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Luciano Pires -

Amigo, amiga, não importa quem seja, bom dia, boa tarde, boa noite. Este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Pronto, chegou a hora. Este é outro daqueles programas de sonho, daqueles que a gente diz: um dia vou fazer. Um podcast que vai direto para a lista dos clássicos! Largue o que você está fazendo, pegue um copo de uísque, de vodka, de vinho, sei lá… Certifique-se de não ser interrompido. Prepare-se para uma viagem inesquecível para o lado escuro da lua…

Posso entrar?

O podcast Café Brasil chega até você com o apoio do Itaú Cultural e do Auditório Ibirapuera que, como sempre, estão aí, a um clique de distância. www.facebook.com/itaucultural e www.facebook.com/auditorioibirapuera.

E sabe quem ganhou o exemplar de meu livro NÓIS…QUI INVERTEMO AS COISA, acompanhado do kit DKT desta semana? Foi o Antonio lá de Belzonte…

(Comentário do Antonio)

Que legal Antonio, muito interessante o tema que você propõe, vou trabalhar nele. E começo já, pois o programa de hoje é sobre memória, sim senhor! Vou ativar as lembranças de um monte de gente aí…

Muito bem. O Antonio ganhou um kit de produtos DKT com a marca Prudence! A DKT distribui a mais completa linha de preservativos e géis lubrificantes do Brasil e também apoia diversas iniciativas de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis. E também ao planejamento familiar, ué! Acesse www.facebook.com/dktbrasil e conheça mais a respeito.

Então vamos lá? Na hora do amor, use PRUDENCE.

Agora Lalá, bote de volta aquela musiquinha conhecida!

Aí! Lembrou? Sabe quem está de volta ao patrocínio do Café Brasil? A Nakata!! Isso mesmo, a Nakata, uma das mais tradicionais marcas de produtos de suspensão e direção do Brasil, retornando ao nosso cafezinho. E sabe a razão, hein? A turma da Nakata é obcecada por qualidade, ué…  Então prepare-se. De agora em diante, toda semana, você vai repetir comigo aqui no Café Brasil:

Exija a tecnologia original líder de componentes de suspensão!

Tudo azul? Tudo Nakata!

De quando em quando faço um Café Brasil totalmente musical, quem nos ouve já sabe disso. São programas intensos que, para que aconteçam, têm que respeitar uma regra básica: músicas que me influenciaram ao longo da vida. Por isso não são muitos programas, não são muitas músicas, não são muitos clássicos. Tem que ser aqueles que contribuíram para fazer de mim a pessoa que hoje eu  sou. É assim que consigo me envolver, me emocionar, mergulhar de cabeça no universo dos artistas que me influenciaram. É assim que consigo transmitir a você emoção pura.

Pois o programa de hoje é um desses. Trata mais que de uma música… trata de um disco. THE DARK SIDE OF THE MOON, com o Pink Floyd.

Vamos lá? Pare o que você está fazendo e mergulhe conosco. Vamos de novo na máquina prateada do Café Brasil viajar no tempo ! Antes de ir a nosso destino final, vamos dar uma paradinha em 1967.

(06:42)

Tudo pronto Ciça? Tudo Lalá? Então vamos nessa…

Deixa eu ajustar aqui as coordenadas. Hummmm domingo… 18 de junho de 1967… Estados Unidos… Califórnia, cidade de Monterey. Acho que se a gente der uma corrida, dá pra chegar a tempo… Vem comigo.

Arrghh.. essas viagens no tempo sempre me deixam tonto…

Olha cara! Quanta gente!!! Desce aqui. Vem por aqui!

Vai começar! Olha!!! Olha!!!

(07:31)

Cara! Estamos no festival Monterey Pop… E aquela lá é a Mama Cass que acabou de apresentar, sabe quem? O Scott Mackenzie.

San Francisco
Scott McKenzie

If you’re going to San Francisco
Be sure to wear some flowers in your hair
If you’re going to San Francisco
You’re gonna meet some gentle people there

For those who come to San Francisco
Summertime will be a love-in there
In the streets of San Francisco
Gentle people with flowers in their hair

All across the nation such a strange vibration
People in motion
There’s a whole generation with a new explanation
People in motion people in motion

For those who come to San Francisco
Be sure to wear some flowers in your hair
If you come to San Francisco
Summertime will be a love-in there

If you come to San Francisco
Summertime will be a love-in there

São Francisco

Se você está indo para São Francisco
Certifique-se de usar algumas flores em seu cabelo
Se você está indo para São Francisco
Você encontrará algumas pessoas gentis lá

Para aqueles que vêm a São Francisco
O verão será repleto de amor
Nas ruas de São Francisco
Pessoas gentis com flores em seus cabelos

Por toda a nação, como uma estranha vibração
Pessoas em movimento
Há toda uma geração com uma nova explicação
As pessoas em movimento, as pessoas em movimento

Para aqueles que vêm a São Francisco
Certifique-se de usar algumas flores em seu cabelo
Se você vier a São Francisco
O verão será repleto de amor

Se você vier a São Francisco
O verão será repleto de amor

Que fantástico, cara… estamos no meio de um dos grandes acontecimentos musicais do século vinte, o Monterey Pop Festival, talvez a primeira celebração psicodélica em larga escala da história…

Esse termo “psicodélico” veio de um movimento que surgiu em 1966, um ano antes de agora aqui,  em São Francisco, na Califórnia, associado à cultura hippie e às drogas. São músicas que exploram a subjetividade, obsessões e alucinações, cheias de guitarras e efeitos sonoros que criam aqueles cenários muito loucos pras viagens que a moçada experimentava na metade dos anos 60. E o começo do psicodelismo tá aqui mesmo, ó, em Monterey. No ano seguinte veio Woodstock…e o mundo nunca mais foi o mesmo.

