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Luciano Pires -

 

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Bem-vindo ao LíderCast, o podcast para quem quer saber mais sobre liderança. Apresentação Luciano Pires.

Luciano: Bom-dia, boa-tarde, boa-noite. Bem-vindo, bem-vinda a mais um LíderCast, o podcast que trata de liderança e empreendedorismo com gente que faz acontecer. No programa de hoje eu converso com Alexandre Ostrowiecki, empreendedor com uma história incrível de como o destino o coloca à frente de uma das quinhentas maiores empresas do Brasil, onde ele percebe que como cidadão pode fazer muito mais.

Este não é um programa de entrevistas, não tem perguntas programadas, nem roteiro definido, é um bate-papo informal com gente que faz acontecer, que vai para lugares onde nem eu e nem o meu convidado imaginamos. Por isso eu não me limito a fazer perguntas, mas eu dou os meus pitacos também. Você entendeu aí? Isto aqui não é uma entrevista, é um bate-papo. O LíderCast é lançado por temporadas. Os assinantes da Confraria Café Brasil e do Café Brasil Premium têm acesso imediato à temporada completa assim que ela é lançada, os não-assinantes receberão os programas gratuitamente, mas um por semana. Para assinar, acesse o cafebrasilpremium.com.br.

Muito bem, mais um LíderCast. Este aqui é daqueles que eu gosto muito de fazer, cara. O Renato Dias, que é um ouvinte e me manda uma mensagem falando “Luciano, você tem que falar com essa figura aqui, tem que conversar com ele”. Aí começou a me dar detalhe, eu “para, para, eu não quero detalhe, deixa eu conversar com ele”. A gente trocou uma ideia e no fim ele está aqui na minha frente, e eu olho para ele e não tenho a menor ideia de quem é a figura, portanto, deve sair um programa maravilhoso, quando eu posso exercitar a minha curiosidade genuína, sem pauta e sem querer controlar o entrevistado para dizer para que lado deve ir. Três perguntas fundamentais, são as únicas três que você tem que acertar na mosca, senão você estraga o programa: quero saber seu nome, sua idade e o que você faz.

Alexandre: Eu sou Alexandre, 39 anos e eu sou empresário e fundador do ranking dos políticos.

Luciano: O bicho vai pegar, meu. Nasceu aonde, meu caro?

Alexandre: Nasci aqui em São Paulo.

Luciano: Paulista mesmo?

Alexandre: Paulista, nascido e criado em São Paulo.

Luciano: O que o seu pai e a sua mãe faziam?

Alexandre: O meu pai nasceu na Alemanha, engenheiro e minha mãe é administradora.

Luciano: Como é que é o teu sobrenome?

Alexandre: Ostrowiecki. É um sobrenome polonês, todos os meus avós vieram da Polônia, lado paterno e do lado materno veio à minha avó da Bélgica e meu avô é brasileiro.

Luciano: Educação europeia aí, com toda a força.

Alexandre: É bastantes origens europeias.

Luciano: Nasceu em São Paulo, você nasceu aqui?

Alexandre: Eu nasci em São Paulo.

Luciano: Tem irmãos?

Alexandre: Duas irmãs.

Luciano: Mais novas, mais velhas?

Alexandre: Mais novas.

Luciano: Essas perguntas aqui são só para a gente situar quem é a pessoa que está aqui comigo. O que o Alexandre queria ser quando crescesse?

Alexandre: Astronauta.

Luciano: Isso nós estamos falando de mil novecentos e?

Alexandre: Nasci em 78, então estamos falando oitenta e pouco.

Luciano: 84, 85, quando a Challenger explodiu, cara.

Alexandre: Era mais interessante do que responder empresário e administrador de um ranking de políticos.

Luciano: Eu vou te contar uma boa aqui, eu também queria se astronauta, quando eu era moleque. Só que eu era moleque em 1964 e para mim era Mercury, era Gemini, era o começo do começo. Mês passado eu fui para os Estados Unidos e realizei um sonho, que eu sempre quis ir e nunca tinha dado certo, eu fui para Washington e fui no Museu Aeroespacial e vi diante de mim todos os heróis da infância e uma das coisas que tinha lá era a cápsula da Mercury e a da Gemini, está lá ao vivo e você sobe e consegue olhar o cockpit dos caras. Bicho, esses caras eram muito loucos. É muito louco. Não, aquilo, quando você olha aquilo, você fala o cara se suicidava, “estou me suicidando”, porque não tinha a menor garantia que aquele negócio voltasse, mas não vou fugir aqui do assunto. E aí, e quando você viu que não dava para ser astronauta?

Alexandre: Aí eu resolvi fazer administração de empresas. Fiz o que muita gente faz, não sabe direito a profissão que vai escolher, acaba fazendo administração.

Luciano: Se formou aonde?

Alexandre: Aí me formei na FGV, depois fiz minha pós-graduação no Insper, fui estudar em Harvard também.

Luciano: Ôpa, foi para fora?

Alexandre: Fui para fora.

Luciano: O que você fez lá em Harvard?

Alexandre: Um curso chamado OPM, Owner/President Management, já para empresários. De lá me formei, fui trabalhar na Accenture, que era uma consultoria e depois eu fui trabalhar com o meu pai, que tinha uma pequena empresa de cartuchos de impressora chamada Multilaser.

Luciano: Teu pai era um empreendedor, então?

Alexandre: Meu pai era empreendedor.

Luciano: Tua mãe fazia o quê?

Alexandre: A minha mãe tinha uma loja de vídeos, de vídeo cassete, também empreendedora. Locadora de vídeos.

Luciano: Você cresceu num ambiente de empreendedorismo então.

Alexandre: De empreendedores. Aí quando eu trabalhei com o meu pai dois anos, quando eu tinha 24 anos, meu pai desapareceu num acidente de mergulho e nunca mais foi encontrado.

Luciano: Cacetada. Aonde isso?

Alexandre: Isso na Costa Rica. Ele foi fazer um mergulho de correnteza, um mergulho relativamente perigoso, e aí um dos mergulhadores deve ter tido algum problema durante o mergulho, ninguém sabe detalhes, dois não retornaram para a superfície. E aí nunca mais foi encontrado. Então eu me vi sozinho, assumindo a empresa.

Luciano: Que idade você tinha?

Alexandre: 24 anos.

Luciano: Posso explorar um pouquinho?

Alexandre: Sim.

Luciano: Cara, como é que é receber uma notícia de que alguém tão próximo desapareceu e não ter a expectativa de que, sabe, passa o tempo e você, “não vou achar” e chega uma hora você fala cara, tem que fechar o assunto, porque não vai achar.

Alexandre: É uma coisa muito louca. É muito estranho e é diferente de quando tem um caso comum, quando falece alguém e você tem um corpo, você tem um enterro, você tem todo um ritual para fechar esse ciclo, apesar da tristeza toda que sempre vem associada, você sabe que teve um fim. No meu caso, não, cheguei no escritório um belo dia, a secretária estava branca de pavor e ela me mostrou um e-mail que tinha recebido dos caras lá que organizavam a viagem, falando “no dia de ontem, doze mergulhadores partiram para um mergulho e dois não subiram mais”. E aí, na hora eu já pensei “caramba, perdi meu pai, nunca mais vou vê-lo”. Aí peguei o primeiro avião que tinha para a Costa Rica e passei uma semana lá, acompanhando as buscas. Depois de uma semana, o pessoal desistiu das buscas, não tinha mais chance de vida e aí eu retornei. Nunca tive esse ritual do enterro, do corpo, então foi um negócio bem traumático.

Luciano: E você volta com a carga de ter que contar para a tua família que o que podia ter sido feito, foi feito.

Alexandre: É, que foi tudo feito e que, na verdade, a certeza absoluta, aquela certeza cristalina, total, nunca se vai ter. Se pode presumir só o que aconteceu, mas ninguém vai ter ideia do que aconteceu.

Luciano: 24 anos de idade?

Alexandre: É.

Luciano: Quer dizer, você entra nesse processo com 24 e deve sair com 32, deu um salto de amadurecimento, quando deu uma porrada dessa.

Alexandre: É um amadurecimento grande. Tinha bastantes funcionários na empresa, então eu tive que me virar. E foi uma coisa assim, todo dia eu sonhava com o meu pai, que ele voltava, bem traumático, mas também foi um desafio do ponto de vista profissional, realmente eu tive que crescer rápido o bastante.

