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Luciano Pires -

Luciano           Muito bem, mais um LíderCast, bem vindo, bem vinda eu to aqui hoje num dia mais do que especial porque é, nada mais, nada menos do que o dia do aniversário do meu entrevistado, quer dizer, o cara deixou pra vir aqui fazer a entrevista no dia do próprio aniversário, isso é que é moral. Essa figura aqui, eu já conhecia de outros carnavais, vi um material dele, vi o trabalho dele pela televisão, assisti algumas coisas dele e a gente acabou se encontrando e se conhecendo ao vivo num evento do Murilo Gun, onde eu fui o entrevistado, ele foi também, a gente trocou uma ideia lá e depois ele, circulando pelos interiores do Paraná, liga uma rádio e captura na rádio, vai ao ar o LíderCast ou Café Brasil, um dos dois, eu não sei qual foi ao ar lá onde eu to entrevistando com o Murilo Gun e aí ele me liga, a gente troca uma ideia falo cara, vem aqui, vamos nós conversar. Eu tenho três perguntas aqui que são as fundamentais do programa e são as mais difíceis, estão você por favor capricha. Eu quero saber o seu nome, sua idade e o que é que você faz?

Diogo              Então vamos lá, Diogo Portugal, hoje completando 47 anos e faço comédia, mas acho que, eu acho que faço comédia é bom, porque abrange tudo o que eu faço dentro da comédia, eu acho que eu sou um bom explorador da comédia em todos os seus aspectos, em tudo o que eu posso explorar da palavra assim eu… da profissão que eu escolhi para fazer, que não é bem uma profissão que se escolhe, que é a profissão que te escolhe, eu acho que hoje eu sei explorar bem todas as facetas da comédia.

Luciano           E já faz algum tempo, né?

Diogo              Já faz algum tempo.

Luciano           Quanto tempo você está na estrada?

Diogo              Eu considero, que eu acreditei que eu podia começar a fazer isso num festival que eu participei do Multishow que foi em 97, ali eu fui classificado, fiquei para a final junto com a Claudinha Rodrigues, lembra que fazia “A Diarista” tal, ela já era contratada da rede globo, fazia o programa da Angélica na época e eu era só um cara, funcionário público, eu acho, na época e já gostava de… ah não, na época eu tinha uma produtora de áudio, criava jingles publicitários…

Luciano           Aonde? Em São Paulo?

Diogo              Em Curitiba, sou natural de Curitiba e aí eu falei caramba, isso pode ser que seja, mas era só uma possibilidade, então para viver disso demorou muito, aliás ainda é muito difícil viver disso.

Luciano           A gente vai falar um bocado disso aí. Eu quero ir lá atrás porque me interessa muito saber essa tua raiz, você vem de onde? Você vem de família de artista, como é que é?

Diogo              Venho de família tradicional, meu avô é nome de rua em Curitiba, meu avô era o presidente do tribunal de justiça e foi governador interino do Paraná durante um tempo, está lá no quadro dos governadores no palácio do governo do Paraná, está lá o quadro do meu avô. Venho de uma família que o normal seria eu fazer direito sabe, porque todo mundo na minha família é da área de direito. Eu falo que se chegar no tribunal de justiça e gritar “pega o Portugal!”, sai o prédio todo, foi uma profissão, o que eu falo sempre, a profissão que me escolheu, acho que eu fui uma grande comédia em todas as coisas que eu tentei fazer de forma séria, eu acabava sendo meio que o palhaço da história, desde o colégio até profissões mesmo.

Luciano           Vamos tentar explorar um pouco isso eu queria saber o seguinte aqui, então você cresce num ambiente onde o pai é o senhor advogado, o…

Diogo              Desembargador, o meu pai era desembargador.

Luciano           … desembargador, etc e tal.

Diogo              Meu pai tinha idade para ser meu avô, tinha um conflito de geração grande com eles.

Luciano           Sua mãe era o que?

Diogo              A minha mãe era aquela mulher do segundo casamento saca? O meu primeiro irmão era uma diferença de idade muito grande comigo, ele já tinha família dele formada, quando eu nasci eu já tinha sobrinhos, sabe aquela coisa do caçula do segundo casamento tal. A família da minha mãe é uma outra praia, do interior de Santa Catarina, fazenda, andar a cavalo, essas coisas, eu tive uma infância que ninguém teve, uma infância de banho de rio, cachoeira, cavalo, essas coisas legais assim, que os moleques de hoje não tem mais, eu acho…

Luciano           Como a minha, a minha foi em Bauru, subindo em árvore, comendo manga do pé…

Diogo              É isso, isso que eu digo, é uma infância que você não vê mais hoje, eu vejo minha filha só diretamente conectada, iPad e coisa, tenho uma filha de quatro anos, eu vejo uma diferença.

Luciano           Bom, eu já achei uma informação importante que eu queria que é o seguinte, quer dizer, não havia na tua vida ali, você não tinha um paradigma, pô aquele foi comediante, o outro é artista, não tinha nada disso, o que tinha era um outro mundo e que em determinado momento você até deve ter olhado para aquilo e falar bom, quando eu crescer eu vou ser isso, eu vou estar também de terno e gravata, etc e tal e aí você vai para a escola, já era um bagunceiro…

Diogo              Exato, a escola, não sei, eu acredito que eu sou… eu fui um cara muito apontado como garoto problema sabe, na escola assim, eu acho que às vezes eu penso, quando a gente faz essa releitura de escola a gente vê como a escola não evoluiu nesse sentido, de ver que existem outros tipos de criatividade, que quando você resolve ser um pouco diferente você é tachado como o garoto problema, o cara que é suspenso e não tem muito uma valorização de quanto valeu. Tipo assim quantas vezes que eu acho que valeu a minha piada no colégio a ponto de eu estar fidelizando uma plateia, que era a minha própria turma quando ria de alguma coisa que eu falava, quando eu faço a releitura eu falo caramba, a veia de comediante já existia, você só não consegue desenvolver porque a sociedade vai te impondo que você não pode ser  palhaço, eu falo e acho que eu falei aquele dia do papai, uma das coisas que me marcou muito foi quando o cara que trabalhava comigo, uma vez me colocou na parede, falou pô, nós temos uma produtora, nós temos o mercado, a gente atende as agências, você tem que decidir se você quer ser palhaço ou se você quer ser empresário sabe? E aquilo me deixou assim, porra mas não dá para ser os dois? Que foi o que eu venho buscando no decorrer da minha vida, que é ser um empresário da palhaçada.

Luciano           Mas está indo. Deixa eu voltar lá na escola. Você falou um negócio interessante ai que me lembra: eu escrevi um texto há um tempo onde eu tratava desse assunto, desses atributos que a gente tem ao longo da vida e que são desconsiderados lá na frente, ninguém nem olha para isso. Se eu for fazer, vou ser entrevistado para um emprego em qualquer lugar os caras vão perguntar para mim o que eu fiz, etc e tal, mas não vão me perguntar de coisas que para mim são fundamentais, por exemplo, o que te ajudou a te formar, ser o que você é hoje? Eu vou falar, ter sido goleiro de futebol de salão durante quinze anos. Como assim goleiro? Goleiro de futebol de salão, durante quinze anos. Eu fiquei lá atrás e futebol de salão você sabe como é que é, é pauleira, aquilo você não para um segundo, então eu era o cara que estava parado lá atrás no gol,  eu via o jogo de um jeito que nenhum outro jogador via, eu era o cara a reposição de bola, dependendo da reposição que eu desse era meio gol, a reposição de bola era um negócio arriscadíssimo, quantas vezes minha reposição não caiu no pé do cara, atacante, o cara veio e fez o gol por minha culpa, então isso tudo vai forjando um tipo de visão do mundo que lá na frente não vale nada.

Diogo              O goleiro do futebol de salão ele é o mais guerreiro, meu amigo.

Luciano           Que é a explosão, você não está correndo o tempo todo, de repente tem que explodir, tem que ter reflexo. Isso treina você em algumas coisas que lá na frente vão servir muito, assim como esse negócio do humor, de você ser o cara da piada, o cara do bom humor etc e tal, desenvolve na gente um olhar sobre a vida que é diferente de quem não fez isso e isso pode servir muito lá na frente. Então, eu ia fazer as entrevistas e falava, mas não me perguntaram do que eu gosto de ouvir, para onde eu gosto de viajar, eles me perguntaram coisas… se eu sei fazer a matemática, se eu sei falar inglês, e esses outros atributos? E você falou uma coisa importante, a sociedade não gosta disso, ela poda a molecada, quer dizer, você já vem com aquele… já tem um talento nato e você é podado porque esse talento do palhaço não vai servir lá na frente quando você for advogado, engenheiro ou professor ou etc e tal, quando é que, bom, você se formou e foi fazer o que?

Diogo              Eu fiz administração e comércio exterior, que eu tinha feito intercâmbio então eu estava com o inglês bem afiado, falei caramba, acho que vai ser legal fazer comércio exterior, na época era tipo assim uma profissão promissora, estava abrindo as coisas, Collor.

Luciano           O Brasil em globalização, boa.

Diogo              Vou trabalhar, vou trazer os carros importados para o Brasil, fazer guia de exportação.

Luciano           Mas você pensou nessa…

Diogo              Não, foi ridículo porque não tem nada a ver com o que eu escolhi para fazer, não tem nada a ver com o fiz. A faculdade para mim foi a grande piada, a maior piada da minha vida foi ter feito essa faculdade porque o que… estatística, matemática financeira são coisas que eu não consigo usar hoje, agora eu sei de coisas que tipo assim, agora eu sei ser um bom gestor das minhas coisas, porque todas as vezes que eu coloquei um gestor para fazer coisas para mim não deu certo e eu estou passando por isso nesse momento agora.

Luciano           Mas houve um momento que deu uma consciência em você que você não ia ser empregado de ninguém, você ia ser dono do seu próprio negócio? Teve um momento de escolha? E foi consciente isso?

