isso pesa desde sempre né, talvez num determinado período da história teve um glamour…

Luciano           Sem dúvida.

Alexandre       … mas ao mesmo tempo sempre houve um peso, porque é uma decisão bastante radical.

Luciano           Sem dúvida. Eu estou assistindo uma série no Netflix, chamada “Os Tudor”, conta a história do Henrique e suas 6 esposas né, e o papel que a igreja faz na série, é o papel do vilão, a igreja é o vilão e aparece muito bem a força que os caras tinham naquela época, era um negócio impressionante, eles pintavam e bordavam e mandavam no rei né? E com o tempo isso foi se perdendo, quem dizer, hoje em dia a figura já não tem esse, ela é respeitada. Eu fico imaginando né, você está na minha frente, eu olho você, é um garotão na rua, você põe batina…

Alexandre       De vez em quando.

Luciano           … quando vai celebrar a missa, fora disso você não está de batina?

Alexandre       Não.

Luciano           Você não entra num ambiente de batina, que todo mundo olha, chegou o padre, como é que é?

Alexandre       Já teve situação, por exemplo, de ter que ir no fórum né, de justiça e ai eu me visto a caráter, ou num evento social, uma exibição…

Luciano           Inauguração da creche…

Alexandre       É, inauguração da creche, eu vou no teatro e tem uma promoção ligada à igreja, eu vou como figura eclesiástica, ai eu vou a caráter né.

Luciano           Cara que doido… risos… é um mundo tão próximo da gente ao mesmo tempo tão distante né, ele está aqui, está na cara, a gente convive com ele mas ele é muito distante, até porque há uma série de rituais, aquela questão, pô, esse é o cara que fala com o homem lá em cima né, então ele… pô, não vai falar um palavrão perto dele, não bebe perto dele, então tem toda uma… a sociedade foi criada para manter esse distanciamento que é uma coisa interessante porque quando você olha para isso, eu só consigo ver isso na igreja católica ou nas outras igrejas cristãs que têm aquela coisa tradicionalíssima, vai para a Rússia, lá é assim, etc e tal. Mas quando você entra nas outras religiões que estão mais em moda, você tem então todo esse pessoal dos evangélicos, tem até o pessoal do budismo, a turma que vem com outras religiões, não há essa formalidade, não tem essa questão toda e talvez isso explique porque elas crescem tanto e a religião católica, eu não sei se cai, mas eu sei que ela não tem mais o crescimento como vem a velocidade que vem as outras religiões né, vocês discutem esse assunto entre vocês? Tem um plano de marketing? Tem um planejamento? Há uma discussão séria dentro da igreja de como é que funciona isso?

Alexandre       Então, a gente tem que pensar a partir do ponto de que existem várias vertentes dentro da própria igreja católica né, nunca nem no período da cristandade lá, nunca foi uma voz unânime né, existe aquela voz preponderante mas não unânime, então tem gente que milita pela volta da batina né, eu tenho amigos que não tiram para nada, mas existe também o outro lado de que na verdade a gente não precisa ser mais uma religião hegemônica, não precisamos convencer as pessoas a força né, que é um pouco a minha postura e desde a reforma do Concílio Vaticano II né, que a missa passou de não ser em latim, nem virada de costas, esse é o pensamento, vamos dizer, mais atual da igreja né, de que a gente tem que conversar e dialogar com o mundo, estar no mundo, que o papel da evangelização é muito mais de você poder oferecer um bom testemunho, ser uma pessoa boa na sociedade do que propriamente ter que converter os outros né, mas de qualquer forma, a religião católica ela é muito simbólica, então isso mexe muito com a cabeça das pessoas e eu acho que isso é uma coisa boa, porque no mundo que a gente vive, tudo vai perdendo o sentido, o simbolismo das coisas, a questão do filho que pede a bênção par ao pai, a questão da água benta para proteção, então as próprias datas comemorativas como natal, como Corpus Christi que as vezes as pessoas nem entendem e tem lá um feriado então vamos aproveitar o feriado né, então esse simbolismo que a sociedade vai perdendo, isso é algo prejudicial para a própria sociedade né, não necessariamente você precisa ter o simbolismo católico, mas você tem que entender que a gente vive num mundo simbólico, de uma forma….

