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Café Brasil 400 – Já que SOUL brasileiro

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Luciano Pires -

Amigo, amiga, não importa quem seja, bom dia, boa tarde, boa noite. Este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Meu…hoje é o programa 400! Qua-tro-cen-tos! Putz…parece que foi ontem. E vamos então comemorar com um programasso, daqueles que viram clássicos. Aperte o cinto! O tema hoje vem do fundo da alma: é o  Soul Brasileiro! Segura!

Posso entrar?

O podcast Café Brasil chega até você com o apoio do Itaú Cultural e do Auditório Ibirapuera, que estão como sempre aí, a um clique de distância. www.facebook.com/itaucultural e www.facebook.com/auditorioibirapuera.

+ Ver roteiro completo

E quem vai levar o exemplar de meu livro NÓIS… QUI INVERTEMO AS COISA mais o kit DKT é o Marco Tulio de Faria, que cerca de um ano atrás, olha só, cara, um ano atrás, comentou o programa O EFEITO MOZART:

“Comecei ouvindo teus podcasts “ressabiado”…  aos poucos eles foram me convencendo de que um mestrando teria sim nesta nova abordagem tecnológica uma oportunidade de ter conhecimento agregado à diversão. Hoje ouço toda semana e pela primeira vez resolvi escrever sobre um podcast.

Sou músico desde os meus 10 anos e já tenho 25 e é realmente inegável o efeito da música de boa qualidade em nosso corpo, em nossas emoções e em nossos pensamentos, assim como no espírito. Elas harmonizam, transformam, organizam, incentivam, enfim… fazem jus ao ritmo, harmonia, melodia que impõem de forma tão singela em cada molécula do corpo dos seres que a ouvem com atenção.

Um podcast como este realmente merece não só os parabéns, mas ser ouvido diversas vezes … assim o farei, pois afinal de contas, através dele trabalharei todas as minhas emoções (tem todo tipo de música boa).

Deixo então o sincero agradecimento dos meus ouvidos (que ficaram felizes ao ouvir tamanha intensidade de música de qualidade), dos meus olhos (que ao receberem os benefícios da música anteriormente ouvida estão vendo as coisas de maneira mais benéfica) e do meu coração (que se sente reconfortado perante as situações do dia a dia ao ser harmonizado por singela, porém magnífica sinfonia de vibrações geradas por essas músicas).

Um grande abraço ao amigo!”

Obrigado Marco! Eu espero que continue ouvindo para entrar em contato conosco e enviar o endereço e receber nossos presentes. Você sacou que o Marco está ganhando o livro e o Kit DKT por um comentário feito um ano atrás? Aqui no Café Brasil é assim, meu. Você nunca é esquecido…

Muito bem. O Marco Túlio ganhou um kit de produtos DKT com a marca Prudence. Agora é só botar um sonzinho maneiro, chamar seu amor e… Ripa na chulipa! O negócio da DKT parece ser preservativos e géis lubrificantes, não é? É. Mas é mais que isso. Boa parte dos lucros da DKT vão para apoiar ONGs que atuam com iniciativas de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis e planejamento familiar! Acesse www.facebook.com/dktbrasil e conheça mais a respeito.

E vamos juntos, você já sabe! Na hora do amor, use PRUDENCE.

Sentiu a pegada? Pois é… a gente começa quebrando tudo, com o grande Tim Maia, que sabia inglês direitinho. E você pode saber como ele, se aprender e praticar inglês pelo Skype, no dia, hora e lugar que você quiser, com um professor de carne e osso conduzindo a aula com base em acontecimentos do dia a dia. Já pensou? Pois então conheça a LOI ENGLISH, veja os depoimentos dos brasileiros que estão aprendendo inglês com eles. Acesse www.skypeenglishclasses.com. Eu vou repetir:  www.skypeenglishclasses.com.

Bem, hoje vamos de soul, soul music, falando de música e – especialmente – de como a música pode servir como ferramenta para a consciência social. Você vai ver, ou melhor, vai ouvir, o que é que o soul ajudou a fazer nos anos setenta…

Eu vou tentar seguir uma cronologia mas, eu tenho licenças aqui, tá bom? Vamos viajar pra frente e para trás no tempo.Uma diversão. Você tá pronto? Aperte o cinto que a gente vai decolar!

Desde que lembro de gostar de música, lembro de curtir soul music. Primeiro com o som da Motown que embalava as brincadeiras dançantes de minha juventude e depois com os brasileiros…

A soul music, que pode ser traduzida como “música da alma”, é uma combinação o de blues, gospel e parece ter se originado nos Estados Unidos, na região de Memphis, no Tennessee, nos anos 50.

Essa origem não é unanimemente aceita, mas parece que muitos dos primeiros artistas do soul vieram daquela região. É possível encontrar na origem da soul music quatro influenciadores: o cultural, o geográfico, o histórico e o econômico.

Let’s have a ball tonight
Tim Maia
Reginaldo Francisco

There are so many politicians
Trying hard to find the way
And peace is not so far
And yet, it seems that nobody can see that

Love is all that you’re needing
Love is all that you have to do
Love is really the answer
Why waste time with war?

There are so many conversations
Meeting parties and cocktails
To preserve peace on earth
But they never find the way
You know why?

Love is really the answer
This, you have to agree
It will be celebration
When all people be free

And if you keep doing things like that
Peace gonna be far
Deep and over
Far from over
There are so many politicians
Trying hard to find the way
To preserve peace on earth
But they never found the way
Do you know why?

There are so many politicians
Trying hard to find the way
And peace is not so far
And yet, it seems that nobody can see that

Love is all that you’re needing
Love is all that you have to do
Love is really the answer
Why waste time with war?

There are so many conversations
Meeting parties and cocktails
To preserve peace on earth
But they never find the way
You know why?

Love is really the answer
This, you have to agree
It will be celebration
When all people be free

And if you keep doing things like that
Peace gonna be far
Deep and over
Far from over

There are so many people trying
To preserve peace on earth
It seems that nobody can see
But yet it’s not so difficult to see
It’s fundamental necessary to have love in your life
All the people living together
It’s going to be like 4th of July
Let’s have a ball tonight (Repeat x 3)

Essa que você está ouvindo é Tim Maia lá no começo da carreira, com LET´S HAVE A BALL TONIGHT…

Quer saber o que diz a letra? Faça umas aulinhas com o pessoal da LOI English, pô…

A soul music é resultado da combinação de muitos estilos musicais ao longo dos anos 50 e 60. Mistura os pensamentos sagrados da linhagem gospel com a tristeza do blues. É uma música negra, emotiva, com ritmos arrebatadores e coros vocais elaborados. A interpretação do solista é dramática, existe um diálogo entre ele e o coro os arranjos são elaborados. É música da alma mesmo! E pode ser lenta ou mais dançante.