Luciano: Essa é uma pergunta que ia fazer para você e sempre eu faço para as pessoas aqui, que é entender um pouquinho no momento em que ela deixa de ser o peão para ser o chefe do peão. Assume uma liderança e começa a comandar um grupo. Você vinha com um treinamento legal, cara, Harvard não é para qualquer um, você fez administração de empresas, você deve ter tido algum tipo de preparo para isso, mas talvez não estivesse preparado para ser dessa forma, não é? No dia seguinte, é você o cara que… e aí, como é que você faz, cara? Entra naquele escritório que era do seu pai…

Alexandre: É, eu não estava preparado, por duas dimensões. Em primeiro lugar a idade. Com 24 anos realmente você não está pronto ainda para chefiar 200 funcionários, muitos deles com o dobro da idade que eu tinha. E segunda coisa é que na educação formal se ensina muito pouco de empreendedorismo no Brasil, a vida real das empresas, como as coisas realmente funcionam, não é uma coisa que você vê na faculdade. Você vê muita teoria, você vê Taylor, os grandes teóricos da administração, mas para preencher uma duplicata, ver como é que uma empresa funciona na prática, a liderança, tudo isso você não vê. Então tive que usar o bom senso.

Luciano: Isso que eu queria te perguntar, o que você fez? Você fez um plano?

Alexandre: Fiz um monte de besteira. Fazendo besteira, aprendendo com as besteiras, escutando as pessoas. Tentando ter humildade para corrigir rápido e aí foi.

Luciano: Hoje você olha para trás e vê “quanta bobagem eu fiz”, mas não tinha outro caminho.

Alexandre: É, não tinha outro caminho. Eu acho que eu acertei mais do que errei, porque acabou dando certo, mas realmente erros foram cometidos.

Luciano: Você continua com a Multilaser até hoje?

Alexandre: Continuo até hoje.

Luciano: Quer dizer, esse é teu business hoje, é Multilaser.

Alexandre: É.

Luciano: O que ela faz?

Alexandre: A Multilaser é fabricante de eletroeletrônicos, tem mais de três mil produtos. É uma das principais empresas do país hoje, uma das quinhentas maiores do Brasil, cresceu bastante de lá para cá.

Luciano: E você conduziu esse processo todinho?

Alexandre: Eu, o meu sócio e toda a equipe. A gente trouxe uma equipe muito boa. Naquele ano eu trouxe um sócio para o negócio, um amigo meu de infância, e a gente foi juntos fazendo a história toda acontecer.

Luciano: Os dois moleques de 24 anos?

Alexandre: É. Eu precisava de um presidente. Fui num consultor, o cara falou “olha, você precisa de um presidente de 48 anos”, aí eu arrumei um cara de 24 para completar.

Luciano: Juntou os dois, deu 48, cara, legal.

Alexandre: Fomos fazer umas besteiras juntos.

Luciano: Então, que baita história.

Alexandre: E estamos juntos até hoje e tem uma equipe maravilhosa. Muita gente que entrou naquele ano comigo está até hoje.

Luciano: Hoje quantas pessoas estão na Multilaser?

Alexandre: A empresa tem 2.500 funcionários.

Luciano: Cara, de 300. Era isso, eram 300?

Alexandre: 300.

Luciano: Eram 300? Quanto tempo faz isso, quando foi?

Alexandre: Isso foi em 2003.

Luciano: Saiu de 200 para do 2.500 em 15 anos. Pô, cara e não foi num período fácil, não, hein, bicho. Teve um pedacinho de período ali de vacas gordas e depois o Brasil começou aquela loucura toda e vocês cresceram. Meu, vamos começar. Parabéns. Primeiro, parabéns.

Alexandre: Obrigado, Luciano.

Luciano: Mas, então, eu tenho uma desconfiança que a gente vai para um caminho interessante nesse programa aqui, que é o seguinte, você é um empresário brasileiro, você é um empreendedor, é um empresário brasileiro, faz parte de uma, vou chamar de casta, porque não acho outro nome, mas é uma casta dos empreendedores, dos caras que estão aí fazendo o país andar, mercado etc. e tal e que, pela experiência que eu tenho de vida e tudo o mais, quando eu converso com essa turma aí, eles estão à margem de vários aspectos da sociedade. Quer dizer, é muito difícil você pegar e falar de política no ambiente do empreendedorismo brasileiro, não fala, cara. Nas grandes empresas, então, pelo amor de Deus, não tem ideologia, não tem liberalismo. Tem o seguinte, cara, tem que dar lucro esse negócio aqui e vamos fazer, vamos tocar a vida, fecha o olho para o que está lá fora e deixa a coisa rolar. Em alguns momentos, alguns desses malucos inventam umas histórias que nessa confusão toda que você está vendo aí, onde o tal do capitalismo de compadres, arruma compadres lá e começa a fazer isso funcionar para o seu bel-prazer. Mas não há uma postura ideológica do empresariado relacionada à questão política. São dois mundos totalmente distintos, eles se encontram quando é conveniente. E pelo que você falou no começo do ranking dos políticos, eu acho que em algum momento você se incomodou com isso e falou, eu vou botar a mão da roda, eu vou fazer alguma coisa. Então eu queria explorar um pouco essa história. Da onde vem essa ideia de que eu posso fazer alguma coisa além de mi-mi-mi.

Alexandre: Então, como você bem falou, Luciano, o empreendedor no Brasil enfrenta um ambiente muito hostil, especialmente o pequeno empreendedor e o médio. Quando você fica grande no Brasil, o país já fica um pouco mais palatável, é um bom país para você ser um grande empresário e é um péssimo país para você ser um pequeno ou médio empresário. E ao longo dessa trajetória que a gente estava conversando de 15 anos de Multilaser, eu e meu sócio, a gente enfrentou tudo e mais um pouco do custo Brasil, da burocracia Brasil, de todas as amarras que o Brasil coloca na perna dos empreendedores e puxa a gente para trás e não deixa a gente decolar. O que é um grande tiro no pé do próprio país, nenhum país vai para a frente sem empreendedores. E aí, à luz de tudo isso, um belo dia eu virei para o Renato e falei “cara, vamos escrever um livro, para as pessoas saberem um pouco mais sobre o que é empreender no Brasil, quais são as amarras, como se poderia destravar os problemas que tem no Brasil”. E ele topou e aí nós trabalhamos durante dois anos no livro Carregando o Elefante, que nós publicamos em 2007. E esse livro tratava basicamente de tudo: reforma trabalhista, reorganização do governo, impostos, todos os pepinos que tem hoje para você empreender no Brasil.

Luciano: Eu me lembro desse livro, quer dizer, eu não fazia ideia que era você que tinha escrito.

Alexandre: Chegou a ver?

Luciano: Claro que eu vi. A gente comentou na época.

Alexandre: Esse livro, Carregando o Elefante. A gente não só aponta os problemas, pesquisamos bastante sobre como está organizado o estado no Brasil hoje, quais as melhores práticas no mundo e a gente aponta muitas soluções também. E aí no final chegou a uma conclusão de que só tem um caminho de se mudar as coisas, que é pela via política. Tem que aprovar leis e mais importante do que aprovar leis boas é revogar as leis ruins. Acho que para cada dez leis, para cada dez coisas que tinha que fazer, nove era revogar ou desmantelar alguma coisa que está atrapalhando. E esse é um ponto que você falou muito certo, porque o empreendedor hoje não tem ideologia, mas o que ele tem é uma omissão muito grande. Eu acho que cada um está com a cabeça enfiada num buraco, tentando sobreviver, até entendo o lado dos empreendedores nesse estado onipotente que a gente tem hoje e não fazendo a sua parte para mudar.

Luciano: Você está certíssimo, cara. Daqui de onde eu estou vendo, eu estou… eu me envolvi um pouco mais nessa questão toda da ideologia e tudo a partir de 2010, 2012, que eu falei, eu preciso pegar o meu trabalho, que era um trabalho de estímulo e de criação de conteúdos culturais, para fazer uma coisa mais de sociedade. Então eu dei uma guinada no meio do caminho e acabei abraçando essa, estou mais na linha do liberalismo, do conservadorismo, batendo um pouquinho nisso e acabei me enturmando com um monte de gente aí. Então isso que você está falando para mim é muito, toca muito fundo, que é essa capacidade, que se o brasileiro não se mexer, ninguém vai fazer por ele e se ele achar que alguém vai fazer, vai ser um populista aí que vai causar esse rolo todo que nós estamos vendo aí. Mas você então olha para essa história toda e fala “lancei um livro”. O que aconteceu na sequência? Como é que desemboca no ranking dos políticos?