Esse que está cantando é o Scott Mackenzie com a imortal San Francisco, o hino do movimento hippie.

Mas o que é que a gente tá fazendo aqui? Bem, eu quis aproveitar a máquina do tempo pra te dar o gostinho  da onda do psicodelismo, que cruzou os oceanos e influenciou a garotada do mundo todo. Inclusive uns moleques ingleses que são fundamentais para o programa de hoje.

Bem, mas vamos voltar à máquina, hein? Mais 4 anos pra trás, para a Inglaterra em 1963. Que curioso… três das quatro bandas que mereceram um especial aqui no Café Brasil são inglesas: Queen, Led Zepellin e agora Pink Floyd. Será que é a água que eles bebem por lá? Ou é a cerveja Guiness?

Se ajeitou aí Lalá? Ciça? Tudo bem? Pau na máquina…

(10:21)

Estamos na escola Politécnica de Londres em 1963, onde dois garotos de 20 anos se conhecem: Roger Waters e Nick Mason. Como todo garoto que ao redor dos 20 anos de idade sonha em ter uma banda, eles começam a tocar com alguns colegas. Não demora e o tecladista Richard Wright se junta a eles para formar um grupo chamado Sigma 6.  Em 1964, depois de mudar de nome diversas vezes e alguns componentes deixarem o grupo, um amigo de infância de Waters se junta a eles: o guitarrista Syd Barret.

Waters, Mason, Wright e Barret estavam na formação do novo grupo, que se chamou Tea Set. Em dezembro de 1964 o grupo fez sua primeira gravação e em 1965 Syd Barret se transformou em seu front man.  Na época, na tentativa de ampliar o repertório para evitar repetição de canções, os garotos perceberam que poderiam aumentar as músicas com solos mais longos, já prenunciando o estilo de sua futura banda. No final de 1965 o grupo Tea Set foi tocar num evento e descobriu que outra banda com o mesmo nome estava inscrita. Syd Barret então buscou inspiração em dois músicos de blues que ele curtia de montão. Floyd Council, que você ouve aí ao fundo com I´m grievin’ and I’m worryin’…

(11:50)

E Pink Anderson, que você ouvirá agora com Thousand Woman Blues…

(12:03)

É… a moçada na Inglaterra dos anos sessenta era fissurada nos músicos antigos norte americanos, especialmente os de blues. E você viu só? Floyd Council e Pink Anderson… Floyd e Pink… Pink e Floyd… Pink Floyd Sound… foi esse o novo nome da banda, sugerido por Syd Barret.

Por volta de 1966, o repertório do grupo consistia na maioria de canções do rithm and blues, mas já com algumas invencionices…. Numa de suas apresentações, Peter Jenner, um professor na London School of Economics ficou impressionado com os efeitos sônicos que Barret e Wright criavam e junto com seu amigo Andrew King, tornou-se empresário da banda. Os dois tinham pouca experiência com a indústria da música e aplicaram o dinheiro de uma herança de King na fundação da Blackhill Enterprises, aplicando 1000 libras na compra de novos instrumentos e equipamentos para a banda.  E foi Jenner quem sugeriu tirar o “Sound” do nome. O Pink Floyd começava a se transformar num negócio sério.

(13:37)

Arnold Layne
Pink Floyd

Arnold Layne had a strange hobby
Collecting clothes
Moonshine washing line
They suit him fine
On the wall hung a tall mirror
Distorted view, see through baby blue
Oh, Arnold Layne
It’s not the same, takes two to know
Two to know, two to know
Why can’t you see?
Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne

Now he’s caught – a nasty sort of person.
They gave him time
Doors bang – chain gang – he hates it
Oh, Arnold Layne
It’s not the same, takes two to know
Two to know, two to know
Why can’t you see?
Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne

Don’t do it again

Arnold Layne

Arnold Layne tem um hobby estranho
Coleciona roupas da
Linha de lavagem da Moonshine
Elas o servem muito bem
Na parede, segurando um espelho alto
Visão distorcida de um baby blue transparente
Oh, Arnold Layne
Não é o mesmo, é preciso pelo menos dois para que se saiba
Por que você não pode ver?
Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold
Layne

Ele foi pêgo. Um tipo nojento de pessoa
Eles o condenaram
As portas se batem – a gangue dos algemados – ele odeia isso tudo
Oh, Arnold Layne
Não é o mesmo, é preciso pelo menos dois para que se saiba
Por que você não pode ver?
Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold Layne, Arnold
Layne

Não faça de novo

A partir de então a banda se tornou parte do cenário musical underground de Londres, experimentando o uso de efeitos de luz e de sons em suas apresentações que se transformaram em marca registrada da banda. O jornal The Sunday Times comentou: “…um grupo pop chamado Pink Floyd tocou uma música pulsante enquanto uma série de formas bizarras e coloridas era projetada numa grande tela atrás deles. Aparentemente muito psicodélico…”

O som dos garotos do Pink Floyd era tão diferente que, após uma apresentação num grupo de juventude católica, o dono recusou-se a pagá-los, pois disse que o que eles faziam não era música…  Mas um grupo de fans começou a se formar e em 1967 o Pink Floyd chamou atenção da indústria musical , assinando com a EMI e lançando em março de 1967 seu primeiro single: Arnold Layne, que você ouve aí ao fundo. O pontapé estava dado…

Mas enquanto o grupo crescia para a fama, Syd Barret começava a apresentar distúrbios mentais. Sid estava enlouquecendo. A situação se agravou até provocar a interrupção de uma turnê do grupo pelos Estados Unidos. Em dezembro de 1967 um novo guitarrista foi chamado para a banda: David Gilmour. A intenção era manter Syd Barret como compositor, sem subir aos palcos ou participar das gravações, mas não deu muito certo. Em março de 1968 Barret deixou a banda e o grupo se viu com um grande problema: quem iria compor as canções? Coube a Roger Waters assumir a responsabilidade. E bola pra frente.