Como um dos hinos do soul: SOUL MAN, que a dupla Sam & Dave gravou em 1967

I’m a soul man
Isaac Hayes
David Porter

Comin’ to ya on a dusty road
Good lovin’ I got a truck load
And when you get it, you got something
So don’t worry ’cause I’m coming

I’m a soul man
I’m a soul man
I’m a soul man
I’m a soul man

Got what I got the hard way
And I’ll make it better each and every day
So honey, don’t you fret
‘Cause you ain’t seen nothing yet

I’m a soul man
I’m a soul man, play it Steve
I’m a soul man
I’m a soul man

Listen, I was brought up on a side street
I learned how to love before I could eat
I was educated from good stock
When I start lovin’ I just can’t stop

I’m a soul man
I’m a soul man
I’m a soul man
I’m a soul man

Well, grab the rope
And I’ll pull you in
Give you hope
And be your only boyfriend
Yeah, yeah, yeah, yeah

I’m a soul man
I’m a soul man
You’re a soul man
I’m a soul man

I’m a soul man
I’m a soul man

A soul music dominou as paradas de sucesso norte americanas e mundiais ao longo dos anos 60 e parte dos 70, com nomes como James Brown, Otis Redding, Aretha Franklin entre muitos e influenciou uma quantidade infinita de artistas, até os dias de hoje. Inclusive no Brasil…

É possível encontrar a influência da soul music em algumas das primeiras músicas de Jorge Ben, por exemplo. Como AGORA NINGUÉM MAIS CHORA, de 1965.

Agora ninguém mais chora
Jorge Ben

Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Chora mais, chora mais
Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Chora mais
ô, ô, ô, ô

Chorava mãe, chorava pai
Na hora da partida
Mas era uma beleza
Em vez de tristeza
Mas era uma beleza
Em vez de tristeza
ô, ô, ô, ô
Chorava mãe, chorava pai
Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais

Mas pois o menino voltou
Voltou homem, voltou doutor
Menino que é bom não cai
Pois já nasceu com a estrela
E sempre a mente sã
Menino que é bom não cai
Pois é protegido de Iansã

Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Chora mais, chora mais

É especialmente no violão de Jorge Ben que o soul aparece com mais clareza.

Mais raízes do soul também aparecem também em Wilson Simonal também em sua fase da pilantragem, como o hino TRIBUTO A MARTIN LUTHER KING, de Simonal e Ronaldo Bôscoli que eles gravaram em 1967.

Tributo a Martin Luther King
Wilson Simonal
Ronaldo Bôscoli

Sim, sou um negro de cor
Meu irmão de minha cor
O que te peço é luta sim, luta mais
E a luta está no fim
Cada negro que for, mais um negro virá
Para lutar com sangue ou não
Com uma canção também se luta irmão
Ouvir minha voz,, lutar por nós
Luta negra de mais é lutar pela paz
Luta negra demais para sermos iguais

Que delícia! Dá pra sacar o claro conteúdo social da letra, hein? A Soul music foi uma das formas e expressão dos movimentos black que nos anos 60 lutavam contra a segregação racial nos Estados Unidos. Esse movimento chegou ao Brasil também, eu já vou falar disso. Mas o bicho soul pegou mesmo no Brasil quando surgiu Sebastião Rodrigues Maia… o nosso Tim Maia.

Em 1957, aos 17 anos de idade, Tim embarca para os Estados Unidos com uma mão na frente e outra atrás, sem falar inglês, para cair de cabeça na black music. Chegou a participar de um grupo musical.

Em 1963, depois de ser preso por roubo e porte de drogas, Tim foi deportado para o Brasil. Chegando aqui começou a compor músicas no estilo soul, que havia ouvido nos Estados Unidos, atraindo a atenção de produtores e artistas. E em 1968 Tim produz aquele que é considerado o primeiro disco de soul music gravado no Brasil: A ONDA É BOOGALOO, sabe de quem? Eduardo Araújo:

(letra indisponível)

Essa é RUA MALUCA, versão de FUNKY STREET de Arthur Conley…

Eduardo Araújo, acho que você vai lembrar quem éra. Ele tinha explodido com aquela música O BOM em 1967. “Ele é o bom, é o bom, é o bom”. Aliás, deixa o próprio Eduardo Araújo contar:

(gravação Eduardo Araújo)

Cara, ouvir hoje aquele disco que reuniu Tim Maia e Eduardo Araújo é uma viagem. É puro soul, black, funk…

Ouça esta. O nome é A MULHER.

(letra indisponível)

Não é o máximo, hein? Imagine isso lá no começo dos anos 70… Sabe no que deu esse discão? Traz de volta ai, lalá o Eduardo Araújo.

(gravação Eduardo Araujo)

Você
Tim Maia

De repente a dor
De esperar terminou
E o amor veio enfim
Eu que sempre sonhei
Mas não acreditei
Muito em mim
Vi o tempo passar
O inverno chegar
Outra vez mas desta vez
Todo pranto sumiu
Um encanto surgiu
Meu amor
Você
É mais do que sei
É mais que pensei
É mais que esperava, baby
Você
É algo assim
É tudo pra mim
É como eu sonhava, baby
Sou feliz agora
Não não vá embora não
Não não não não não
Não não vá embora
Não não vá embora
Não não vá embora
Não não vá embora
Vou morrer de saudade
Vou morrer de saudade
Vou morrer de saudade

Essa é um clássico, cara, aqui na voz do Eduardo Araújo. Mas lá em 1971 o Tim gravou a mesma música e foi aí a gente entendeu o que é ter o soul na alma…

Eu assisti a peça-show que conta a história do Tim Maia. E nessa música eu chorei…

Mas, deixa eu voltar pra 1970. Naquele ano o Tim gravou seu primeiro disco, Tim Maia, um dos maiores sucessos do ano, repleto de clássicos como este aqui:

Primavera
Genival Cassiano
Silvio Rochael

Quando o inverno chegar
Eu quero estar junto a ti
Pode o outono voltar
Eu quero estar junto a ti

Porque (é primavera)
Te amo (é primavera)
Te amo, meu amor

Trago esta rosa (para te dar)
Trago esta rosa (para te dar)
Trago esta rosa (para te dar)

Meu amor…
Hoje o céu está tão lindo (sai chuva)
Hoje o céu está tão lindo (sai chuva)

Precisa falar alguma coisa? Precisa sim. Essa música, PRIMAVERA, é de outro monstro do soul brasileiro: Genival Cassiano em parceria com Silvio Rochael.  