Luciano           Onde os ritos e mitos desempenham um papel fantástico né.

Alexandre       … sim, exato.

Luciano           E quando você pega a história da igreja católica, eu estudei marketing a vida inteira lá e o grande case de marketing é o case da igreja católica, desde que ela nasceu né, primeiro logotipo era a cruz etc e tal, aquela história de você entrar numa igreja e a igreja ter um pé direito de 25 metros, para que tanto pé direito né?

Alexandre       Exato.

Luciano           Entra lá dentro que você vai sentir o porque né? Você se sente um nada…

Alexandre       Exato.

Luciano           … dentro daquela coisa né. Quando eu fui para Roma, eu fiz questão de ir lá no Vaticano e debulhei o Vaticano né e a conclusão que eu tive quando eu sai de dentro do Vaticano eu falei, cara, não se constrói um negócio desse aqui com dinheiro, dinheiro só não faz, tem que ser sangue, sem sangue você não faz alguma coisa coo foi feito lá no Vaticano e tem a história da igreja está envolvida com uma série de coisas, porque tinha muita política envolvia lá e não dá para olhar hoje e dizer que estava errado cara, porque aquele era outro mundo cara, outra época, da época que o rei mandava cortar a cabeça da mulher e acabou e cortava a cabeça, isso era natural né, mas eu acho que isso trouxe uma herança toda ai, me parece que hoje há uma coisa assim do mundo querer se vingar né, então quando a gente vê fala, estou reclamando porque eu vi o pastor da igreja evangélica não sei o que, andando de Mercedes, o carro dele é um Mercedes e o cara vem, pô, mas a igreja católica sempre pegou… fica uma comparação de quem pode mais, quem pode menos. Isso é uma coisa tão terrena né que trás essa questão da… você fala de ritos, mitos etc e tal, isso tudo perde o sentido, vira um bando de gente a fim de tirar vantagem, talvez porque a sociedade esteja ficando assim né? E eu concordo com você, acho que quando a gente perde esses mitos por mais que você não veja sentido neles e o exemplo que você deu foi fantástico, pintou o feriado, que que é um feriado? É o dia em que eu não trabalho e vou para a praia. Ponto. Por que que é feriado? Não sei, não me interessa, eu quero saber do feriado né? Fica um pouco vazio, alguém deu uma importância para essa data porque ela significa alguma coisa e esse significado se perdeu, é uma discussão hoje em dia que filosofa, que vai parar não sei aonde né. Me fala uma coisa, você tem uma igreja, você tem uma igreja não, você atua. Como é que funciona nessa… como é que é esse esquema da igreja católica, você é apontada para uma… para uma igreja, você vai para lá, você é indicado, chega lá tem um padre mais velho que você, você fica do lado dele e vai aprendendo, esse padre aposenta você assume. Como é que funciona?

Alexandre       Não, na verdade o sistema de hierarquia  funciona bem ainda e os bispos que designam qual q igreja que você vai, eu tenho, hoje eu estou à frente de uma paróquia, Paróquia Santo Antônio e nunca tive um padre mais velho ao meu lado, saiu um padre e eu fui…

Luciano           Você foi e entrou.

Alexandre       … substutuí-lo…

Luciano           Com que idade?

Alexandre       …  nessa paróquia atual com 31.

Luciano           Com 31. E aonde essa paróquia fica?

Alexandre       Fica na Vila Diva, São Paulo.

Luciano           Me localiza, onde é que fica?

Alexandre       Região de Vila Formosa…

Luciano           Ta. Ta legal. Ta legal. E você chegou lá com 31 anos, garotão, novinho, para assumir a paróquia.

Alexandre       Sim.

Luciano           Ta. Me mate a vontade. Como é o dia a dia de um padre? Você acorda de manhã e faz o que?