Diogo              Eu tenho uma teoria que eu acho que essa coisa de não ser empregado é meio relativo. Hoje em dia com essas startups, esse mundo moderno da molecada que já nasce patrão, que criou uma puta ideia, agora vai ser patrão, eles perdem um pouco a ciência de que é muito importante ter patrão. Vou te falar o seguinte, porque às vezes o patrão é aquele cara que te provoca a fazer alguma coisa melhor do que você faz e eu ao longo da minha vida sempre fui muito colaborativo, nunca fiz nada sozinho. Por exemplo, todas as sociedades que eu tive, de certa forma eu tive patrão, tipo assim quando eu tenho um festival que é o Risorama, hoje é o maior festival do Brasil, tem o Risadaria também, que eu acho que foi uma perna onde eu também sou curador, mas o Risorama tá completando treze anos de existência, então para mim tem um valor simbólico assim e no Risorama eu tinha a ideia, eu tinha a intuição, eu tenho o conceito mas eu não tinha o dinheiro, aí eu levei  essa ideia para quem? Para o festival de Curitiba que já era uma grande instituição de teatro e eles abraçaram a minha ideia, então hoje o Leandro Knopfholz é meu sócio porque ele me deu essa oportunidade, eu dei a oportunidade, hoje é um negócio, é um business, funciona bem, mas ele é meu patrão, entendeu? Ele é tipo eu não consigo fazer nada sem ele, entendeu? Então eu tenho um patrão. Eu estou montando agora uma casa com o Danilo Gentili em Orlando onde a gente debate ideias tal, o Danilo é meu patrão, a ideia foi dele, não foi minha inclusive nesse caso, quando eu trabalho lá com a Luciana Ginemez na Rede TV, tem minha diretora, que é a Claudia Bichinha que me cobra, que fala Diogo, precisamos de mais ideia, ela está sendo minha patroa naquela hora. Quando eu trabalho com meus colegas, até meus funcionários da minha estrutura no meu estúdio onde eu funciono, eles me cobram coisas e eu vejo assim cara eu estou sendo cobrado por uma coisa que eu criei e agora eu não estou fazendo, ou seja, o procrastinar está partindo de mim, eles estão me cobrando, então eles estão sendo meus patrões apesar de não ser. Eu estou começando a achar que o bacana da vida é quanto mais patrões você tiver, mais você está evoluindo. Aí esses dias eu vi uma coisa que eu achei muito curiosa que eu vi que os dois caras mais ricos do Brasil, o segundo e não o primeiro, o primeiro parece que é o cara da AMBEV, mas o segundo e o terceiro são sócios minoritários, ou seja, o cara mais rico do Brasil tem patrão, entendeu? Então eu acho que não existe problema nenhum em ter patrão contanto que você evolua e faça com que esses patrões sejam obviamente que quantas vezes que dá vontade de mandar à merda, hoje tem essa coisa do mandar à merda, eu já me segurei muitas vezes sabe, Dalai Lama, Dalai Lama para você não mandar à merda por quê? Porque é muito fácil mandar à merda, mandar à merda é tipo puta tá difícil, vai á merda, mas não, a gente tem que ter paciência, todas as coisas que eu não tive paciência eu me ferrei.

Luciano           Você tá falando um negócio interessante que eu sempre disse para todo, sempre eu comandei equipes a vida inteira e tudo e eu sempre dizia para a turma o seguinte, a melhor e a pior coisa que você pode ter na vida é o chefe, se você encontrar um chefe legal…

Diogo              Putz, você resumiu bem…

Luciano           … e se você se grudar num cara que é um foguete, esse cara está subindo e você vai subir junto com ele e se for um cara que faz e deixa fazer, um cara que vem e que vai te dar, você vai tomar o esporro por aquilo que você deixou de fazer e não por aquilo que você tentou fazer, isso pode ser um bálsamo, porque se é um cara que te orienta, o cara que é um mentor. Por outro lado você pegar um mané que é um idiota, que não faz, não deixa fazer, que é o cara que está te segurando lá embaixo, isso é um desastre para você.

Diogo              Ele só suga a tua energia.

Luciano           … então, e muitas pessoas não tem esse cuidado de falar deixa eu observar em que chefe eu estou me juntando, mas chefe a gente não escolhe, sim, chefe você não escolhe,  mas você pode escolher ficar lá ou não ficar, você pode escolher encontrar um caminho ali e sair fora.

Diogo              E é uma prova de que é importante ter patrão é que o casamento nada mais é do que uma mulher mandando na gente, pra organizar tua vida, fala que é a patroa porque a mulher acaba mandando na gente, é como se fosse assim a forma mais masoquista da gente ter a vida organizada.

Luciano           Tem alguém que manda na gente. Mas vem cá Diogo, vamos voltar ali atrás.

Diogo              Tipo assim é a patroa a figura do patrão já está em casa.

Luciano           Aliás hoje é o dia da mulher, hoje é o dia internacional da mulher.

Diogo              Eu nunca esqueço do meu aniversário por causa disso, porque eu sou o cara mais disléxico e desligado, mais zoado pelos meus colegas pelo meu excesso de distração assim, eu sou muito distraído mesmo e eu uso isso como piada no meu show, como se fosse uma pessoa normal só que no modo avião e isso claro que me atrapalhou muito, fez com que fosse uma das condições de me colocarem como o aluno problema tal, mas existem outras… às vezes você tem uma chave ligada para outras coisas, é isso…

Luciano           E naquela época que você era um moleque não tinha esse papo de dislexia, essas coisas não eram muito bem compreendidas…

Diogo              Também não tinha bullyng…

Luciano           …  é, você não batia bem da cabeça, aquele moleque não bate bem da cabeça, o que é não bater bem da cabeça? Hoje a gente já define não, ele tem um TOC, ele tem um transtorno obsessivo compulsivo, ele é super ativo, ele é disléxico, quer dizer, hoje a gente já começou a entender essas coisas que na tua época de moleque era um maluco. Mas vem cá, aí você…

Diogo              As coisas eram mais simples e a gente era mais feliz.

Luciano           … muito mais simples, tinha menos escolhas e quando você tem menos escolhas é muito mais fácil você resolver tua vida. Você então se forma e resolve tocar seu próprio negócio, o que você vai fazer?

Diogo              Eu já na faculdade, eu já montei um negócio, enquanto eu estava na faculdade sabe, ali eu já sacava que… faculdade eu estou fazendo mas não é a minha, enquanto eu usava a criatividade eu era feliz, então eu montei uma, eu comecei a criar jingles.. eu era.. eu tinha uma banda e eu via que o mercado publicitário tinha essa coisa do jingle, da peça publicitária, uma vez eu perguntei numa produtora, falei quanto custa um jingle? O cara falou, ah pode vir, aqui em São Paulo sempre foi muito mais caro os mercados como lá em Curitiba, em Curitiba o cara falou pode variar de 350 a 3000 reais, eu falei, depende da produtora ou depende da peça publicitária? Isso eu estou falando de muito tempo atrás, acho que hoje os valores mudaram, provavelmente um jingle hoje deve estar na faixa do quinze paus entendeu? Mas ok, não importa eu sei que eu falei caramba, é um bom negócio e eu comecei a criar jingles sem o cliente querer, entendeu? Eu via lá uma sapataria tal, criava o jingle e mostrava. Comprei uma mesinha de quatro canais, Tascan, gravava, botava voz, segunda voz…

Luciano           E levava pronto para o cara?

Diogo              … e comprei… levava pronto, comprei um programa chamado Band in a Box, na época em que você dava as notas e ele montava, era muito churrascaria assim os timbres saca, aí com o tempo aquilo me gerou um trabalho, me gerou outro trabalho, eu fiz uma vez o restaurante mexicano que virou um case, que era muito divertido, tinha prato quebrando, tal… teve um que eu ganhei um prêmio, que era Ceará ótica Boa Vista assim… (ele canta com sotaque cearense), eu fiz esse baião e eu ganhei um prêmio no prêmio colunistas e todo mundo queria saber pô, quem foi essa produtora que fez esse jingle?

Luciano           E era um cara só.

Diogo              E era eu com o meu técnico, que na época era meu sócio e a gente participou do colunistas. A partir daí eu abri o mercado nas agências, comecei a divulgar o portfólio, só aí que eu entrei nas agências, por enquanto eu vendia assim, tantas vezes que, até uma frase que marcou muito a minha vida, uma vez eu liguei prum cara que era dono de uma casa de tintas e eu mostrei o jingle pra ele e ele ouviu, quando o cliente queria ouvir de novo é porque tinha gostado, ele ouviu  uma vez falou é, não, bacana mas não despertou interesse, eu falei puta, realmente ele tem razão, não despertou interesse, acho que esse é o grande desafio da vida, é você despertar o interesse.

Luciano           Hoje em dia então pelo amor de Deus.

Diogo              E o cara, o problema dele não era dinheiro, ele era um cara que estava indo muito bem, por isso que eu fui lá visitar ele, era propaganda, outdoor, falei esse cara tá com a grana, vou lá visitar ele…

Luciano           E você levou pronto o jingle para ele e falou aqui tem um jingle para você.

Diogo              … levei pronto, levei pronto, aqui tem um jingle para você, peguei o briefing assim, me achando, a gente leva… a gente só aprende no erro, impressionante.

Luciano           E é dali para a produtora foi um passinho

Diogo              Aí a produtora não, eu cheguei a ter grandes contas, cheguei a fazer…

Luciano           Mas você montou a tua produtora?

