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Ciça Camargo -

Luciano              Muito bem, mais um LíderCast, um LíderCast daqueles que eu gosto de fazer porque tem diante de mim uma pessoa que eu conheço assim de longe, de ouvir falar, de ver o nome, de ver comentário, mas não sei quase nada dele, então é daqueles que eu adoro fazer porque eu vou descobrir junto com você que está me ouvindo aí. Tem 3 perguntas aqui que são as fundamentais do programa, se você errar as 3 o programa dança, então presta atenção para não errar: seu nome, sua idade e o que é que você faz?

Rodrigo              Nome: Rodrigo Azevedo, idade: 47 e eu sou empreendedor.

Luciano              Empreendedor. No Brasil?

Rodrigo              É…

Luciano              Tem que ser muito louco, tem que ser muito louco.

Rodrigo              Loucura é bom, acho que eu nasci empreendedor.

Luciano              Isso é bom, bom saber. Vamos tentar entender aqui um pouco da tua história. Você nasceu aonde?

Rodrigo              Rio de Janeiro.

Luciano              Rio de Janeiro? O que teu pai e tua mãe faziam?

Rodrigo              Meu pai, ele tinha um pequeno negócio, na década de 70 lá, era um negócio de levantamento de satélite e tal, era bem inovador na época. Minha mãe era dona de casa, mas aí meu pai tinha uma pequena empresa, ele sofreu um acidente de carro grave, bateu com a cabeça, na época perdeu fala, não conseguia falar, não conseguia andar, depois de uns anos ele acabou se recuperando, mas o tempo que ele ficou ruim, foram uns dois, três anos. Foi o tempo suficiente para o pequeno negócio dele ir para o brejo e a gente perder tudo assim. Eu me lembro, tinha quatro anos nessa época, a gente morava na Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio, que é um bairro de gente rica, e aos 7 anos eu estava morando num condomínio habitacional, tipo Cidade de Deus, só que a Cidade de Deus ficou famosa por causa do filme, mas não é o único condomínio habitacional, existe um monte no Rio de Janeiro e eu morei em um lá em Vila Isabel, e foi assim. Ele era empreendedor mas era empreendedor que empreendia de um jeito que tudo dependia só dele, tipicamente história de empreendedor é o negócio depende do fundador e ele deu aquela pancada, perdeu todas as habilidades motoras e a gente perdeu tudo. Me lembro que a gente vinha trocando de endereço como quem troca de roupa, a gente da Lagoa, minha mãe, para poder pagar o tratamento dele, vendeu a casa, vendeu o carro, foi vendendo, daqui a pouquinho a gente tinha que morar de aluguel, aí vai para Jardim Botânico, aí depois vai para a Barra da Tijuca, depois vai para a Tijuca, quando vi a gente estava em Vila Isabel. Foi muito rápido, cinco anos assim a gente tinha se mudado cinco, seis vezes, despejado por falta de pagamento de aluguel algumas vezes e estava lá no condomínio habitacional, foi nesse condomínio que começou a vida empreendedora.

Luciano              Aos quatro anos, o meu pai é o meu herói, com quatro anos meu pai é o super homem, é o hulk, é tudo aquilo. Como é que é para uma criança de quatro anos, de repente ver o herói dela sem falar, sem andar, desmanchar, você lembra disso?

Rodrigo              Eu tenho memória de flashes, porque o acidente aconteceu, eu não me lembro do dia, seu pai se acidentou, não era assim, mas eu me lembro que ele  sumiu e ninguém me dizia o que tinha acontecido direito, aquela coisa da família daquela época de proteger. Mas eu me lembro que depois de um tempo eu cheguei a vê-lo novamente e não reconhecia mais ele, me lembro, era uma coisa meio doida, eu gostava, mas não sabia quem era direito, não via direito como pai, então era assim. Depois ele voltou para a casa, careca, fez uma cirurgia no cérebro, aí recuperou os movimentos, isso na década de 70 é quase um milagre, você… hoje em dia se acontecer isso hoje, você já se recupera e naquela época, ele acabou drenando lá não sei o quê e as funções motoras foram voltando, mas a parte do negócio já tinha tudo ido para o brejo, já tinha vendido tudo e a gente estava lá no condomínio, a reputação…

Luciano              Bom e ali você aos 7 anos  experimentando esse outro lado. O que você queria ser quando crescesse?

Rodrigo              Nessa idade? Ah acho que eu queria ser, sei lá, astronauta, policial, bombeiro, essas coisas assim, não pensava muito não.

Luciano              Você não via um modelo no teu pai, pô meu pai é o dono do negócio, meu pai é dono da empresa, eu também quero ter uma empresa… isso não estava…?

Rodrigo              Não, não estava, eu era, digamos assim, eu era um semi idiota, eu acho, aos 7 anos eu era um débil mental, eu só sabia brincar…

Luciano              Todos nós éramos, hoje a molecada não é mais, mas na nossa época, a gente era mesmo.

Rodrigo              Hoje eu falo para os meus filhos, eu tenho um filho de 6, um filho de 11 e aí eu pergunto para o filho de 6, o que você quer ser quando crescer? Aí ele fala qualquer coisa, eu falo não senhor, você vai ter seu próprio negócio, repete comigo, pergunto de novo para o cara e o cara fala: vou ter meu próprio negócio, o Daniel já responde assim, para ir adestrando.

Luciano              Você comentou aqui que começou lá a tua ideia do empreendedorismo, por quê? O que aconteceu lá?

Rodrigo              Não foi assim. Eu nem sabia o que era empreendedorismo, mas eu tinha muito brinquedo dos áureos tempos, eu tinha muito brinquedo e revista, aí eu morava nesse condomínio habitacional, aquele monte de predinho pequeno, de quatro andares, tipo Cidade de Deus mesmo, um monte de predinho pequeno, então eu peguei a unidade, o prédio é uma unidade,  então na minha unidade, eu peguei um dia, sei lá porquê, me veio de pegar esses meus brinquedos e botar para vender na porta de casa, eu tinha 7 anos, aí botei para vender os brinquedos na porta de casa, eu me lembro assim, que brinquedo e gibi, eu tinha muito gibi, aí eu botava os brinquedos, vendia os gibis, depois eu descobri que quando eu vendia um conjuntinho, juntava dois gibis com um brinquedo, eu vendia mais rápido do que seu eu vendesse separado, aí no MBA foi que eu aprendi que o nome disso era combo, eu fui botando nome nas coisas, eu falei caceta, isso aí eu fiz quando era moleque, era botar os dois juntos era combo de produtos, que o gibi era meu mix de produtos, você vai dando nome, depois vai aprendendo, então foi assim, comecei a vender isso. Vendi tudo muito rápido, não sabia precificar, para mim era uma brincadeira, vamos supor, 50 centavos um gibi, vendi tudo, acabou com meus brinquedos todos, minhas revistinhas todas acabaram muito rápido, mas foi assim que começou esse negócio e eu não parei mais, desde que eu me lembro de gente, por gente, eu estava pensando em alguma coisa para produzir, fazer, vender e transformar em dinheiro. Desde que eu recordo assim, então por isso que eu, tipo, ficava, um pouco mais tarde, depois disso, aí eu já não morava mais em Vila Isabel, a gente já tinha se mudado de novo, aí eu morava na Tijuca, no finalzinho da Avenida Maracanã, na Tijuca, que é quase…. Rua São Miguel, que é a rua do Morro do Borel, então aí nessa ocasião eu estudava na escola pública municipal Soares Pereira e morava, não cheguei a morar em favela, eu convivi com as pessoas da favela, porque a escola pública era a escola para atender o Morro do Borel, Casa Branca e Morro do Formiga, que eram morros barra pesada e quem estudava lá era tipicamente os garotos da favela  e eu acho assim, eu não trocaria aquela experiência se eu pudesse voltar para o passado, quero ter estudado, foi excelente eu ter estudado numa…. eu fiquei malandro, aprendi a negociar, porque era, essas cenas de filme de violência e tal, os garotos armados, tudo isso eu vi e eu passei ileso, porque eu desenrolava, entendeu? Eu aprendi a ser político e de ficar de bem com todo mundo, então foi uma experiência legal esse negócio de ter estudado…. tem uma história legal dessa de empreendedor que é o seguinte, estava sempre pesando no que fazer, nessa época eu carreguei bolsa de supermercado, porque eu falei ah, vou carregar bolsa de supermercado para as velhinhas e ganhar um dinheirinho, eu ganhei dinheiro vendendo giz na feira…

Luciano              Giz? Giz de…

Rodrigo              … giz de quadro…

Luciano              … de quadro negro.

Rodrigo              … essa história é bem legal,  a minha rua tinha uma feira livre e eu achava curioso assistir os caras montando, ai eu fui lá para baixo ficar assistindo os portugueses ficarem montando as barraquinhas, quando eu percebi que o objeto mais valioso do feirante é o giz, para marcar preço, e eles não levam giz, é um toquinho assim que alguém tem da semana anterior e fica um emprestando para o outro, tipo um objeto de amizade, símbolo de amizade. Aí eu falei caceta, quanto custa giz? Aí eu fui na papelaria, não sei quanto custava na época, hoje em dia eu acho que uma caixa de giz deve custar uns 5 reais, é barato pra caceta, bem 50 palitos, vamos dizer que naquela época lá eu vendia cada palito por 1 real, tipo para o feirante um real? Para ter um giz inteirinho só para ele? Que ele vai marcar o que ele quiser? Então pô, vendia. Aí eu gastava lá 5 reais e transformava em 50, aí comecei, aí de repente eu falei assim, caralho, se você agregar valor às coisas, você consegue transformar algum dinheiro em algum dinheiro maior, ai isso virou uma brincadeira, tipo…

Luciano              Que idade você tinha?

Rodrigo              … acho que 12, 13. 12, 13, vendi merda…

Luciano              Como assim?