(15:52)

Em dezembro de 1969 o Pink Floyd gravou músicas para a trilha sonora do filme Zabriskie Point de Michelângelo Antonioni, que mostrava o movimento da contracultura, da mobilização e contestação social nos Estados Unidos. Ali já era possível encontrar as bases do que vinha pela frente. Veja se você reconhece algo neste trecho, chamado The Violent Sequence…

(16:25)

Em 1971 eles começaram a trabalhar novas canções e, por falta de um tema central, passaram a realizar experimentações. Reuniam-se e tocavam do final da tarde até a manhã do dia seguinte, improvisando, testando acordes, solos de guitarra e sonoridades, sem que nenhum material fosse aproveitado como música acabada. Mas estavam acumulando uma experiência importante. Nesse meio tempo, começaram a experimentar sons com objetos estranhos, algo que seria útil mais tarde. E com a contribuição de todos os componentes do grupo nas letras e composições, o Pink Floyd lançou em outubro de 1971 o álbum Meddle, que representou a transição entre o Pink Floyd influenciado por Syd Barret e a nova banda que emergia.

(17:45)

Echoes
Pink Floyd

Overhead the albatross hangs motionless upon the air
And deep beneath the rolling waves in labyrinths of coral caves
The echo of a distant tide comes willowing across the sand
And everything is green and submarine

And no one show us to the land
And no one knows the wheres or whys
But something stares and something tries
And starts to climb towards the light

Strangers passing in the street
By chance two separate glances meet
And I am you and what I see is me
And do I take you by the hand
And lead you through the land
And help me understand the best I can
And no one calls us to move on
And no one forces down our eyes
And no one speaks
And no one tries
And no one flies around the sun

Cloudless every day you fall upon my waking eyes
inviting and Inciting me to rise
And through the window in the wall comes streaming in on sunlight wings
A million bright ambassadors of morning
And no one sings me lullabies
And no one makes me close my eyes
So I throw the windows wide
And call to you across the sky

Ecos

Lá em cima os albatrozes se mantêm imóveis no ar
E nas profundezas das ondas nos labirintos das cavernas de corais
O eco de um tempo distante vem magicamente pela areia
E tudo é verde e submarino

E ninguém nos mostrou a terra
E ninguém sabe onde ou porquê
Mas algo encara e algo tenta
E começa a subir em direção à luz

Estranhos passando na rua
Acidentalmente dois olhares se encontram
E eu sou você e o que eu vejo sou eu
E eu pego você pela mão
E o conduzo através da terra
E ajude-me a compreender o melhor que eu puder
E ninguém nos chama para seguir em frente
E ninguém nos obriga a fechar nossos olhos
E ninguém fala
E ninguém experimenta
E ninguém voa ao redor do sol

Entretanto todos os dias você surge em meus olhos atentos
Convidando e me incitando a subir
E através da janela na parede entram agitados raios de luz solar sobre asas
Um milhão de brilhantes anunciando a manhã
E ninguém canta canções de ninar para mim
E ninguém me faz fechar meus olhos
Então escancaro a janela
E chamo você através do céu

O lado B daquele disco traz essa composição que  você ouve aí ao fundo, com quase 20 minutos de duração, chamada ECHOES, onde se pode ouvir experiências que seriam cruciais para o futuro da banda. Era a transição do psicodélico para o rock progressivo.

Esse trecho da letra que você acaba de ouvir diz: “estranhos caminhando pela rua, por acaso dois olhares se encontram. Agora eu sou você e o que eu vejo sou eu”.

Roger Waters comentou que esse verso foi como uma revelação e tornou-se o fio condutor que o influenciou desde então. E as experiências continuaram, com composições surgindo aos poucos. Como esta demo com violão e voz desafinados de Roger Waters…

(19:30)

E entre maio de 1972 e janeiro de 1973 o Pink Floyd gravou nos famosos estúdios Abbey Road um disco chamado THE DARK SIDE OF THE MOON.

E o mundo nunca mais foi o mesmo.

Começando com o fade in de um coração feito num sintetizador, os 90 segundos da abertura, chamada SPEAK TO ME – fale comigo – já definem o tom para a obra prima que segue.

The Dark Side Of The Moon é uma peça sobre como viver no mundo moderno. Reúne temas que tratam de loucura, morte, empatia, ganância, das forças da vida, enfim. Estão claras as raízes psicodélicas, o rock progressivo, o rock and roll… O disco é uma experiência criativa, excepcional, única e sensorial.

Eu tinha 18 anos de idade quando o ouvi pela primeira vez. Era pouco mais que um adolescente careta lá em Bauru, que tinha uma turma muito unida. Esse disco foi a trilha sonora de nossa passagem para o mundo dos adultos. Quantas vezes sentamos quietos na sala de alguém para simplesmente ouvir e viajar nas músicas. Sem drogas, praticamente sem álcool, os caipirinhas de Bauru em 1974 ficavam intrigados com aqueles risos malucos, trechos de falas onde um sujeito diz: ” eu sempre fui louco, eu sei que sempre fui louco, assim como a  maioria de nós é…”.