Cassiano, um paraibano que começou tocando violão no Bossa Trio, deu origem ao grupo OS DIAGONAIS, que misturou samba com soul e funky na virada dos anos 60 para os 70.

É deles esta aqui: LANA.

(letra indisponível)

Pois é… Mas onde é que eu estava mesmo? Ah, em 1970, no primeiro disco de Tim Maia.

É lá que está aquele que eu, eu, Luciano Pires, considero o maior soul já composto e gravado no Brasil. Chama-se EU AMO VOCÊ e também é de Cassiano.

Eu amo você
Cassiano

Toda vez que eu olho
Toda vez que eu chamo
Toda vez que eu penso
Em lhe dar
Ah! Ah!
O meu amor
Oh! Oh!
Meu coração
(Pensa que não vai ser possível!)
De lhe encontrar
(Pensa que não vai ser possível!)
De lhe amar
(Pensa que não vai ser possível!)
De Conquistá-la

Eu amo você, menina
Eu amo você!
Eu amo você, menina
Uh! Uh!
Eu amo você!
Toda vez que eu olho
Toda vez que eu chamo
Toda vez que eu penso
Em lhe dar
Ah! Ah!

O meu amor
Oh! Oh!
Meu coração
(Pensa que não vai ser possível!)
De lhe encontrar
(Pensa que não vai ser possível!)
De lhe amar
(Pensa que não vai ser possível!)
Te conquistar
Ah!
Eu amo você, menina
Eu amo você! juro!
Eu amo você, menina
Uh! Uh!
Eu amo você!
Eu te amo! Eu te amo!

Pois é… Se eu tiver que resumir o soul brasileiro numa música só, não é nem numa música, é nesse trechinho aqui ó, onde o Tim gravou o que para mim é a coisa mais bonita que o soul brasileiro produziu…

Meu, se eu não cuidar, este aqui vira um programa sobre o Tim Maia…

Ainda em 1970 a soul music ganharia mais visibilidade no Brasil durante o V Festival Internacional da Canção. É lá que aparece um negão gigantesco, com um cabelão Black Power, roupas coloridas, bota, o típico figurino do Black power…. e arrasa com

uma canção de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, diferente de tudo que se ouvia nos festivais.  O negão era Toni Tornado e a música era BR-3.

BR3
Antonio Adolfo
Tibério Gaspar

A gente corre na BR-3
A gente morre na BR-3
Há um foguete
Rasgando o céu, cruzando o espaço
E um Jesus Cristo feito em aço
Crucificado outra vez
E a gente corre na BR-3
E a gente morre na BR-3
Há um sonho
Viagem multicolorida
Às vezes ponto de partida
E às vezes porto de um talvez
E a gente corre na BR-3
E a gente morre na BR-3
Há um crime
No longo asfalto dessa estrada
E uma notícia fabricada
Pro novo herói de cada mês

Então, diziam que a tal BR3 da letra era uma alusão às drogas e aquele negão dançando como os melhores representantes do movimento Black nos Estados Unidos foi um choque. Mas Toni Tornado não era o único que incomodava. Deixa eu divagar um pouco que isto merece:

naquele mesmo festival o maestro Érlon Chaves com a Banda Veneno apresentou EU TAMBÉM QUERO MOCOTÓ, uma molecagem de Jorge Ben.

Eu também quero mocotó
Jorge Ben

Eu quero mocotó…eu quero mocotó
Eu quero mocotó…eu quero mocotó
Eu quero mocotó…eu quero mocotó
Eu quero mocotó…eu quero mocotó
Eu cheguei e tô chegando
To com fome e sou pobre coitado
Me ajudem por favor
Botem mocotó no meu prato
Eu quero mocotó… mo…co…tó
Eu quero mocotó… mo…co…tó
Eu quero mocotó… mo…co…tó
Eu quero mocotó…eu quero mocotó
Eu quero mocotó…eu quero mocotó
Eu quero mocotó…eu quero mocotó
Eu quero mocotó…eu quero mocotó
Salada de mocotó
Mocotó a milanesa
Sopa de mocotó
Mocotó com abóbora
Eh…eh eu quero mocotó… mo…co…tó
Eu quero mocotó… mo…co…tó
Eu quero mocotó… mo…co…tó
Ahhhhuuuuuu
Mocotó pai mocotó filho
Eu também vou ser da família
Mocotó é abstrato….nãoooo
Mocotó é correlato….nãoooo
Mocotó é lagarto….nãoooo
O que é que mocotó e? É um barato
Eu quero mocotó…eu quero mocotó
Eu quero mocotó…eu quero mocotó
Eu quero mocotó…eu quero mocotó
Eu quero mocotó…eu quero mocotó
Mocotó é realengue
É um barato de alicerce
Põe mocotó no meu prato
Eu quero ficar relex
Mo…co…tó
Eu quero mocotó… mo…co…tó
Eu quero mocotó… mo…co…tó
Eu quero mocotó… mo…co…to
Mocotó sem parar…mocotó sem parar
Mocotó é de amargar…mocotó é de amargar
É um barato mocotó…é um barato mocotó
Ele é melhor que chocolate…ele é melhor que chocolate

Erlon Chaves estudou piano em conservatório, tocou em dancings, graduou-se em harmonia, regência, instrumentação e depois compôs uma sinfonia que serviu de tema para a TV Excelsior. Erlon superou preconceitos e obteve respeito e admiração com uma obra vasta, que inclui trilhas para novelas e filmes, arranjos para alguns dos maiores cantores brasileiros e os discos da sua Banda Veneno.

Foi Erlon Chaves que compôs o famoso jingle dos cobertores Parahyba… você sabia, hein? De temperamento forte, irreverente, Erlon era o que se chamava na época de negão abusado. O movimento Black no Brasil começava a se firmar e gente como Erlon Chaves, Simonal, Toni Tornado e no futebol, Paulo Cesar Caju, tinha grande visibilidade por seu comportamento irreverente, contestador e abusado.