Rodrigo              … coco de cavalo. Essa também é uma história boa, eu estava nessa escola, Soares Pereira, ela fica em frente a uma praça, Praça Xavier de Brito, quem for aí da Tijuca vai saber, é a Praça Xavier de Brito, eu estudei na escola Soares Pereira, que é essa escola que atendia, acho que atende até hoje Borel, Formiga e Casa Branca, depois fizeram um CIEP lá dentro, em frente ao Borel, eu acho então com isso, não sei se mudou alguma coisa. Em frente a essa escola que eu estudei tem uma praça até hoje, Xavier de Brito, que aos finais de semana os pais levam as crianças para dar voltinha a cavalo, ficam os cavalinhos estacionados, charretes e os pais levam para dar voltinha a cavalo…

Luciano              Até hoje tem isso lá?

Rodrigo              … até hoje tem isso lá, é bem legal, já levei meus filhos lá. E a escola era uma escola para criança pobre, então ela tinha uma aula chamada Clube de Ciências que ensinava as crianças a cuidar de horta, então uma vez por semana agente ia aprender a cuidar de uma horta para subsistência familiar e tal. Aí eu estava lá na minha aula, cavando buraquinho e a professora recebeu um cidadão com um saco de esterco da loja de planta e ela pagou lá o saco de esterco para o cara, vamos dizer 10 reais, eu não sei quanto custa saco de esterco, mas era um dinheiro que quando eu era muito duro, quando eu vi aquilo falei caceta, a mulher está comprando um saco de merda. Aí na mesma hora me deu um negócio assim na cabeça, falei caceta, quando o cara saiu eu falei professora, na mesma hora, eu pulei do chão, professora, você deu 10 reais por um saco de esterco, você me daria os mesmos 10 reais por dois sacos, só que do fresquinho? Aí era a proposta “nobrena” que era proposta irrecusável, pô ela pagava 10 por 1, do ruim, aí o meu plano era  esse, pô, do outro lado da rua tem a praça…

Luciano              Os cavalos estão todos sujando lá.

Rodrigo              … é fábrica de coco, tudo de graça, vendi na hora a ideia para ela, o duro foi produzir e entregar, que eu tinha que catar a merda e era no sábado que se tem aula no sábado, na minha época tinha aula, então era assim, a aula era de 7 da manhã às 11 da manhã, eu ia para a aula às 7, 11 era o tempo para os cavalos produzirem lá, fazerem os cocos deles e aí quando saía da aula, duas mil crianças, tudo para a praça e eu fui lá com saco de supermercado, saco de lixo, catar aquela merda toda, fui zoado…

Luciano              Isso que eu ia te perguntar, o tamanho do bullying.

Rodrigo              … o maior bullying, costumo dizer isso, ninguém sabe o que é bullying até catar merda na frente da sua escola e é um bullying que eu diria que é um outro tipo de bullying, bullying de garoto de morro é outro tipo de bullying, o cara dá chute em você, você esta sentado lá catando o cara fala assim, ó lá o catador de merda, dá uns bicos em você, engole o orgulho e cata, catei a merda, aí, quem nem eu e meus 10 reais, sei lá quanto foi e aí me lembro que na segunda feira seguinte, porque eu, até então, eu era o pidão do recreio, não tinha dinheiro para nada, chegava no recreio: “me dá um gole do seu refrigerante”, “me dá uma bala”, “me dá uma jujuba”, “me dá sei lá o que”, dessa vez eu tinha 10 reais…

Luciano              Na minha época era “me dá um peda”, pedaço. Eu sou de Bauru, interior de São Paulo, chegava lá, me dá um peda, era esse. Lá vem o pidão.

Rodrigo              Eu era esse pidão ai, mas eu peguei os 10 reais, fui na cantina, eu era rico, com 10 reais numa cantina de escola pública, é muito dinheiro, porque na escola pública o cara não vende Coca-Cola, ele vende uma pet, alguma outra coisa, não tem Trakinas, é uma outra coisa, só coisa muito barata.

Luciano              Esse conceito que nós estamos de branding, não se aplica nesse ambiente.

Rodrigo              Os caras botam aquela… coco de rato, aquela pipoca horrorosa que parece um isopor e tem essas coisas assim. Eu dei 10 reais, comprei muita coisa, saí carregado de coisa, os caras ficaram me olhando, aí eu: quer Coca-Cola? Quer refrigerante? Quer jujuba? No sábado seguinte tinha uns dois neguinhos pegando merda, acabaram com meu negócio. Aí eu tive que inventar outra coisa, aí comecei a ver assim, arrumar coisa que dá um pouco menos trabalho e mais dinheiro, a relação esforço e retorno financeiro, aí….

Luciano              Não passava pela tua cabeça de arrumar emprego em algum lugar, não era isso?

Rodrigo              Não, passava sim, eu precisava de dinheiro, a gente era muito fodido, entendeu? Muito fodido, tipo eu dependia de merenda escolar, muito fodido, eu me lembro que na infância, café da manhã, queijo no café da manhã, presunto essas coisas não tinha, a gente tomava Mate Leão, era assim, era pesado, a gente passou…. então passava…

Luciano              Tem irmãos?

Rodrigo              Tenho três homens, somos três.

Luciano              Eram três homens.

Rodrigo              Meu irmão um ano  mais velho e meu irmão, o outro, três anos mais novo, perrengue, entendeu? Perrengue bravo, mas então, comia merenda escolar, almoço era merenda escolar, minha mãe foi uma guerreira, que ela tentou fazer a gente passar sem perceber o problema, a pobreza não nos soava como pobreza, agora eu entendo, mas na época ela tentava divertir com aquilo, até hoje adoro mate, entendeu? Mate é o seguinte, você compra uma caixa de mate, Mate Leão, fazer propaganda aqui, uma caixa de mate, um pozinho, deve custar, sei lá quanto custa aquilo, você bota aquilo na água quente, rende a eternidade aquele bagulho, não acaba nunca, você bota um pouquinho de pó daquilo…

Luciano              Bota um açuquinha, dá um gostinho e está feito.

Rodrigo              Pão da padaria do dia anterior, que os caras praticamente dão e várias vezes foi assim e aí eu pensava sim, eu vivia, eu sabia desenhar, era bom desenhista, então tentei ser desenhista de cartaz de supermercado, eu fui em vários lugares, aí eu arrumei um emprego, numa papelaria lá perto de casa, que  eu lavava chão, embrulhava, era o garoto da papelaria, mas era sempre assim, eu tinha um emprego por que? Não dá para comparar, eu não ia conseguir ganhar um salário mínimo vendendo coco, entendeu? Então quando eu consegui um emprego eu passei a ter uma remuneração que parecia um sonho para mim, nossa, sou rico, tenho um salário mínimo, mas eu continuei fazendo alguma coisa…

Luciano              Que idade você tinha quando arrumou emprego?

Rodrigo              Acho que uns 14, 15 anos.

Luciano              É impressionante, todo mundo que senta nessa cadeira para conversar comigo começou a trabalhar com 12, 13, 14 e hoje em dia se você botar teu filho para trabalhar com 12, você vai preso, os caras te prendem.

Rodrigo              Eu sou completamente a favor, o trabalho precoce, começar a trabalhar cedo e eu vejo muitos casos aí de gente que o pai obrigou e depois que o cara cresce ele fala assim, puta isso aqui fez uma puta diferença na minha vida, entendeu? Eu sou a favor. Na verdade meu primeiro negocinho, não foi emprego, foi um subemprego, mas eu tinha acho que era 12 ou 13 eu trabalhei numa lojinha de produtos naturais, eu me lembro, que naturalmente não tinha carteira assinada, essas coisas, não ganhava, talvez, nem meio salário mínimo, não me lembro quanto era, era muito pouco e eu ia para lá, não gostava do lugar e depois teve uma papelaria que eu até gostava do lugar, gostava do seu Aníbal, era o nome do dono da papelaria, o seu Aníbal, os caras gostavam de mim, aí depois comecei, aí vi uma aula de curso de informática, estou falando na década, aí já era o quê? Década de 80, sei lá, apareceram, no início da década de 80 começou a aparecer curso de informática, era basic, Pascal, essas coisas assim, aí eu, caraca, achava aquele negócio assim incrível, tecnologia, informática, achava uma coisa assim nossa, eu quero saber…

Luciano              E sem ter acesso a computador, nada disso, você olhava de longe.

Rodrigo              Nada disso, eu comprava a revista, acho que era “PC Magazine”, aquelas revistas assim, eu achava aquela coisa das placas mãe, os transístores, aí começava a vir as histórias da Apple, um amigo meu, alguém conhecido tinha um TK 82, TK 83 e o cara rodou um game, aí eu olhava aqueles quadradinhos se mexendo, aí veio o curso, “Microtech”, eu lembro o nome do curso, cheguei lá enchi o saco do dono para ele me deixar fazer um curso de graça, que eu ia trabalhar para ele de graça. O cara acabou me deixando fazer o curso de Basic I, aí eu fui bem, aquilo entrou, fez o maior sentido na minha cabeça, foi muito fácil.

Luciano              Você não tinha até esse momento botado na cabeça que eu vou estudar agora para fazer o colégio, a faculdade, para cursar engenharia, isso nunca passou pela tua…. pô que interessante.