Alexandre: É porque o livro termina… o livro tem um monte de projetos, fala basicamente problema, solução, problema solução.

Luciano: Deixa eu só fazer um… se eu ler esse livro hoje, onze anos depois, ele está absolutamente atualizado?

Alexandre: Super atualizado. Até porque a gente foi lançando novas edições e atualizando o material. A cada dois anos a gente atualiza o material todo, então vai estar super em dia. E também porque os problemas do Brasil são os mesmos de dez anos atrás.

Luciano: Eu publiquei esta semana, anteontem, publiquei um post meu no Facebook com um texto meu de 2004. Eu faço a oração à pocotó. Eu falo e termino com a oração a pocotó e quando chega no final eu falo “este texto é de 2004”. E você toma porrada, porque você fala, cara, não melhorou nada. Sabe, a queixa de 2004 é igual à de hoje. A gente não conseguiu, a gente evoluiu numa porrada de coisas, basicamente na questão de tecnologia, mas nas questões de capacidade de arrumar o país, cara, parece que a coisa não vai.

Alexandre: É o mesmo problema.

Luciano: Que loucura, bicho.

Alexandre: Agora, essas medidas todas que a gente lista só podem ser tomadas através de decisões dentro da cúpula do estado, poder executivo, poder legislativo. Então para a gente implantar, por exemplo, uma redução de ministérios, uma reforma trabalhista, uma reforma tributária, uma reforma previdenciária, tudo o que tem que fazer precisa que isso passe pelo congresso. E para passar pelo congresso precisa de gente boa no congresso, que esteja disposta e voltada para atender esse projeto. Então a única forma de fazer isso é eleger bons parlamentares e parar de eleger os ruins. E no livro, no final terminava, bom, o que a gente propõe para o leitor, a gente não tinha uma boa proposta na época. Falava, se engaja, escreva, proteste, mas isso não resolve nada. Então eu e o Renato juntos também pensando a respeito disso, a gente criou um sistema que ajuda as pessoas a votar melhor, para que os parlamentares de melhor desempenho possam continuar exercendo e novas pessoas possam ir entrando no congresso e renovando, que é o ranking dos políticos. Basicamente, um site cem por cento apartidário, que ‘ranqueia’ os senadores, do melhor para o pior e esse é o ranking que cresceu muito. Nós lançamos em 2013 e nos últimos cinco anos ele tem crescido muito aí nas redes sociais, na visitação ao site.

Luciano: A gente vai falar um pouquinho mais aqui. Meu caro, a gente sabe que se você olhar o congresso lá, você sabe que, eu não me lembro exatamente do número, mas oitenta por cento dos caras que estão lá não foram eleitos por ninguém, entraram na cola do Tiririca. O Tiririca subiu e levou quatro, outro subiu e levou três e a maioria de quem está lá a gente acabou não elegendo, exatamente por causa de uma legislação que permite que esses caras façam a manipulação. E a gente assiste o que está acontecendo agora, quando vem falar da reforma, que o que nós vamos ter aqui é voto distrital ou semidistrital, não é, cota daqui, cota de lá, é um desespero que eles têm para tentar proteger esse ambiente que funciona tão mal lá dentro. Você acha que a gente consegue, através das vias democráticas do voto na urna mudar isso que está lá? Aliás, deixa eu te dar um número aqui, que eu vi agora, nas eleições de 2018, dos 513 deputados, 447 vão estar nas eleições para ser reeleitos. Então 447, esse é o número que está na mão da gente. Se a gente conseguisse trocar os 447, faria uma renovação de oitenta por cento da câmara, não é? Então esse é o número, mas tem alguns que já estão lá e vão continuar por ali.

Alexandre: Fora os que não vão renovar, então esses aí também vai… aí daria os cem por cento.

Luciano: Sim. Você acha que dá para a gente imaginar que é possível mudar isso com voto na urna?

Alexandre: Olha, eu quero crer que só tem esse caminho, porque fora a via democrática, só existe a via não democrática, que seria uma intervenção militar, alguma outra coisa dessa que eu não apoio de forma alguma. Então quero crer que esse é o caminho, votando em bons candidatos e parando de votar nos ruins dá para renovar uma boa parte do congresso. Talvez não cem por cento, nem oitenta por cento, mas se renovar quarenta por cento, trinta por cento já faz uma diferença boa.

Luciano: Qual é o time frame que você enxerga numa mudança dessa?

Alexandre: Agora é a janela, nós estamos aqui em 18, a nossa missão no ranking é impactar 20 milhões de eleitores, fazer com que eles pesquisem mais. As nossas bandeiras do ranking são a anticorrupção, antiprivilégios e o voto consciente, são as três bandeiras do ranking dos políticos. Então se cada um dedicar cinco minutos para dar uma olhada no ranking, não estou pedindo uma pesquisa de dias ou semanas, cinco minutos para entrar no site politicos.org.br, dar uma olhada no cara que você está pensando em votar, ver se não é bandidão, se está bem ‘rankeado’. E aí, antes de dar o seu voto, dar uma olhadinha em quem é o cara, isso já vira o país de ponta-cabeça, faz a sua parte. O problema é que muita gente gosta de reclamar, mas esquece que hoje já passam as pessoas cerca de cinco meses por ano só para pagar os impostos. Se pegar a carga tributária brasileira, a gente trabalha de janeiro a maio só para pagar imposto. Você trabalhou cinco meses para o governo, mas na hora da eleição você não dedica cinco minutos para pesquisar um pouco do candidato. Não adianta depois reclamar quatro anos que a política não presta, que ninguém presta.

Luciano: Então vamos falar um pouquinho disso aí, que tem uma coisa que as pessoas acabam esquecendo, cara, você acaba botando foco demais nos grandes políticos midiáticos, então se discute a Dilma, se discute o Temer, discute o Lula, discute o Cunha, mas esses caras já são o topo da pirâmide e a encrenca começa lá embaixo. Começa na minha cidadezinha de dez mil habitantes, onde tem um vereador, onde tem um prefeito, é ali que a encrenca começa, esse vereador está entrando na base e esse cara é o que vai subindo devagarinho, que um dia talvez esteja sentado lá como presidente. E se ele nasce torto, ele vai morrer torto. Então a gente quando bota o foco muito lá em cima e fica discutindo Temer, esquece que é na câmara de vereadores da minha cidade que o bicho vai pegar, até porque esse cara está do meu lado aqui, ele vai roubar de mim aqui, não vai roubar lá no planalto, lá em Brasília. E a gente não tem nenhum tipo de preparo da criançada, da moçada que vai fazer 18 anos, não tem nenhum tipo de preparo político para essa turma aí. E a gente exige desse pessoal um amadurecimento que não existe, a escola não ensina nada. Aliás, eu tenho até medo, a escola traz algumas coisas ali que se você for levar na ponta do lápis, é o seguinte: nada do que está aí presta, eu sou contra tudo o que está aí, tem que desmontar isso tudo e fazer algo novo. O que é? É uma revolução? O que é isso? Derruba tudo e põe algo novo? Mas eu não sei, eu tenho medo desse tipo de propostas. Vocês pensaram em alguma coisa que extrapole essa questão simplesmente do voto? Nessas suas ideias de corrigir o Brasil… Deixa eu melhorar um pouquinho aqui essa minha fala. Cara, quando você olha para o problema, ele é tão grande, é um elefante, é tão grande, tem tanta encrenca que você fala, cara, por onde eu começo? Aí você vai, pô, vamos começar votando melhor? Vamos. Mas é tão pouquinho, porque esse cara novo que vai entrar ele vai entrar num sistema que está todo armado para botar ele fora.