Imagine esse som lá, em 1974, quando tudo era novo.

The Dark Side Of The Moon foi nascendo naquelas reuniões em que a turma do Pink Floyd experimentava e ensaiava, repletas de improvisações de onde foram tiradas as ideias.

Cara, e tinha gente falando durante as músicas!

Roger Waters fez várias anotações num bloco, com questões filosóficas como “Qual é sua verdadeira natureza?”, “Por que você tem medo da morte?”, “O que é que você pensa da frase “Lado Escuro da Lua””? E depois interpelou pessoas pelos corredores dos estúdios Abbey Road, onde estavam gravando o álbum. Mostrava a pergunta e gravava as respostas num gravador portátil, para depois usá-las ao longo do álbum. Até Paul McCartney foi entrevistado, mas suas respostas não foram usadas, pois eram cautelosas demais… As risadas que aparecem nas faixas “Brain Damage” e “Speak to me” são de Peter Watts, o gerente das turnês da banda, que é nada mais nada menos que pai da atriz Naomi Watts, a loirinha da versão mais recente de King Kong.

E então, surpreendentemente, do meio daqueles ruídos e frases, surge a música maravilhosa de Breathe – Respire….

(23:03)

Breathe
Pink Floyd

Breathe, breathe in the air
Don’t be afraid to care
Leave, but don’t leave me
Look around, choose your own ground

For long you’ll live and high you’ll fly
And smiles you’ll give and tears you’ll cry
And all you touch and all you see
Is all your life will ever be

Run, rabbit run
Dig that hole, forget the sun
And when at last the work is done
Don’t sit down it’s time to dig another one

For long you’ll live and high you’ll fly
But only if you ride the tide
And balanced on the biggest wave
You race towards an early grave

Respire

Respire, inspire o ar
Sem receio de se envolver
Vá, mas não me deixe
Olhe em sua volta e escolha seu próprio chão
Para que você tenha uma vida longa e voe alto
E sorrisos você dará e lágrimas você chorará
E tudo que você tocar e tudo que você enxergar
É tudo que a sua vida sempre será
Corra, coelho, corra
Cave essa toca, esqueça o sol
E quando finalmente o trabalho estiver concluído
Não descanse, é hora de cavar outra.
Para que você tenha uma vida longa e voe alto
Mas só se você navegar na maré
E equilibrar-se na onda mais alta
Você disputa a corrida para a sepultura precoce

Para não quebrar a mágica das músicas, optamos por não colocar no áudio a tradução das letras, que estão na transcrição deste programa no portalcafebrasil.com.br .

Speak to Me e Breath, juntas, tratam dos elementos mundanos da vida que acompanham a ameaça diária da loucura – uma evidente inspiração em Syd Barret – assim como a importância de viver a sua própria vida.

E nova surpresa! As músicas não tinham o tradicional espaço de silêncio entre uma e outra como acontecia nos antigos Long Plays. Eram emendadas! Não dava tempo de recuperar o fôlego! Que loucura era aquela?

(25:17)

E começa On the run, que não é propriamente uma música, mas uma passagem na qual os Floyds com o engenheiro de som Alan Parsons usaram toda sua experiência anterior na construção de cenários sonoros.

O disco quase se chamou ECLIPSE, pois um grupo chamado Medicine Head lançou um ano antes um disco chamado The Dark Side of The Moon. Mas quando o disco do Medicine deu em nada, o Pink Floyd retomou o nome.

O engenheiro de som Alan Parsons tem grande mérito sobre o resultado final do álbum, especialmente numa época em que não existiam computadores e era tudo na unha. Alan trazia a experiência de ter atuado como engenheiro dos álbuns Abbey Road e Let It Be dos Beatles, é  mole?

E os moleques de Bauru sem entender nada… Agora estávamos num aeroporto… Sons que pareciam helicópteros passando sobre nossas cabeças, de um canal para o outro, um som pulsante de sintetizador criando uma sensação de ansiedade, uma embalagem sonora. Dizem que “On the run”, aborda o estresse e ansiedade das viagens modernas, em especial o medo que Wright tinha de voar

Ouvindo hoje e imaginando a turma da pesada que escutou essa faixa depois de fumar e cheirar todas, começo a entender a fissura que esse disco causou.

E tudo termina numa gigantesca explosão. Ou será o som de um jato decolando? Alguém correndo e….

… então vem um tic tac fazendo a gente entrar num hipnótico estado de apreensão… para sermos acordados por todos os despertadores do mundo.

(27:03)

Alan Parsons havia recebido uma encomenda para outro trabalho, de gravação de sons de relógios. Apresentou a ideia aos Floyds, que gostaram. Cada relógio foi gravado em separado, e eles tiveram que acionar os gravadores usando cronômetros e gestos, para que cada relógio tocasse no tempo certo. Se errassem um, tinha que começar tudo de novo. Já pensou, hein Lala?

