O livro que eu queria ter escrito
Luiz Alberto Machado - Iscas Econômicas -A Editora Globo lançou recentemente uma coleção que vem obtendo grande êxito em termos editoriais. Afinal, tendo por base a relação dos livros mais vendidos do último número da revista Veja (19.06.13), encontram-se entre eles os três livros da coleção, O livro da economia, O livro da psicologia e O livro da filosofia.
“O objetivo de estudar a economia é […] aprender
a não ser enganado pelos economistas.”
Joan Robinson
A Editora Globo lançou recentemente uma coleção que vem obtendo grande êxito em termos editoriais. Afinal, tendo por base a relação dos livros mais vendidos do último número da revista Veja (19.06.13), encontram-se entre eles os três livros da coleção, O livro da economia, O livro da psicologia e O livro da filosofia.
Não sei se os livros referentes à psicologia e à filosofia possuem os mesmos atributos do da economia – acredito que sim – mas, se o tiverem, não é difícil entender a razão pela qual estão tendo tão boa aceitação, embora tratem de assuntos complexos, que normalmente não têm apelo junto ao grande público.
Escrito em colaboração por seis respeitados economistas e historiadores sob a coordenação de Niall Kishtainy, da London School of Economics o livro consegue transformar a evolução do pensamento econômico num tema profundamente interessante, combinando textos objetivos e bem redigidos, uma linha do tempo muito bem elaborada, gráficos e esquemas de fácil compreensão, fotos e ilustrações escolhidas de forma oportuna, além de uma rápida biografia e de citações dos economistas analisados ao longo do livro.
A cada novo capítulo, há um quadro inicial que busca fazer uma contextualização, indicando qual o foco do capítulo, seu principal pensador, quais os antecedentes e o que veio depois a respeito do tema. Assim, consegue estabelecer um elo de ligação entre contribuições sobre todos os temas focalizados pela economia surgidos em diferentes períodos. Consegue, com isso, atingir três objetivos difíceis de serem alcançados por outros livros da mesma natureza: 1º) fazer uma estreita conexão entre a história econômica e a história do pensamento econômico; 2º) mostrar eventuais relações entre a teoria econômica e a política econômica, ou seja, entre a economia teórica e a economia aplicada; e 3º) estabelecer, quando possível, conexão entre o passado e o presente, demonstrando que a história, quando bem ensinada, não é uma visita ao passado pelo passado, mas sim uma forma insubstituível de melhor compreender o presente.
Dividido em seis partes; “Iniciem o comércio (400 a.C.-1770)”, “A Era da Razão (1770-1820)”, “Revoluções industrial e econômica (1820-1929)”, “Guerra e depressões (1929-1945)”, “Economia no pós-guerra (1945-1970)” e “Economia contemporânea (1970-presente)”, o livro pode ser lido por inteiro, de forma sequencial, ou em partes, de acordo com o maior ou menor interesse em cada época.
Outro mérito do livro é de ser bastante atualizado, contemplando novas vertentes do pensamento econômico e linhas de pesquisa surgidas recentemente e, por essa razão, ainda não incluídas na esmagadora maioria dos livros texto disponíveis no mercado.
Para não ficar só nos elogios, se me fosse dada a oportunidade de fazer alguma sugestão para futuras edições – que certamente virão – seria no sentido de incluir alguns autores e linhas de investigação que, apesar de sua importância, não foram contemplados no livro. Entre eles, eu citaria James Buchanan e a teoria da escolha pública, Ronald Coase, a teoria da firma e a escola do direito de propriedade, além de uma ênfase maior à chamada teoria econômica da educação, na qual sobressaem os nomes de Theodore Schultz e James Heckman. Todos os autores aqui sugeridos, diga-se de passagem, foram laureados com o Prêmio Nobel de Economia.
Iscas para ir mais fundo no assunto
Referências e indicações bibliográficas
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Referências e indicações webgráficas
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