Alexandre       Sim, eu tenho uma parte do meu dia que é extremamente regrada né, pelo que a gente não entende a vida de um padre enquanto profissão simplesmente, mas como estilo de vida, então tem uma parte regrada, que é a parte das orações, então eu celebro a missa todo dia, tem as orações diárias né, que eu devo fazer de manhã, a noite, enfim…

Luciano           Há um horário para isso, daqui a pouco você vai falar, está na hora de eu orar.

Alexandre       … sim, na medida do possível é regrado.

Luciano           Mas há uma flexibilidade?

Alexandre       Há uma flexibilidade, principalmente na minha vida, que eu sou um padre sozinho, se eu tivesse optado por uma fraternidade, ai rezava-se todo mundo junto, mas como eu moro só, então eu faço meu horário, então essa é a parte que eu tento seguir né, sem grandes alterações. Mas outra parte do dia é dedicada a atendimento dos fiéis né, então tem dia que eu me programo para fazer uma coisa e não faço nada daquilo, porque chega alguém, olha, morreu alguém, tem que ir no cemitério; tem alguém doente, tem que ir fazer visita, ou chega alguém para conversar. Ontem mesmo, terminou a missa, eu tinha um monte de coisa para fazer, chegou uma menina chorando porque uma amiga dela tinha se matado e ela estava em prantos, chorando sem entender, imagina, uma moça de 17 anos que viu uma amiga, viu não, ficou sabendo que uma amiga também de 17 anos, por ai, tinha se matado e estava perturbada e ai a gente larga tudo e vai ouvir a pessoa né, então tem essa coisa que a gente não controla muito né, e tem um outro aspecto que é o lado administrativo, então, por exemplo, hoje pela manhã eu estava fazendo balancete para entregar né, então eu tenho que prestar contas de quanto entrou, quanto saiu.

Luciano           Você tem alguma meta para cumprir?

Alexandre       Não.

Luciano           Não existe meta?

Alexandre       Não tenho meta né e tenho que ver se a calha da igreja está entupida, para chamar o pedreiro né, então essas questões administrativas de um cuidado de uma casa que é pública e que você está à frente, então tem, eu poderia dizer que eu tenho essas 3 coisas durante o meu dia ou na minha vida: o lado espiritual, pessoal né, que é o meu estilo de vida, o lado pastoral, que vamos dizer que é o que todo mundo vê o padre fazendo e tem o lado administrativo, que…

Luciano           Gerenciar, digamos, um negócio, entre aspas.

Alexandre       Um negócio.

Luciano           Deixa falar um assunto aqui que é complicado, mas que tem a ver com essa coisa de como é que se vê a igreja né. Não vou falar a receita, a receita da tua igreja. Vem dinheiro para ela, esse dinheiro vem por meio de doações, você deve promover algumas coisas, tem a rifa, tem etc e tal, tem vários eventos que acontecem e durante o mês existe uma série de processos que vão trazer algum dinheiro para a igreja né? De onde vem? Que dinheiro é esse? É o dinheiro que sai do bolso dos teus fiéis, é assim que funciona? Todo domingo a gente pede e ele vai lá, é o dízimo e eles contribuem e você no final do mês tentou cruzar as contas né?

Alexandre       Sim, basicamente é isso né, existe algumas outras possibilidades, então, por exemplo, tem paróquias que estão melhores localizadas, constituídas há muitos anos que tem, por exemplo, aluguel de vamos dizer, tem um terreno, que virou um apartamento, ou um lugar comercial, então se aluga, então tem…

Luciano           Uma renda.

Alexandre       … essa receita né, tem outros casos, por exemplo, antes de ir para a Vila Diva, eu estava na favela do Heliópolis né, ajudava o padre que estava lá e lá a receita que se gera na coleta das missas, no dízimo, não supre né…

Luciano           Isso era a pergunta que eu ia te fazer agora, continua no final do mês e não supriu, e ai?

Alexandre       … é, então, ai nesse caso, a igreja católica, vamos dizer assim, a arquidiocese que é a instância municipal, vamos dizer assim, ela supre as necessidades daquela paróquia né, então eu fiquei um ano lá e eu era sustentado pela arquidiocese que pagava o meu salário, que a gente não chama salário, chama congro né.