Esse é o começo da quarta faixa do disco, Time…

(27:43)

Time
Pink Floyd

Ticking away, the moments that make up a dull day
You fritter and waste the hours in an offhand way
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way

Tired of lying in the sunshine
Staying home to watch the rain
You are young, and life is long
And there is time to kill today
And then one day, you find
Ten years have got behind you
No one told you when to run
You missed the starting gun

And you run and you run to catch up with the sun
But it’s sinking
And racing around to come up behind you again
The sun is the same in a relative way
But you’re older
Shorter of breath and one day closer to death

Every year is getting shorter
Never seem to find the time
Plans that either come to naught
Or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desperation is the english way
The time has gone, the song is over
Thought I’d something more to say

Home, home again
I like to be here when I can
When I come home cold and tired
It’s good to warm my bones beside the fire
Far away, across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells

Tempo

O “tic-tac” vai marcando cada momento de um dia morto
Você gasta as horas à toa, joga-as no lixo descontroladamente
Perambulando de um lugar para outro em sua cidade natal
Esperando por alguém ou algo que te mostre o caminho
Cansado de tomar banho de sol
De ficar em casa vendo a chuva
Você é jovem, a vida é longa
E há tempo para desperdiçar
Até que um dia você descobre
Que dez anos ficaram para trás
Ninguém te disse quando começar a correr
Você perdeu o tiro da largada

E você corre e corre para chegar até o sol
Mas ele está se pondo
Movendo-se, até surgir novamente atrás de você
O sol é o mesmo, de forma relativa
mas você está mais velho
Com menos fôlego e um dia mais próximo da morte

Cada ano que passa fica mais curto
Parece nunca arranjar tempo
Planos que tampouco deram em nada
Ou meia página de linhas rabiscadas
Atendo-se a um desespero silencioso, este é o jeito Inglês
O tempo passou, a música acabou
Pensei que teria algo mais a dizer

Em casa, novamente em casa
Eu gosto de estar aqui quando posso
Quando chego em casa cansado e com frio
É bom pra esquentar meus ossos ao lado da lareira
Bem longe, do lado de lá do campo
O badalar do sino de ferro
Chama os fiéis, de joelhos
Para ouvir seus suaves e mágicos discursos

Time é a única canção do álbum creditada a todos os quatro membros da banda. Cara, olha essa percussão!!!

A canção fala de como o tempo escorrega por nossas mãos, sem que percebamos, e é um alerta para quem gasta seu tempo com frivolidades. E ela começa de forma sombria, até que a bateria de Mason dá início à melodia…

Ah, e essas guitarras, hein? E um coral com vozes femininas!!! Meu, isso é rock ou o quê?  Nesse ponto já estamos completamente envolvidos pela atmosfera do disco, a cada segundo uma surpresa.

E então surge o grande momento do álbum, a canção GREAT GIG IN THE SKY. Eles queriam uma canção instrumental, com duração de 3 a 4 minutos, e o tecladista Richard Wright trouxe uma sequência que havia composto tempos antes. A banda começou a transformá-la naquela que é, para mim, a canção mais impactante do álbum.

Ué? mas, não tá faltando algo aí? Pois é… eles também achavam que faltava alguma coisa. Talvez uma voz feminina… Alan Parsons, que havia ouvido a cantora Clare Torry em outras gravações, convidou-a para fazer um bico.

Clare recebeu o convite sem saber do que se tratava, mas declinou. Preferiu assistir um show de Chuck Berry. Só aceitou depois que confirmaram a gravação numa tarde de domingo. E só então Alan Parsons disse a ela que era para o Pink Floyd. Clare não era fã da banda e foi para a gravação sem ter a menor ideia do que se tratava. Era só mais um trabalho como tantos outros. Foi recebida pela banda, que contou a ela o conceito do álbum, mas ninguém disse exatamente o que queria. Eles queriam uma voz, mas não sabiam como. Wright disse que pediram a ela que pensasse na morte, no horror, em qualquer coisa.

Clare ouviu a melodia, entrou no estúdio e começou a fazer uns improvisos, cantando “baby, baby”, mas eles disseram que não, não queriam nenhuma letra. Ela então decidiu que cantaria como se fosse apenas mais um instrumento musical, e isso lhe deu – nas palavras dela – “uma avenida para explorar”.  Fez alguns testes, eles gostaram e ela pediu a Alan Parsons que gravasse, dizendo que o primeiro take geralmente é o melhor. Muita gente pensa até hoje que a cantora é uma daquelas negronas gordas estilo gospel, mas não é nada disso. Clare era uma garota de 26 anos, com cabelos claros, tipo mignon, que parecia tudo menos a cantora que criaria um dos momentos mais espetaculares da história da música.

Clare diz assim: “Eu ouvia nos fones de ouvido uma melodia maravilhosa. Alan Parsons conseguiu que minha voz soasse deliciosa, com um pouco de eco… Quando fechei os olhos me senti envolvida por um som vocal maravilhoso, o que para uma cantora é sempre uma inspiração.”
Pois é.

Foi assim que aconteceu…

(37:06)

The Great Gig In The Sky
Wright
Torry

“And I am not frightened of dying
Any time will do, I don’t mind
Why should I be frightened of dying?
There’s no reason for it
You’ve gotta go sometime.

“I never say I was frightened of dying”

O Grande Show no Céu

“E eu não estou com medo de morrer
A qualquer hora pode acontecer, eu não me importo
Por que estaria com medo de morrer?
Não há razão para isso
Você tem que ir algum dia”

“Eu nunca disse que tinha medo de morrer”

A voz masculina que você ouviu por baixo da melodia logo no começo desta faixa fala que nunca teve medo da morte, que a qualquer momento iria morrer e não se importava com isso, afinal, por que ter medo de morrer, hein? Logo mais você ouvirá um sussurro respondendo: eu nunca disse que tinha medo de morrer…

Cara, não sei quantas vezes ouvi essa música em minha vida. Depois de quarenta anos ainda gela meu estômago,  continua hipnotizante, mexe com os sentidos, me enche os olhos de lágrimas, me emociona… Que coisa!