Naquela final do festival internacional, Erlon era presidente do júri, e protagonizou no palco uma cena dançando enroscado em bailarinas brancas, louras, em trajes cor de pele. Esfregou, beijou e terminou na Polícia Federal, junto com Boni – o festival era produzido pela Rede Globo. Eram os anos de chumbo e o negão abusado foi demais. Foi solto, suspenso de suas atividades e recomendado para que saísse do Brasil. Não saiu, mas morreu amargurado, de enfarte, aos 40 anos…

A turma do soul estava quase toda baseada no Rio de Janeiro nos anos 70. O movimento Black Power pegava fogo pelo mundo afora e chegava ao Brasil, é claro.

Uma característica era o cabelo afro, o penteado Black Power, como aquele do baiano Paulo Diniz…

I wanna to go back to Bahia
Paulo Diniz

I don’t want to stay here
I wanna to go back to Bahia
Eu tenho andado tão só
Quem me olha nem me vê
Silêncio em meu violão
Nem eu mesmo sei por que.
De repente ficou frio
Eu não vim aqui para ser feliz
Cadê o meu sol dourado?
Cadê as coisas do meu país?
I don’t want to stay here
I wanna to go back to Bahia.
Eu tenho andado tão só
Quem me olha nem me vê
Silêncio em meu violão
Nem eu mesmo sei por que.
Via Intelsat eu mando
Notícias minhas para “O Pasquim”
Beijos pra minha amada
Que tem saudades e pensa em mim

I don’t want to stay here
I wanna to go back to Bahia.

Cara, o sucesso que essa voz rouca fez na época foi uma loucura. O Brasil fervilhava de novidades na virada dos 60 para os 70. Havia uma troca intensa de referências com os Estados Unidos. Os adjetivos “funk” e “funky” que eram usados no contexto do soul começaram a se transformar num gênero. A levada do baixo assume importância e o ritmo torna-se cada vez mais dançante. E é nessa época, vindo lá do começo dos anos sessenta, que começa a despontar o James Brown brasileiro: Gerson Cortês, que passou para a história como Gerson King Combo.

Funk brother soul
Gerson King Combo

Não pretendo ser nunca pretensioso
Mas eu vou me explicar
Numa fôrma fui feito com carinho e com jeito
Que não sei é onde foi parar
Se um dia fui rei, se reinei não sei
Só sei que é pura verdade
Quem nasceu pra rei, nunca pra ninguém
Perde a majestade
Então eu vou lhe mostrar
Como se dança funk brother soul
Se o ritmo é bom sem distinção
Eu sei que vou gostar
Se amante eu sou do ritmo soul
Do funk eu não vou separar
Se você curte o som, e acha que é bom
Talvez eu possa gostar
Não me imponha seu som, pois se ele for bom
Com ele não abro mão
Então eu vou lhe mostrar..

Como você deve ter suspeitado essa é FUNK BROTHER SOUL. E é Gerson King Combo mesmo que conta um pouco da história:

(gravação Gerson King Combo)

Mandamentos black
Berimbrown

Brother!!!
Assuma sua mente,brother!
E chegue a uma poderosa conclusão de que os blacks não
querem ofender a ninguém, brother!
O que nós queremos é dançar! Dançar,dançar e curtir
muito som.
Não sei se estou me fazendo entender.
O certo,é seguir os mandamentos blacks,que são,baby:
Dançar,como dança um black!
Amar,como ama um black!
Andar,como anda um black!
Usar, sempre o cumprimento black!
Falar,como fala um black!
E eu te amo, brother!!
Viver, sempre na onda black!
Ter,orgulho de ser black!
Curtir o amor de outro black!
Saber,saber que a cor branca,brother é a cor da
bandeira da paz, da pureza e esses são os pontos de
partida para toda a coisa boa,brother!
Divina razão pela qual amo vc tbm, brother!
Eu te amo brother!!
E eu te amo brother!!!

O Soul fervilhava no Brasil e no mundo. E se abria em várias vertentes, uma delas, super dançante, indo na direção do funk. Mas é o funk de lá, não é? Já vou falar disso, olha aqui, ó.

E no Brasil das misturas, vem mais uma porção de gente juntando samba com soul, como o Carlos Dafé, que estava lá, no comecinho de tudo. Ouça:

Hello, Mr. Wonder
Carlos Dafé

Isso é bom
É bom demais
Rapaz!
Seu coração
Batendo até sambar
Outro dia
Por aí
Te ouvi cantar
Nossa canção
Com seu calor
Irmão
…….
Freedom, freedom
…….
Curtindo um samba
…….

Somsasso!!! Essa é Hello Mr. Wonder, a homenagem de Carlos Dafé a Stevie Wonder… Olha só: ele vai transformar soul em samba, quer ver?

Grande Carlos Dafé, que  era chamado de Principe do Sul por ninguém menos que Tim Maia,

Carlos Dafé só foi explodir mesmo com o mega sucesso PRA QUE VOU RECORDAR O QUE CHOREI de 1977.

Pra que vou recordar o que chorei
Carlos Dafé

Não quero mais saber de ti
Vou me recuperar, quero sorrir
Esquecendo a quem amei
Pra que vou recordar o que chorei
Se uma frase já não basta
Pra dizer tudo o que sinto
Quando bate um coração
Pra evitar os sofrimentos
Não se deve nessa vida
Se envolver com a ilusão
Não quero mais saber de ti
Vou me recuperar, quero sorrir
Esquecendo a quem amei
Pra que vou recordar o que chorei
Não quero mais saber de ti
Vou me recuperar, quero sorrir
Esquecendo a quem amei
Pra que vou recordar o que chorei
Se uma frase já não basta
Pra dizer tudo o que sinto
Quando bate um coração
Pra evitar os sofrimentos
Não se deve nessa vida
Se envolver com a ilusão
Não quero mais saber de ti
Vou me recuperar, quero sorrir
Esquecendo a quem amei
Pra que vou recordar o que chorei

Ai, que mistura de saudade com prazer, cara, que delícia!  Mas, você não tinha nascido ainda em 77 hein? Pois saiba que um pouco antes, em 1976, o Genival Cassiano que eu comentei há pouco emplacou um sucesso extraordinário:

A Lua e Eu
Cassiano
Paulo Zdanowski

Mais um ano se passou
E nem sequer ouvi falar seu nome, a lua e eu
Caminhando pela estrada
Eu olho em volta e só vejo pegadas
Mas não são as suas eu sei,
Eu sei, eu sei
O vento faz eu lembrar você
As folhas caem mortas como eu
Quando olho no espelho
Estou ficando velho e acabado
Procuro encontrar
não sei onde está você
Você você….
o Vento faz eu lembrar você
As folhas caem mortas como eu…
A lua e eu

A LUA E EU que arrebentou lá em 1976, que delícia .