Alexandre: Não, mas se votar em gente limpa… Olha, o congresso tem bastante gente boa, não são todos que são corruptos. Se a população votar em pessoas limpas, pelo menos para o nível federal, você vira o país de ponta-cabeça. O Brasil, infelizmente, ou, nesse caso, felizmente é um país muito centralizado. O que é um grande erro, o grosso da verba pública vai para a esfera federal, quando na verdade deveria ir para a esfera municipal. Uma das bandeiras que a gente acredita muito no ranking é a descentralização dos gastos. Tanto é que os melhores exemplos que você vê no Brasil vêm dos municípios. Tem municípios muito bem administrados, que são assim primores, realmente, de administração pública. Tem Santa Cruz, no Rio Grande do Sul, você tem Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, você tem Extrema, em Minas Gerais, são cidades exemplo. Mas, enfim, o dinheiro está todo na esfera federal. Hoje não existe nenhum sistema, no mundo democrático, diferente do voto para fazer a grande decisão de quem vai representar ou governar o país. Tem alguns experimentos e alguns teóricos que brincam com outras ideias diferentes, mas ainda não foi implantado na prática. Tem inclusive um francês que é cientista político, ele defende a ideia de um sorteio de cidadãos para tomar as decisões. Então em vez de ter um congresso, quando você tem que resolver alguma coisa, você vai sortear um conjunto de cidadãos para estudar o assunto, tipo um júri, por exemplo de julgamento. Então ele está trabalhando essa ideia, defendendo, mas não tem na prática ainda em lugar nenhum. Hoje o que existe é o voto, ou os sistemas não democráticos, que de modo geral não funcionam muito bem. Você tem países muito pobres, geralmente as ditaduras são muito pobres. Tem algumas exceções um pouco mais autoritárias que funcionam um pouco melhor, mas são exemplos muito isolados. Então a gente acredita que pelo voto é um bom caminho e as pessoas precisam se conscientizar mais, estudar um pouco mais o assunto. Já dizia o filósofo George Bernard Shaw “Democracia é um instrumento perfeito, que garante ao povo exatamente o governo que merece”.

Luciano: Isso é uma pancada, cara. Eu acabei botando isso num texto, botei num programa e nas minhas palestras eu tenho feito isso, que eu vou ficando inflamado e chega uma hora eu viro para a plateia e digo o seguinte “Cara, será que isso que está em Brasília é o melhor que nós podemos fazer?” Sabe, aquilo que está lá é o melhor que dá para fazer? Porque se for, nós somos um fracasso. Então está comprovado que o Brasil é um fracasso, porque será que dá para fazer melhor que aquilo? Ah, dá… E como e como é que começa? E no fundo é a mesma conversa, começa com você, indivíduo quietinho aí, tomando as suas decisões e procurando entregar esse teu poder de escolha para alguém, mas alguém que leve a coisa adiante. Ah, mas não tem ninguém que presta, não tem ninguém que interessa, só tem bandido. Nós estamos contaminados por esse baixo astral no Brasil, o que é compreensível, não é, cara? Quantos anos são de porrada, cara? Ligando a televisão e vendo manchete de baixaria e chega uma hora a turma acredita.

Alexandre: É, dá a impressão de que só tem isso e não é verdade. Existem bons exemplos no governo e é uma pena que a lógica da mídia, da divulgação acaba sempre privilegiando as notícias negativas e não os bons exemplos. O que vende jornal, o que dá clique é escândalo, essas coisas. Mas se a gente focar só nisso, fica uma impressão errada de que nada presta e se nada presta acabou o jogo imediatamente, não tem esperança.

Luciano: Vai embora, pega um avião e vai embora daqui. Você quando decidiu, com o teu sócio, fazer esse investimento e tudo o mais, custou grana.

Alexandre: Custou grana.

Luciano: Isso não é um ranking que você puxa uma planilhazinha Excel, bota ali e ela sai funcionando. Não, eu imagino que deve ter, construiu um sistema, que deve ser um negócio complicado e tudo o mais. Vocês fizeram o negócio por conta de vocês?

Alexandre: É.

Luciano: Você tirou dinheiro do bolso e falou, eu vou montar um treco.

Alexandre: Tiramos do bolso e a gente paga.

Luciano: E não tem ninguém me patrocinando, não tenho dinheiro da Fundação Ford vindo aqui, não tem ninguém aqui com interesses de patrocinar essa iniciativa?

Alexandre: Não, a iniciativa é paga cem por cento pessoa física, do bolso, diretamente do bolso. Isso aí é uma coisa que ajuda a gente a ter a isenção, a independência que a gente quer, não tem relação com partido, com empresa, com movimento, com grupo, com ninguém. Outra coisa é que nenhuma informação do ranking é achismo ou subjetivo. Todas as informações são objetivas e vêm de fontes públicas de dados, por exemplo, o site da câmara. Uma das coisas que pesa no ranking é ver a cota de verba gasta do parlamentar. Então se o cara estoura a verba dele, ele perde ponto, se ele economiza a verba pública, ele ganha pontos. Isso vem diretamente do site da câmara via integração de dados. Os processos criminais que o parlamentar sofre vêm direto dos TJs também, dos tribunais de justiça. Então o visitante não precisa acreditar em nós para nada, porque ele pode olhar no ranking, consultar um parlamentar, tudo o que está lá é dado público com fonte, então ele pode ir lá e conferir sozinho.

Luciano: Eu fiz uma divulgação. Uma, não, algumas divulgações. Toda vez que tem eleição, eu vou lá e entro no ranking, eu publico, eu boto no site. E, cara, eu cansei de fazer e sempre vêm os comentários, quem são esses caras, quem é que está financiando, quem é que está por trás. Não sei, não, eles estão avaliando coisa que… E fica sempre essa história de eu vou querer… Não tendo argumento, eu vou atacar o argumentador. Como eu não tenho argumento, eu vou ofender o argumentador. E eu digo para os caras, é uma ferramenta, existe uma ferramenta aqui que pode te tirar algumas dúvidas. Mas eu estou querendo buscar aqui o seguinte, o seu investimento, falando agora como um administrador, um cara de empresa. Isso é um investimento a fundo perdido, você não botou esse dinheiro lá para ter esse dinheiro de volta lá na frente. Você não criou uma startup para botar esse dinheiro para lá na frente vender. Você criou porque você achou que era uma forma de exercer a sua cidadania, é isso?

Alexandre: Eu criei porque essa é a minha forma de contribuir com o país. Eu acho que o maior problema do país é o estado. O único jeito de arrumar o estado é votando em pessoas melhores e eu quero ajudar os brasileiros a votar melhor. E quando, antes de morrer, olhar para trás e ver um Brasil melhor e saber que eu tive a minha parte nisso.

Luciano: Isso é um altruísmo, isso é muito difícil da gente acreditar hoje em dia. Quando você fala isso, os caras, ah, nada, laranja, tem alguém por trás e aquela conversa toda lá. Eu tive uma experiência um tempo atrás, acho até que comentei num outro programa aqui, eu fiz um programa sobre essa questão da gente ajudar as pessoas a fazer as coisas, ajudar uma entidade a fazer uma coisa. E lá eu dei o exemplo, eu falava o seguinte, cara, se você tem uma baita empresa, se você investe em marketing, 1 milhão por ano em propaganda, invista 950 mil, que o que você faz com 1 milhão você faz com 950 mil, não tem diferença. Pega esses 50, essa diferença e usa isso em volta de você, na tua comunidade etc. e tal. Se resolver dar 500 reais para uma creche, para você isso não vai fazer a menor diferença. Você é dono de uma padaria, 500 reais por mês, não faz a menor diferença para você, mas para a creche pode ser a diferença entre a vida e morte da creche. E publiquei essas coisas todas e entrou em contato comigo um empresário que se eu não me engano era de Paragominas, dono de uma rede de supermercados e ele falava o seguinte, cara, eu sou um desses caras que anuncia no rádio, porque eu preciso trazer gente para cá, como é que eu faço? Aí eu falei para ele, cara, procura uma entidade pequena aí, separa um pouquinho da grana, só um pouquinho e vai, ajuda os caras. Passou um tempo, ele me manda umas fotos lá, ele arrumou uma ONG que trabalha com xadrez, ensinar a molecada a jogar xadrez para desenvolver a capacidade de raciocínio e tudo. E ele manda uma foto na praça da cidade, um baita evento, a molecada reunida, ele falou, cara, olha o tamanho que esse negócio ficou, os quinhentinhos que até então eu estava gastando em propaganda e agora eu estou fazendo aqui, a gente fez um impacto na cidade gigantesco. Quer dizer, um pequeno empresário, uma pequena cidade, fazendo toda a diferença com 500 reais. Quantos pequenos empresários tem no Brasil, quantas pequenas cidades tem no Brasil, quantos caras com capacidade de dar 500 reais, que para ele não é nada. Isso é um tsunami, cara, que muda a história do país. Por isso que uma atitude como essa sua aí, com esse teu altruísmo, se ela é repetida, cara, isso muda a história do país. Que é quando você assume uma responsabilidade que não é tua. Você podia tocar o teu negócio aí, continua, está indo bem, toca adiante, para que se preocupar com esse tipo de coisa? Quando você conta essa tua história, mostra esse teu exemplo para outros empresários com os quais você se relaciona todo o tempo, como é que é a conversa lá? Isso bate e volta? Eles assimilam isso? Eles estão dispostos a entrar? Você consegue ver uma diferença de gerações, a moçada nova que está vindo aí? Como é que você vê isso?