Quanto terminou de gravar, envergonhada por achar que tinha se excedido, Clare foi até o pessoal da banda, que estava na técnica. E ninguém disse nada. Não disseram se gostaram, se odiaram, nada. Ela então pediu desculpas e foi embora, achando que aquela gravação jamais seria ouvida por ninguém.

Clare não percebeu que estavam todos em estado de choque…

Ela só descobriu que estava no disco quando ouviu um numa loja. Perguntada hoje sobre como criou aquele momento mágico, Clare diz: “Não sei. Pode ter sido o diabo ou Deus sorrindo para mim, não sei de quem foi a última palavra. Foi um acidente feliz…”

Esse é um daqueles momentos mágicos de encontro de talentos… a música é linda sem a voz de Clare…

…A voz de Clare é linda sem a música…

Ô Lalá! Isso é tão bonito. Deixa mais um pouco

Clare Torry recebeu 30 libras como pagamento, o que equivale hoje a cerca de 1000 reais, mas em 2004 ela processou a EMI e o Pink Floyd alegando que co escreveu a canção com o tecladista Richard Wright. Ela ganhou a causa e hoje a autoria da canção é de Wright e Torry… Não se sabe quanto recebeu, mas certamente foram alguns milhões…

E então, seguindo a ideia implícita nessa música, morre o primeiro lado do disco…

As cinco faixas de cada lado do disco refletem vários estágios da vida humana, começando e terminando com o som de um coração batendo, explorando a natureza da experiência humana e, de acordo com Waters, a empatia.

The Dark Side of The Moon foi gravado entre maio de 1972 e janeiro de 1973, com intervalos de dias e até semanas entre cada sessão. No meio da gravação eles fizeram uma turnê pelos Estados Unidos, e várias vezes aconteceram interrupções para que Waters pudesse assistir a jogos do Arsenal ou para que o grupo todo fosse assistir o programa do Monty Python na televisão, deixando Alan Parsons trabalhando no que havia sido gravado.

Nessa hora, em 1974, alguém tinha que levantar pra virar o elepê…

A canção que abre o segundo lado do disco é Money, com uma caixa registradora como instrumento musical.  A música trata de ganância e consumismo e ironicamente foi a faixa mais bem sucedida comercialmente, com dezenas de versões cover produzidas por outras bandas.

(44:16)

É Roger Waters quem explica: “Todos lutamos pequenas batalhas diárias entre as coisas positivas e as negativas em nossas vidas e eu sou obcecado com a verdade e como a busca pelas coisas materiais fúteis torna obscura nossa trilha por uma vida completa. É sobre isso que The Dark Side of The Moon trata. E apesar do final depressivo, há a ideia implícita de que todas as coisas são possíveis, que o potencial está em nossas mãos…”

Money
Pink Floyd

Money, get away
Get a good job with more pay and you’re okay
Money, it’s a gas
Grab that cash with both hands and make a stash
New car, caviar, four star daydream
Think I’ll buy me a football team

Money, get back
I’m all right, Jack, keep your hands off of my stack.
Money, it’s a hit
Don’t give me that do goody good bullshit
I’m in the high-fidelity first class travelling set
And I think I need a lear jet

Money, it’s a crime
Share it fairly, but don’t take a slice of my pie
Money, so they say
Is the root of all evil today
But if you ask for a raise, it’s no surprise that they’re
Giving none away

Huhuh! I was in the right!
Yes, absolutely in the right
I certainly was in the right
You was definitely in the right
That geezer was cruising for Abruising
Yeah
Why does anyone do anything?
I don’t know, I was really drunk at the time
I was just telling him, he couldn’t get into number 2
He was asking
Why he wasn’t coming up on freely, after I was yelling and
Screaming and telling him why he wasn’t coming up on freely
It came as a heavy blow, but we sorted the matter out

Dinheiro

Dinheiro, fuja
Arrume um bom emprego com um salário melhor e você fica bem
Dinheiro é combustível
Agarre essa grana com as duas mãos e guarde
Carro novo, caviar, sonhos acordados de quatro estrelas
Acho que comprarei um time de futebol para mim

Dinheiro, volte
Eu estou bem, Jack, mantenha suas mãos fora da minha grana
Dinheiro é um sucesso
Mas não me venha com essa grande bobagem
Estou no grupo de viagem de primeira classe e alta fidelidade
E acho que preciso de um Lear jet

Dinheiro é um crime
Divida-o com justiça, mas não pegue um pedaço da minha torta
Dinheiro, assim eles dizem
É a raiz de todo o mal hoje em dia
Mas se você pedir um aumento, não será surpresa
Se eles não derem nenhum

Então começa Us and Them que aborda o isolamento dos depressivos. É a faixa mais longa do disco, que foi originalmente escrita como uma sequencia instrumental por Wright para o filme Zabriskie Point. Foi o trecho que toquei para você lá atrás… A letra aborda guerras e direitos civis.

(52:14)

Us And Them

Us, and them
And after all we’re only ordinary men
Me, and you
God only knows it’s not what we would choose to do
Forward he cried from the rear
And the front rank died
And the general sat and the lines on the map
Moved from side to side
Black and blue
And who knows which is which and who is who.
Up and down
And in the end it’s only round and round
Haven’t you heard it’s a battle of words
The poster bearer cried
Listen, son, said the man with the gun
There’s room for you inside

“I mean, they’re not gunna kill ya, so if you give ’em a quickshort
Sharp, shock, they won’t do it again
Lid it? I mean, he get off
Lightly, ‘cos I would’ve given him a thrashing I only hit him once
It was only a difference of opinion, but really I mean good manners
Don’t cost nothing do they, eh?”