Luciano           Isso é pongro…

Alexandre       Congro á, é. E então existe isso né, o dinheiro basicamente é o dinheiro dos fiéis né, na sua grande maioria, como no caso da igreja que eu estou agora, mas isso não chega a ser uma preocupação assim, isso numa me foi passado né.

Luciano           Você nunca foi orientado para peça dinheiro…

Alexandre       Não.

Luciano           … peça colaborações, estamos quebrando aqui… vamos morrer se você não colaborar.

Alexandre       Olha, temos essa meta, isso nunca foi colocado.

Luciano           Interessante. Me diga uma coisa, não me interessa saber quanto é a congra, não vou perguntar isso a você, mas vou perguntar o seguinte: um padre, por exemplo, eu como ser humano, eu tenho minha família, etc e tal, trabalhei a vida inteira, juntei algum dinheiro, apliquei esse dinheiro, comprei um plano de previdência, o dia que eu ficar velhinho eu pretendo usar esse plano de previdência porque eu fiz um plano desse tipo. Como é que funciona, padre tem plano de previdência? Ou é a igreja, não é previdência, é providência divina. Como é que funciona lá? Deixa só te dar uma dica aqui, eu não vou discutir com você questões teológicas porque eu acho que não é, não cabe aqui, eu estou discutindo as questões práticas  porque eu acho que é uma curiosidade muito grande saber como vive alguém que está num, que é completamente diferente do que a sociedade prega hoje em dia né, temos que comprar, temos que ter, temos que gastar, temos que consumir e tua praia não é essa, é outra né? Por isso eu estou insistindo nessa coisa básica né. Como é que funciona, como é que é esse teu plano? 70 anos de idade, o que que vai acontecer?

Alexandre       Sim, na igreja, por muito tempo não se pensou muito nisso, então era a ideia da providência mesmo né e alguns padres mais descolados, vamos dizer assim, mais espertos faziam sua previdência ali, privada enfim, hoje em dia a gente paga previdência social como autônomo né, então eu tenho o meu carnezinho do INSS, todo mês eu pago né, para quando chegar no final da vida, vamos dizer, útil né, está lá a minha previdência social, enfim.

Luciano           Você quando entra num hotel e vem a fichinha para preencher, no lugar que está escrito profissão, você põe o que?

Alexandre       Religioso.

Luciano           Religioso.

Alexandre       É.

Luciano           Tá.

Alexandre       Mas além dessa questão, vamos dizer, social, hoje a igreja de São Paulo, tem por exemplo uma casa de padres idosos, porque…

Luciano           E ela cuida…

Alexandre       É, vamos dizer assim, que uma parte a gente resolve, que é a parte financeira, mas depois de um tempo chegando nos 75 anos, a gente tem que se retirar da paróquia né, faz uma carta de renúncia, isso é até uma praxe né, e você tem que sair, só que você não tem uma família né, um aposentado natural ficaria dentro de casa, daria milho aos pombos na praça, enfim né, no nosso caso, hoje a gente tem uma casa de padres idosos que seriam então aquelas pessoas que conviveram com você a vida inteira, então a gente se reencontra…

Luciano           Lá naquele…

Alexandre       … nessa casa né, então tem esse outro lado, mas de uma forma geral os padres envelhecem muito bem né, talvez por dedicar a sua vida inteira numa paróquia e chega no final e agora, o que que restou da minha vida? Alguns conseguem dar um passo no sentido de, agora eu posso me dedicar mais à leitura que eu não tive durante a vida, à oração, mas outros tantos…

Luciano           Retornam para a família, por exemplo?

Alexandre      Não, porque não tem família né. As vezes tem um sobrinho…

Luciano           Um irmão.

Alexandre       …  um irmão, mas isso é mais raro, então as vezes bate um pouco essa…

Luciano           Angústia que você…

Alexandre       … essa angústia de não ter mais um lugar no mundo, enquanto estava na paróquia, existia uma comunidade ali e a comunidade também, muitas vezes, não enxerga, não percebe essa mudança, né, chega um outro padre, um padre mais novo…

Luciano           Cadê o padre antigo?

Alexandre       O padre antigo…

Luciano           É que nem um carro velho, foi para o desmanche.