Alexandre: Olha, eu acho que geralmente o pessoal gosta muito, aprecia esse trabalho, o ranking, o pessoal acompanha e muitos dos empresários do meu meio ajudam, sempre uma entidade aqui, outra ali. O Brasil ainda não tem uma prática muito ampla de doar, assim como tem, por exemplo, nos Estados Unidos, onde se doa muito mais. Em grande medida também é pelo fato de que o estado no Brasil é muito agigantado, então as pessoas têm ainda um paradigma de que o estado tem que prover tudo e fica pouco espaço para a iniciativa privada. A experiência histórica mostra que nos países onde o estado é maior, o nível de caridade é menor, as pessoas esperam isso do governo, que venha do governo, então doam menos, voluntariam menos. E em países onde o estado tem um papel mais limitado, as pessoas naturalmente preenchem esse espaço, que nem Estados Unidos, que eu mencionei, é um caso, mas a gente tem que mudar isso. Você mencionou que estou fazendo uma coisa que não é a minha obrigação, não é minha reponsabilidade e aí, nesse ponto, eu acredito que sim, é minha responsabilidade. Eu acho que é responsabilidade de todos nós fazer alguma coisa para que o mundo fique melhor. Não mencionei antes, mas eu venho da tradição judaica, minha família é da tradição judaica e fazer a justiça social é uma obrigação judaica muito importante, você ajudar uma entidade ou fazer doação, se voluntariar. A melhoria do mundo é um mandamento muito importante. Então acho que todos têm que achar cada um o seu local para fazer isso, eu achei que pela política é uma forma de alavancar bastante o investimento que a gente faz, eu e o Renato, porque se a gente conseguir melhorar a política, a gente melhora o estado e o estado é dono hoje de trinta e cinco por cento do PIB. Estamos falando de trilhões de reais.

Luciano: Sim, cinquenta por cento dos meus ganhos, no mínimo, vão para ele.

Alexandre: No mínimo. Então a forma mais eficiente de você fazer um real de doação virar um retorno grande de melhoria para o país é via política. Por exemplo, se eu abrir uma escola e financiar uma escola para alunos carentes e conseguir ter, digamos, 500 alunos, eu vou ter que levantar milhões e milhões de reais por ano para manter essa escola e beneficiar esses 500 alunos, o que vai ser uma coisa maravilhosa. Agora, se eu conseguir trabalhar junto, por exemplo, à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e melhorar um por cento a performance, eu vou impactar mais de 4 milhões de alunos. O sistema público do Estado de São Paulo tem 4 milhões e meio de alunos. É como se fossem 9 mil escolas particulares.

Luciano: Tem uma história interessante, eu escrevi um texto, inclusive, acho que já até fiz um podcast a respeito. Como é que é o nome daquela menina que era VJ, depois virou vereadora em São Paulo e chegou a ser vice-prefeita?

Alexandre: A Janaína?

Luciano: Não, não, não. A que era VJ, era da MTV, era Soninha Francine. A Soninha uma vez, muito tempo atrás, ela deu uma entrevista, eu li aquela entrevista e daquilo eu fiz um texto, falando a respeito. Ela dizia o seguinte, cara, eu sempre me interessei por essa questão do trabalho comunitário e tudo o mais e eu ia para as comunidades, ficava lá e eu fazia e dava aula e pintava e bordava, até que um dia eu olhei para aquilo tudo e falei, cara, baita esforço e quando eu vou embora a coisa fica ruim, continua ruim, eu não melhorei nada a vida de ninguém, apenas durante alguns minutos eu consegui trazer alguma coisa para essas crianças, eu só consigo melhorar se eu subir um degrau e virar vereadora, porque aí com uma assinatura minha talvez eu impacte esses milhões de pessoas. E aí a gente volta a falar da questão da democracia representativa que tem gente se queixando que não tem que ser assim, tem que ser diretamente, que é essa ideia de que o cara talvez trabalhar com um elemento que está dentro de um sistema e que de dentro do sistema você não tem como implodir esse sistema de fora, não dá para jogar um míssil lá dentro e implodir, até porque a hora que terminar a explosão, não sobrou nada.

Alexandre: É, você vai ter que colocar outras pessoas.

Luciano: Ele tem que ser implodido de dentro para fora. Uns anos atrás um deputado entrou em contato comigo, a gente conversou bastante, ele queria que eu ajudasse ele num trabalho que ele estava fazendo, um negócio bem legal, inclusive, de gerenciamento por informações, muito legal o trabalho dele. Eu acabei indo para Brasília, tive que ir lá, ele me visitou para conhecer aquele negócio todo e lá pelas tantas, a gente almoçando, ele estava me contando uns podres. Aí eu virei para ele e falei, cara, vem cá, por que você não vai lá, pega o microfone e desanda isso tudo, fala esses podres todos? E ele falou para mim, Luciano, a hora que eu fizer isso, eu assinei minha sentença de morte política. No momento em que eu fizer isso aí, eu vou ser colocado no ostracismo, nunca mais eu consigo passar um projeto que seja e eu vou ser um inútil sentado ali, até que o sistema me jogue fora. Eu não posso bater de frente com ele, eu tenho que trabalhar quietinho, por baixo do pano, com uma comissãozinha minha indo lá, fazendo a cabeça de um e de outro. O nome desse negócio é política e não tem como resolver o Brasil sem usar esse tipo de sistema. A alternativa, você falou logo no começo aqui, é botar um tanque na rua e distribuir porrada. E acho que ninguém quer isso, ainda não.

Alexandre: É, tem gente que quer, mas acho que a maioria, felizmente, não. É porque é assim, se você pegar os países mais avançados do mundo, eles são praticamente todos democráticos, a Europa, os Estados Unidos, o Canadá, a Austrália. Eu quero estar no grupo desses países, eu quero estar o grupo da Finlândia, no grupo do Japão, não no grupo da China, da Venezuela, de Cuba. Então, você começa com os tiros do tanque, mas você nunca sabe onde vai parar, acho que não é o caminho para o Brasil. O caminho para o Brasil é fazer as reformas, conscientizar a população primeiramente sobre a importância da política. O pessoal tem que entender que é importante, entender que alguns paradigmas estatizantes que levam a gente para o atraso têm que ser eliminados. Se chegar em muitas comunidades aqui do Brasil e perguntar o que é para o Brasil fazer para melhorar, se implantar o que o pessoal fala, o país piora. O país piora, porque se chegar para muita gente e falar o que você acha que tinha que?… Ah, o governo tinha que dar mais isso, mais aquilo, abrir mais não sei o quê. E da onde vai pagar isso? Vai ter que aumentar a carga tributária, aumentar em eficiência. Então essa mentalidade estatizante que tem no Brasil de que o estado tem que trazer as coisas e tal e tem que trazer para mim os benefícios, isso e aquilo, cuidar de mim, paternalista, essa é a raiz de todo o mal. E essa mentalidade está no cérebro de muita gente, se reflete no nosso congresso, se reflete nas leis, na visão do estado. E esse estado gordo, com esses tentáculos em todo lado é o que abre o espaço para a corrupção. Corrupção não é porque tem um pessoal malvadão. Você vai prender os caras, vão entrar outros corruptos no lugar.

Luciano: Até porque a oportunidade está criada, está toda feita lá.

Alexandre: Porque se tem uma empresa pública que entrega as cartas e fura o chão para fazer petróleo, por exemplo, a Petrobras, tem uma oportunidade de corrupção. Nunca escutei um escândalo de alguém do Itaú subornando alguém do Bradesco, por exemplo, duas empresas privadas. Quando você tem escândalo de corrupção, tem sempre o governo de algum lado aí, ou governo com governo, ou governo com empresa.

Luciano: E a corrupção privada quando é descoberta tem consequências imediatas.

Alexandre: E também porque perde acionistas, não é o cidadão brasileiro. Ainda que tenha, que é um nível infinitamente menor, quem paga isso é o dono da empresa, acionista, não é você, cidadão que tem que pagar. Então tinha que mudar essa mentalidade, mudar os políticos que estão lá. Claro que tem que prender quem for pego, é imprescindível não ter essa impunidade, mas isso já está avançando bastante no Brasil. Quem diria que ia ter um bando de político preso, empresário preso?

Luciano: Cara, isso é inacreditável.

Alexandre: Maravilhoso.