Diogo              Montei minha produtora, chamada D’Áudio, ela existe até hoje. Eu passei a marca para o.. hoje para o cara que é o sound designer, que é o Fábio Lavalle, que está tocando ela, a produtora está no mercado. Tive contas, fiz campanha e governo, fiz campanhas pesadíssimas, ganhei bastante dinheiro com isso e não era feliz, sabe por quê? Essa coisa que eu descobri que a produtora só me trazia dinheiro e dor de cabeça, quando os publicitários me ligavam de madrugada, às vezes ah precisa desse material e eu nunca… eu precisava ter um trabalho que eu desse conta até o fim, do começo até o fim. Eu criava, só que eu não era o maestro, eu não era o trilheiro, eu sempre precisava de alguém, é como se eu fosse um maître mas eu não era o cozinheiro, eu não sabia fazer o prato, então eu precisava… um dos caras que foi um grande parceiro chama Henrique Petris, hoje ele toca nos Mutantes, nessa nova formação dos Mutantes que é o Henrique Petris que era meu trilheiro. Só que às vezes eu precisava do Henrique para fazer a trilha tal para mim, com o Pro tools, aqueles baita teclados e softwares e eu não achava ele, porque ele estava tocando com a banda dele, em Florianópolis e eu falava meu Deus, eu preciso agora… aí pegava um tecladista lá, músico que já não era tão bom que nem ele para me suprir, aí a agência já não ficava tão satisfeita, putz mas o meu músico legal não estava aqui, desculpa aí eu falei eu preciso fazer alguma coisa que eu consiga entregar o que eu proponho e na comédia eu conseguia, na comédia ela era assim, a comédia era como se eu dominasse o meu trabalho de uma forma mais honesta, sabe, eu era um bom atendimento…

Luciano           Mas você está chegando num ponto para mim que é fundamental…

Diogo              … eu era um ótimo atendimento, eu tinha paciência com publicitário, eu levava chá de espera nas agências, eu participava da reunião e pré sendo que reunião de pré de peça publicitária é assim, é o atendimento, o diretor de criação da agência, o diretor de cena, o diretor de fotografia, o cliente e o áudio é a última coisa sabe, eu nem precisava estar lá naquela reunião, mas eu ia sabe, tinha paciência, perdia meu tempo  com isso, mas era isso, quando chegava na… pode ver, os grandes caras que merecem prêmio publicitário por trilha de áudio são músicos, sabe, e eu não me considero músico, eu só era um criativo, eu fazia bons jingles e boas letras, mas eu não era o cara que fazia bons acordes, entendeu?

Luciano           Mas você foi buscar o cara que sabia disso.

Diogo              É, aí eu sempre fui colaborativo.

Luciano           Deixa eu chamar uma coisa aqui para a gente botar na conversa aqui. Você então começa aquela tua brincadeira fazendo jingle etc e tal, aquilo começa a crescer, tem uma demanda e você se vê na necessidade de montar uma empresa para você poder ter a produtora.

Diogo              Exato.

Luciano           E de repente você descobre que você é chefe de três, quatro, cinco, seis neguinhos.

Diogo              Exato. É, teve uma época que eu tive acho que quase oito funcionários.

Luciano           Eu quero saber esse momento em que o Dioguinho, aquele moleque que estava a fim de zoar, de repente é responsável por três, quatro, cinco caras, tem que dar ordem, tem que contratar, tem que mandar embora, tem que dar o esporro, tem que cobrar, tem que fazer follow-up, tem que avaliar e etc e tal de uma hora para a outra, como é que isso…

Diogo              Como é que você dá bronca num cara que está fumando maconha…

Luciano           … como é que isso cai no teu colo, quando é que você percebe e fala meu, espera um pouquinho, que porra de mundo é esse?

Diogo              Os criativos da música. Eu não era um bom chefe de dar bronca, mas eu era um bom chefe de animar a equipe, eu acho que eu sempre fui um grande entusiasta sabe, eu vibrava muito quando o negócio dava certo, eu dava parabéns para toda a equipe, eu era muito entusiasta, ás vezes meu entusiasmo até superava, ia além da expectativa ou do entusiasmo da galera que estava em volta de mim sabe.

Luciano           Então mas…

Diogo              eu até ficava um pouco frustrado quando eu era mais entusiasta mais do que toda a equipe…

Luciano           … entusiasmo para quebrar um negócio  é dois segundos. A maneira mais fácil de quebrar um negócio é ser um entusiasta, é você ficar entusiasmado, apaixonado, vamos lá moçada e quebra. Tem que ter pé no chão e você era um maluco, não é? Eu quero saber se tem aquele momento em que você para, fala meu, espera um pouquinho, eu não conheço nada de administração, eu vou ter que saber alguma coisa, tem grana entrando, tem grana saindo, quem vai administrar essa porra aqui? Legal, eu não sei fazer arranjo, eu contrato um arranjador, eu não sei administrar dinheiro eu contrato um cara…

Diogo              Você está falando de uma história lá atrás, eu estou passando por isso nesse momento.

Luciano           Então por favor, eu quero saber, são dois momentos, e aí?

Diogo              Eu estou passando por isso nesse momento…

Luciano           E aí?

Diogo              A gente está pulando grande história, até ai teve toda uma carreira de comediante, programas, projetos…

Luciano           Mas eu quero falar da carreira, mas eu quero voltar lá atrás, que eu quero pegar você no leque, eu não quero você com 47 anos agora, eu  quero você lá atrás…

Diogo              Não, mas é que você tocou num assunto que eu estou sofrendo agora, mas tudo bem…

Luciano           Com 47 anos?

Diogo              … com 47.

Luciano           Você voltou a sofrer um negócio que em algum momento lá atrás…

Diogo              Aí a vida te dá várias puxadas de tapete…

Luciano           Em algum momento lá atrás, com vinte e poucos anos você se viu na mesma coisa, você falou pô, eu estou crescendo, isso aqui está virando um negócio…

Diogo              Exato.

Luciano           … e aí, o que você foi, foi buscar um sócio? Você foi buscar… o que você fez?

Diogo              Na época que eu montei o estúdio e já tinha o sócio, o que eu fiz uma época que eu vi que eu precisava der uma virada, que era um ponto de virada na minha vida, eu me desfiz do sócio, eu vi que o sócio era o chefe que me amarrava um pouco, principalmente no entusiasmo, mas também acho que eu sentia que ele estava criando barriga sabe, quando você sente que você está fazendo 100% do trabalho e não está sendo valorizado por isso, então eu cheguei um momento para ele e falei não, agora é o momento de alguém voar aqui, quer comprar? Eu vendo, quer vender, eu compro, foi essa… Lógico que  que queria comprar, mas eu tive que blefar, eu blefei.

Luciano           Mas estava claro para você nesse momento ainda que o teu negócio era produtora, não era ainda ser o… não era ainda ser o comediante.

Diogo              Não…  mas eu já era um cara que meus amigos achavam engraçado, que gostavam e foi nessa época que pintou o prêmio do Multishow do humor, que era assim, mande uma fita VHS, você se acha engraçado? Você se acha divertido? Eu mandei na época uma fita, não estou brincando, o logo do festival era uma boquinha com os dois olhinhos da fita VHS, era VHS, eu recebi a resposta que eu fui aprovado por um telegrama, eu nunca esqueço isso. Aí eu fui para Ribeirão Preto participar da semi final, ganhei e a final foi aqui no Bourbon Street, que é uma casa de jazz famosa, que eu adoro apresentar lá até hoje, acho que tem uma cara de stand up aquela casa, um bar de jazz e foi muito  legal, Washington Olivetto, Marcelo Madureira, que hoje é meu grande amigo, do Casseta e Planeta, eram os jurados e…

Luciano           Mas então, de onde veio, você já escrevia humor? Você estava escrevendo?

Diogo              Eu tinha uma veia criativa…

Luciano           Que estava usando na produtora e aí você levou isso para…

Diogo              …estava usando na produtora, exato, de forma poética, mas no humor eu era mais feliz…

Luciano           Você já tinha feito stand up na época, você já tinha experimentado isso?

Diogo              … tinha experimentado assim… eu fazia um personagem que era o Elvyslei, que era um personagem lá da minha cidade assim, um boy da periferia da minha cidade, o cara que fala “orra cara, presta atenção né cara”, tipo, “a kombi da firma era tão véia que eu botei o braço pra fora pra dar sinal, puseram cinco real na minha mão”, era o Elvyslei, era tipo o mano da periferia da minha cidade…

Luciano           Fazia onde isso?

Diogo              … eu fazia em Curitiba, para os amigos, uma vez eu fiz uma festa assim num pubzinho, foi a primeira vez que eu peguei um microfone na minha mão, era personagem, essa coisa do stand up não existia muito para mim ainda.

Luciano           Então para. Vamos lá, chegamos no momento crucial da sua vida, de repente você está em cima de um palco com microfone na mão e uma plateia que está ali te vendo,  nessa hora mudou tudo, não são mais meus amigos que estão comigo aqui fazendo palhaçada, agora eu virei o cara, eu sou o centro da atenção, tem uma luz em cima de mim, eu tenho um microfone na mão…

Diogo              Você sabe que o momento, o momento era muito louco, porque sabe quem que eram as minhas referências de comédia?…

Luciano           Quem?

Diogo              … Murilo Gun, o cara que chegou para mim e falou, você fez stand up que eu vi você no Jô Soares. As minhas referências de humoristas eram o tom Cavalcanti que estava recém estourado na escolinha, o João Kleber ainda viajava com show de humor, você não consegue imaginar hoje um show de humor do João Kleber, mas eu fui assistir um show de humor e eu aprendi, eu confesso isso aqui para vocês, eu aprendi como funcionavam os fios condutores de um show de humor com o João Kleber, porque ali que eu entendi como é que ele fazia na hora, ele começa assim, aí ele vai pra cá, aí ele conta uma história aqui, ele conta uma piada, naquela época que eu comecei, nem todos os meus textos eram autorais, às vezes você podia ter a liberdade poética de contar uma piada, ou fazer uma personagem, fazer a voz do Lula, jogava uma piada na voz do Lula, essas coisas eu podia dar essas roubadinhas, com o tempo não, com stand up, quando veio seriados do Sienfield, quando a gente começou a ficar com olhos mais…. Ah, isso até é uma coisa muito legal, participei de uma noite depois de um tempo, nessa época tem a ver com a época, de uma noite chamada Terça Insana, em São Paulo, vou te falar onde que essa noite começou, começou na Rego Freitas, num barzinho chamado Next, para 50 pessoas e uma produtora, você vê aí que como é… uma produtora que me conhecia da produtora de áudio era produtora de casting. Falou Diogo, você tem que participar de uma noite super underground que está rolando aqui em São Paulo, ela era a produtora que trabalhava com o Gustavo, Gugu… putz,  esqueci agora se é Guimarães, acho que é Gugu Guimarães que era diretor de cena e  ela falou Diogo, você tem que vir aqui, é Grace Gianukas, falei como é que eu falo com ela, consegui o contato da  Grace, liguei para a Grace, falei Grace,  eu faço comédia aqui em Curitiba tal, queria participar ai dessa tua noite, ela bah, tudo bem? Então venha para cá tal a gente faz e eu fui lá, participei de convidado, conheci Marcelo Medici, conheci Marcelo Mansefield, conheci Otávio Mendes que é meu grande amigo, todos meus grandes amigos hoje e a Grace que comandava essa noite e era uma noite assim onde muitos atores na plateia…

Luciano           Aquilo era fantástico.