Rodrigo              Não, nunca. Nunca passou, eu não sabia o que eu queria ser não, eu gostava muito de música, então eu tinha uma banda já aos 15, esse negócio de música, eu tinha uma banda, tinha o cabelo grande, andava com uma faixa, era meio hippie, entendeu? E pirei com o negócio de software, de tecnologia, entendeu? De programar e tal, Basic, Basic II, Pascal, Assembler, fui fazendo um monte. Aí o cara me deixava fazer curso desde que eu trabalhasse, porque eu comecei a corrigir prova, arrumei emprego de digitador, aí nesse emprego de digitador, o programador dessa empresa deu uma pisada na bola, eu já sabia programar alguma coisa e a empresa tinha um deadline para cumprir, e eu, deixa que eu faço, aí virei programador, aí comecei, puta agora eu sei programar, aí começava a fazer programa para fora, fui garoto de programa, aí tive uma empresinha, aí fiz a primeira empresa, formalmente constituída, chamava “Classic Data Serviços de Informática M/E”, era bom, eu programava em CP 500, eu fazia um sistema lá, a Classic Data não deu certo, aí depois eu tive uma outra empresa chamada “Planin” que vendia coisas e tinha cursinho, fazia um monte de coisa, era coisas de informática, e foi assim quebrando, quebrei várias vezes e tinha um emprego, porque eu tinha que pagar as contas, então era emprego, eu  tinha dupla jornada, até que…

Luciano              Esses lugares, essas empresas que você montou era você e você, era eu sozinho?

Rodrigo              A Classic Data era eu e um colega, o Alexandre, o Deco, que ele trabalhava na hípica, ele era mais velho do que eu uns 4, 5 anos, então naquela ocasião, 4, 5 anos era uma diferença significativa, hoje não seria, mas eu estou velho. Mas aí ele até arrumou um primeiro contato da gente com a Hípica, ele cuidava do administrativo lá aí, modéstia à parte, o bom ali no negócio, quem sabia fazer a coisa era eu, eu era muito rápido para programar e ter ideia, raciocínio e tal, aí foi assim, aí no outro a Planin foi eu e o Roger…

Luciano              Quando é que você, pela primeira vez, esteve à frente de uma equipe, que você tinha embaixo de você dois, três, quatro carinhas?

Rodrigo              Então, nessa Planin, nessa empresa de informática tinha um cara que cuidava da… tinha umas duas pessoas assim, foi nessa ocasião e foi bem ruim, porque eu não tinha a menor ideia de como…

Luciano              Essa era a pergunta que eu ia fazer, como é que foi você descobrir de repente que agora eu sou chefe e estou mandando em dois caras e começam a surgir demandas que eu não fazia ideia que podia existir, você nunca foi treinado para isso…

Rodrigo              Nunca fui.

Luciano              … nunca observou como é que isso acontecia, porque você estava acumulando, um lobo solitário, e aí?

Rodrigo              Ah foi problema porque, digamos assim, que primeiro que o empreendedor e ai você é muito impaciente, você não tem paciência com as pessoas, nenhum, você nessa ocasião você não sabe ensinar, não sabe dar feedback, não sabe negociar, não sabe conversar….

Luciano              E você é a régua, teu standard é o teu, eu vou levar por mim, eu sou, tem que fazer como eu faço, eu sei o que você está falando.

Rodrigo              … e aí me incomodava em chegar na oficina e estar uma zona do caceta, a porra da oficina, você não encontra nada em lugar nenhum, ai você tenta falar para o cara e o cara dá uma de “sambarilove”, você já quer logo pular no pescoço do cara, eu não tinha jeito para conduzir uma conversa, então eu aprendi errando, na porrada. Atualmente o Comunique-se é uma das melhores empresas para se trabalhar…

Luciano              Quantos funcionários você tem lá?

Rodrigo              100.

Luciano              Pois é, nós vamos chegar lá. Mas já deu para entender a tua sacada aí, essa coisa do empreendedorismo que para você… é interessante, que muita gente que eu converso nasce a partir de um exemplo, pô meu pai fazia assim, minha mãe fazia eu segui, surgiu uma oportunidade. Você não, você tinha esse ímpeto dentro de você para começar a inventar e criar.

Rodrigo              E também impulsionado pela necessidade.

Luciano              Sim, isso foi fundamental. E aí, como é que você, vamos tentar chegar no Comunique-se, me dá o que aconteceu para você chegar até o…

Rodrigo              Então, primeiro, programador…

Luciano              Nesse momento você é um nerd programador de sistemas.

Rodrigo              … programador de sistema, meio bicho grilo, músico, queria ser rockstar…

Luciano              20 anos, o que?

Rodrigo              … acho que eu tinha uns 20 anos, queria ser rockstar, logo não deu certo, não tinha dinheiro para comprar uma guitarra decente, aí eu estava, vamos lá, então nessa ocasião, encurtando, eu virei programador numa empresa um pouco maior, eu sempre me destaquei muito, em todos os lugares que eu passei, o perfil empreendedor me era uma grande vantagem em relação a todos os outros, porque eu não só me contentava em fazer aquilo para o qual eu era pago, eu sou programador que tem que cuidar desse “softerzinho”, eu cuidava do software, pegar o software do outro, melhorava, transformava em negócio, arrumava um jeito de gerar receita para a empresa, eu era o empreendedor interno ali…

Luciano              É, você está levantando um insight. Outro dia entrei numa discussão dessa aí, de um insight muito legal que é os caras discutindo se tem diferença entre empreendedorismo externo e dentro, se eu for contratado numa empresa eu posso ser considerado empreendedor ou é só empreendedor quem está lá fora e aí no fim das contas eu acabei escrevendo um texto a respeito que eu falei é o seguinte, a diferença de um para outro é igual base jump e wingsuit, entendeu? O base jump o que é? Você sobe numa ponte, pula com elástico preso no teu pé, vai se arrebentar lá embaixo, quando você vai bater o elástico pega e te salva, tem que ter culhão, tem que correr risco, tem que ser muito doido para fazer isso aí e saltar lá, é isso aí, esse é o empreendedor na empresa, tem o elástico que te segura. O empreendedor sozinho é o wingsuit, você bota a roupa e sai voando, se você errar você se arrebenta, não tem ninguém para te salvar, os dois correm risco, os dois tem que ter adrenalina, então tudo é empreendedor, o que define a diferença de um para outro é o nível de risco que vai assumir, quer dizer, num deles, se você errar, você tem uma empresa por trás de você que dá para dar uma garibada, o pior que pode acontecer é você perder o emprego, o outro, se você errar você quebra, mas você está falando isso aí, que é essa coisa de você, mesmo sendo um funcionário pago, eu tenho essa coisa de eu quero ir além daquilo que me pagam para fazer.

Rodrigo              É, eu acho até que, eu falo isso direto para as pessoas, infelizmente as pessoas não fazem isso, pior, a maioria das pessoas, vamos supor, tem um potencial X e ao invés de tentar entregar além, entrega abaixo, conscientemente, a situação é o seguinte, entrega conscientemente menos do que ele poderia entregar, porque ele acha que não vale a pena e tal, ele está se sabotando, é uma suto sabotagem.

Luciano              Você sabe que eu fiz agora um sumário para o Café Brasil Premium que eu tenho aqui, de um livro interessante chamado “Mindset” e ali tem um insight no meio do livro que é uma delícia, que é a pessoa estar comentando e diz o seguinte, se eu estou numa empresa e eu tenho uma liderança na empresa e o meu líder, meu chefe é um cara que o que ele exige é rapidez e perfeição, tem que ser rápido e perfeito e eu entendo isso, eu compreendo que é isso que ele quer, eu, como profissional, acabo não correndo risco nenhum, eu não quero fazer nada complicado porque eu preciso ser rápido e perfeito, rápido e perfeito então não me peça para fazer alguma coisa um pouco além daquilo que eu posso fazer, porque eu corro o risco de não ser nem rápido e nem perfeito e não atender aquilo que eu já saquei que é o que meu chefe quer. Então olha que interessante, então o chefe é o cara que acaba desenhando esse cenário,, quer dizer, não é que o cara “não faço porque não quero” eu não faço porque se eu correr risco eu não  vou agradar o meu chefe lá, mas é interessante isso.

Rodrigo              Tem dois cenários, tem esse aí que é um fato que a cultura da empresa limita as pessoas que estão embaixo, eu passei por emprego assim, deixei a empresa rapidamente porque não…

Luciano              Ela era um limitante…

Rodrigo              … ela não valorizava em nada, realmente você tentar fazer o algo a mais, podia te prejudicar e tal, tem esse caso. E tem outros casos que não é cultura e sim o cara, ele se sabota, funcionários que podendo brilhar, decidem não brilhar e preferem ficar lá nas coisinhas, entendeu? Dar uma embromada, bater meta 80%, podia ter feito 100, não faz, aí ele não entende porque depois a vida do cara vai se desdobrar num resultado medíocre, ele podia ter sido espetacular, mas decidiu ser sistematicamente medíocre na vida, então acho que é isso.

Luciano              Vamos chegar no Comunique-se. Comunique-se. Como é que pinta. Isso é em São Paulo, Comunique-se acontece em São Paulo?

Rodrigo              Nasceu no Rio…

Luciano              Nasceu no Rio. Mas como é que é, de onde vem? Me dá o insight aí, qual foi?

Rodrigo              Foi assim, as pessoas falam assim que pô, como é que foi nascer a ideia? As coisas acontecem, no meu caso, é uma construção, é uma consequência, você vai, toma uma decisão, essa decisão leva a essa decisão, que leva a essa decisão, então nessa ocasião eu já tinha me desenvolvido muito na parte de tecnologia, já tinha sido analista de sistemas, programador, consegui, estou contando a história curta, consegui um emprego no Jornal do Brasil, o Jornal do Brasil, na época do impresso, que depois acabou e virou somente JB Online, aí eu arrumei emprego de analista de sistemas no Jornal do Brasil…

Luciano              Isso era anos 90?

Rodrigo              … 94, ano 1994.

Luciano              O Jornal do Brasil ainda tinha…

Rodrigo              Tinha prestígio, grandes nomes do jornalismo lá, mas já estava mal das  pernas em grana, tipo vendendo o almoço para comprar a janta, já não depositava o FGTS dos funcionários, mas era um prédio de 9 andares, 1000 funcionários, dá  para imaginar um jornal hoje em dia com 1000 funcionários? Não tem mais nenhum. Lá tinha, eram 900, 1000 funcionários, uma coisa assim, entre financeiro, programadores e o escambau. Aí eu estava lá no Jornal do Brasil, e no Jornal do Brasil, perfil empreendedor, é um prato cheio, j;  comecei a…

Luciano              Você foi fazer o quê lá?