Mas, um ano depois em 1977 Cassiano emplacou um outro petardo em parceria com o guitarrista Paulo Zdanowski. O nome, COLEÇÃO:

Coleção
Cassiano

Sei que você gosta de brincar
De amores
Mas óh: comigo, não! (comigo, não!)
Sei também que você…
Eu não sei…mais nada
Um dia
Você vai
Ouvir
De alguém
O que ouvi de ti
Então irá
Pensar
Como eu
Sonhei em vão
Não vá…ou vá
Você é quem quer…
Quer saber?
Eu amo
Você!
Sei também que você…
Eu não sei…mais nada
Sei que um dia você vai ouvir
De alguém
O que ouvi de ti
Então irá
Pensar
como eu
Sonhei em vão
Não vá…ou vá
Você é quem quer…
Quer saber? [Quer saber?]
Eu amo
Quer saber? [Quer saber?]
Eu amo
Quer saber? [Quer saber?]
Eu amo…yeahhhh
Você!

No final dos anos setenta tinha muita gente envolvida no soul brasileiro em suas várias vertentes.

Em 1977 pintou o Miguel de Deus com o disco Black Soul Brothers, mostrando o lado dançante e enérgico do soul. Ouça isto…

Era a combinação de soul com samba, já com toques do funk, que teve gente fantástica que gravou muito pouco. Como Tony Bizarro, por exemplo, que gravou algumas das mais instigantes coisas da época… Infelizmente Tony Bizarro gravou apenas quatro discos, praticamente um a cada dez anos.

Saca só a sonzeira dele. Esta aqui chama-se VAI COM DEUS. Soul brasileiro com cuíca…

Vai com Deus
Tony Bizarro

Acontecem as coisas na vida de gente
O amor vai embora assim derrepente
Melhor é rezar para nossa senhora
A gente não pensa em tanta maldade
No entanto acontece é a realidade
O duro é dizer quendo chegou a hora
Acontecem as coisas na vida de gente
O amor vai embora assim derrepente
Melhor é rezar para nossa senhora
Vai com Deus…
Vai com Deus

Que tal hein? Olha, tem muito mais gente, mas eu precisaria de um programa com 18 horas pra tocar quase tudo, vai. Vamos cortar caminho falando da influência do soul. Nem a MPB – música popular brasileira passou incólume à influência do soul nos anos 70.

Um exemplo é o compositor Marcos Valle, que começou a carreira na primeira metade dos anos 60 com muito sucesso (sabe aquela musiquinha de natal da Globo “hoje é um novo dia”? É dele).  Antenadíssimo, Marcos Valle, loiro de olhos azuis, mergulhou no soul e

emplacou em 1971 BLACK IS BEAUTIFUL, que na voz de Elis Regina transformou-se num emocionante hino da luta pela igualdade racial. Lalá, peraí que vou ficar de joelhos…

Black is beaultiful
Marcos Valle
Paulo Sergio Valle

Hoje cedo, na rua Do Ouvidor
Quantos brancos horríveis eu vi
Eu quero um homem de cor
Um deus negro do Congo ou daqui
Que se integre no meu sangue europeu
Black is beautiful, black is beautiful
Black beauty so peaceful
I wanna a black I wanna a beautiful
Hoje a noite amante negro eu vou
Vou enfeitar o meu corpo no seu
Eu quero este homem de cor
Um deus negro do congo ou daqui
Que se integre no meu sangue europeu
Black is beautiful, black is beautiful
Black beauty so peaceful
I wanna a black I wanna a beautiful

Lalá – Sabe o que é mais interessante, Luciano? Nessa época não tinha correção. Ela gravava o take inteiro, não tinha emenda, ela fazia na íntegra!

Elis Regina. Estou inteirinho arrepiado aqui. Eu deixei esse comentário aqui, pra você que está me ouvindo sentir qual era o clima aqui enquanto nós três estamos fazendo o programa. Eu to arrepiado.

E o soul continuou a influenciar artistas brasileiros.  Era Jorge Bem pra lá, Trio Mocotó pra cá…  até o Ivan Lins deu uma passadinha pelo Soul

na emocionante O AMOR É MEU PAÍS.

O amor é o meu país
Ivan Lins

Eu queria, eu queria, eu queria
Um segundo lá no fundo de você
Eu queria, me perdera, me perdoa
Por que eu ando à toa
Sem chegar
Tão mais longe se torna o cais
Lindo é voltar
É difícil o meu caminhar
Mas vou tentar
Não importa qual seja a dor
Nem as pedras que eu vou pisar
Não me importo se é pra chegar
Eu sei, eu sei
De você fiz o meu País
Vestindo festa e final feliz
Eu vi, eu vi
O amor é o meu País
E sim, eu vi
O amor é o meu País

Linda… linda… linda…

Muito bem. Estamos no começo dos anos setenta. Rio de Janeiro. Um professor apaixonado por música entra para a Rádio Mundial. O nome dele: Newton Duarte, que passou para a história como Big Boy.

(gravação Big Boy)

Cara! Não esquece que eu estou no começo dos anos 70, bicho, isso era uma loucura naquela época!

O Big Boy tinha uma coleção com mais de 20 mil discos, era antenadíssimo com os lançamentos mundiais, trazia dos Estados Unidos e de Londres o que havia de mais novo na música.

Leandro Petersen, filho de Big Boy é quem conta como tudo começou:

(gravação Leandro Petersen)

Que maluco, cara! Quando Big Boy começou seu programa de rádio num formato e linguagem irreverentes, ele acabou mudando o rádio no Brasil. E por tabela, estava lá quando nasceu uma ideia que acabou sendo a raiz daquilo que deu impulso ao movimento black no Brasil: os bailes black.

(gravação Leandro Petersen)

O chão queimava no Rio de Janeiro, mas não era só lá não. Nos finais de semana das décadas de 70 e 80, nos quatro cantos da cidade de São Paulo aconteciam os bailes das equipes Zimbabwe e Chic Show. De festas em casa para bailes em clubes, para quem gostava de dançar samba rock, soul e o funk. O soul ocupava cada vez mais espaços pelo país.

Nomes como os de Big Boy, Ademir Lemos, Messiê Limá, Cidinho Cambalhota, William Santiago, Zezão, Mr. Funky Santos traziam o melhor do soul, funk e black para o público pelo rádio, por bailes e festas. Mr. Funky Santos foi um dos pioneiros….ouçam o que ele tem a dizer.