Diogo              … era uma coisa assim, a bilheteria era uma bosta mas era muita gente descolada na plateia sabe, eu vi atores da globo na plateia eu falava caraca, não acredito que eu estou vivendo isso aqui, era o sonho de ser aceito por São Paulo sabe, era muito louco isso, foi muito louco.

Luciano           Mas que legal essa coisa. Agora, você está falando, você aprendeu com o João Kleber e o João Kleber é cria do Chico Anysio, de ninguém menos que Chico Anysio…

Diogo              O Chico também, até uma falha minha não falar do Chico Anysio, Chico Anysio também aprendi muito a ver os fios condutores, como é que ele fazia o fio condutor, aí você via que você tem um roteiro, você pratica, você automatiza e aí você leva para o palco, basicamente como deve ser uma palestra, não sei porque eu não sou palestrante…

Luciano           E você aprendeu isso na observação, quer dizer, você não foi ler teoria do humor etc e tal.

Diogo              Ainda não, daí mais para a frente fui, aí eu fui…

Luciano           Sim, mas naquela época era uma coisa crua, era um talento que você tinha e você olhou esses caras e falou vou entrar nessa e de repente você está em São Paulo enfiado no meio da bagunça.

Diogo              A minha grande empreitada empreendedora que eu achei que deu certo foi o seguinte, foi quando eu senti que era muito… que a Grace não ia me colocar no elenco fixo porque eu era o cara de Curitiba e porque tinham grandes nomes da comédia já no elenco dela e ela… os convidados que participavam ás vezes eram grandes nomes assim e ela conseguia os atores da globo fazendo texto de humor tal e era uma noite underground. Então eu falei caramba, é difícil para mim, eu não consigo vir  toda terça feira para São Paulo, a Grace também não me põe no elenco fixo, não existe valor de cachê, falei sabe o que? Eu vou fazer a minha noite, na minha aldeia que é Curitiba, era a minha cidade e aí pintou uma casa que estava interessada no meu show que era o ”Era só o que faltava”, essa casa foi um marco na história de Curitiba, porque eu comecei, ah  e como que eu ia fazer um produto para não fica igual à Terça Insana, falei pô, mas se eu começar a só convidar convidados para fazer personagem vai ser um cover da Terça Insana, aí é que entrou o meu insight de fazer caramba, comédia stand up, ninguém está fazendo, eu vou. Na Terça Insana não existia stand up, era só personagem com tema, eu falei cara, ninguém está fazendo stand up e aí eu falei assim já sei, isso vai  ser a maneira de eu me diferenciar.

Luciano           Fala um pouquinho dessa diferença para nós aqui, tem muita gente ouvindo a gente aqui que não sabe muito bem o que é.

Diogo              Vamos lá. O que que é o stand up, stand up é quando você, tanto a Terça Insana tenho eu dar um valor, a Terça Insana foi uma grande revolução do humor brasileiro porque foi a primeira vez que o humor deixou de ser piada e passou a ser texto autoral, quando eu ia para a Terça Insana eu me cagava de medo porque a Grace falava assim, Diogo, o tema  é contos de fada e eu tinha que ir para  lá com texto escrito por mim, não existia piadoca, já tinham algumas regras, entendeu? Não era piada de internet, não era nada disso, ia lá e fazia o texto, quando eu comecei a fazer stand up era mais o que? A diferença é que o stand up você não precisa estar vestido num personagem, você tem que estar realmente de cara limpa, sendo eu mesmo o Diogo falando aquela história, antes de eu vir para cá, poxa, quem já fez exame de próstata, nossa, esses dias eu precisei fazer … supermercado,  qualquer tema que é do teu dia a dia, não importa, você pode falar sobre qualquer coisa, você pode lembrar coisas do passado, você tem que tocar a plateia, você tem que fazer a plateia se identificar com você, o desafio do stand up é fazer a plateia pensar assim: nossa, é verdade…

Luciano           Podia ser eu ali, estou identificado, é comigo.

Diogo              …  eu já  passei por isso, é mesmo, caramba isso acontece comigo, o stand up é isso, é você falar, é mesmo, eu passo por isso  todo dia mas eu não… é você tentar tocar a plateia na surpresa, qual  que é a piada boa para mim? A piada boa é aquela que você fala, pô, como é que eu não tive essa ideia?  Caramba…

Luciano           É tão óbvio que…

Diogo              … por que que eu não tive essa ideia? O cara pensou melhor do que eu, isso  é uma piada boa, eu identifico uma piada boa do meu colega quando eu falo caramba, eu não tive essa sacada, o cara foi… e é isso que me diferenciou da Terça Insana, apesar de  ter uma coincidência aí, porque aqui a Grace até ficou um pouco chateada comigo na época que foi o seguinte: o bar não tinha nenhuma noite… todos os dias da casa já estavam fechados, só tinha quarta e a terça, só  tinha quarta e a terça. Na cabeça do dono ele estava fazendo um baita negócio, porque eram duas noites mortas, só que eu sei que quarta feira é um dia de futebol e que a galera se compete com futebol, no Brasil é difícil competir com futebol e eu tinha essa informação, que a terça feira funcionava em São Paulo e ele não, então quando ele me dá dois dias mortos, aí eu falei vamos fazer o seguinte? Eu topo a terça, mas eu quero a bilheteria para mim, o cara ficou resmungando ah essa noite está uma merda mesmo, tá, fica com a bilheteria, eu vou ganhar no consumo, foi a pior cagada que esse cara fez na vida dele, porque eu fiquei com a bilheteria duma casa lotada durante oito anos, toda terça feira.

Luciano           É um case do humor brasileiro a tua história em Curitiba.

Diogo              Toda terça feira, sabe que horas… o show era as 10 da noite, sabe que  hora as pessoas iam para pegar mesa? As 5:30, 6 da tarde ia alguém para sentar na mesa, para ficar segurando a mesa e eu sempre trabalhei com essa coisa da colaboratividade, eu sempre chamava os amigos e aí eu comecei a chamar os meus amigos da Terça Insana também para ir para Curitiba, formou-se um intercâmbio tão legal que eu falei, isso precisa  ir para um patamar maior, aí eu cheguei para o festival de teatro de Curitiba e falei, por que não criamos um núcleo de humor no festival de Curitiba? E aí criou-se o Risorama que hoje eu tenho muito orgulho, é um festival que é muito o rock’n roll da comédia…

Luciano           Fala uma coisa…

Diogo              … só para você saber, hoje o Risorama são doze seções ao todo, seis seções por noite, desculpa, seis seções, seis dias, todos os dias com seção extra com uma média de público de mil pessoas, a gente consegue levar para o Risorama uma média de uns quarenta comediantes por ano.

Luciano           E fala uma coisa para mim, quando é que pintou na tua cabeça e ficou claro para você que aquilo era um jeito de ganhar a vida? Que fazendo o que você estava fazendo ali, estou aqui fazendo… aquilo, as brincadeira que eu fazia, a bagunça toda, de repente virou um jeito de ganhar a vida tão viável que eu vou largar a produtora, vou largar tudo e vou me dedicar e vou ser um comediante. Quando foi?

Diogo              Eu estava cozinhando dois frangos na mesma panela saca? E chegou o momento que eu não estava mais sabendo o que que a produtora estava produzindo. Às vezes eu chegava lá e falava o que você está fazendo, ah um trabalho para o shopping tal, ah estou sonorizando aqui, o salário dos meus técnicos começou a ficar muito caro,  eles estavam querendo ganhar mais…

Luciano           Aí que você tomou aquela enquadrada do teu sócio? Foi aí que você tomou a enquadrada? Você quer ser palhaço…

Diogo              Não, eu já tinha… a enquadrada é o seguinte, eu já tinha comprado a produtora dele, mas eu tinha funcionários caros, eu tinha um atendimento caro, eu tinha sound dedsigner, o meu técnico e músico caro, os freelas caros, eu falei caramba, eu estou com uma folha de pagamento gigantesca e aquilo o meu lucro era pequeno, aqui no  humor eu não tenho ninguém, eu só tenho a minha empresária, eu, o meu técnico contra regra e o meu lucro é muito maior, mas eu ainda acho, hoje eu com 47 anos, eu me sinto numa situação que eu acho que eu tenho que ter um outro negócio que não é o que eu falo, eu sinto essa necessidade, por causa de crise me mercado, eu sinto muito isso, mas foi a melhor opção eu eu fiz na época, entendeu? Porque eu acho que uma das coisas que aconteceu, o ponto de virada na minha vida foi quando eu apareci no Fustão, no programa do Faustão.

Luciano           Isso que eu ia te perguntar, mas antes disso eu ia perguntar uma coisa para você, o teu pai era vivo nessa época?

Diogo              Não, meu pai nessa época do Faustão já não.

Luciano           Não, mas na época de você estava lá com o  stand up, ele foi ver?

Diogo              Ele chegou a ver de cadeirinha de roda tal, ele chegou a ver, ele chegou a ver qual era o meu barato.

Luciano           E aí?

Diogo              Ele chegou a ver uma casa cheia, ele chegou a ver pessoas lotando assim para ver meu show, ele chegou a ver isso.

Luciano           E aí, como é que o desembargador processou isso?

Diogo              Meu pai foi um cara muito rígido, muito duro, muito estudioso que viveu a vida inteira para o trabalho, muito honesto, aquele que não conseguiu cartório para nenhum filho, todos os outros desembargadores tinham filho com cartório, ele era aquele cara muito honesto, muito rígido, muito duro, mas que quando ele se aposentou, ele teve um derrame, então quando ele ia curtir a vida dele,  a vida meio que foi meio dura com ele também…

Luciano           Quando ele foi te ver ele já estava…

Diogo              … já estava, então ele teve duas pessoas, teve aquele que daí virou o pai que ficou lúcido, a vida inteira, mesmo com o derrame  e tal…

Luciano           Como é que foi para você, entrar no palco e ver o veinho na cadeirinha sentado ali para te assistir? Como é que foi?