Rodrigo              Eu era analista de sistema, programador, fazia software lá, aí fiz o JBOnline, que foi o primeiro jornal na internet, do Brasil, o primeiro jornal a postar um site na internet com atualização diária foi o Jornal do Brasil e eu fiz. Um jornalista fez a parte de conteúdo e tal, ideia e iniciativa, mas eles precisavam de um programador que conseguisse, com a tecnologia da época, tornar aquilo dinâmico, aí eu fiz lá, comecei a entender, fiquei encantado com aquela parada de jornalismo, como é que a notícia acontecia. Estou lá no Jornal do Brasil, em paralelo a isso eu tinha uma BBS, BBS é do nosso tempo, explica para o pessoal o que é BBS que  eu acho que eles não vão saber do que se trata.

Luciano              Eu vou ver se eu consigo aqui que o Lalá ponha aqui o barulhinho da discagem do modem, era assim, que loucura era aquela, era uma época em que você para…. eu me lembro que eu fui fazer um curso, eu estava incomodado porque eu via esse negócio de internet, via os caras mexendo e eu falava, mas por onde começa? Eu não sei nem como é que começa isso, como é que eu entro nesse lugar aí? E eu fui fazer um curso para poder entender e era um curso de BBS, essa história toda e eu saio do curso com disquete na minha mão e fiz o curso inteirinho e saí de lá sem compreender ainda como é que esse negócio funcionava e que era a pré-história da pré-história da…

Rodrigo              Precursor da internet. Era o BBS.

Luciano              Era um negócio terrível.

Rodrigo              Então, mas eu tinha um BBS…

Luciano              Demorado, tudo complicado, tudo…

Rodrigo              … eu tive, assim, eu estava no Jornal do Brasil, um amigo meu chegou para mim e falou assim Rodrigo, eu era louco por aquela coisa de conexão de dados, eu fiz o BBS do próprio JB, BBS de fotos, isso é legal, para você entender assim, naquela época um jornal do interior precisa de uma foto do Collor lá, o presidente da época, ele não tem a foto, ele liga para um jornal grande que tem a sua agência de notícias, no caso o Jornal do Brasil tinha a AJB, Agência de Notícias do Jornal do Brasil, que tem lá os fotógrafos dele que tem as fotos para vender e o cara liga lá, vem cá, estou precisando de uma foto do presidente Collor, da coletiva de imprensa de hoje, o vendedor aqui diz ah tem uma foto, bom, como é que está a foto? Bom a foto está assim, está em PE, ele descreve a foto por telefone e o cara hum, tá, quanto é essa foto? 500 pratas. Está bom, vou ficar com essa foto. Era descrito. Vendia 20 fotos por mês, aí falei po…

Luciano              Como é que a foto era mandada?

Rodrigo              Eu acho que era… eu não me lembro, correio? Moto? Motoboy? Sei lá como é que era, eu não sei, sei que eles vendiam muito pouca foto. Texto ia por telex, já tinha fax nessa época, ah eles mandavam às vezes a foto por fax, chegava aquela coisa preto e branco horrorosa, e vendia 20 fotos. Eu falei assim cara, vamos fazer um BBS de fotos, já estava entendendo um pouquinho como é que seria isso, pô vamos botar três, quatro linhas aqui no Jornal do Brasil, as pessoas vão se conectar de lá e vão ver a foto, caraca, eles passaram a vender… de 20 foi para 1000 fotos por mês, simplesmente porque a comunicação foi facilitada, o cara podia ver e o fato de ele poder ver uma foto em baixa definição, imagina naquela época, demorava pra cacete, o cara baixava na hora, aquilo dava…  eu me lembro que o dono do Jornal do Brasil, o João Antônio Nascimento Brito desceu para me dar parabéns, fez um evento. Aí eu aprendi de BBS, aí montei o BBS na minha casa, que tinha a minha linha telefônica, eu ia trabalhar, então eu tinha uma linha telefônica, as pessoas se conectavam, uma por vez e chegava lá e via as coisas, o mundinho. Para quem não entende assim, a internet você entra e você tem tudo o que todo mundo fez disponível, no BBS não, no BBS o cara se conecta e ele fica restrito ao que está naquele servidor, naquela linha telefônica, então você tinha que criar o mundo.

Luciano              Você era um provedor, era um provedor com seu site próprio e conteúdo e tudo mais.

Rodrigo              De conteúdo, você botava um chat, você botava uma página com conteúdo, você botava um joguinho feito em anci, aquela tela verde, tudo o que você tinha lá, o cara do BBS tinha que prover, ele não conseguia para outro lugar, aí eu tinha esse outro BBS, um cara chegou para mim, do JB viu, falou eu tenho um amigo que está querendo montar um BBS, mas uma coisa profissional, só que ele não tem dinheiro para te pagar salário, mas se você fizer o BBS você fica com 25% do negócio, na mesma hora aceitei. Aí no JB meu horário era da uma da tarde às onze da noite, eu tinha o turno noturno e aí no BBS eu trabalhava de 8 da manhã até meio dia e meia e saia correndo para o JB, então o meu dia era, diariamente, das 8 da manhã às 11 da noite, no mínimo, isso quando não tinha o tal do pescoção, que é o termo em jornalismo para fechar o jornal de domingo na sexta feira, adiantar, que todo mundo fica até as 4 da manhã. Era dupla jornada mesmo, não ficava cansado porque eu estava achando sensacional fazer o BBS com sete linhas telefônicas, aí eu ia ter sete linhas telefônicas, sete pessoas simultaneamente, aí eu fiz o BBS, trabalhei uns seis meses produzindo cada página que o BBS se destacava um do outro pela experiência que ele podia fornecer para os caras, então eu fiquei ali sete meses sozinho, eu desenvolvi uma quantidade de coisas que precisaria de muito mais, mas eu era obcecado, depois que o negócio estava pronto, tinha lá uns 100 usuários, começou a pagar, um dia eu fui trabalhar no BBS, fui botar a chave e a chave não abria a porta, falei porra, não abrir a porta. Bati e ninguém atendia, ligava para o dono, o outro cara que era o cara que me ofereceu os 25%, não atendia. Aí eu fui para casa, 8 da manhã cheguei em casa, tentei me conectar no BBS, minha senha não funcionava, trocaram tudo, me bloquearam. O que o cara fez? Ele arrumou um comprador para o BBS e me deu uma pernada, filho da mãe, me trocou senha e os cacetes, aí eu liguei para esse meu amigo que me indicou o tal do Marcelo, ele falou pô Rodrigo, eu não posso fazer nada. A gente tinha um trato, mas não tinha contrato, era aquela coisa, 25%… aí eu tinha umas senhas escondidas, consegui invadir o BBS, entrei lá tinha os sete caras lá, aí eu contei para todo mundo o que aconteceu, entrei no chat, aconteceu isso, não sei o quê. Como é que o mundo da voltas, para chegar no Comunique-se, tudo isso, aí uma menina que estava lá era filha de um dono de uma rede enorme de escolas do Rio de Janeiro, ficou sensibilizada, me apresentou para o pai dela, José Carlos Portugal, um cara corretíssimo, dono da Rede MV1 de Ensino, tem um monte de escola lá, sei lá, “trocentos” mil alunos e o cara falou Rodrigo, o negócio é o seguinte, minha filha me contou a sua história, você quer agora montar um provedor de acesso à internet? Eu não tenho dinheiro para te pagar, mas eu te dou 25%, aí eu falei claro, por que não? Topei na hora, esse não me deu pernada, o provedor não deu certo porque a gente entrou atrasado, chegamos a ter umas 20 linhas telefônicas, eu sozinho cuidando do provedor com 20 linhas de telefone, mas essa experiência toda acabou que eu recebi uma proposta para ir para uma agência de comunicação, no caso atualmente a maior agência do Brasil, que é a FSB, é a maior do Brasil, eu entrei lá para ser o cara da tecnologia, me destaquei, acabei virando um diretor e um dia, juntei o que eu aprendi no Jornal do Brasil, com comunicação, o jornalismo, BBS, provedor, com o lado, o outro lado do balcão que é a agência de comunicação, os clientes querendo fazer… Falei puta, tem tecnologia que pode ajudar aqui, aí eu tive a ideia do Comunique-se, juntar tudo isso aqui, um lugar onde a gente reúna quem quer falar com jornalistas e os próprios jornalistas, vai ter jogo. Apresentei a ideia para os donos da FSB que gostaram, mas não quiseram entrar imediatamente, eles me apresentaram para um fundo de investimento de internet, no auge da bolha da internet, que era um fundo do Rio, que era cliente deles…

Luciano              Isso que eu ia te perguntar, que ano é isso aí?

Rodrigo              … o site entrou no ar em 2001 e eu fui apresentar o projeto, comecei a apresentar o projeto para os caras de 99 para 2000.

Luciano              Puta, no auge.

Rodrigo              No auge. Já estava explodindo, já estava dando merda, já tinha empresa fechando…

Luciano              É a bolha estoura em abril de 2000, ela explode a bolha, você estava na ascendente quando a bolha estoura.

Rodrigo              Fui levantar capital realmente um pouquinho depois da explosão, inclusive os donos do fundo estavam apavorados com aquele negócio, segurou o caixa, não investia em mais nada, eu fiquei lá cinco meses vendendo a minha ideia, mas porra, vendi merda, vendi giz, olha como é importante, tinha desenrolado em escola de favela, entendeu? Eu era um animal de venda assim sabe, puta vendi para o cara, levantei cinco milhões de reais, isso na época da bolha, a bolha já tinha estourado, levantei cinco “milhas”, falei porra caraca, eu consegui. Se for assim vou ficar milionário, pensei comigo, porra, milionário. Aí como é que era a história? Eu inventei, a ideia era minha, vou trabalhar, vou ficar com uns 80% dessa empresa, pensei. Porra nenhuma.