Você está ouvindo Mr. Funky Samba com a Banda Black Rio.

A Banda Black Rio coloca um toque de gafieira no soul, jazz e funk. É nos bailes que a coisa pega. É lá que o movimento social Black ganha dimensão política, como você já ouviu aqui. Quem conta mais é Asfilófio de Oliveira Filho, o Dom Filó, produtor da banda Black Rio. Dom Filó explica sobre o cuidado de transmitir uma mensagem de auto estima durante as festas e bailes.

(gravação Dom Filó)

Do soul pro funk, a coisa pega fogo pelo pais e o funk ganha espaço. Até que em meados dos anos 80 Fernando Luís Mattos da Matta, o DJ, compositor e empresário que ficou conhecido como DJ MARLBORO traz de Miami uma variação do genro eletro music, chamada Miami bass.

Aí alguém chama esse treco de funk. Então…..

Beijinho no ombro
Valesca Popozuda

Desejo a todas inimigas vida longa
Pra que elas vejam cada dia mais nossa vitória
Bateu de frente é só tiro, porrada e bomba
Aqui dois papos não se cria e nem faz história
Acredito em Deus e faço ele de escudo
Late mais alto que daqui eu não te escuto
Do camarote quase não dá pra te ver
Tá rachando a cara, tá querendo aparecer
Não sou covarde, já tô pronta pro combate
Keep Calm e deixa de recalque
O meu sensor de periguete explodiu
Pega sua inveja e vai pra…
(Rala sua mandada)
Beijinho no ombro pro recalque passar longe
Beijinho no ombro só pras invejosas de plantão
Beijinho no ombro só quem fecha com o bonde
Beijinho no ombro só quem tem disposição

Putz… não me bota essa na conta do soul e do funk, por favor. Isso é uma mutação do mal… Ô Ciça, para de dançar…Lalá, volta aos trilhos, faz favor!

Voltamos pra 1975 quando a turminha do Tim Maia e Cassiano ganha mais um companheiro:

Hyldon, que emplaca logo em seu disco de estréia o clássico NA RUA, NA CHUVA, NA FAZENDA. Vai dizer que isso não é soul, hein?

Na rua, na chuva, na fazenda
Hyldon

Não estou disposto
A esquecer seu rosto de vez
E acho que é tão normal
Dizem que eu sou louco
Por eu ter um gosto assim
Gostar de quem não gosta de mim
Jogue suas mãos para o céu
Agradeça se acaso tiver
Alguém que você gostaria que
Estivesse sempre com você
Na rua, na chuva, na fazenda
Ou numa casinha de sapê
Não estou disposto
A esquecer seu rosto de vez
E acho que é tão normal
Dizem que soy loco
Por eu ter um gosto assim
Gostar de quem não gosta de mim
Jogue suas mãos para o céu
Agradeça se acaso tiver
Alguém que você gostaria que
Estivesse sempre com você
Na rua, na chuva, na fazenda
Ou numa casinha de sapê
Jogue suas mãos para o céu
Agradeça se acaso tiver
Alguém que você gostaria que
Estivesse sempre com você
Na rua, na chuva, na fazenda
Ou numa casinha de sapê
Jogue suas mãos para o céu
Agradeça se acaso tiver
Alguém que você gostaria que
Estivesse sempre com você
Na rua, na chuva, na fazenda
Ou numa casinha de sapê

Ai que bom isso, cara!

Então a gente chega aos anos 80. O soul continua dando o ar da graça nas revelações. Surge também no Rio de Janeiro Sandra Cristina Frederico de Sá, que considero uma das cantoras mais subestimadas deste país. Pra você ter uma ideia, Cazuza a chamava de Billie Holiday brasileira…

Um de seus grandes sucessos é OLHOS COLORIDOS. Vê se tem soul aí…

Olhos coloridos
Macau

Os meus olhos coloridos
Me fazem refletir
Eu estou sempre na minha
E não posso mais fugir…
Meu cabelo enrolado
Todos querem imitar
Eles estão baratinado
Também querem enrolar…
Você ri da minha roupa
Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso…
A verdade é que você
(Todo brasileiro tem!)
Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará, sarará
Sarará, sarará
Sarará crioulo…
Os meus olhos coloridos
Me fazem refletir
Que eu tô sempre na minha
Não! Não!
Não posso mais fugir
Não posso mais!
Não posso mais!
Não posso mais!
Não posso mais!
Meu cabelo enrolado
Todos querem imitar
Eles estão baratinados
Também querem enrolar…
Cê ri! Cê ri! Cê ri!
Cê ri! Cê ri!
Cê ri da minha roupa
Cê ri do meu cabelo
Cê ri da minha pele
Cê ri do meu sorriso…
Mas verdade é que você
(Todo brasileiro tem!)
Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará, sarará
Sarará, sarará
Sarará crioulo…

Na mesma época explode um reggaezinho maneiro que era chamado NOITE DO PRAZER, com o grupo Brylho, apresentando ao Brasil o guitarrista Claudio Zoli.

Noite do prazer
Claudio Zoli

A noite vai ser boa
Boa!
De tudo vai rolar
Vai rolar!
De certo que as pessoas
Querem se conhecer
Olham e se beijam
Numa festa genial
Na madrugada, a vitrola
Rolando um blues
Tocando B.B.King sem parar
Sinto por dentro uma força
Vibrando, uma luz
A energia que emana
De todo prazer
Prazer em estar contigo
Um brinde ao destino
Será que o meu signo
Tem a ver com o seu?
Vem ficar comigo
Depois que a festa acabar
Na madrugada, a vitrola
Rolando um blues
Tocando B.B.King sem parar
Sinto por dentro uma força
Vibrando, uma luz
A energia que emana
De todo prazer
Na madrugada, a vitrola
Rolando um blues
Tocando B.B.King sem parar
Sinto por dentro uma força
Vibrando, uma luz
A energia que emana
De todo prazer

Claudio Zoli transforma-se num dos batalhadores pelo soul nacional e vão surgindo coisas muito legais, repletas de influências de todos os lados,

como FLOR DO FUTURO, de Claudio Zoli e Bernardo Vilhena em 1995, aqui com João Marcelo Bôscoli e Simoninha. Apesar dos eletrônicos dá pra sacar que ali no fundo está a soul music…