Alexandre       Exato…

Luciano           Recolheram e foi para o desmanche.

Alexandre       … é, tem um pouco esse drama ai né.

Luciano           Cara, que coisa interessante né. Me fala em termos de plano de carreira, eu perguntar para você o seguinte, o que que você quer ser quando crescer? Você vai falar para mim, papa? É isso?

Alexandre       Não.

Luciano           E o que que é? Como é que é o plano de carreira?

Alexandre       Não. Então, isso é muito complicado né, porque tem alguns que perseguem isso, isso é evidente em todos as áreas tem gente que…

Luciano           Que quer progredir.

Alexandre       … quer progredir

Luciano           Aliás, eu acabei de fazer um programa sobre ambição e ganância né, e a conclusão é que a ambição é um negócio fundamental, se não fosse a ambição nós estaríamos nas cavernas até hoje quebrando pedra né, precisa ter ambição e ela é natural do ser humano, ganância é uma outra história, aquele que atropela, passa por cima e, mas ambição é bom né.

Alexandre       É, mas ai é que está né, porque não existe esse plano de carreira né, talvez algumas pessoas, alguns padres possam pensar assim, aha eu vou começar numa paróquia pequena e quero terminar na catedral né, ou quero terminar papa, mas não existe essa possibilidade né, porque a nossa vida ela é pautada pelo despojamento né, então as ambições são outras né, a ambição é poder perceber que fez a diferença na vida de uma pessoa, que você fez um bom trabalho, tirou uma paróquia que estava decaída e conseguiu transformar aqueles espaço e aquele ambiente, aqueles que se destacam, de uma forma geral, tem a possibilidade de chegar a ser bispo, mas isso já não é mérito, quer dizer, é mérito da pessoa, mas não é escolha da pessoa, então seria os iguais, os padres que indicariam, olha…

Luciano           Apontar quem é o…

Alexandre       … esse tem as condições e depois a própria igreja que fala, olha, dentre esses que vocês indicaram nós escolhemos este né, então isso é uma coisa bonita porque a gente tem essa ideia de que quem está a cima na hierarquia são os melhores né, os mais capacitados…

Luciano           Escolhidos pelos seus iguais.

Alexandre       … exato.

Luciano           Ta.

Alexandre       … né então isso é um, seria também um título de honra né…

Luciano           Claro, sem dúvida.

Alexandre       … e assim por diante né, os cardeais seriam os melhores entre os bispos e o papa seria o melhor entre os cardeais né, talvez essa seja uma visão romantizada minha né, talvez alguém fala assim, aha, mas tem gente que vai querer ser bispo, então vai fazer de tudo para angariar a atenção…

Luciano           Política, política

Alexandre       Exato né.

Luciano           É normal a gente ouvir o pessoal comentar ai, quero casar, vou casar e quero uma igreja em particular, aquela igreja não tem e se tem vai custar um dinheirão e eu tenho que ir lá e na hora que eu entro na igreja eu tenho que pagar o buffet da igreja, fulano, cicrano e se eu quiser um padre especial que é um padre específico, não é raro eu ter que pagar o padre para ele sair de um lugar e ir para outro né? De novo, estamos envolvendo dinheiro outra vez né, como é que funciona isso? Para onde vai esse dinheiro? Outra coisa, você pega um padre famoso, como o padre Marcelo que escreve um livro Ágape, que vende milhões e que entrou dinheiro de tudo quanto é lado né? Esse dinheiro que vem, de quem é? Para onde vai? É da igreja? É do padre? É meio a meio? Como é que funciona isso?

Alexandre       Sim, a igreja parte do princípio que se ela te sustenta você não precisaria desse dinheiro, então esse dinheiro deveria ser da igreja né, porém entra a questão da demanda né, tudo que tem demanda acaba tendo um valor e muitos padres não só padres, pregadores, enfim, entram por ai né, de cobrar então, você quer este produto? Então você paga a mais. Eu conheço padres que colocam no bolso, conheço padres que destinam para outros fins, o padre Marcelo, por exemplo, ele destinou o montante do livro “Ágape” para a construção do templo imenso, lá na zona sul.