Luciano              Quer dizer, eu sempre tive a ideia de que o Comunique-se era uma reprodução de alguma outra coisa que alguém viu em algum outro lugar, tipo nos EUA tem o modelo, traz para o Brasil e implementa aqui também, na minha cabeça era isso, então não foi, saiu do zero, saiu do zero.

Rodrigo              Era uma ideia de criar uma comunidade virtual de jornalismo e que por meio dessa comunidade eu traria todos para o mesmo lugar e aí as empresas iam ter um canal em escala para se comunicar com eles, eu ia vender serviços de tecnologia, coletiva de imprensa, basicamente era tudo o que existia no meio off-line, com a versão mais barata, com mais escala, com mais resultado no meio online. Coletiva de imprensa, dá um puta trabalho, o jornalista não vai, é um estresse, porque não fazer coletiva de imprensa por internet? Release era mandado por fax, por que não distribuir release por e-mail, fazer mailing jornalismo, então começou assim, levantei as cinco “milhas”, naquela época os caras não sabiam fazer, me colocaram, o fundo ficou com 56%, a FSB com quarenta e poucos por cento, então o fundo era majoritário, a FSB minoritária e eu virei “mixoritário”, porque tinha uma mixaria de ações, eu fiquei, inicialmente, com 2% em ações, mais 4% de stop options, eu achava nossa, está bom demais, porque eu não tinha dinheiro, eu falei mas não é pouco no começo? Não. Mas a ideia é minha. A ideia não vale nada. Eu ouvi essa frase, a ideia não vale nada, o cara abriu assim, estou com minha gaveta cheia de ideias, ele era um fundo que recebeu um monte de gente fazendo pit para… a ideia não vale nada, o que vale é assim, mas se você transformar esse negócio num grande negócio, você vai ter um percentual pequeno de uma coisa muito grande, o que adianta você ter 100%? As frases que eu ouvi assim: “melhor você ter 5% de nada, ou 2% de muita coisa? 2% de muita coisa é melhor que 5% de nada, caí nessa, fui, trabalhei igual um desesperado e assim começou o Comunique-se, consegui levantar grana, a FSB e o Fundo entraram numa treta jurídica absurda, três meses depois, o Comunique-se quase acabou, Me lembro que reunião para deliberar para poder pagar, receber o capital para pagar funcionário, a FSB mandou o oficial de justiça, no meio da reunião para impedir de acontecer a reunião, era assim, foi uma treta horrorosa, acabou que o fundo comprou a parte da FSB, aí ficou eu e o fundo, olha só como é que… se você trabalha as coisas acabam dando certo, não sou religioso não, mas eu acredito que a vida conspira para quem corre atrás, porra, estava com 2%, não, cheguei a 0.95, porque depois ainda fui diluído, era menos de 1%, no pior cenário eu tinha menos de 1%, menor sentido, empreendedor fundador com menos de 1%, um absurdo completo mas na época ninguém sabia direito como investir em internet, hoje já não é mais assim, isso não existe mais, qualquer fundo sabe que o empreendedor tem que ser o majoritário, mas na época não era assim, aí o que aconteceu? O fundo, acabou o prazo dele, todo fundo tem uma duração, tinha cinco anos, acabou o prazo e ele anunciou que ia acabar com tudo, todas as empresas, eles tinha 50 milhões de reais, eu me lembro, tinha feito pó, os 50 milhões virou pó, bolha da internet, nenhum negócio deu certo e o fundo ia acabar…

Luciano              Isso quanto tempo já tinha o Comunique-se?

Rodrigo              … um ano e meio assim…

Luciano              Não era um negócio ainda? Não tinha rodado ainda?

Rodrigo              Não, já tinha cliente, tinha faturamento, a gente era o único negócio do portfólio que já tinha faturamento, mas a gente ainda era deficitário, me lembro dos números, era tipo 40 mil por mês que dava de prejuízo, em alguma parte, porque era aquelas alucinações de ponto com daquela ocasião, puta escritório megalomaníaco no Leblon, entendeu? Menor necessidade daquilo, eu tinha diretor comercial, diretor de não sei o quê, era umas coisas que o fundo enfiava na minha cabeça, eu acabei aceitando porque era aquela questão pô, tem que ser…. Aí dava prejuízo. Aí quando ele falou que ia acabar com tudo, falei fodeu, minha vida acabou, não tenho nada, não fiz mais nada, não consegui ganhar dinheiro…

Luciano              Você estava casado?

Rodrigo              Já era casado e tinha já… ainda não  tinha…. tinha minha filha, minha filha pequena, de um ano. Estou fodido, não sei o quê, acabou, mas eu via o Comunique-se crescendo, todo mês crescendo assinatura, indo bem, falei cara não podemos deixar isso morrer, aí me caiu uma ficha, quanto vale um negócio que ninguém quer comprar? Porque assim, bolha da internet, vou vender .com, dava até vergonha de dizer que era .com, eu vou dizer assim .com, dava vergonha, primeiro, no começo .com era um puta status, depois que deu a cagada toda, você dizia que era .com, e era vergonhoso, embaraçoso, eles tentaram vender as empresas, botou tudo para vender, mas não vendeu, falei quanto vale uma empresa que ninguém quer comprar? Não vale nada, eu vou fazer uma oferta, uma oferta aviltante, juntei alguns funcionários, vou fazer uma vaquinha aqui, tipo literalmente uma vaquinha, mandei em e-mail para dois caras que eu sabia que tinham um pouco mais de dinheiro, convidei para eles participarem da vaquinha, levantamos 600 mil reais, com a vaquinha, com esses dois caras, cada um botou 200 mil, um outro, um terceiro cara botou 100 mil, você conhece alguns dos caras, que eu posso até dizer os nomes, 200, 200, mais 100 e o resto foi os funcionários, eu não tinha um tostão, não botei um tostão, eu falei gente, eu vou comprar esse negócio na bacia das almas, mas eu quero 25%, então hoje eu tenho 89% do Comunique-se, eu cheguei a ter 100%, mas aí dois funcionários espetaculares, hoje são sócios, mas 89% que não coloquei um centavo na Comunique-se, eu nunca coloquei um centavo.

Luciano              Vem cá, como é que você convenceu alguns caras a botar 200 pau num treco que estava saindo dessa explosão, é um negócio que estava sem ter o caminho para onde ia, ninguém sabia direito o que ia acontecer, ninguém sabia, era um fim de tsunami, passou um tsunami estava tudo arrebentado e ninguém sabia… como é que você convence dois caras a botar 200 paus…

Rodrigo              Foi mais fácil do que… foi fácil e rápido, primeiro que 200 paus, um era um gringo, me lembro que era 70 mil dólares e o outro era brasileiro mas já estava morando fora do Brasil, numa grande corporação, então era assim, investimento de 70 mil dólares e o Comunique-se tinha métricas de tração muito boas, nessa ocasião, eu acho que a gente já estava tipo faturando 1 milhão de reais por ano, dava prejuízo, mas faturava 1 milhão, mas eu mostrei, eu estou dando prejuízo por conta dessas ostentações aqui, vamos acabar, vamos sair do Leblon, vamos para o centro, esse diretor que me empurraram goela abaixo, vamos dispensar; eu e esses três caras que são, vão virar sócios também, porque foram os funcionários, vamos virar PJ durante um tempo e foi esse o plano. O nosso plano era oferecer 100 mil reais para comprar, uma proposta aviltante e ficar com 500 mil no caixa para dar tempo de fazer tudo o que eu falei que a gente ia fazer porque a gente estava dando aquele prejuízo de uns 40 mil por mês, falei pô, plano perfeito, eu provei lá, botei a planilhinha assim, vai dar certinho tinha todas as contas na mão, vamos reduzir na marra, era esse o meu plano.

Luciano              Quer dizer, isso é fundamental você tinha na mão os números para chegar para um cara desse e falar não estou trazendo um sonho do Gessing, pode ser que dê, eu estou trazendo um negócio que já tem números e tem um potencial de acontecer.

Rodrigo              Total. Aí os caras confiaram, eles gostavam de mim, entraram aí eu fiz a oferta lá para o fundo, 100 mil reais, aí me lembro do Cristiano Fonseca, que era o gestor do fundo, pô ficou puto, aí eu dei aquela blefada, então você vende para outro, não sei o quê, é melhor você me vender por alguma coisa do que você ter que fechar e mandar 20 funcionários embora e mais, quebrar contrato com esses clientes que a gente tem, é uma puta pemba, vai custar muito para você, é mais jogo você me dar, se você não quer me dar, toma 100 mil. Aí o que ele fez? Ligou para a FSB, que tinha saído naquela treta, e falou faz uma oferta vocês, para a FSB, só para me pressionar, ele viu que se ele não tivesse… ele não teria poder de barganha nenhuma se ele não tivesse uma outra oferta na mesa, na  hora que ele falou não, a FSB está entrando no negócio e tal, eu falei puta fodeu, aí a gente falou vamos oferecer um pouco mais, aí ele falou se você me oferecer 500 eu fecho. Falei nós só temos 600 pau, como é que a gente vai oferecer 500, acabamos oferecendo os 500, aí mudou, foi o seguinte, fiquei sem salário vários meses, não consegui, minha mulher é médica até hoje, então ela segurou um pouco as contas, fiquei sem salário, demos 500 paus para o cara, entramos no… era Banco Real na época, foi muito real, saudoso Banco Real, me lembro que consegui arrumar 300 mil emprestado no Banco Real, com aqueles juros de cheque especial, melhor do que cheque especial, mas tipo bem alto, ficamos sem pagar imposto do governo, a gente nunca fez caixa dois, a gente sempre emitiu a nota fiscal de tudo, só que não pagava o imposto…

Luciano              Conscientemente…

Rodrigo              … conscientemente, não tinha dinheiro para pagar, não paga imposto, entramos em um dívida com o governo,  então  eu tinha dívida de ISS, de PIS, COFINS, INSS e os 300 mil do negócio, sem receber salário. Pô…

Luciano              Mas isso é que é acreditar na ideia.