Luciano: E o que eu tenho defendido aí é o seguinte, tem uma geração de brasileiros crescendo e assistindo, tendo uma aula que eu não tive. A minha vida inteira, eu sempre vi a questão da corrupção como algo que existia, algumas pessoas faziam, a gente não sabia bem quem era, quanto era e nem aonde estava, nem como era. Então, rouba mas faz, o Valdemar de Barros roubou, mas você não sabia direito o que era. Hoje em dia, cara, você sabe quem, quando, onde, como, quanto e está expresso na cara da gente. Então nós estamos vendo isso acontecer na nossa cara. E mais, alguns desses caras estão indo para a cadeia. Então tem uma garotada nova que está tendo uma oportunidade que eu não tive.

Alexandre: Isso é muito bacana, porque corrupção é sempre no mesmo lugar. O pessoal fala corrupção, corrupção, é sempre em compras. Onde que tem o espaço para corrupção? Noventa e nove por cento dos casos é quando o governo tem que comprar alguma coisa, é aí que se rouba, que aí é que tem a oportunidade física real. Então a Petrobras tem que comprar alguma coisa, um serviço ou um produto, plataforma, aí o cara que vai vender está casado com o funcionário do governo que vai comprar, com o político que vai aprovar, com o diretor que foi nomeado e aí eles conseguem vender mais caro do que o custo e aí repassa a diferença. É assim que se rouba no Brasil. Então se o governo comprar menos coisas, é menos espaço para corrupção, quanto menos o governo tiver que comprar. Por isso que a visão liberal é uma visão que reduz muito o espaço para corrupção. Porque o governo faz menos coisas, compra menos coisas e tem menos espaço para roubar. E daí derivam as reformas, a reforma política, que é a mãe de todas as reformas, reforma trabalhista, tributária, previdenciária, administrativa.

Luciano: Que vão doer.

Alexandre: Vão doer.

Luciano: E vai ter gente que vai pagar uma conta maior do que os outros. Quando você fala uma reforma previdenciária, que vai mexer com os aposentados, tem um grupo de pessoas que vai sofrer, porque o pessoal, cara, estou na iminência de me aposentar, se mudarem a regra do jogo agora eu vou dançar e isso…

Alexandre: Geralmente tem uma regra de transição, para o cara que está prestes a aposentar impacta pouco.

Luciano: Você viu o que está acontecendo aqui, a discussão que vem, nós temos um baita problema de comunicação, porque o que se contou de mentira para evitar que as reformas aconteçam é um negócio brutal, tem um esforço gigantesco aí que é de contar para a sociedade qual é a verdade desses projetos. Então quando um projeto desse vem, atrás dele vem um caminhão de gente contando mentira e falando coisas que eu ouvi cada uma que pelo amor de Deus. Como é que é? Você não vai mais ter férias, não vai ter mais décimo-terceiro, mulher grávida vai trabalhar. Cara, era um absurdo, bicho não tem nada disso escrito, mas isso é acenado como uma bandeira para o povo.

Alexandre: É uma desonestidade, um terrorismo intelectual muito grande.

Luciano: Isso é um problema sério aqui. Deixe agora eu perguntar para você uma coisa. Eu quero saber em termos de… isso aqui é um programa de liderança e empreendedorismo e eu vou explorar você agora um pouquinho com relação ao projeto que vocês colocaram aí. Você viu esse projeto em algum lugar? Vocês viram um ranking de políticos em algum lugar na França, na Europa e falaram vou trazer para o Brasil, ou isso nasceu de onde?

Alexandre: Isso nasceu da nossa cabeça.

Luciano: “E se tivesse um lugar que eu pudesse consultar para saber quem são os bons políticos?” Foi isso?

Alexandre: É, qual é a forma mais eficiente de incentivar o voto consciente, para as pessoas votarem melhor. E aí a gente pensou em fazer esse ranking de políticos. Não temos conhecimento de nenhum outro lugar que tenha.

Luciano: Muito legal. E aí a hora que vocês montaram o desenho disso, vocês devem ter olhado num lugar e falado, onde é que eu vou buscar essa informação? Tem informação que vem dos tribunais, que vem… Cara, é um negócio muito complexo, é muito grande. Você fez o quê? Você montou uma equipe, montou uma empresa, o que vocês fizeram?

Alexandre: Não, a gente desenhou o que a gente queria para o site, quais seriam os sistemas, como funcionariam as regras e aí arrumamos um parceiro tecnológico para desenvolver para a gente. São robôs que integram com os sites da câmara e do senado etc. e puxam para a nossa base de dados.

Luciano: Quer dizer, uma informação fundamental que você falou aí. Todas as informações que você tem no site são públicas?

Alexandre: Todas são públicas.

Luciano: Se eu achar que você fez um negócio errado, eu vou na fonte e acho lá na fonte.

Alexandre: Confirma na fonte. As votações no congresso, as faltas dos deputados e senadores, se faltou, não faltou, a formação acadêmica dos caras, o histórico de cada um, tudo é público.

Luciano: E o site não vai qualificar ninguém, ele não vai dizer, esse cara é bom, esse cara é ruim?

Alexandre: Não, só te dá a pontuação de cada um, ele ‘rankeia’ do melhor para o pior, aí cabe ao eleitor dar uma olhada nos candidatos, quando chegar perto da eleição, nós vamos soltar o mapa do Brasil com os melhores candidatos de cada estado. Então você ‘logando’, por exemplo, da Paraíba, você vai entrar lá, o sistema vai entender que você está na Paraíba e aí vai apresentar já de cara os três melhores daquele estado. E a pessoa escolhe se quer votar num desses três.

Luciano: E eu posso descer a nível de município também?

Alexandre: Não, é só a nível federal.

Luciano: É só federal, deputado federal, senador, governador também?

Alexandre: Não, só legislativo. A ideia é ajudar no legislativo, que é onde as pessoas têm menos conhecimento, mais dificuldade de votar. E o federal é porque é no nível federal que tem mais dados púbicos e é lá que tem o dinheiro e as principais leis. Então noventa por cento das mudanças que têm que ser feitas estão no nível federal. Uma vez que você muda o federal, o estadual e o municipal tendem a seguir as tendências. Então você arrumando a cabeça da serpente lá, você vai melhorando o todo.

Luciano: Como é que vocês concluíram que era aí que tinha que me mexer? Por que você não foi mexer nos governadores, nos prefeitos e por que você foi lá? Era mais fácil ou há essa consciência de que ali é que é a raiz do problema?

Alexandre: Então, por três motivos. Primeiro porque é lá que está o dinheiro para as emendas, as aprovações. Segundo, é lá que tem a maior dificuldade do eleitor escolher. Porque para presidente, para governador, o cara até compara, ele até pára para pensar um pouco, agora, no nível legislativo, as pessoas praticamente não se preocupam nem um pouco, tem muito voto de cabresto ainda, ah, esse cara beijou o meu filho, esse cara me deu aqui um saco de leite, uma caixa de leite em pó, então eu vou votar nele, ou pegou um santinho na última hora. Então as pessoas não param para pensar na importância dessa decisão. E o terceiro motivo é que é mais fácil de comparar também. É mais fácil comparar 500 deputados, do que um governador, por exemplo, como que eu vou comparar o governador de São Paulo com o governador do Acre? É muito injusto. Os critérios, eu vou dizer que o de São Paulo é melhor que o do Acre, é que a realidade é totalmente diferente.

Luciano: Interessante isso aí. Conta como é que foi quando vocês montaram o projeto, estavam montando lá e um belo dia alguém falou, “roda” pela primeira vez.

Alexandre: É, põe no ar.

Luciano: E nunca havia sido feita uma consolidação como essa que vocês se propuseram. Seria a primeira vez que apareceria essa consolidação. Como é que foi a hora que vocês apertaram o botão e surgiu uma lista na frente de vocês? Foi uma surpresa? Como é que foi?

Alexandre: Então, foi muito legal para nós. Então a gente botou no ar, estava no ar, aí não aconteceu nada, porque ninguém conhecia ainda. Então nós ficamos muito felizes, mas não tinha visitação. Hoje nós estamos nos aproximando de um milhão de seguidores no Facebook, estamos no Instagram, em todas a redes sociais, temos um canal no YouTube, vídeos também educativos sobre política, sobre quais são os privilégios dos políticos, sobre questões econômicas. E o nosso site tem cada vez mais visitação também. Então está bem legal. E os políticos, uma coisa interessante é que os políticos em Brasília já praticamente todos conhecem o ranking e acompanham e os políticos que estão melhor ‘rankeados’ comemoram e publicam nos seus sites quando eles melhoram de posição. Os políticos que têm algum problema com o ranking e não concordam com alguma coisa escrevem reclamando. Já é um site muito conhecido em Brasília.