Flor do futuro
Claudio Zoli
Flavio Venutes
Bernado Vilhena

Tudo bem, estava inseguro
Pra lhe dar essa flor, trouxe pra você
Tudo bem, a flor do futuro vai abrir mil caminhos, você vai ver
Rio de prazer
O brilho de um olhar
Não vá dizer que não te adoro
Baby, o que que há? errei
Baby, o que que há? eu sei
Baby, o que que há? eu não vivo sem você
Tudo bem, estava inseguro
Pra lhe dar essa flor, trouxe pra você
Tudo bem, a flor do futuro vai abrir mil caminhos, você vai ver
Tanto tempo eu perdido no espaço
Quero mais é estar contigo na paz
Quando era seu amigo sempre estava contigo
Simplesmente eu sabia demais

Então aparece um sobrinho de Tim Maia com uma qualidade musical impressionante, cara, Ed Motta…

Azul da Cor do Mar
Tim Maia

Ah! Se o mundo inteiro
Me pudesse ouvir
Tenho muito pra contar
Dizer que aprendi
E na vida a gente
Tem que entender
Que um nasce pra sofrer
Enquanto o outro ri
Mas quem sofre
Sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver
Ver na vida algum motivo
Pra sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar
Mas quem sofre
Sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver
Ver na vida algum motivo
Pra sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar

Que tal? Ed Motta com AZUL DA COR DO MAR. A música é de1970, cara! Que delícia…

Bom, daí pra frente o soul continua. Ele está no funk, no rap, no hip-hop, na MPB, pra qualquer lado que você olhar. Nomes como Ed Motta e sua banda  Conexão Japeri, Skowa e a Máfia, Léo Maia, Lulu Santos, Fernanda Abreu, Fat Family, Sampa Crew, Thaíde & DJ Hum, Maurício Maineri e Max de Castro, o filho de Wilson Simonal, todos mostram influências do soul. E até Claudinho e Buchecha, Copacabana Beat e muitos outros… A qualquer momento vai aparecer um soul sertanejo. Que Deus nos proteja…

Bem, o programa vai terminar e você deve estar achando que está faltando gente, né? Claro que está, a gente só arranhou a história do soul… Eu senti falta, por exemplo, o Lalá sentiu mais ainda da turma de São Paulo, cara. Pois é!

Mas esse aí do fundo não podia faltar. É James Brown, com IF YOU DON´T GIVE A DOGGONE ABOUT IT…. Que tal? James Brown influenciou o mundo e mais um pouco. Preciso fazer um programa só com ele.

If you don’t give a doggone about it
James Brown

HEY, fellas! [Piano Intro]
Sometimes your business is ALL messed up, yeah!
…sometimes you don’t have your thing together, yeah, yeah, yeah, YEAH!
…and when your thing is ALL messed up… somebody will take that fire, yeah!
Sooooo…
If you…
[Chorus:]
DON’T give…
A doggone about it…!
If (If you…) you DON’T give… (Say it, now…)
A doggone about it…! (Say it…)
If you DON’T give…
A doggone about it…! (Say it!)
(If you DON’T give…)
(A doggone about it…)
Then THEY—!
They won’t give a damn!
[Chorus:]
If you DON’T give…
A doggone about it…!
If you DON’T give… (Hey, yeah…)
A doggone about it…!
(Say it!) If you DON’T give…
A doggone about it…
Then THEY—!
They won’t give a damn!
SIT DOWN!
[Wah Clavi]
Yeah…!
Oh, yeah! Come on, now—tell me…
(Get on, now!)
(Go ahead!) JB! (Go ahead!) JB!
(Go ahead!) Looka here…
[Verse:]
You GOT to have a job… with both, FEET, on the table!
You GOT to have a job… to keep that family able…
You GOT to have a job!—to keep the thing… IN EFFECT!
You GOT to have a job… to keep your self-respect, now…
You GOT to have a job… to put the BREAD on the table! (Hey!)
You GOT to have a job… to keep that family a…ble!
[Chorus:]
If you DON’T give?
—A doggone about it…!
If you DON’T give…
A doggone about it…! (Say it!)
If you DON’T give… (Yeah, yeah…)
A doggone about it…!
If you DON’T give…
A doggone about it…
Then THEY—!
Won’t give a damn.
SIT DOWN, NOW!
[Wah Clavi]
[?] Well…
Good God, now!
Oh… (oh!) OH? Let me have it…
Touch me…
Touch ME?—yeah…
[?]
GET DOWN!
—TELL the boy I need, to…
GET DOWN!
—Stomp that FAR degree!
GET DOWN!
—I want a modern NAME, yeah…
GET DOWN!
—KEEP my product right…
GET DOWN!
—LOVE… it!
LOVE it!
[?]
LOVE IT…!
LOVE IT!—yeah…
[Fill] LOVE IT!—yeah…
Love IT!—yeah! yeah!
LOVE IT…!—yeah…
LOVE IT!—yeah!
[Fill] LOVE IT!
LOVE IT…!
(Love it! Yeah-yeah, now!) [Fill]
Love it! (Love it!)
Love IT! (Love it!)
Love IT! (Love it!)
OWWWWW! (Love that…)
Love IT… (Love it…) Song and dance…
Love IT!—yeah… (Love it!)
Love-that-thing-they-do…
Love-that-thing-they-yeah-yeah…
Uh, yeah…
Love it… I just… love it! (Love it! YEAH, yeah…) Love IT!
(Love it!) Love it!
(Love it!) LOVE it!
(Love it… WOOOOOO-OoO, Lord…)
I need it…
Need it…
(Got to have it!) Love it—yeah-yeah, yeah, yeah…
ya-ya-ya
ya-ya-ya-yeah!
Love it, yeah! (Love it, yeah!)
[?] Love it, yeah! (Love it, yeah!) Come on! (WOO!)
GOT to have a job… to put the FOOD… on the table!
GOT to have a job… to keep that PARTY able…
GOT to have a job… to BRING… home the BREAD—ah!
GOT to have a job… to keep that family fed, now!
Got-ta… got-ta… got-ta…
Got-ta… Keep on loving, yeh…
Keep on loving!
[Fill] Want some LOVING! (Loving!)
Want some LOVING! (Loving!)
Want some LOVING! (Loving…)
Want some LOVING! (Let me!)
Want some LOVING! [Drop] HA!—(Love me…)
I need it… (I NEED… it!)
some-some, some-some,
some-some, some-some,
some-some, some-some, (Come on!)
(and… you know!) Get some!
Get some-some… (Why won’t you…) Give me some…
(oo-woo…) some… (WOO) loving… (WOO!) Somebody…
(YEAHhH…) Somebody, YEAH… (Loving—yeah!) Some loving, yeah!
(You got to come WITH me!) Love-love-loving, yeah-yeah!
(LOVING, yeah!) love-love-love, now, gimme some loving, yeah…
(yeah, YEAH, YEAH!) Give me some funk…
(Come on, keep on…) A little bit of honey…
(What’s that?) Honey…
(Push it, now!) Push that funk down out to me, yeah…
(What’s that?) That honey… (PUSH it out there, y’all…)
Got-ta… got-ta… (you-got, you-got, you-got, you-got,)
Got-ta… got-ta… (you-got, you-got, you-got, you-got,)
Got-ta… YEAA-OWWW!! (you-got, you-got, you-got, you-got!)
[?]
Get down!
(Get down!)
[?] YEAAAAH!
Stop and go! (Yeah?) Yeah! (Yeah!—Come on,) Yeah!
(Yeah! Come… on!) Get it together!
Go! (Go…) GO!-(Yeah!)
Go!-(Yeah!)
(Yeah!)
Go!-(Yeah!)
Go!-(Yeah!)
(Yeah! Yeah…)
Go!-(Yeah!)
Go!-(Yeah!)
Go!-(Yeah!)
Go!-(Yeah!)
(Yeah…)