Rodrigo              … eu não tinha dúvida nenhuma, não tinha dúvida nenhuma, falei cara, vamos foder aqui 1 ano, mas vai dar certo. Aí depois, breakcrivamo a empresa, OK, legal, breackvamo, paramos de perder dinheiro, aí começa está sobrando um pouquinho aqui, quando você renegocia a dívida com o governo, renegocia, vamos lá renegociar dívida, parcela em cinco anos aqui de novo, com puta juros e começamos a pagar, na hora que você paga a primeira parcela, você está adimplente, pô você ainda tem uma dívida, mas você reconheceu a dívida, começa a pagar, então passei a pagar dali para a frente tudo direitinho e o que estava para trás eu tinha uma negociação, comecei a pagar, o Banco Real a mesma coisa, começa a pagar, o dia que a gente acabou de pagar a última parcela do Banco Real foi um prazer inenarrável, acabou, pagou as parcelas de PIS, COFINS… ah acabou, foi sensacional e aí depois foi assim, aí ainda consegui comprar a parte dos dois, tanto do fundo, do fundo já tinha saído, mas entrou esses dois outros sócios que eu falei, um tinha 25, o outro tinha 25, eu tinha 25, que eu conquistei, era a minha condição para poder passar esse sufoco todo e alguns funcionários somavam juntos 25, aí eu comprei a participação de um dos caras, quando eu falo comprei, não foi eu tirando dinheiro do bolso, mas o Comunique-se tinha um caixa, era dinheiro da empresa, foi  uma jogada daquelas minhas e os caras aceitaram, o Comunique-se pagou a compra das ações de um, depois do outro, depois dos funcionários, que a maioria foi desistindo, não aguentou a pressão, foi desistindo, aí eu fui para 100% do Comunique-se e depois vendi 9% para dois funcionários.

Luciano              E o Comunique-se era, naquela época, quando ele nasce, ele era um sistema que vendia conexões, eu comparava conexão.

Rodrigo              Vendia acesso aos jornalistas.

Luciano              Eu comprava de você uma conexão, é o equivalente ao Facebook, eu compro conexões, eu vou lá o que ele me vende? Qual é o teu produto? Eu vou te conectar com pessoas. Então você define teu target, vou lá eles estão aqui, eu conecto você com eles, esse era o produto que você vendia naquela época e era uma coisa interessante porque era isso é trabalho que ele passou a fazer, era um trabalho feito por assessoria de imprensa, eu estava na empresa, eu era diretor de uma multinacional de autopeças e eu era target teu, acho que até eu cheguei a ser cliente…

Rodrigo              Eu me lembro que a gente foi lá…

Luciano              Eu fui cliente de vocês.

Rodrigo              … era de freios? Não, era… Qual era o nome?

Luciano              Não, era Dana, era a Dana. Eu acho que eu fui cliente de vocês na época e a gente estava tentando bolar alguma coisa interessante para ampliar o alcance que a gente achava que a nossa assessoria de imprensa ela não podia ir muito longe, muito mais do que ela fazia ali e era um negócio interessante porque botar preço em venda de conexão era um negocio muito novo…

Rodrigo              Não.

Luciano              Quanto vale isso?

Rodrigo              Hoje a gente fala em SAGE Software, a gente faz sites desde 2001, o Comunique-se nasceu como software da SERVICE, ele desde o começo a gente vendia assinatura de software, ninguém mais fazia, era louco aquilo. O Comunique-se, a primeira versão do portal Comunique-se, que era o site para jornalistas, era um Facebook, o cara curtia, ele tinha um perfil dele, ele tinha um chat para conversar com as outras pessoas, no começo, foi impressionante o volume de jornalistas se cadastrando no portal, a gente não imaginava aquilo, foi uma loucura, então de um lado eu tinha os jornalistas que acharam sensacional a iniciativa do Comunique-se e aderiram ao portal e do outro lado a gente vendia para as empresas uns serviços bem interessantes, por exemplo, rapidamente a gente fez uma lista de todos os jornais brasileiros, a gente sabia o nome, sobrenome, o veículo que trabalhava, o telefone, o assunto que ele cobria, a audiência do veículo, tudo isso mapeado e o software permitiu ao cliente chegar: eu quero todos os jornalistas que falam sobre economia, negócios e finanças do Rio, São Paulo e Brasília em jornais e revistas de circulação maior do que tal, mando uma mensagem, manda um release para esses caras, então isso aí vendeu como água no começo.

Luciano              Quando a gente fala isso hoje é tão natural, você está falando um negócio que… naquela época isso era uma inovação, eu me lembro que a hora que eu entrei a primeira vez, que eu botei ali, que eu fiz um teste, deixa eu ver jornalista que fala de mercado automotivo em Belém do Pará, vieram quatro, cinco nomes, falei não é possível.

Rodrigo              É e fazer isso por internet, porque a gente tinha um concorrente, que vendia disquete, porque nessa época a internet não funcionava direito, era a internet principalmente por linha discada, alguns poucos tinham a LPCD, linha dedicada e era muito caro e todo mundo ah você vai fazer um negócio online? Me parecia óbvio que eu tinha que fazer online, nunca assim, agora todo mundo, imagina alguém entregar um CD room, parece bizarro hoje em dia, mas em 2001 era só isso que se fazia, a gente entregou o nosso a funcionar online, aí chegava nas assessorias de imprensa para vender, ah mas a internet não funciona bem, cai toda hora. É minha argumentação para convencer os caras que realmente dava muito problema, mas a gente saiu vendendo, a gente não acreditava, cem assinaturas, duzentas assinaturas, falei caraca, ficou bom, vamos fazer mais produto assim, fizemos um monte, clipping por internet, todo mundo fazia na mão; coletiva por internet, depois virou prêmio Comunique-se, virou o Oscar do jornalismo, é o maior evento para jornalistas.

Luciano              Então, era nesse ponto que eu queria chegar, quer dizer, você cria um modelo ali que ele é muito claro, quer dizer, nesse momento eu estou comprando tua assinatura porque através de você eu vou conseguir falar com um monte de caras que me interessam lá, mas há um momento que me parece muito  claro, que o Comunique-se extrapola isso, ele vira uma outra coisa, ele vira uma, sei lá, uma agência que começa a promover eventos, começa a acontecer uma porrada de coisa em torno daquele núcleo duro dele, eu não sei se você dividiu a empresa, como é que você fez isso na época, eu quero tua visão, de bater o olho e falar o seguinte, tem que voar, tem que sair desse núcleo e voar. Como é que é isso?

Rodrigo              É uma boa pergunta, naquela fase que a gente estava ferrado, entendeu? A gente nasceu como o quê? Nossa missão era facilitar o trabalho do profissional de comunicação. Então o nosso negócio era ter uma comunidade virtual de jornalismo e por meio dela eu ter acesso a esses jornalistas e vender software para quem quer falar com ele, então a gente só fazia isso. O prêmio Comunique-se fazia sentido nesse negócio que seria uma ação de marketing institucional para me fortalecer junto aos jornalistas, não sabia do sucesso que ele ia virar, mas estava ali ainda, mas só que lá, a fase quando a gente foi comprar o Comunique-se do investidor, foi 2004, 2005 e eu tinha que gerar receita, porque como eu falei, puta a gente estava perdendo 30 mil, 40 mil reais por mês, tinha que gerar dinheiro, então aí eu olhei para aquelas coisas que eu fazia e falei puta, para quem mais eu posso vender isso? Porque para assessoria o ritmo era, a assessoria um número restrito de empresas e eu tinha um ritmo de venda que não ia demorar muito, eu não tinha dinheiro para fazer um produto novo, então assim, eu tenho um produto, será que eu posso vender esse produto se eu der uma empacotada para alguém mais? Então o que o meu produto fazia nessa época? Ele fazia um sitezinho simples, porque a gente chamava de sala de imprensa virtual, que era um site para atender jornalistas, a empresa comprava para botar no teu site para que o jornalista encontrasse as informações lá. Então, a gente tinha um produtinho que fazia um site simples, a gente tinha um produto que disparava release por e-mail, que em última análise é uma ferramentinha de e-mail marketing, a gente tinha um CREzinho que as assessorias usavam para gerenciar os contatos com os jornalistas, falei cara, eu tenho três  coisas aqui que comportam, para quem eu posso vender? Aí pesquisa pra lá, pesquisa pra lá, descobrimos as companhias listadas na bolsa de valores, o que faz? As companhias listadas na bolsa são obrigadas por lei a cumprir comunicação, elas precisam ter um site chamado site de relações com investidores, elas precisam mandar release, mas não é release, é comunicado ao mercado, fato relevante e elas têm um monte de investidoras, falei pô, caraca eu tenho produtinho certinho, ao invés de fazer sala de imprensa, eu vou fazer site de RE, ao invés de mandar release, vou mandar comunicado ao mercado, acho que dá jogo aqui. Aí sai visitando companhia aberta, vendedor, pegava o telefone convencendo os caras no sufoco, chegava lá e falava em Comunique-se ninguém queria nem ouvir falar de mim, porque era jornalista, me viam de um jeito assim diferente, aí foi quando eu lancei o segundo negócio, que foi a RWeb, relações com investidores, aí quando eu mudei o nome, a marca, mas com o mesmo produto, hoje é um fenômeno a RWeb, tem 100 companhias listadas na bolsa que usam, você vai no site da Embraer, da Localiza, da Eternit, AES Eletropaulo, CPFL…

Luciano              É a tua maquininha que está lá.