Luciano: Você não acha que alguém vai tentar baixar uma forma de evitar que vocês publiquem isso? Chega perto da eleição, por exemplo, tratar vocês como propaganda política escamoteada, não sei o que, alguma regra que vai impedir de vocês de publicar isso aí? Nunca aconteceu?

Alexandre: Nunca aconteceu. Até hoje, nunca aconteceu, mas pode ser que com o aproximar das eleições, se tiver alguém mal ‘rankeado’ e quiser talvez derrubar o site, podem tentar. Eu prefiro confiar no meu direito constitucional à livre expressão e nós vamos defender esse direito até o fim, agora, se vier uma ordem judicial para tirar do site, a gente vai brigar e vamos acatar.

Luciano: Tem mais gente fazendo isso que vocês estão fazendo?

Alexandre: Não conheço nenhum que faça no nosso formato, tem muitos movimentos por aí, iniciativas diversas, agora, a gente é o único que ‘rankeia’ os políticos de forma objetiva, então acho que é um serviço público bem importante.

Luciano: Legal. Eu vou te falar uma coisa aqui, eu vou me aproximar mais. Eu vou botar nos meus canais, fazer barulho e tudo porque esse tipo de ferramenta faz uma falta desgraçada, cara, a gente não tem nem para onde correr e eu vejo todo dia, quando eu entro no meu Facebook e falo alguma coisa, as pessoas me perguntam, me dá o nome, quem é o cara? Então, não vote nos bandidos. Dá o nome dos bandidos. Vote nos bons. Quem são os bons? Até para presidente, ah, não tem ninguém. Não, tem gente boa, sim. E é muito difícil eu falar como pessoa física, vote no Zé, no Mané, no Osvaldo. Primeiro porque botar a mão no fogo por esses caras é complicado. Agora, um sisteminha matemático que lida com informação que está aí, ele é à prova de… Não é minha opinião, eu estou dando um número ali.

Alexandre: Você pega, por exemplo, uma senadora como a Ana Amélia. Estou citando ela porque ela ganhou o prêmio ranking dos políticos ano passado. Anualmente nós damos um troféu para os 30 melhores de Brasília. Ela é uma senadora que tem a ficha limpa, quase não falta às sessões, ela economiza boa parte da verba de gabinete, então a maior parte da verba ela abre mão de gastar e destina para a saúde, educação, essas coisas. Tem votado de forma consistente, toda vez que tem uma denúncia de corrupção, ela vota contra a pessoa. Então ela votou pela cassação do Aécio Neves, votou pelo impeachment da Dilma, votou pela investigação do Temer. Quer dizer, não é que ela vota contra a corrupção conforme a conveniência, ela está consistentemente anticorrupção. Tem propostas boas, vota leis de forma bem razoável. Então ela é uma senadora que está muito bem posicionada. As pessoas têm que saber que tem gente séria, fazendo um trabalho sério.

Luciano: E a sigla à qual ela pertence não tem o menor impacto no teu ranking. O fato dela ser PMDB, PDS, isso não tem a menor importância?

Alexandre: Nenhuma importância. Não importa o partido. O que importa é que se ela mudar de sigla muitas vezes, aí ela perde pontos. Um dos nossos critérios é a pessoa ter a fidelidade partidária. Então se a pessoa estiver pulando de galho em galho o tempo inteiro, não importa qual partido, nem para onde vai, nem da onde veio, mas ela vai perdendo pontos.

Luciano: Me fala uma coisa, há quanto tempo está no ar o site?

Alexandre: O site está há cinco anos.

Luciano: Há cinco anos. Então já são três eleições?

Alexandre: Federal já foi uma. Essa é a segunda eleição federal.

Luciano: Ah, é sempre federal. Está certo. Então são duas, vai pegar a segunda.

Alexandre: Essa é a nossa segunda eleição e a primeira a gente já estava com cerca de 300 mil seguidores, mas agora a expectativa é bombar mesmo.

Luciano: Como é que você avalia se esse trabalho está dando certo ou não está? Como é que você olha para isso aí e fala, cara, segue porque está bom. Não, é assim, estará um dia, é neste momento aqui. Vocês tinham botado objetivo, queremos X coisa em tanto tempo, isso aconteceu?

Alexandre: Sim, a gente tem metas muito concretas, visitação ao site, seguidores nas redes sociais, visualizações dos vídeos, são as nossas metas de impacto na população. A gente está crescendo bem forte, somos já um dos maiores sites de política do Brasil em termos de engajamento, tudo isso. Nós estamos com mais de 400 mil engajamentos por semana no Face, que é um dos três maiores engajamentos hoje de páginas ligadas à política no país.

Luciano: Que legal.

Alexandre: Bem legal.

Luciano: Deixe eu fazer uma pergunta agora para o empreendedor. Não dá uma coceirinha desse negócio virar um business, cara?

Alexandre: A gente não pensa nisso, porque se virar um business, matou o projeto. Ele é um projeto sério justamente, na verdade, a nossa coceira é sempre o contrário, que é como criar e garantir mais e mais credibilidade. Hoje uma pessoa, um cínico, por exemplo, o brasileiro hoje está muito cínico. Infelizmente, depois de tanto apanhar e de tanto ver na mídia só notícia ruim e de apanhar e se decepcionar, as pessoas estão cínicas, naquela ideia do nada presta. Então quando ele vê um projeto como o nosso, muita gente pode olhar e falar ah, deve ter algum interesse escuso, alguma coisa está por trás quem está por trás? O cara que pergunta isso, no mínimo é um preguiçoso. Eu falo assim, você quer saber que está por trás? Então clique no quem somos do meu site e você vai ver a minha cara lá e a cara do meu sócio, ver a cara do Renato Dias, que é o nosso diretor executivo e você vai ver os conselheiros que estão no ranking, que são a governança nossa, tudo público. As pessoas que estão por trás são essas pessoas físicas que estão aí. E da onde vem o dinheiro? Está escrito lá. Eu pago, é do Alexandre e do Renato, do meu bolso. E por quê? Porque eu quero, eu posso, porque eu acho que isso é o que eu preciso fazer para melhorar o país. Então uma pessoa que não concorda com a ideologia do site, ou com o projeto, tudo bem, eu respeito, mas a pessoa que ficar achando que tem interesses escusos é muito preguiçosa, porque não se deu ao trabalho nem de clicar e olhar. Temos um conselho bastante robusto, composto por economistas e juristas bem famosos que nos ajudam a criar as classificações, as leis, as pontuações. Então nem mesmo quando vai classificar uma lei sobre se ela é boa ou ruim é o Alexandre e o Renato, a nossa opinião, e sim é sempre o conselho.

Luciano: Alguém propõe uma lei, você define se a lei é boa ou ruim, e isso impacta na pontuação desse cara?

Alexandre: Exatamente.

Luciano: Não é o volume de leis que ele apresentou, é a qualidade da lei.

Alexandre: Não, porque se for bobagem não adianta. Por exemplo, vou votar agora uma lei aí de trocar o nome de viaduto. Essa lei não tem impacto nenhum para o país, então ela não é pontuada. A lei é pontuada sempre pelo nosso conselho de avaliação de leis e ela é pontuada de acordo com três critérios, que são a anticorrupção, a anti-impunidade e o voto consciente. Então esses são os três critérios, se a lei não vai mexer com nenhum desses três, não vai ajudar a combater a corrupção, não vai ajudar a combater os privilégios, a gente não pontua. Então é um site com esses critérios. E aí a gente avalia os deputados e senadores de acordo com a votação dessas leis.

Luciano: O teu site tem alguma ação proativa ou ele está paradinho lá, eu vou lá, vejo? Você tem uma assinatura, alguém chega lá e bota o nome, recebe um e-mail? Você tem alguma forma de mobilização?

Alexandre: Tenho a newsletter, as pessoas podem entrar e se cadastrar no WhatsApp, a gente tem um grupão de WhatsApp de envios de mensagens. Então a gente brinca que são os embaixadores do ranking. Você se cadastra e a gente manda para o WhatsApp os principais conteúdos para a pessoa poder divulgar nas suas redes sociais, seus amigos.

Luciano: Você falou conteúdos aí. O que são esses conteúdos? Você tem artigos?