Diogo              Você sabe que ele.. o dia que ele morreu, eu  tinha show no outro dia sabe e eu, é aquela coisa, quando você domina teu ofício você não vai deixar de fazer as tuas coisas, mas eu… eu fico feliz por saber que ele entendeu qual era o meu barato, entendeu? Mais no finalzinho da vida, mas ele entendeu…

Luciano           Como é que foi para você isso?

Diogo              …  a vida inteira… eu acho que quem sabe ele tenha os meus… tipo assim, muita gente que julgava assim a minha forma de ser, tipo… ele queria que eu tivesse feito direito, queria, até faço uma piada no meu show que eu falo assim, só tem advogado na família, eu falo pô, eu virei humorista, eu fui adotado? Falaram foi, mas te devolveram.

Luciano           Vem cá, você fugiu da história, vou repetir a pergunta, como é que foi entrar num palco e ver o seu pai sentado na cadeirinha te assistindo ali?

Diogo              Foi bacana…

Luciano           Qual foi a sensação a hora que você entrou em cena?

Diogo              Foi legal, eu acho que tipo assim, não vou dizer assim, ah foi a emoção da minha vida, não, eu acho  que ele já tinha, já estava vendo qual que era, ele não viveu para ver o sucesso, tipo o sucesso nacional assim, sabe, o que eu acho que eu cheguei a ser, na época que estourou no Youtube, um cara falou para mim, você viu quantos acessos tem no Youtube? E eu falei que que é Youtube? E aí que eu soube como é que estava, aí foi uma grande virada na minha vida. Meu pai, ele não viveu essa parte, ele viveu o comecinho, quando as coisas estavam começando, aí para o lado… mas foi legal, foi muito satisfatório. Uma vez teve uma coisa muito legal que eu acho que isso até foi mais importante do que ele ter ido ver eu na casa… Uma vez teve um evento do Rotary Club que eles me contrataram mesmo, eu fui contratado e o meu pai, meu avô, meu pai era todos desse Rotary Club,  então eu acho que eu fiz umas piadas, eu trabalhei o texto, eu fiz uns textos sobre o Rotary, sobre Lyons Club, eu acho que ali ele sentiu que eu fui muito aplaudido, ali eu acho que eu toquei ele, até mais do que na casa, porque na casa não era só eu, tinham comediantes e tal, mas ele chegou a ver a casa cheia e chegou a ver que eu estava encaminhado assim no que eu queria.

Luciano           Vamos para o Faustão? Como é que pinta Faustão?

Diogo              Então, o Faustão foi o seguinte, teve duas entrevistas que foram muito importantes para mim, Jô Soares e Faustão, a gente estava fazendo o Clube da Comédia em São Paulo, a gente se juntou… em Curitiba eu já estava virado, a comédia, aliás até acho que às vezes eu tenho um pouco dessa coisa no meu currículo, eu importei um pouco a coisa do stand up de Curitiba para São Paulo e eu via que… eu falei tudo bem, aqui em Curitiba só cabeça de bagre mas às vezes é preciso ser rabo de baleia e ai tá, aí eu comecei na época do Orkut, me comunicar com a Marcela  Leal, comecei a levar os comediantes para lá e tal e eu soube que estava rolando um movimento só de stand up, uma noite só de stand up, onde a meia noite misturava personagens, stand up, era uma salada, uma noite só de stand up estava sendo criada aqui que o Mc era o Mansfield, Marcelo Mansfield e aí estavam… falei quem é o elenco? A Marcela  falou olha, o elenco é o Márcio Ribeiro, que fazia o X Tudo que é um grande amigo que a gente perdeu acho que há cerca de três anos, o Oscar Filho, Rafinha Bastos e só, e a Marcela Leal e eles falaram pô, você não quer participar tal? Daí eu fui participar uma vez com eles, eles estavam começando o grupo, participei, a Marcela foi muito querida comigo, falou pô, você não quer entrar para o elenco fixo? Aí eu acho que eu já tinha mais bagagem, a Terça Insana não me quis no elenco fixo mas o Clube da Comédia já me quis aí foi uma conquista.

Luciano           E ali você foi visto e te chamaram…

Diogo              Exato, só que o seguinte, apesar de eu ter público em Curitiba, em São Paulo a gente não tinha, a gente ia fazer no Beverly Hills aqui, tinha trinta pessoas, vinte pessoas na plateia, às vezes tinha mais gente para apresentar do que para ver, era uma luta sabe, eu vinha todo final de semana de Curitiba para investir aqui e tal, aí…

Luciano           E você não… isso não te brochou?

Diogo              … brochava mais os meus colegas do que eu, às vezes eu ficava tipo assim eu via o Rafinha bravo, pô, não tem ninguém, eu falava pô Rafinha, mas eu vim de Curitiba saca? Às vezes eu discutia, eu sempre fui assim entusiasta, entendeu? Esse é o meu erro, eu sou entusiasta demais.

Luciano           Não é erro não, é um cara assim é importante, o que você não pode é tirar o pé do chão, sair com a cabeça na nuvem.

Diogo              É que eu não gosto de desistir, a gente gosta de desafio, tudo bem,  daí a gente mudou de bar, que eu acho que foi uma sacada boa,  no Beverly Hills não estava rolando, aí nós mudamos para uma casa chamada Mr. Blues e ali teve uma materiazinha na Bravo, aquela revista, começou a ir um público, mas ainda era um público pequeno sabe e a gente tinha uma coisa que tinha que mudar o teto todo mês.

Luciano           Que ano era isso?

Diogo              Caramba, será que era 2006?

Luciano           Dez anos atrás, há dez anos.

Diogo              Quem sabe dez anos atrás, aí o que que aconteceu? O marido da Marcela Leal era o Rodrigo Lombardi, que hoje é esse galã da globo, que na época era um ator anônimo, amigão, gente boa, talentosíssimo, mas que ainda não era famoso e era marido da Marcela Leal, estava também decolando ele, entrou para uma peça do Jô Soares, que era “Ricardo III” não sei o que lá e o Rodrigo Lombardi, ele estava sempre com a gente, ele ia muito no show, Rodrigo Lombardi levou o Jô Soares para assistir a gente…

Luciano           Para ver vocês? Puta…

Diogo              … com quarenta pessoas assistindo e o Jô Soares…

Luciano           E o Jô na plateia.

Diogo              … e o Jô na plateia.

Luciano           E ai cara?

Diogo              E aí, puta, foi o meu dia…

Luciano           Mas como é que é entrar no palco e ver sentado ali um dos ícones da comédia?

Diogo              Ao mesmo tempo que você está cagado de medo, você sabe que é uma oportunidade de você mostrar teu trabalho.

Luciano           É a tua hora. Você sabia que ele ia?

Diogo              Não sabia.

Luciano           Ninguém sabia que ele ia lá.

Diogo              Ninguém sabia, tipo assim, ficamos sabendo em cima da hora assim saca? E o Rodrigo Lombardi, eu devo ao Rodrigo, muito obrigado, devo isso a você que levou o Jô que me assistiu, que me chamou para entrevista, fui o escolhido do elenco também, tinham grandes nomes, tinha Oscar Filho, tinha o Rafinha Bastos, tinha Márcio Ribeiro, tinha Marcela Leal e o Mansfield, eu fui o escolhido ali para participar da entrevista…

Luciano           Eu me lembro daquele, eu vi você lá, você foi muito bem na entrevista, foi muito legal.

Diogo              … e a gente tinha acabado de gravar um áudio-livro, tipo em Curitiba, você vê como eu era colaborativo, eu levava o Clube da Comédia para Curitiba porque lá eu tinha uma editora interessada, que era “Nossa Cultura”,  que queria gravar a gente, só que pô, roubaram a estrutura foi toda… levei todo mundo para Curitiba, foi mais fácil do que gravar em São Paulo na época, porque em Curitiba é aquela coisa, em Curitiba eu já tinha um nome, na minha cidade e eu falo isso para qualquer comediante que queira começar a carreira hoje, os caras querem ah, eu sou de Sorocaba, como é que eu faço para bombar? Eu falo velho, bomba aí em Sorocaba, faça a galera de Sorocaba gostar do teu show e aí cada vez que você for para qualquer lugar você vai ter toda a torcida de Sorocaba a teu favor, acho que isso que aconteceu comigo…

Luciano           E vai ter aquela coisa que o pessoal me pergunta assim, olha, eu quero ser palestrante, como é que eu faço para ser palestrante? A minha receita é a seguinte: palestre, quando você tiver na escola, você tem que ser o orador da turma, você tem que ler na igreja a hora de ler lá a parte do texto, você tem que ler, se tiver uma entrega de prêmio no clube, você vai se oferecer para ser o cara que vai entregar no clube, vai ter o aniversário do teu amigo, você vai levantar e você que vai fazer o discurso de aniversário do teu amigo, não tem outro jeito, a não ser você se atirar e fazer e vai errar pra cacete, vai mal, vai bem, mas é aquilo que vai te dando a escola que você vai começando a sentir o ambiente, vai começando a ter a pegada e dali para a frente é uma questão de se adaptar com textos, mas aí, você foi muito…

Diogo              … então aí só para chegar na tua pergunta, só para não fugir dela que você já viu que eu fujo das perguntas, então assim, ali teve a entrevista do Jô e foi muito bem…

Luciano           … foi junto… o Faustão foi antes ou depois?