Rodrigo              … você vai lá, quando você entrar, tudo aquilo que você vê na área de investidores, é tudo nosso. Aí então você perguntou, a gente foi crescendo? Foi, a gente expandiu o nosso conceito de comunicação, antes era comunicação com jornalistas e agora é uma plataforma de comunicação para qualquer empresa, eu não faço mais somente comunicação com jornalistas, eu faço comunicação com jornalistas, que é muito forte com a gente; comunicação com investidores via as companhias abertas e comunicação com funcionários, que é a gente tem um outro negócio chamado Sua TV, que é de TV corporativa para comunicação com funcionários, então aí o Comunique-se virou uma plataforma completa de comunicação, que tem uma comunidade virtual de jornalismo, que por sua vez realiza um prêmio de jornalismo e essa estratégia de ter evento para te ajudara uma vertical, no caso a minha vertical, relacionamento com jornalistas, ela é alavancada pelo prêmio Comunique-se, pelo portal Comunique-se, são ações para tornar aquela…

Luciano              Sim, de onde vem essa ideia? Não é tua praia, se tem que ter prêmio para jornalista é o sindicato dos jornalistas, uma entidade que tem a ver com os caras lá, não é o teu negócio, você é um estranho nessa história toda e você de repente encampa essa história e acaba se transformando num prêmio de jornalismo, o mais importante do Brasil hoje…

Rodrigo              É de longe, não tem nenhum.

Luciano              … deve ter o prêmio Esso, que é uma outra conversa, que era aquela coisa antiga que é o modelo que vem com o tempo, mas você cria um treco que tem o glamour do Oscar, aquela coisa toda, não sendo teoricamente o cara que era o cara para fazer isso, como é que é? Como é que inventa isso?

Rodrigo              Talvez por isso que tenha dado certo, porque me parecia meio óbvio assim, eu tenho a maior comunidade de jornalistas do mundo, porque em volume de jornalistas cadastrados num único site, não tem em nenhum outro.

Luciano              Dá o número.

Rodrigo              São 300 mil profissionais de comunicação, não só de jornalismo não,  jornalistas tem uns 60 mil, aí tem os estudantes, tem os profissionais de comunicação e mais os curiosos, eu falei pô, como é que eu estreito ainda mais? Vamos fazer um prêmio, no meu Power Point, o primeiro Power Point que eu usei, eu tenho ele até hoje, que eu usei para apresentar para aquele fundo de investimento em 1999, das coisas que eu queria fazer, eu disse assim, nós vamos ter o Prêmio Melhores da Imprensa, era esse o nome, Melhores da Imprensa, não era Prêmio Comunique-se, então já tinha uma intenção, se eu tenho uma comunidade ativa, como é que eu faço para essa comunidade ficar muito bem com eles, aí surgiu a ideia do prêmio, aí eu me lembro que o prêmio foi sensacional, vamos fazer o prêmio, ok, como é que vai ser o prêmio? Como é que são os prêmios de jornalismo? É assim, super chato, prêmio de jornalismo é chato, é assim, é um auditório, geralmente um auditório, todo mundo sentadinho em cadeiras e aí um semi-desconhecido lá na frente anunciando os vencedores. Hoje vencedores são escolhidos por uma banca de jurados, eles precisam submeter um trabalho, então eu submeto a minha melhor reportagem em rádio, outro submete melhor reportagem em papel e tem os jornalistas bons que avaliam aquilo tudo, dão os pontos e no final daí sai o vencedor. Prêmio Comunique-se, nada disso. O Prêmio Comunique-se é casa de espetáculos, no Tom Brasil, apresentado por seis mestres de cerimônias que vão se intercalando, vou dizer os nomes dos últimos, Luciano Huck, Ana Maria Braga, Marília Gabriela, Serginho Groissman, ano passado, o Fábio Porchat, Tatá Werneck, a gente mistura jornalista tarimbado com, às vezes com comediante, a gente chama de dupla improvável, é um espetáculo, ele é roteirizado, tematizado e quem escolhe os vencedores é a comunidade de jornalistas do próprio portal Comunique-se, então não tem que inscrever trabalho, qual é o resultado disso? O Prêmio Comunique-se é o único que tem as estrelas, porque as estrelas não se inscrevem em prêmio, então esses prêmios todos, que são ótimos prêmios, tem credibilidade e tudo, eles são para os repórteres, editores, porque por exemplo, pessoas profissionais do quilate de uma Mirian Leitão, não vai escrever melhor a coluna dela, não vai, mas quando a gente diz para ela você foi escolhida por quem mais entende de jornalismo, que é o seu colega de profissão, isso tem um peso, então aí acontece a mágica lá em setembro que vão todos os jornalistas mais importantes de Cid Moreira a João Roberto Marinho, família Saad, de Miriam Leitão a William Bonner, vão todos, no Prêmio Comunique-se vão todos e é muito legal.

Luciano              Só não vai o Reinaldo Azevedo.

Rodrigo              Não, o Reinaldo Azevedo, ele andou meio bravo com a gente, mas já passou também, já passou.

Luciano              Eu ouvi a gritaria dele e para mim fica muito claro que ele não sabia do que se tratava, ele não sabia o que era aquilo, não tinha a menor ideia, saiu chutando o pau da barraca, que é muito característico a ele, acabou criando uma confusão, eu ouvi a história, ouvi ele falando lá, começou a xingar, eu falei ele não sabe do que ele está falando, ele não sabe o que é, ele não tem ideia de como isso acontece.

Rodrigo              Não, e pior é o seguinte, ele sabe sim, ele sabe porque, olha só, foi uma coisa curiosa, ele foi finalista no ano anterior e em duas ou três categorias, uma coisa assim e ele, no ano anterior, falou para todo mundo, estou na final do Prêmio Comunique-se, falou para todo mundo, só que aí ele não ganhou, entendeu? Desculpa Reinaldo, você deu um ataque de perereca, não faz o menor sentido isso, achei desnecessária aquela coisa que ele falou, falou uns palavrões e tal e eu até gostei, porque me promoveu, as pessoas foram lá olhar, para mim foi bom, para nós foi bom, mas não foi isso não, acho que assim, ele é um cara que ele tem mérito, tem o estilo dele, tem o mérito e a gente está sempre, inclusive, em contato, atualmente lá no Comunique-se, com frequência ele liga para a gente para falar de coisas, a gente liga para ele para perguntar, então agora superamos, acho que assim, é que ganhar o Prêmio Comunique-se é tão gostoso e perder também é doloroso, entende? Então tem algumas caras que já ultrapassaram isso, que vão para o prêmio, perdem e vão buscar ser melhor, a gente diz lá que, e é uma pura verdade, eu acredito nisso, premiações sérias ajudam a melhorar indústrias, o Oscar ajuda a melhorar a indústria cinematográfica que todo mundo corre atrás para ser um pouco melhor e acho que o Prêmio Comunique-se faz um pouco isso também pelo jornalismo.

Luciano              Muito legal, eu não sabia os detalhes dessa história toda e também não sabia os detalhes, que estava na minha cabeça, de onde é que esses caras tiraram a ideia de fazer, pô eu estava no segmento automotivo, minha área era o marketing, eu estava muito próximo, meu pai jornalista, eu cresci na coisa de redação, também fui cartunista de jornal, então eu conheço muito bem esse ambiente, me relacionei com jornalista a vida inteira e eu sei que ali, aquilo é uma floresta de egos, aquilo é um negócio complicado, você montar um prêmio ali e o prêmio ser destruído é “dois pitaco”, é “dois minuto”, mas você matou a pau quando você fala quem elege é a comunidade…

Rodrigo              Auditado, desde a primeira edição a gente botou uma auditoria, a maior do mundo, a Deloitte, eu tinha todos esses receios que você estava falando, agora o meu maior receio do prêmio foi assim, botamos a votação para rolar, saíram ali, primeiro ano do prêmio, aí saiu a lista dos finalistas, aí o Comunique-se tinha… não tinha feito dois anos de vida, era um sitezinho numa época que a internet ainda não era grandes coisas e um prêmio na sua primeira edição, aí eu fui ver a final âncora, final de âncora: Willian Bonner, Ana Paula Padrão e Carlos Nascimento, final de âncoras. Final de economia, sei lá, Miriam Leitão, Joelmir Beting e na época o Luis Nassif, então era assim, era só pica das galáxias, gente muito importante, eu olhei aquela lista, me deu um calafrio, falei caraca, como é que eu vou fazer esses caras virem no prêmio? Um prêmio que acontece durante a semana no horário que eles estão trabalhando, o Willian Bonner vai ter que faltar ao Jornal Nacional? E a pior coisa que podia acontecer para um prêmio e para receber o prêmio de melhor âncora, tem a sobrinha representante, sobrinha do tio de uma neta, é uma cagada, entendeu? Porra eu empreendedor, eu consegui.

Luciano              Para quem vendeu merda.

Rodrigo              Foi todo mundo.

Luciano              Como é que você fez? Dá a dica para nós aqui, como é que é? O que você fez?

Rodrigo              Eu sou muito bom em escolher palavras, principalmente se eu tiver a oportunidade de escrever, aí eu fazia uns textos muito ninja e amarrava o fato de ele ter sido escolhido pelos colegas, amarrava o fato que ele não ir não era, falava assim, eu não sou ninguém, eu não posso dizer para ele que se ele não vier no meu evento ele está fazendo uma desfeita para mim, porque ele nem sabe quem eu sou, mas assim, você vai fazer uma desfeita com seus colegas, entendeu? Porque isso vai ser transmitido pela internet, porque a gente transmite desde primeiro ano, a gente tinha a coletiva online, a gente usava lá, porque aparecia lá, aí eu consegui falar com João Roberto Marinho na época, enchi o saco lá, teve uma audiência lá e eu mostrei a importância, consegui uma liberação da Globo, entendeu? Olha cada um decide, eu não vou obrigar ninguém a ir, mas também não vou proibir que eles vão, falei puta, já é alguma coisa, muito engenhoso, o Jornal Nacional, eu acho que era isso, estava fazendo 35 anos, uma coisa assim, tinha uma data comemorativa, botei uma homenagem para o Jornal Nacional, entendeu? No prêmio, uma homenagem, que aí com a homenagem aí boca a boca a Globo teve que mandar o Schereder que aí veio o Cid Moreira e a mágica aconteceu, aí foi todo mundo, aí eu dizia para todo mundo, olha fulano já confirmou, você não vai confirmar? Só você vai ficar de fora? Uma coisa leva a outra, mas uma gastrite ali, muito cabelo branco…

Luciano              E no momento que acontece a primeira edição com esse nipe, você está com tudo na mão para a segunda edição, olha como foi a anterior, olha quem estava lá.