Luciano           Ele investiu no próprio negócio.

Alexandre       É…

Luciano           Sem demérito algum? Ele investiu para crescer o seu próprio negócio né.

Alexandre       Sim e deu um fim, vamos dizer assim que não fosse ele mesmo, mas eu particularmente não me dou bem, eu não me dou bem com essas situações né, de cobrar, de ter que estipular valor, ainda que algumas coisas sejam mais fáceis né, então por exemplo, se a pessoa me chama, olha padre, você tem que ir no cemitério, enfim, morreu uma pessoa da minha família,  e a pessoa fala, olha padre, aqui está a contribuição, então isso é fácil né, as vezes a pessoa fala, mas quanto é, quanto é, eu não vim aqui por isso né, para mim é uma dificuldade, para outros nem tanto né e ai entra a questão, por exemplo, das igrejas que ganham renome no casamento também né, então tem igrejas que tem lista de espera de 1, 2 anos, quanto que é para casar? 5 mil reais, quem fez isso? É a demanda né? E é complicado porque a relação que a pessoa passa a ter com a igreja é esse, de serviço e de  valores simplesmente né, quando na verdade a coisa é um pouco além disso.

Luciano           Bom, na minha vida eu tenho os momentos que são, eu já sei o que vai acontecer na semana, então tem dia que eu acordo e falo, puta que delícia, hoje eu vou gravar o Café Brasil, esse momento de vir aqui gravar para mim é um tesão né, eu já acordo de manhã animado, cara, hoje tem gravação, cenho para cá feliz da vida, tem que cruzar São Paulo inteirinho, fico trancado nessa salinha aqui, a gente fica… você viu como é o esquema aqui, a gente brinca é um negócio legal e no fim sai um produto que agrada a todos nós mas para mim é um tesão, eu vou para casa hoje, boto a cabeça no travesseiro e falo, puta, valeu a pena cara, valeu a pena porque hoje eu consegui produzir, escrevi um artigo legal, gravei um vídeo cast, fiz o meu pod cast, fiz uma palestra emocionei as pessoas, cara meu dia foi 10 né, quais são essas coisas no teu trabalho que você bota a cabeça no travesseiro e fala, pô cara, valeu, hoje foi legal, que que são? Que elementos são esses?

Alexandre       Uma é, vou usar o jargão, uma das coisas que me dá tesão é quando eu posso fazer uma pregação, um sermão bem feito e nem tanto que as pessoas se emocionem, mas que eu tenha percebido que eu dei o meu melhor né e as vezes tem esse feed back das pessoas falarem, puxa padre, hoje você foi bem, hoje você estava inspirado, então isso de fato também para mim é algo que me estimula, mas as vezes é perceber como as coisas funcionam de uma maneira sem que eu programe e dê certo né, então as vezes eu, quando eu vou visitar uma pessoa hospitalizada, a gente nunca sabe o que vai falar né e no final das contas a gente percebe que deu certo e a pessoa ficou confortada, as vezes nem falou tanto, as vezes ouviu mais do que propriamente falou…

Luciano           Mas a presença do padre em si…

Alexandre       … a presença do padre, por estar ali e conseguir ajudar a pessoa de alguma forma, então isso também é algo que me satisfaz muito né, nessa escolha que eu fiz na minha vida né, mas também conhecer pessoas novas e essa troca com as pessoas né e muitas vezes acontece.

Luciano           Você tem muitos jovens na comunidade? A juventude está vindo, está vindo a garotada ou não, não vem mais?

Alexandre       Eu tenho uma facilidade né.

Luciano           Porque você é um deles.

Alexandre       Sim e me preocupo muito com isso, não no sentido de ter que encher, mas de ser referência né, eu cresci num bairro da cidade de São Paulo, na zona leste que faltam muitas referências hoje e eu sempre coloquei isso como uma meta minha né, de ser padra também passa por ai, de poder ser referência, de poder oferecer para a juventude alguma coisa e hoje na paróquia a gente tem cerca de uns 50 jovens né, uns mais frequentes, outros nem tanto e o que eu acho um número satisfatório no sentido do que eu encontrei, mas enquanto sociedade pode ser até um número pequeno mas a atuação que esses jovens acabam tendo na sociedade também é interessante né, porque eles também acabam sendo referência para outros que não necessariamente  estão ali…

Luciano           Sim, mas estão espelhando o comportamento.