Diogo              … foi muito perto um do outro, foi assim como se um tivesse resultado no outro, quando rolou a entrevista do Jô, que eu fui bem, me chamaram para fazer um programa chamado Pistolão do Faustão, onde muita gente inclusive, gente que eu indiquei, “quem que você conhece famoso?”, eu indiquei vários nomes, ninguém aceitou ser meu pistolão. Aí para a minha surpresa, quem foi meu pistolão foi Oscar Shmidt que eu conheci ele sabe por quê? Porque eu era guia da Disney, que louco né cara, porque eu era guia da Disney e o Cadu, que era o jogador de basquete também tinha um grupo e às vezes a gente se encontrava em Orlando, mas uma vez o Rolando, que era jogador de basquete, levou o Oscar Shimidt no “Era Só o que Faltava” e ele viu o show, ele foi meu pistolão, me chamou… aceitou ser meu pistolão, porque lá eles organizavam…

Luciano           Quer dizer, tinha que ter um cara famoso para apresentar…

Diogo              …tinha que ter um cara famoso que soubesse quem eu era e ele topou e  foi o melhor coatch que eu tive, sabe por quê? Porque eu estava super nervoso nesse dia no Faustão e o que eu fiz? No Faustão eu falei, não posso fazer a mesma coisa que eu fiz no Jô Soares, o público do Faustão é mais popular, aí eu fiz o Elvyslei, que é o meu personagem e nunca esqueço disso, do Oscar Shimdt assim, eu conversando com os concorrentes, com um monte de gente que estava lá e ele me chamou num canto e falou, ó, a gente veio aqui para ganhar, assim sabe, bem determinado,  ele é um cara assim…

Luciano           Basquete, bem…

Diogo              … dando bronca, você para de falar ai, você não está concentrado, se concentra aí nas tuas piadas, vai ali para o cantinho ali agora, vê o que você vai falar aí, nós viemos aqui para ganhar, ele me botou um medo, nós viemos aqui para ganhar, porra, falei caramba, não é à  toa que o cara é um campeão…

Luciano           Mas tem gente que é assim, olha eu joguei bola…

Diogo              … para de se distrair ai com esses caras, esses caras não vão te dar nada…

Luciano           …  eu joguei bola um bom tempo nas quadras de futebol society do Ado, o Ado foi o segundo goleiro da copa de 70, era o Félix, o Ado e o Leão, e o Ado foi o segundo, era o goleiro do Corinthians, depois, ele era velhão, ele botou umas quadras de futebol ali em Alphaville e já devia ter sessenta, cinquenta, sessetna anos, já estava velhão e eu ia jogar na quadra com ele e um belo dia ele veio jogar no time da gente, entrou, ah vamos jogar, e o Ado entrou para jogar bola com a gente na linha. O sujeito entrou em campo, ele ficou ensandecido e parecia que era final de copa do mundo, a gente jogando bola na boa, os gordinhos tudo lá na boa e o Ado dando esporro em um e outro, eu olhei aqui e falei por isso que esses caras viram campeão do mundo, entendeu? Porque o cara entrou em campo e falou eu vim ganhar essa merda aqui, e ele putz, se errava a bola ele vinha, dava um esporro eu falei, o que é isso? Era o cara assumindo a persona dele, a mesma persona do Oscar, esse cara entrava em campo ele não ia admitir, vem com corpo mole não que você vai ver o que vai acontecer com você.

Diogo              Isso é os provocadores fazendo a gente ser melhor do que a gente é…

Luciano           Por isso que eu não vejo futebol mais, ligo para ver futebol, esse bando de frescalhado lá, não tem um para chegar lá, ah errou o passe de 3 metros, legal, no próximo passe você vai ver o que acontece, naquele época era assim e o Oscar tinha esse perfil ai.

Diogo              … eu devo muito a ele, quando ele foi… esses dias eu trabalho  com a Gimenez num talk show e ele foi lá esses dias e eu dei um presente para ele, eu falei cara, devo muito a você, ele foi muito querido.

Luciano           Você foi bem no Faustão?

Diogo              Fui bem no Faustão, ganhei o Pistolão do Faustão, aquela contagem de pontos que a plateia… e aí e ganhei e ali viralizou muito no Youtube, então o Elvyslei ajudou o movimento de stand up, porque aí onde que eu estava em cartaz? Eu estava em cartaz com o stand up com o Clube da Comédia, a gente começou a fazer duas seções e começou a bombar e ali também foi o meu momento sabe, começou a ter proposta do Brasil inteiro para eu viajar com o show e ali foi o momento que eu acho que eu falei não, agora preciso… me dei um tempinho só para eu passar a sacolinha aqui, que foi muito legal, eu fiz turnês pelo Brasil inteiro, conheci o Brasil inteiro fazendo show, foi um momento onde também eu aproveitei bem esse momento, aproveitei bem, vamos dizer, financeiramente, que às vezes eu vejo comediantes que não aproveitam os momentos deles.

Luciano           Historicamente é assim, você vê um monte de cara…

Diogo              O cara estoura na mídia, ah vai fazer show? Não, não é minha praia, não, não tenho show montado, pô vai cara, é teu momento, isso não vai ser para sempre, entendeu?

Luciano           Diogo, quanto disso…

Diogo              Eu me considero um guerrilheiro de trincheira, porque eu, apesar dos anos de carreira, eu consigo manter um bom público no teatro, eu viajo, mas eu faço para isso acontecer também, entendeu?

Luciano           Você falou, criar barriga, como é que é?

Diogo              É… se eu não me reinventar velho…

Luciano           Quanto disso ai?

Diogo              No momento quem está lotando teatro são youtubers…

Luciano           Quanto disso que você está me contando, do Rodrigo, de o pessoal te chamar, quanto disso é sorte e quanto disso é hardwork papai como diz nosso amigo Murilo Gun, quanto disso é sorte?

Diogo              Cara é…

Luciano           Você já  parou para pensar nisso? Se eu sou um cara sortudo ou eu sou um cara que trabalha pra cacete, como é que você define isso?

Diogo              Não, eu não acho que eu sou um cara sortudo não, eu sou muito pouco convidado para coisas, eu acho que é mais hardwork papai, misturado com uma aceitação, uma palavra que o americano chama de likeability, eu acho que em algumas coisas eu tenho essa likeability envolvida, que me ajuda nas minhas coisas mas eu esse ano, por exemplo, o Risorama foi muito difícil de conseguir patrocínio e eu estou batalhando ainda, inclusive, entendeu? Então a crise afeta todos os mercados, não dá, é meio que … tem a teoria que jacaré parado vira bolsa, então eu…

Luciano           Você está morando em São Paulo agora?

Diogo              … eu sou meio inquieto sabe…

Luciano           Você vive em São Paulo hoje, a tua base é aqui?

Diogo              … hoje  eu… hoje eu moro em São Paulo, São Paulo foi uma coisa inevitável assim, é muito importante para mim hoje…

Luciano           E você tem um show que está viajando por ai?

Diogo              … sabe por quê? Porque quando você está em São Paulo você se torna mais barato para os teus produtores, você tem um avião a menos para eles pagarem para você, entendeu? Você está mais… se eu morasse em Brasília sabe, não tanto, tem os colegas do Os Melhores do Mundo que moram em Brasília, para eles não muda muito…

Luciano           Você não sabe, você tem que estar no ruby, você tem que estar no Rio, em São Paulo ou em Brasília.

Diogo              Curitiba, além de ter, tem uma coisa muito ruim que é o aeroporto está muito fechado às vezes, não é o povo que é fechado, é o aeroporto que é fechado, daí isso atrapalhava, às vezes perdia voo, não conseguia chegar, entendeu?

Luciano           Você está com um show, você tem um show que você faz ele rotineiramente…

Diogo              Isso, tem alguns shows, tem o de personagem, de stand up já é o meu segundo show, chama “Partiu Portugal”, tem muitos produtos no Youtube, na web, muitos produtos assim, piadas lixo, hei, how to go, que são esquetes…

Luciano           Isso não te dá dinheiro?

Diogo              Isso não me dá dinheiro mas me dá vitalidade, entendeu?

Luciano           Sim, bota você na…

Diogo              Por exemplo, “A Fritada”, que  é baseada do host, foi um dos maiores ibopes do Multishow, um programa onde eu apresentava mas é colaborativo, sou eu com vários comediantes talentosos fritando uma personalidade sabe, então foi muito bacana “A Fritada”, começou na internet, isso é outra coisa que eu faço,  para mim a internet é uma prateleira de supermercado onde às vezes algum produto é escolhido pela mídia. “A Fritada” era um produto de internet, aí uma produtora da Espanha, GLM, se interessou, mostrou para o Multishow, o Multishow aceitou, virou programa de TV, muita coisa que eu estou pondo, estou pondo uma série agora que está muito legal, que eu estou muito orgulhoso dela, chama “Portugal descobrindo o Brasil”, eu descobri que eu criava muito texto nas cidades que eu ia, eu falei caramba, preciso transformar isso numa série e já tem dez capitais gravadas, então vou para o Recife, é eu falando do Recife, dai tem o stand up, falando para as pessoas e mostrando, é tudo politicamente correto porque mostra todas as coisas do Recife, mas com um ângulo de visão de humor, então está muito legal essa série, eu pretendo fazer todas as capitais e depois pretendo fazer várias cidades, não tem fim essa série, é “Portugal descobrindo o Brasil”, eu posso ir para festa da uva de Caxias do Sul.

Luciano           E aí o stand up virou febre, de repente entrou na moda e pintou, virou uma loucura, virou febre e tem algumas coisas ai que eu me questiono um pouco embora eu nunca mergulhei profundamente nisso, porque eu sou de uma época… eu sou um pouco mais velho que você, só treze anos mais velho que você, então eu sou de uma geração…

Diogo              Mas não parece, está bem na fita…

Luciano           … e  eu sou de uma época em que você tinha caras com… o Zé Vasconcelos viajando o Brasil afora e ouvir o Zé Vasconcelos ou assistir aquilo é… não dá para entender aquilo, porque o cara ficava uma hora e meia no palco, não falava um palavrão, não tinha apelação nenhuma, contava história longuíssimas e não era aquela coisa do… não, umas histórias compridas e arrebatava o Brasil, então você tinha lá o… você tinha o Zé Vasconcelos, você tinha o Ronald Golias, tinha uma turminha ali da pesada, que eram caras que de certa maneira faziam já um stand up embora não fosse o stand up de hoje, não é o que é hoje, hoje o stand up é uma metralhadora, você sobe no palco ali é uma bateria, quando termina você, não consegui nem respirar de tanta coisa diferente de ver ali. Esse caras eram mais historytellers, contavam uma puta história…

Diogo              É e demorava mais para virar piada…

Luciano           … e construíam coisa fantásticas, depois teve, entre eles e vocês, pintou gente como Ary Toledo, que era diferente, o Ary Toledo já era sucessão de piadas com palavrão, Costinha sucessão de piadas com palavrão, até desembocar lá na frente em caras tipo, eu vou esquecer o nome dele agora, como é que é o nome dele?