Down and out
It can’t be helped but there’s a lot of it about
With, without
And who’ll deny it’s what the fighting’s all about?
Out of the way, it’s a busy day
I’ve got things on my mind
For the want of the price of tea and a slice
The old man died

Nós e eles

E apesar de tudo nós somos pessoas comuns
Eu, e você
Só Deus sabe que nós não tínhamos outra escolha
Lá de trás ele gritou para avançar
E o pelotão de frente foi dizimado
E o General sentou, e as linhas do mapa
Se embaralharam
Preto e azul
E quem sabe qual é qual e quem é quem
Altos e baixos
E no fim das contas isto vira um ciclo sem fim
Você não ouviu? Isto é uma batalha de palavras
O homem do cartaz berrou
Escuta filho, disse o homem com a arma
Há um quarto pra você lá dentro
Morto e destruído
Não há como evitar mas há muito a respeito disso
Com e sem
E quem vai negar que é esta a razão de toda a luta?
Sai do meu caminho, estou num dia cheio
E estou de cabeça cheia
Por não querer saber do preço do chá e da torrada
O homem velho morreu

Mais um choque. Dessa vez, um saxofone! Pô, mas isso é rock ou o quê? O responsável por esse saxofone maravilhoso que pontua diversas canções do disco é Dick Parry, que tocou com David Gilmour em outra banda antes do Pink Floyd.

Nessa faixa fica clara a habilidade de Richard Wright e David Guilmour em harmonizar suas vozes, que são muito parecidas. Mas é a mão de Alan Parsons, com suas técnicas de estúdio, que faz com que as vozes dos dois pareçam uma coisa só… é lindo….

Us and Them trata da ideia do humanismo e de como ele poderia ou deveria ter algum efeito sobre nós. O primeiro verso fala de guerra, de como na linha de frente não temos muita chance de nos comunicarmos um com outro, pois alguém decidiu que deve ser assim… O segundo verso trata de liberdades civis, racismo e preconceito de cor. O último verso fala de passar por um mendigo na rua e não ajudá-lo…

(55:56)

Então, Mais um instrumental de passagem – ANY COLOUR YOU LIKE – qualquer cor que você goste, que  trata da questão da falta de escolhas que temos na sociedade.

A edição do disco envolveu ainda o trabalho do produtor Chris Thomas, cuja experiência era em música e não em engenharia como Alan Parsons. Thomas trabalhara com o grande produtor dos Beatles, George Martin e trouxe importantes contribuições para o disco.

E a molecada pirava na guitarra de David Gilmour. Imagino quanta gente não deve ter decidido virar guitarrista ao ouvir esta música…

E o design da capa, hein? Foi criado pelos designers Storm Thorgerson, Aubrey Powell e George Hardie, do grupo de design Hipgnosis, que já havia trabalhado em discos anteriores do Pink Floyd. O prisma surgiu numa foto que Thorgerson viu durante uma sessão de brainstorming. Eles ofereceram sete opções de capa para a banda, mas levou apenas três minutos para que todos concordassem com o prisma. O design representa três elementos: o trabalho de iluminação da banda no palco, as letras das músicas e a simplicidade que Richard Wright pediu. Aquele prisma no meio da capa preta é um dos ícones de minha vida, acho que da vida de todo mundo. Que força!

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Começa então Brain Damage, que pode ser traduzida como “estrago no cérebro”. A música trata de doenças mentais provocadas pela fama e sucesso acima das necessidades do indivíduo. A música teve três nomes: Lunatic, Lunatic Song e Dark Side Of the Moon antes de se chamar Brain Damage… Há um momento da letra que diz “e se a banda da qual você faz parte começar a tocar melodias diferentes… ”. Parece ter sido inspirado pelo processo de enlouquecimento de Syd Barret, que tocava a música errada em sua fase terminal na banda.

(01:0021)

Brain damage

The lunatic is on the grass
The lunatic is on the grass
Remembering games and daisy chains and laughs
Got to keep the loonies on the path

The lunatic is in the hall
The lunatics are in my hall
The paper holds their folded faces to the floor
And every day the paper boy brings more

And if the dam breaks open many years too soon
And if there is no room upon the hill
And if your head explodes with dark forebodings too
I’ll see you on the dark side of the moon

The lunatic is in my head
The lunatic is in my head
You raise the blade, you make the change
You re-arrange me ’till I’m sane

You lock the door
And throw away the key
There’s someone in my head but it’s not me
And if the cloud bursts, thunder in your ear
You shout and no one seems to hear
And if the band you’re in starts playing different tunes
I’ll see you on the dark side of the moon

“I can’t think of anything to say except
I think it’s marvellous! Hahaha!”

All that you touch
And all that you see
All that you taste
All you feel
And all that you love
And all that you hate
All you distrust
All you save

And all that you give
And all that you deal
And all that you buy, beg, borrow or steal
And all you create
And all you destroy
And all that you do
And all that you say

And all that you eat
And everyone you meet
And all that you slight
And everyone you fight
And all that is now
And all that is gone
And all that’s to come
And everything under the sun is in tunn
But the sun is eclipsed by the moon

Estrago no cérebro

O lunático está no gramado
O lunático está no gramado
Lembrando-se de jogos, correntes de margaridas e gargalhadas
Temos que manter os loucos na linha

O lunático está no corredor
Os lunáticos estão no meu corredor
O jornal deixa suas caras dobradas no chão
E cada dia o entregador de jornal traz mais

E se a represa romper-se muito antes do tempo
E se não houver nenhum espaço em cima da colina
E se sua cabeça também explodir com maus pressentimentos
Eu te verei no lado escuro da lua

O lunático está em minha cabeça
O lunático está em minha cabeça
Você ergue a lamina, você faz a mudança
Você me rearranja até eu ficar são

Você tranca a porta
E joga a chave fora
Há alguém em minha cabeça, mas não sou eu
E se a nuvem explodir, trovejar em seu ouvido
Você grita e ninguém parece ouvir
E se a banda em que você está começar a tocar melodias diferentes
Eu te verei no lado escuro da lua

E o  álbum termina com ECLIPSE, que é uma espécie de Brain Damage II, que abraça o conceito de diversidade e de unidade, enquanto força o ouvinte a reconhecer as ameaças comuns compartilhadas pela humanidade.