Rodrigo              Melhorar, hoje em dia assim é. A gente tem briga por convite no prêmio, a gente não consegue, são 50 mil jornalistas, vão 500 pessoas no prêmio, então você vê que é 1%, estamos falando de 1% mais importantes e relevantes.

Luciano              O prêmio é um business dentro do Comunique-se, é um departamento? É uma área? O que é? O prêmio é um negócio?

Rodrigo              Ele não tem fins lucrativos, ele se sustenta pelos patrocínios, tem patrocinadores muito bons, Itaú, Boticário, Pay Pal, são dez patrocinadores top e eles pagam um valor simbólico para o prêmio, então o prêmio não consegue dar lucro, mas ele se paga integralmente, hoje em dia ele se paga, durante muito tempo ele não se pagava, hoje ele se paga. Respondendo à sua pergunta sobre estrutura, não, ele não tem pessoas exclusivas para o prêmio, tem um período do ano, a gente forma uma espécie de um núcleo de pessoas que sempre trabalham, eu sou um, o Anderson, que é o editor do portal trabalha no prêmio nesse período, a gente tem um cara de fora que é um diretor artístico, que é um cara muito bom, que é o Fernando Salem, que ajuda a escrever o roteiro, essas coisas, a gente nem contrata mais agência de eventos, a gente durante uns doze anos, a gente fez com agência de eventos, nos três últimos anos a gente faz tudo interno, a gente contrata empresa de cenografia, contrata diretamente e eu tenho mania por ritual, até é uma dica de gestão para quem está ouvindo, como é que faz para as coisas darem certo? Repete um ritual. Você quer que dê certo? Se você quer que o seu modelo de gestão dê certo, crie um ritual que você verifica os tomadores de gestão toda semana, sei lá, no caso do prêmio eu tenho um ritual, toda semana tem uma hora de reunião, é automático e todo mundo senta lá e vamos falar de tema, vamos falar de cenografia, quem vão ser os mestres de cerimônia, vira tudo na semana que vem repete, aquilo que você repete, você tem uma frequência, ela tende a ficar ótima, então é assim que a gente consegue fazer com que a gente não tenha que contratar pessoas só para o prêmio porque o prêmio não tem grana para isso.

Luciano              Você falou que o Comunique-se hoje tem cem funcionários e você o trata com sendo hoje uma…

Rodrigo              Ela é uma sociedade anônima, é Comunique-se S/A

Luciano              Sim, mas é uma… se eu tiver que explicar, me explica, o que é o Comunique-se? Como é que você define isso hoje?

Rodrigo              O Comunique-se, ele é um grupo de internet e a gente, nosso produto é uma plataforma completa de comunicação para qualquer empresa.

Luciano              Você cria conteúdo?

Rodrigo              A gente não vende como serviço criação de conteúdo, a gente vende, eventualmente, a gente até acopla criação de conteúdo para poder fechar um contrato grande, mas o que a gente gosta de fazer é vender assinatura do nosso software, o Comunique-se fatura, não é grande, esse ano a gente fechou com 15 de faturamento, 15 milhões, ano passado e desses 15, 1 é o prêmio, 1 milhão é o prêmio, o resto tudo é assinatura de software. O que é bom, porque é recorrente…

Luciano              Claro, esse é o grande lance, assinatura recorrente.

Rodrigo              Veio a crise, pegou todo mundo, a gente nunca precisou mandar ninguém embora por conta de crise, a gente passou, cresceu menos, cresceu um pouco mais lento, mas mantivemos a vida.

Luciano              Pô, legal.

Rodrigo              Plataforma de comunicação, então senhores ouvintes, se você tem uma empresa de pequeno e médio porte e quer melhorar a sua comunicação, quer um software que no mesmo lugar integre o seu site, as suas campanhas de mail marketing para vender mais, gerencie os contatos dos seus clientes, seja uma escola, seja um hotel, seja um grupo de restaurantes ou um restaurante só, todo mundo acaba precisando de relacionamento com jornalistas, precisa de ter um site decente, que funcione bem, precisa disparar e-mails para esses grandes para fidelizá-los, precisa de um CRM para administrar, precisa monitorar notícias, esse nosso software, ele faz tudo isso num lugar só, ao invés de ter que contratar um monte de solução, contrata só uma, gasta menos, aumenta a produtividade, é assim que a gente vai fazendo.

Luciano              Se eu perguntar para você hoje, você falou aqui logo no começo, estamos indo para o final aqui agora, eu perguntei o que você faz? Você falou sou empreendedor, você é um empreendedor em TI, em comunicação, onde é que você atua? Qual é a tua área?

Rodrigo              Eu sou um empreendedor de internet que vende software para facilitar a comunicação, eu posso dizer que todas as coisas que a gente fez no Comunique-se, até hoje todas elas, a RWeb, A sua TV, o Portal Comunique-se, o Prêmio Comunique-se, tem o Dino, divulgador de notícias, não sei se você ouviu falar, está indo muito bem, é uma startup de distribuição, um negócio inovador legal, que está indo bem pra caramba, sempre isso, é facilitar a comunicação, eu acho que comunicação, ó outra dica, você vai ser, o seu negócio tem proporcionalmente mais chance de dar certo se você é razoável a um problema proporcionalmente maior, quanto maior o problema que você está se propondo a resolver, você tem chance de conseguir fazer mais, eu acho que comunicação é um problemão, você vai fazer planejamento estratégico, forças, fraquezas, ameaças. Fraqueza: comunicação. Todo mundo fala que comunicação é geralmente 100% dos problemas estratégicos, aparece como fraqueza.

Luciano              Olha a crise política que o Brasil vive hoje, na raiz dessa crise é um problema seríssimo de comunicação, olha o Fernando Henrique terminando o segundo mandato dele, saindo quase chutado por incapacidade de comunicar o que ele tinha feito, olha os anos do PT, a capacidade que o PT teve de trabalhar comunicação como ninguém, transformar água em leite, é impressionante o que eles fizeram lá, olha o Temer quebrando a cara porque não consegue se comunicar, a base disso tudo é sempre é…

Rodrigo              Comunicação entre família, familiares, entre amigos e negócio, sem comunicação você não vende, você não é entendido, você não consegue engajar pessoas, funcionários não trabalham bem sem comunicação, então eu acho comunicação um problemão, então nós somos tecnologia para comunicação.

Luciano              Eu só quero, antes de terminar aqui, só lembrar, você teve um insight que acabou passando batido, que eu queria bater de volta nele aqui que é o seguinte, foi o momento em que você parou e olhou e falou: eu tenho um produto, como é que eu posso vender para mais gente esse produto? E ali você, como e que eu empacoto ele para vender para mais gente? Isso é uma sacada fantástica, porque é aquela história do cara, eu já tenho o esforço, já criei, já está montado, já tem o custo fixo, está tudo aqui, será que eu consigo vender para mais alguém? Eu tive um insight parecido muito tempo atrás que quando eu comecei eu era cartunista e eu fazia meu cartoon e olhava para o cartoon e falava puta trabalho, está pronto o cartoon, gastei um tempão, é muito legal, ele está pronto, ele vai ser publicado no jornal e acabou, amanhã ele morreu, não é possível, tem que haver alguma outra coisa para esse cartoon e partir desse insight isso acabou incorporado em mim, tudo o que eu faço hoje é pensando o seguinte, quais são os frutos que esses esforço que está sendo feito aqui vai me render, como é que esse texto que eu estou escrevendo nesse momento aqui vai ser duplicado, triplicado, ele vai ser oferecido em vários outros canais e quando a internet vem, ela abre esse canal, então esse texto que nasceu para ser publicado hoje no meu portal é o mesmo texto que vai ser a abertura do meu podcast, é o mesmo texto que vai virar um capítulo do meu livro, é o texto que vai virar um pedacinho da minha palestra, é o texto que vai virar um pedaço do vídeocast , então aquele esforço inicial, ele desdobrado e aquilo amplia o caminho.

Rodrigo              Você multiplica o que você extrai de resultado dele.

Luciano              Sim, exatamente, então esse é um insight legal. Meu amigo, muito legal essa história, eu não fazia ideia de que tinha sido assim, como eu te falei no começo, a ideia que eu tinha era que alguém viu um modelo lá fora, trouxe e implementou aqui, pô é muito legal que nasceu do zero aqui, nasceu do cara que um belo dia começa vendendo merda, que coisa fantástica. Como é que a gente acha você, me dá dicas como é que são, onde é que o… faça o jabá agora.

Rodrigo              A única URL que você tem que saber é comunique-se.com.br, com hífen, tem gente que se enrola, .com.br,  comunique-se, de lá você vai conhecer rwebs, a sua tv, o dino, conhece o portal Comunique-se, conhece o prêmio Comunique-se. Todos eles tem seus endereços próprios, mas para ficar mais fácil para todo mundo, com as redes sociais, Facebook, o Twitter da gente, o meu Twitter é @rodaze, que são as três primeiras letras de Rodrigo, mais as três primeiras letras de Azevedo, fica rodaze. E quem curte moto e viagens pode me acompanhar no Youtube, meu canal lá no Youtube que é youtube.com/eueminhamoto, entendeu? E lá tem as viagens, meu hobby lá, as viagens de moto. Valeu.

Luciano              Obrigado, bem vindo aí, legal, muito boa conversa, acho que o pessoal vai aproveitar bastante.

Rodrigo              É uma terapia aqui.

Luciano              Bem vindo ao LíderCast.

Transcrição: Mari Camargo