Pô, que viagem, hein? Será que valeu como Café Brasil 400, hein? Eu não sei você, mas pra mim valeu muito, viu! Fazer este programa foi uma tremenda e deliciosa viagem! E ficou tanta coisa de fora, cara… quem sabe um dia faço a parte dois…

Bom, eu não vou terminar o programa sem trazer de volta a voz do soul no Brasil. Tim Maia. Lalá, manda aí.

Nobody can live for ever  
Tim Maia

One thing you have to agree with me
And that’s for sure
And that’s for sure
Nobody Can Live For Ever
And everybody is the same
Here we go
Sooner or later
Sooner or later
You’re going to understand that
Here we go
Nobody Can Live For Ever
Nobody will know how I feel
Nobdy can give the answers
Nobody can play but for real
Nobody Can Live For Ever
Nobody will know how I feel
Nobody can give the answers
Nobody can play but for real
There no god
There’s no heaven
There’s no devil
There’s no hell
There no god
There’s no heaven
There’s no devil
There’s no hell
Don’t you worry
Don’t you worry
Don’t you worry
Don’t you worry
Play your music…

Muito bem, é assim então, com o somsasso de Tim Maia quando chegou ao Brasil com o soul debaixo do braço com NOBODY CAN LIVE FOREVER, que este programa comemorativo de 400 edições do Café Brasil vai saindo. E não vai saindo de mansinho, não, vai na manha do soul…

E se você está interessado em ver mais, acesse o site http://www.brazilsoulpower.com. É de lá que vieram os depoimentos.

Com o extasiado Lalá Moreira na técnica, a dançante Ciça Camargo na produção e eu, que nem sei onde eu to, Luciano Pires na direção e apresentação.

Estiveram conosco o ouvinte Marco Tulio de Faria e… Putz, é gente demais, viu? Batemos o recorde hoje com quase 50 músicas… Acesse a página do programa em www.portalcafebrasil.com.br que colocaremos a lista lá.

Este é o Café Brasil, que chega até você com o suporte da Pellegrino Distribuidora, que tem no soul, na alma, a missão de distribuir as melhores marcas de auto e moto peças do Brasil. E também de levar até vocês as dicas legais sobre gestão, comunicação e negócios. Acesse www.facebook.com/pellegrinodistribuidora e divirta-se.

Pellegrino Distribuidora! Conte com o soul da nossa gente!

O Café Brasil chega até você com o apoio sempre importante do Itaú Cultural e do Auditório Ibirapuera. www.Itaúcultural.org.br, www.auditorioibirapuera.com.br. É, meu caro, lá a turma trabalha com a alma, com a soul…

Acesse www.portalcafebrasil.com.br e divirta-se com muito mais.

Pra terminar, não tem frase, não. Tem um presente. Outro Tony Bizarro, desta vez com ESTOU LIVRE, que vai ficar martelando em sua cabeça por muito tempo… Obrigado a você que nos acompanha. Estamos começando a jornada para os próximos 400…

Estou livre
Tony Bizarro

Se estou sozinho nessa historia
E tentei de tudo para não ficar
E onde vivo e como penso agora
Acho que é hora de viver em paz
Se estou sozinho nessa historia
E tentei de tudo para não ficar
E onde vivo e como penso agora
Acho que é hora de viver em paz
Estou livre, estou livre, Ohg oh oh
Estou vivo, vale a pena, vale a pena
Oh Oh Oh estou livre

Luciano – E ai, Ciça, valeu?

Ciça – Maravilhoso, bárbaro.

Luciano – Valeu?

Lalá – Este aqui foi o melhor.

Luciano – Tamo junto!

A playlist:
Let’s have a ball tonight Tim Maia e Reginaldo Francisco,
I’m a somul man Isaac Hayes e David Porter,
Agora ninguém mais chora Jorge Ben,
Tributo a Martin Luther King Wilson Simonal e Ronaldo Bôscoli,
Rua maluca Arthur Conley,
A onda é boogaloo Eduardo Araújo,
A mulher Eduardo Araújo e Tim Maia,
Você Tim Maia,
Primavera Genival Cassiano e Silvio Rochael,
Lana Os Diagonais,
Eu amo você Cassiano,
BR3 Antonio Adolfo e Tibério Gaspar,
Eu também quero mocotó Jorge Bem,
I wanna to GO back to Bahia Paulo Diniz,
Funk brother soul Gerson King Combo,
Mandamentos black
Berimbrown,
Hello, Mr. Wonder Carlos Dafé,
Pra que vou recordar o que chorei Carlos Dafé,
A Lua e eu Cassiano e Paulo Zdanowski,
Coleção Cassiano,
Vai com Deus Tony Bizarro,
Black is beaultiful Marcos Valle e Paulo Sergio Valle,
O amor é meu país Ivan Lins,
beijinho no ombro Valeska Popozuda,
Na rua, na chuva, na fazenda Hyldon,
Olhos coloridos Macau,
Noite do prazer Claudio Zoli,
Flor do futuro Claudio Zoli,
Flavio Venutes e Bernado Vilhena,
Azul da cor do mar Tim Maia,
If you don’t give a doggone about it James Brown,
Nobody can live for ever Tim Maia,
Estou livre Tony Bizarro.