Diogo              Sérgio Rabelo?

Luciano           Sérgio Rabelo.

Diogo              Participou do Risorama.

Luciano           Até desembocar lá na frente num Sérgio Rabelo que aí passa a ser um negócio diferente, você olha para aquilo e fala espera um pouquinho, esse cara não está na televisão, esse cara não está na mídia, eu não… se ele passar na rua, se bobear ele não é reconhecido e é um cara…

Diogo              O histórico do Rabelo era publicidade também.

Luciano           … e é um cara que faz uma puta sucesso… tem uma história incrível, como um stand uper que ele mistura o historytelling com as piadas rápidas, e o cara está aí até hoje e não é uma personalidade de mídia, e dali vem a molecada, passou mais um tempo começa a aparecer os netos do Mansfield, aquela turma que vem lá na frente.

Diogo              Hoje realmente tem muito standuper, tem alguns que tem que começar a matar inclusive.

Luciano           Você consegue, eu imagino que você deve ter visto essa turma toda, você de certa forma acompanhou, você consegue ver o humor de hoje diferente do humor daquela época, você consegue entender que o humor de hoje talvez seja mais apelativo do que ele era porque a plateia exige que seja assim, talvez a plateia seja mais educada, não tem mais saco para storytelling, eu quero rapidez…

Diogo              Eu acho que o, esses nomes como Danilo Gentili que vieram até depois de mim, o Rafiniha Bastos que foi um cara que mudou bastante a  história da comédia stand up assim pela ousadia dele, as coisas assim, mudaram muito e fizeram muitos seguidores e fieis, agora, esses seguidores e fieis tem muita coisa boa surgindo  tem muitos caras que vão no atalho, o que é o atalho? É o cara achar que se ele falar palavrão, se ele falar umas merdas, fizer umas dancinhas, umas coisas assim, ele consegue o riso, consegue o riso fácil, mas se tivesse lendo um livro desse cara não ia rir, você está entendendo?

Luciano           Entendi. Sabe, eu conversei muito com o Murilo…

Diogo              … a construção da piada não tem como fugir, ela é hardwork papai, a construção da piada

Luciano           … eu conversei muito com o Murilo e o Murilo falava, ele falou, inclusive falou aqui, eu entrevistei ele aqui, e ele falou o seguinte, como é pesada essa cruz de entrar num palco tendo obrigação de fazer a turma rir, ele falou, é jogo duro porque a gente entra com uma puta de uma cruz, quer dizer, eu tenho que fazer esse povo rir e se o povo não rir, como é que faz? E aí ele falou, é um negócio tão pesado que eu estou encontrando outras maneiras de satisfação, por exemplo, eu estou caminhando para a palestra, ele está mudando o esquema dele lá, ele falou e aí o que eu tenho? Eu tenho que entrar para dar insight para as pessoas, ninguém precisa rir de mim, se a pessoa sair de lá com um insight capaz de mudar a vida dela, é até mais importante para ela do que ter rido das piadas, mas eu me livro da cruz.

Diogo              Ele fala que a sensação é diferente.

Luciano           Mas eu senti nele aquela história…

Diogo              A sensação é diferente, se alguém pegar falar pô a tua piada é muito engraçada, pô você além de ser engraçado você mudou minha vida tal.

Luciano           Mas e essa cruz, e esse peso nas tuas costas, quer dizer, você chegou lá, fez a piada e não rolou…

Diogo              Isso acontece, não é que aconteceu, acontece, às vezes a plateia é boa, às vezes a plateia é ruim, eu estou sujeito a isso cada vez que eu entro no palco. Esses dias eu fiquei um tempão, teve férias e quando eu voltei a trabalhar eu estava enferrujado, eu entrei no palco, eu falei caramba, eu estou sem pegada nenhuma, eu preciso retomar essa plateia, o que tá acontecendo, e aí eu fui me encontrando e essas horas é que… aí que eu acho que a experiência vem com você, que aí você fala assim, quanto mais eu forçar a barra, menos eles vão me aceitar,  eu vou tentar deixar mais orgânico assim, ficar mais á vontade com eles e aí fui retomando o ritmo do show e a partir da metade do show para a frente foi perfeito assim, mas no começo eu estava sem saber se a plateia que estava dura comigo ou eu que estava duro com a plateia, tem isso também…

Luciano           Diogo a graça…

Diogo              … não pode botar no piloto automático.

Luciano           … a graça, você nasce com ela ou você consegue fazê-la…

Diogo              Eu acho que é os dois, eu acho que é os dois, eu vejo comediante que tem uma graça muito nata assim, tem um carisma gigantesco que não precisa fazer muito esforço para a plateia rir…

Lluciano          Para mim esse cara é o Ronald Golias, é uma coisa impressionante.

Diogo              O Marco Luque é um cara que tem uma citação de palco assim, ele entra, ele faz uma brincadeira, a galera gosta, eu vejo que ele é como se ele precisasse fazer menos esforço para agradar, entendeu? Enquanto eu não acho que eu tenho essa graça, eu sou um cara meio tímido, eu tinha dificuldade para apresentar um trabalho da faculdade sabe, de repente eu me vejo numa situação de comédia, de palco, eu tenho que provar porque que eu vim meio rápido assim e tal, porque se não a galera já me saca e não compra.

Luciano           Quanto disso é estudo?

Diogo              Teve bastante estudo depois de uma certa época Quando eu fazia personagem eu não fiz estudo nenhum, era tudo muito orgânico assim, aí na hora do stand up eu li os livros da June Carter, como é que se podia fazer analogias, mas eu não sou um estudioso, eu não sou Murilo Gun, Murilo Gun foi um cara que, porra, começa stand up, acho que eu vou fazer isso, foi lá, estudou, entrou no  mercado e arrebentou, tipo porra, o cara tem um talento para estudar e fazer certo que eu admiro e tem piadas dele geniais, entendeu? Eu jamais ia conseguir fazer isso, as minhas coisas eram mais assim, as minhas piadas são mais de coisas que realmente eu vivi aquilo, não estudei aquilo, não sei, o Murilo é um cara que eu acho ele muito, parece que ele é de outro planeta às vezes, quando eu converso com ele parece que ele está muito à frente assim, eu adoro conversar com ele e ao mesmo tempo é um maluco, é muito legal. Agora, o Léo Lins, vamos dar outro exemplo, vamos sair do Murilo e vamos para o Léo Lins, o Léo Lins é o comediante que começou na minha noite em Curitiba, muito antes de Danilo Gentili essas coisas, ele morava em Curitiba, era o carioca que morava em Curitiba…

Luciano           Essa é o cara que eu acho que é engraçado de nascença.

Diogo              Não.

Luciano           Como não, então ele me enganou direitinho?

Diogo              Ele é bom, ele é bom, ele é estudioso, ele sabe, o Léo Lins é o maior exemplo do cara que trabalha bem a comédia, ele não é comediante… eu vi o Léo Lins não funcionar no palco, ele era mágico.

Luciano           O Léo Lins é o moreno de cabelo enroladinho ou é o loirinho?

Diogo              Não, não, esse, então tá, desculpa.

Luciano           Quem é o moreno?

Diogo              Você está confundindo.

Luciano           Confundi os dois

Diogo              Você fez certo, você falou certo, o Murilo Couto é engraçado de nascença.

Luciano           Eles estão sempre juntos os dois, o Léo Lins é o clarinho, está certo.

Diogo              O Léo Lins é o outro

Luciano           O clarinho, é o clarinho.

Diogo              É o clarinho que é um cara até meio bombadinho, meio professor de educação física mas que quando está na mesa ali é o que faz as melhores piadas, é o cara que escreve bem porque ele estuda, porque ele pesquisa, ele  é um CDF da comédia stand up, ele já teve dois livros didáticos de stand up, ele é um CDF, ele é o contrário de mim, eu sou, eu continuo sendo aquele vagabundo do fundão da sala que algumas coisas entram, outras não. O Léo Lins não, o Léo Lins ele é matemático na piada, ele vai lá, ele estuda, ele faz a construção, ele acha onde é que tá o pant, eu não sou assim, é que não é meu jeito de ser, por isso que eu já vim fazer personagem, minha peça de personagem tem uma ex prostituta, tem sabe, tem umas coisas meio que é tipo assim, mais das loucuras da minha cabeça assim, que do estudo, vou estudar, vou fazer isso assim, eu anoto as coisas para não esquecer, mas é muito raro uma piada minha ser fruto de pesquisa, o Léo Lins já não, ele mesmo no show dele ele fala…

Luciano           Você tem que ter o olhar treinado…

Diogo              … pô eu estava pesquisando sobre isso eu vi que, daí ele pega e dá uma informação que você não tinha e  a  partir daquela informação vem o texto.

Luciano           E você tem um olhar treinado, porque você está buscando a graça nas coisas que acontecem em volta de você o tempo todo.

Diogo              É muito raro eu falar de uma coisa que a plateia não sabe e não viveu ainda sabe, tipo é isso que eu digo assim, mas eu não, veja bem, eu não estou dizendo isso é melhor ou isso é pior, só cada um tem um jeito de trabalhar que, e eu admiro esses caras estudiosos porque justamente porque eles fazem uma coisa que eu não sei fazer sabe.