Alexandre: Temos um blog, temos posts no Face, temos vídeos que a gente produz. Bastante conteúdo sobre os políticos, por exemplo, Fernando Collor, ele é candidato a presidente, então a gente fez um artigo no blog com todos os dados sobre a ficha completa dele, como ele está no ranking. Então a gente vai produzindo informações, a gente tem bastante mídia de informações, a mídia sempre cita a gente como fonte sobre gastos dos parlamentares.

Luciano: Você tem uma estrutura hoje ou é da empresa?

Alexandre: Não, nós temos uma estrutura, o ranking é totalmente independente, não pertence a nenhuma empresa.

Luciano: É uma OSCIP? O que ele é?

Alexandre: É uma ONG constituída formalmente. Tem três funcionários, são dois estagiários e um diretor executivo que trabalham cem por cento para esse instituto. Então as pessoas físicas, que eu e o Renato, a gente faz a doação como pessoa física para o instituto e o instituto tem três funcionários e é o que toca o ranking dos políticos.

Luciano: Se eu quiser me voluntariar para ajudar vocês? Tem algum esquema para isso?

Alexandre: Olha, a gente quer buscar informações, se quiser mandar informações, ajudar a divulgar o ranking nas redes sociais, replicar o conteúdo, ajudar a criar conteúdos, tem alguns voluntários que nos ajudam criando conteúdo também, fazendo pesquisa, trazendo dados novos que possam contribuir.

Luciano: Cara, fantástico esse trabalho de vocês aí. Eu estou aqui encantado. Conte comigo, nas minhas redes pode saber que eu vou… Olha, eu já tinha feito para vocês, sem saber o que era, só dei uma olhada, achei muito legal aquilo, fiquei com a pulga atrás da orelha, imaginando que são aquelas iniciativas que começam no Brasil e depois se perdem. Eu até fiz um programa há um tempo atrás, acho que foi antes da última eleição, onde eu elenquei tudo o que eu encontrei, então site que faz isso, aplicativo faz aquilo. Eu fui dando um por um, esse faz isso, faz aquilo, vocês estavam lá no meio e agora, outro dia eu retomei e fui olhar, dos oito que eu recomendei lá, acho que seis não estão mais no ar, parou, não está mais atualizado, desatualizou e tudo. Então um projeto como esse teu aí, que está se mantendo e andando. O que me faz ficar preocupado é que ele depende do Alexandre, como é o nome do seu sócio?

Alexandre: Do Alexandre e do Renato. Depende dos dois. Se o Alexandre resolver se mudar para a Noruega, virar um monge norueguês, que larga tudo e raspa a cabeça e vai morar… acabou o projeto. Preocupa vocês essa continuidade? Quando eu falo para você aquela história do business, sabe, dele virar, criar uma forma de se autogerir, autossustentar. Você pensou numa coisa assim?

Alexandre: É hoje o site é tocado de forma profissional, então não precisa da gente para andar, ainda precisa de nós para financiar. Acho assim, por enquanto a gente tem um compromisso muito firme, os próximos anos a continuar tocando o ranking e pagando e ao longo do tempo a gente vai buscando mais e mais apoiadores que na pessoa física possam contribuir para o projeto.

Luciano: Sempre pessoa física?

Alexandre: Sempre pessoa física, porque a gente não quer que tenha nenhum tipo de influência, nem de governo, nem de empresas, nenhum interesse comercial ligado ao ranking. E a gente brinca assim, o ranking permite que a gente praticamente conserte o Brasil em cinco minutos. É um jeito literalmente de consertar o Brasil em cinco minutos. Porque você mencionou bem que tem 400 e poucos candidatos à reeleição.

Luciano: 447.

Alexandre: 447. Desses, digamos que 300 são ruins e cento e poucos são OK, aí não vou nem falar que são excelentes, mas OK, mas tem 300 caras lá que tem que tirar. Se cada brasileiro, são 100 milhões de eleitores, se cada brasileiro um dia antes da eleição investir cinco minutos… cinco minutos para entrar no site, dar uma olhada nos candidatos e não reeleger esses 300, em cinco minutos você vai, no dia seguinte esses caras não recebem os votos suficientes e são chutados para fora do congresso. Então você tira a patota de uma vez.

Luciano: Você que está ouvindo a gente aí, eu espero que você esteja prestando bastante atenção numa coisa que o Alexandre está falando, que é um negócio fundamental. Ele está falando de indivíduos, ele não está dizendo para você não vote no Zé, porque o Zé é do partido XPTO. Ele está dizendo o seguinte, que tem o Zé, o Zé tem um desempenho legal e esse cara merecia ser votado. Eu não vou deixar de votar no Zé porque é do partido… Ele é ruim, mas está no meu partido, é meu bandido de estimação, não é? Ele é ruim, mas é da minha patota, então eu deixo ele lá.

Alexandre: Não tem nada de partidário. Por curiosidade, até eu mencionei a Ana Amélia, ela foi a melhor do ano passado, a Ana Amélia é do PT e o pior do ranking também é do PT, que é um cara que é o Ivo Cassol, que está com muito processo criminal e tudo e por isso que ele está no final do ranking. Então o mesmo partido está em primeiro e está em último no ranking. A Ana Amélia, por exemplo, no tema da corrupção, ela vota de forma muito coerente, combatendo a corrupção de qualquer partido que seja. No caso do impeachment, por exemplo, você tinha o pessoal que votou contra a Dilma, mas depois votou a favor do Aécio, ou vice-versa, votou a favor da Dilma no impeachment e contra o Aécio. Ela votou contra a Dilma e depois votou contra o Aécio no afastamento dele, então essa é uma coisa boa. Outra funcionalidade que está para sair agora, esse mês que vem, é a função meu ranking, então a pessoa pode personalizar o ranking de acordo com as suas preferências políticas. Se você não concordou com alguma classificação do conselho de leis, você pode, mediante o login, alterar o peso que a pessoa dá para aquela lei e aí o ranking vai se adequar à preferência do visitante. Por exemplo, votou o teto dos gastos, o conselho de avaliação de leis deu uma avaliação de -10, mas por algum motivo o cara achou que é muito bom, então ele pode ir lá alterar e aí o ranking vai se adequar às preferências de quem estiver entrando no site.

Luciano: Muito legal. Uma dica importante aqui, você que está ouvindo a gente aí, tem o WhatsApp, que é o seguinte aqui, vou passar o número agora, preste atenção é o 11 95604-6081. Você manda uma mensagem para ele com o seu nome, com a cidade em que você mora, o estado e a partir daí você faz parte daquele grupo para começar a receber os inputs que eles colocarem lá. Então vamos lá de novo 11 95604-6081, é o WhatsApp do ranking dos políticos. Alexandre, o que eu posso dizer, cara? Muito obrigado, bicho. Parabéns, de novo, por esse altruísmo, primeiro, de achar que você podia fazer alguma coisa, segundo, se disponibilizar, se incomodar com isso, botar o teu dinheiro, você está botando dinheiro nessa história toda aí, não sei se está se incomodando ainda, mas seguramente vai se incomodar com os bandidos aí que vão ficar bravos com essa história toda e pela transparência, cara, é muito legal. Pode contar comigo, que eu vou botar o pé no acelerador para botar o ranking em todo trabalho que eu fizer aqui, pode contar comigo.

Alexandre: Legal, Luciano, obrigado. Obrigado pela oportunidade de estar aqui.

Luciano: Obrigado por você ter vindo aí, pelo teu tempo e vamos em frente consertar esse Brasil aqui, cara. Se não formos nós, quem é que vai fazer?

Alexandre: É.

Luciano: É isso aí. Um abraço.

Alexandre: Valeu.

Luciano: Muito bem, aqui termina mais um Líder Cast. A transcrição do programa você encontra no lidercast.com.br. O LíderCast chega a você com o apoio da Albaugh Brasil, que está revolucionando o mercado com uma linha completa de agroquímicos genéricos. Sim, cara, genéricos de qualidade, combinando proteção, rentabilidade ao agricultor e respeito ao meio-ambiente. Conheça as soluções Albaugh em bit.ly/escolhainteligente. Para ter acesso a esta temporada completa, assine o Café Brasil Premium no cafebrasilpremium.com.br, um ambiente educacional sem ser chato nem superficial, que já conta com mais de mil assinantes recebendo todo mês conteúdos voltados ao crescimento pessoal e profissional. Conheça, que vale a pena, cafebrasilpremium.com.br.

Você ouviu LíderCast, com Luciano Pires, mais uma isca intelectual do Café Brasil. Acompanhe os programas pelo portalcafebrasil.com.br.

Fim da gravação.

[01:06:56]

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