 Eclipse

All that you touch
All that you see
All that you taste
All you feel
All that you love
All that you hate
All you distrust
All you save.
All that you give
All that you deal
All that you buy,
Beg, borrow or steal.
All you create
All you destroy
All that you do
All that you say.
All that you eat
everyone you meet
All that you slight
Everyone you fight.
All that is now
All that is gone
All that’s to come
And everything under the sun is in tune
But the sun is eclipsed by the moon.
“There is no dark side of the moon really.
Matter of fact it’s all dark.”

Eclipse

Tudo que você toca
Tudo que você vê
Tudo que você prova
Tudo que você sente
Tudo que você ama
Tudo que você odeia
Tudo que você desconfia
Tudo que você salva
Tudo que você dá
Tudo que você negocia
Tudo que você compra
Mendiga, pega emprestado ou rouba
Tudo que você cria
Tudo que você destrói
Tudo que você faz
E tudo que você diz
Tudo que você come
Todos que conhece
Tudo que você vê passar rápido
Com todos que você briga
Tudo que é agora
Tudo que já passou
Tudo que virá
E tudo sob o sol está em perfeita sintonia
Mas o sol esta coberto pela lua

A letra é um resumo das ideias do disco: aí está você, é isso que tem pra agora… o que você experimenta é o que há. A frase depressiva no final: “e tudo que está sob o sol está em equilíbrio, mas o sol está eclipsado pela lua” traz a ideia de que todos temos o potencial para estar em harmonia com qualquer coisa, para conseguir viver uma vida com propósito, feliz e correta.

(01:03:57)

E após trazer alguém dizendo que  “Não há um lado escuro na lua, na realidade. Na verdade ela é toda escura”, como uma revelação sobre a futilidade de nossas buscas ao longo da vida, o disco termina da forma como começou…com um coração batendo…

The Dark Side of The Moon foi lançado nos Estados Unidos  em 1 de março de 1973 e logo em seguida na Inglaterra e menos de 60 dias depois atingiu o topo da Billboard. É um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos, ultrapassando 50 milhões de cópias.

Parte do legado de The Dark Side of The Moon pode ser ouvido nos milhares de músicos que foram influenciados pelo disco, que é considerado um momento de virada na história do rock.

Qual é a razão desse sucesso? Precisamos olhar o que acontecia no começo dos anos 70.

Bandas como Led Zepellin, King Crimson, Rush e Doobie Brothers, por exemplo, lançaram seus melhores trabalhos naquela época. David Bowie lançou Ziggy Stardust! Foi o tempo em que o rock atingiu a perfeição. Ou foi simplesmente aquela conjunção de astros, a química entre os talentos. A música, as letras, as vozes, o técnico de som, a cantora convidada, o design da capa… tudo em sintonia.

Em 1975 o Pink Floyd lançou o álbum Wish you were here. Em 1977 Animals e em 1979, The Wall… Mas então o choque de egos, especialmente de Roger Waters, provocou o fim da banda após o lançamento em 1983 do álbum The Final Cut. Foram discos que fizeram sucesso, mas sem jamais atingir a perfeição, a inovação e a mágica de The Dark Side Of The Moon.

E por 40 anos, desde meus 18 anos de idade, este disco é parte fundamental da trilha sonora de minha vida.

E é assim então, agradecendo a você por me dar a oportunidade de fazer este podcast e reviver um pouco do impacto que senti quando tomei contato com The Dark Side Of The Moon, que vamos saindo… nas nuvens…

Cara, tem muito mais história para contar sobre esta música, dê uma pesquisada no Google e divirta-se.

(01:07:57)

Com o delirante Lalá Moreira na técnica, a psicodélica Ciça Camargo na produção e eu, que a esta altura estou do lado escuro da lua, Luciano Pires na direção e apresentação.

Estiveram conosco o ouvinte Antonio, Floyd Council, Pink Anderson, Scott Mackenzie, Roger Waters, David Gilmour, Syd Barrett, Richard Wright e Nick Mason… o Pink Floyd.

E agradeço também a meus amigos da Pellegrino, que ao apoiar o Café Brasil nos dão a chance de fazer um programa como este. Acesse facebook.com/pellegrinodistribuidora e experimente.

Pellegrino distribuidora. Conte com a nossa gente.

Este é o Café Brasil, que chega a você com o apoio do Itaú Cultural e do Auditório Ibirapuera. De onde veio este programa tem muito mais. Visite para ler artigos, para acessar o conteúdo deste podcast, para visitar nossa lojinha… www.portalcafebrasil.com.br.

E olha! Lembr do WhatSapp pra comentar!!! É o 11 96789 8114. Repetindo: 11 96789 8114. Tecle aí!

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Para terminar, as palavras de Roger Waters em Breathe

Para que você tenha uma vida longa e voe alto
E sorrisos você dará e lágrimas você chorará
E tudo que você tocar e tudo que você enxergar
É tudo que a sua vida sempre será

Boa viagem…