Luciano           Diogo, 47 anos hoje. Você vai continuar fazendo graça até quando? Até quando, como é que é essa tua perspectiva do fazer graça e de ser um comediante? Eu me lembro, te pergunto o seguinte, que tem coisas que a gente fala, eu vi o Arrelia ao vivo diante de mim, eu vi o Arrelia e eu cresci como criança pô, Arrelia na televisão, aquilo era uma loucura e eu fui ver o Arrelia eu já tinha sei lá, dezesseis, dezessere anos, e eu ali em volta dele, ele estava de palhaço, fazendo apresentação para nós no clube e eu tomei um choque tremendo, porque debaixo da maquiagem você via as rugas do velhinho de oitenta anos e quando eu cheguei perto dele que eu aquele monte… era um velhinho pintado de palhaço e eu tomei um choque gigantesco, para mim não era aquilo, era uma outra coisa e eu olhei aquilo e falei…

Diogo              É que nem ver o Mick Jagger ao vivo hoje…

Luciano           Se o Mick Jagger, ele dá um pau em nós dois e sai dando uma risada. Mas eu tomei um choque tremendo, e aquilo eu olhei e falei, o Arrelia ficou velho, mas ele continuava sendo uma figura porque ele estava apelando para o… minha vida, eu via, eu cresci com aquilo, como é que é?

Diogo              Você falar isso, tem um filme que chama “Mr. Saturday Night”, com o Billy Crystal que eu acho muito legal que mostra um pouco desse drama do comediante velhinho, querendo apresentar num asilo pela necessidade de uma plateia, me dê quinze minutos num asilo e eu vou arrebentar, é um momento bem legal do filme, mas eu acho que é isso, também é vantagem da nosso profissão é essa, que a gente não é jogador de futebol, a gente não tem um prazo de validade, de idade, Bill Cosby tinha um show novo depois de velho, entendeu? E isso aconteceu com Milton Burns, com vários comediantes já de idade que tinham material novo porque a tua cabeça é que vai comandar isso…

Luciano           O cara morre quase no palco.

Diogo              … se eu for engraçado, exato, se  eu ainda for engraçado e tal, agora, claro que a gente quer fazer outras coisas, quer participar de outras coisas, eu quero ainda escrever filme, eu quero fazer web série, eu quero caminhar para onde o mundo está caminhando, com novos desafios, novas coisas…

Luciano           Isso é legal, você conhece o Alaor Coutinho e o Beto Hora, Beto e Alaor, duas figuras, super amigos meus os dois, eu entrevistei os dois aqui, na entrevista deles eles comentaram uma coisa que ficou marcada em mim eles dizendo o seguinte: nossa plateia está rejuvenescendo e nós não sabemos para onde a gente vai, porque é o seguinte, eu entro na plateia imitando o Jorge Bolinha Curi e a plateia não sabe mais quem é o cara, ele falou, e eu entro imitando a cantora X, o cantor baba e essa turma já passou, ele falou e agora vou imitar quem? Quem que eu vou imitar?

Diogo              Tem um amigo nosso que imita o Zacarias e ele já não está mais conectando…

Luciano           E aí cara?

Diogo              … tem muita criança que já… muito moleque que já não sabe quem é o Zacarias…

Luciano           E aí você olha em volta fala eu não sei se vai ter outro Zacarias, porque o Zacarias que aparecer aqui vai durar seis meses, pum! e desaparece e os teus ícones vão sumindo.

Diogo              E às vezes a melhor imitação do cara é alguém que já morreu…

Luciano           Pois é e…

Diogo              … é uma pena…

Luciano           … e que vai passar. Como é que se lida com essa coisa da plateia rejuvenescendo?

Diogo              Hoje eu tento… é uma grande incógnita, eu vejo assim, por exemplo assim, quando eu estourei, uma das grandes alavancas do estouro da minha mídia foi um blog chamado “Jacaré Banguela”, que é do Rodrigo Fernandes que é um cara comediante também, que está agora começando a fazer stand up e tal,esses  dias eu vi que o negócio está bravo, essa conexão com a nova geração, essa geração que gosta da Kéfera, que gosta do Winderson, que gosta desses youtubers novos, quando o Jacaré Banguela, que na época que eu estourei ele era…

Luciano           A referência.

Diogo              … a referência da molecada, o blog jacaré Banguela, quando ele fala para mim, Diogo,  eu não estou conseguindo me conectar com essa nova geração que gosta da Kéfera,  que gosta do Cocielo, esses youtubers, essa nova molecada que tá aparecendo, que já não é mais o “Não Salvo” e nem o PC Siqueira, já é outra… e daqui a pouco já vira outro e essa é uma pergunta difícil que você está me fazendo, que realmente não sei, eu faço a minha praia, eu faço o que eu acho que é engraçado, que sabe, quando eu faço stand up falando sobre as coisas que a minha filha fala a galera ri porque vê que tem verdade ali, então…

Luciano           E como é que você está caminhando para essas mídias novas ai, você está saindo do palco do teatro…

Diogo              Eu estou me acostumando com snapchat ultimamente que é uma mídia social que eu acho que você tem que fiar fazendo toda hora e é uma coisa que eu que sou meio distraído esqueço assim, estou começando a me adaptar com ela tal e estou em todas as redes sociais, o Twitter eu nunca abandonei desde o começo, sempre tive presente, às vezes mais, ás vezes menos.

Luciano           Vamos para o encerramento?

Diogo              Vamos para o encerramento.

Luciano           Vamos lá, só uma rapidinha, só uma coisinha eu quero de você, é o seguinte…

Diogo              Tem que saber a hora de parar, por isso que Deus deu para a gente o orgasmo, se não a gente ia morrer…

Luciano           É verdade. Toda vez eu faço a mesma coisa com quem está aqui, você imagina que está te ouvindo aqui um garoto, uma menina de 24 anos, estão dentro do busão, ouvindo essa nossa entrevista, estão indo para o trabalho, para um lugar que eles não gostam muito daquilo, estão com o saco meio na lua, pô o chefe vai me encher o saco, o cacete, e estão preocupados com perspectivas, puta eu quero crescer, quero fazer o que eu gosto, quero fazer o que eu amo etc e tal, vai lá, me dá o recado para essa molecada aí com base nessa atua história de empreendedor, de fazer acontecer, de…

Diogo              Qualquer coisa que eu falar aqui vai parecer meio clichê, mas velho, tipo assim, o que que eu faria se eu tivesse assim, eu acho que eu ia tentar me aproximar da coisa que mais me agrada ou que menos me desagrada e ia dar uma tentada sabe, vou tentar ir por aqui, vamos vero que dá, porque eu acho que a pior frustração é aquela de você não ter tentado, de você olhar para trás e falar puta, podia estar envolvido naquilo, podia ter feito aquilo, não fiz,  porque o não você já tem,  então tenta, faz, insiste, também não desiste fácil,  porque tudo na vida é… os obstáculos eles estão ali, você vai, vai pegar o caminho daqui ou o atalho, em algum momento vai ter obstáculo, vai ter, obstáculo é muito difícil, você nunca está longe, o fracasso ele está sempre do teu lado, o fracasso ele está ali e se você não, tipo assim, não digo o fracasso, mas é como se fosse umas certas direções erradas, às vezes você cai no buraco, às vezes o teu GPS te levou para a boca de fogo entendeu? E você arrisca levar uns tiros ali, melhor sair rápido e ir consertando o avião em pleno voo…

Luciano           E tem outra coisa…

Diogo              … mas acho que o recado é tipo tenta pelo menos, se você está infeliz, posso  contar uma história rapidinho?

Luciano           Mas deve.

Diogo              … o porteiro do meu  prédio falou assim para mim, seu Diogo, eu vejo o senhor saindo com essa malinha, o senhor vai final de semana, volta com a malinha, sai com a malinha, volta com a malinha, o que o senhor faz? Falei ah, eu sou comediante, trabalho com teatro, comédia, então eu faço shows em alguns teatros, em algumas cidades e tal, por isso que final de semana geralmente eu viajo tal. Ele olhou para mim falou ahaaaaaa é melhor que trabalhar? Ele tem toda razão, é bem melhor que trabalhar, então se você tiver oportunidade de achar uma coisa que é bem melhor que trabalhar, vai, eu fui feliz porque eu achei, mas eu não me sinto completamente satisfeito porque eu achei, eu acho que podem vir mais coisas mais legais que trabalhar sabe, quem sabe tem muito mais coisas mais legais que trabalhar ainda pela frente que eu ainda vou buscar, eu acho que é isso.

Luciano           Legal…

Diogo              Vai buscar alguma coisa que é bem melhor que trabalhar, é esse o recado que eu dou.

Luciano           Boa, grande, lembra o seguinte, com 24 anos que você tem, dá tempo de errar.

Diogo              Ainda dá tempo de errar.

Luciano           Dá tempo de errar, com 47, com 60 não dá mais.

Diogo              Mas puta, eu tenho errado pra caramba. Estou fugindo das regras.

Luciano           Que quiser encontrar o Diogo faz o que? Vai no Google e põe Diogo Portugal ou tem um blog, tem um site, o que tem?

Diogo              Tem um site, mas eu acho que hoje em dia o Facebook está bem bacana, a minha página no Facebook é ali onde que eu atualizo todas as coisas, no canal do Youtube também, onde você vê todas as  séries, stand up update, stand up city, Portugal descobrindo o Brasil, piadas lixo, que é um quadro onde a galera manda as piadas eu leio, dou o crédito para a galera, se a piada é boa eu guardo, se  a piada é ruim vai para o lixo, é bem interativo esse quadro, tem também a Fritada, que você pode ver no Now da Net, trabalho com a  Luciana Gimenez, toda terça na Rede TV, no Luciana By Night, estamos ainda abrindo um negócio em Orlando, que é uma casa de show que se Deus quiser vai dar tudo certo, eu não sei, é isso aí, Twitter, tal…

Luciano           Está bom demais, Diogão, obrigado, bem vindo aqui ao LíderCast, obrigado pelo tempo…

Diogo              E agora o Murilo Gun me provocou, está sendo meu mentor ele, que ele aprendeu tanto com vocês e hoje ele me provocou a fazer uma palestra que na verdade não é uma palestra, que eu não me considero palestrante, mas eu fiz um sotrytelling na campus Party que ficou bem bacana que chama Empreendendo o Riso, que é mais ou menos eu contando um papo parecido assim com as mensagens que eu aprendi assim e estou aprendendo, porque estou tomando vários fumos ai em vários negócios.

Luciano           Mas é isso aí, um abraço.

Diogo              Ta bom querido, prazer estar contigo.

Transcrição: Mari Camargo