Alexandre       Mas estão se espelhando, acabam tendo uma posição de aquilo que o evangelho fala de ser luz, de ser testemunho para os outros né.

Luciano           Cara, que interessante isso ai, você falou tudo agora, ser luz, que que faz, que te dá satisfação? Poder saber que de alguma forma eu fiz, iluminei alguma coisa para outra pessoa, que é exatamente o que me move aqui no Café Brasil, é para isso né, tem um texto que eu adoro, inclusive usei na abertura do meu livro que chama-se “O Farol”, eu quero ser o que , quero ser o farol, eu não vou estar lá na frente, mas eu vou iluminar o caminho e se a pessoa quiser seguir, tem luz jogada em cima dele né e no fundo, no fundo a gente faz a mesma coisa né, que é exatamente dividir referência, isso traz uma responsabilidade pavorosa porque, cara eu recebo um e-mail, recebi essa semana, de uma menina me dizendo que ela tomou a decisão, largou o emprego dela depois que ouviu um programa meu, eu ouvi teu programa, larguei o emprego que eu não gostava e fui para outro lugar e reduzi, tive que voltar atrás, estou numa situação não é a que eu estava lá, mas eu estou muito mais satisfeita e fiz isso depois de ouvir o teu programa, quando você lê um negócio nesse dá medo, você fala cara, essas pessoas estão tomando atitudes porque, mas cara, mas foi para isso que eu vim né, eu estou aqui exatamente para isso, não é para a pessoa me ouvir e achar gracinha, dar risada e ouvir musiquinha e se divertir, é para escutar o que a gente disse aqui e pensar no que fazer com isso na vida né, (confuso) quer dizer, no fundo acho que o nosso trabalho é muito parecido né…

Alexandre       Com certeza

Luciano           … quase a mesma coisa, cara, eu só posso te agradecer cara, muito obrigado, primeiro porque eu saquei que você escuta o Café Brasil, curte o Café Brasil e parece que ele te ajuda…

Alexandre       Sim.

Luciano           … né, meu Deus do céu, eu estou ajudando o cara que está iluminando os fiéis lá na ponta né, então que mais que eu posso dizer? Só posso agradecer, muito obrigado a isso, obrigado por ter vindo né, obrigado por participar do evento, de ter ido na Pelegrino ter recebido o ipad, quer dizer, acho que nada disso é por acaso né…

Alexandre       Com certeza.

Luciano           … eu acho que o que você, vindo aqui conversando com a gente, você me dá um presente e se você fosse um padre da igreja anglicana seria igual, se fosse um padre, um monge budista seria igual né, eu acho que você tem uma vocação e dizer para nós aqui do Café, e eu estou vendo ali a Ciça, o Lalá ali e para eles é a mesma, eu acho, quer dizer, é uma situação parecida né, saber que de alguma forma o trabalho da gente está ajudando.

Alexandre       Eu agradeço também, Luciano, pelo Café Brasil e por essa troca que acontece todas as vezes que eu posso ouvir, porque uma das minhas preocupações enquanto ser humano é de não estacionar, de não achar que eu já estou bom o suficiente, mas que eu preciso crescer intelectualmente, crescer enquanto pessoa e eu acho isso no Café Brasil, de verdade e gosto muito das provocações e acho que se a gente tem essa oportunidade de troca, de ouvir e ser ouvido, isso faz com que as coisas mudem, talvez não a curto prazo mas sementes vão sendo plantadas então eu também só tenho a agradecer o acolhimento que vocês deram e a oportunidade de estar aqui, por tudo isso que vocês pregam…

Luciano           É real pregação… risos… É uma pregação, legal.

Alexandre       Aqui no Café Brasil né.

Luciano           Está bom, obrigado.  Agora eu vou falar com o padre, o senhor não quer abençoar a gente aqui, por favor?

Alexandre       Opa!

Luciano           Muito obrigado.