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Café Brasil 595 – A empatia positiva

Café Brasil 595 – A empatia positiva

Luciano Pires -

Se você construir uma linha emocional imaginária, numa extremidade terá o bullying e na extremidade oposta terá a empatia. Mas que empatia é essa, hein?

Posso entrar?

Amigo, amiga, não importa quem seja, bom dia, boa tarde, boa noite, este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires.

Antes de começar o show, o recado de sempre: preparamos um resumo do roteiro deste programa com as principais ideias apresentadas. Aquele guia para você complementar aquelas reflexões que o Café Brasil provoca. Para baixar gratuitamente acesse o roteiro deste programa no portalcafebrasil.com.br/595.

E quem vai levar o e-book Me engana que eu gosto é o Augusto Pinto, que mandou um depoimento por escrito e de quem vou falar na sequência.

O Augusto receberá um KIT DKT, recheado de produtos PRUDENCE, como géis lubrificantes e preservativos masculino e feminino. PRUDENCE é a marca dos produtos que a DKT distribui como parte de sua missão para conter as doenças sexualmente transmissíveis e contribuir para o controle da natalidade.  O que a DKT faz é marketing social e você contribui quando usa produtos Prudence. facebook.com/dktbrasil.

Vamos lá então! Lalá, hoje é com empatia.

Luciano: Na hora do amor…

Lalá: Eu e ela usamos Prudence.

E agora chegou a hora de falar do Café Brasil Premium. Hoje tem uma surpresa, cara! Eu recebi aqui, aliás, estou recebendo aqui uma visita de um assinante do Premium lá da primeira hora. Paulo Oliveira. Tudo bom, Paulo?

Paulo – Tudo bom.

Luciano – Você está assinando desde quando?

Paulo – Eu comprei a assinatura na estreia. Na noite de estreia, na noite do lançamento eu estava lá comprando.

Luciano – Pegou a casa sendo arrumada ainda.

Paulo – Inclusive ajudando pra corrigir os erros lá do lançamento.

Luciano – … que é o que mais tem, né?

Paulo – Agora não. Agora tá corrigido.

Luciano – Você já está consumindo então, já são dez meses, cara! Que tal? Que tal tem sido aquele conteúdo?

Paulo – O conteúdo é excelente, não tem o que acrescentar. É excelente. Com selo de qualidade do Café Brasil.

Luciano – Posso soltar seu braço que eu torci aqui? Obrigado, cara!

Paulo – Foi totalmente voluntário.

Luciano – Vamos adiante aqui.

O Café Brasil Premium é um ambiente de educação, pra você crescer no seu dia a dia pessoal e profissional. Você tem lá: sinopse de livros, tem vídeos,… cara! Tem um baita monte… Dá uma olhada lá, cara!

cafebrasilpremium.com.br.

Conteúdo extra-forte.

O programa de hoje nasceu de um e-mail que recebi de um ouvinte. Vou reproduzi-lo na sequência, prestenção aí, ó!

Esse som delicioso ao fundo é POR VOCÊ, com os pernambucanos do A Trombonada, grupo instrumental com cinco trombones. Ouça aí que delícia…

“Olá Luciano, meu nome é Augusto e tenho 71 anos. Fui executivo no setor de TI por mais de 30 anos, tendo atuado como CEO em diversas empresas. Em 2001, aos 55 anos, me senti de saco cheio de reportar para gringos e ser um pau mandado (porque, sim, numa grande corporação até o CEO é um pau mandado). Decidi que queria ser senhor de meu próprio nariz, abrir minha empresa e que fosse necessariamente numa área em que eu não entendesse nada, para aprender. Junto com um velho amigo jornalista, me decidi por abrir (e aprender) uma empresa no setor de comunicação corporativa, ou no jargão do mercado, uma empresa de Relações Públicas. Hoje, passados mais de 16 anos, sou sócio de três empresas nesse setor e emprego mais de 120 pessoas. Nossas empresas, modéstia à parte, são muito bem sucedidas e eu atribuo 90% de nossos resultados à meritocracia.

Eu assisti aos seus três programas sobre meritocracia, durante minha corridinha diária. Adorei e aprendi muito com tudo que você e seus ouvintes apresentaram. Mas, acho que tem espaço para um quarto módulo. Vou acrescentar alguns comentários, trazendo um pouco de pimenta para o nosso debate. Eu acho que o sucesso da meritocracia depende da existência de um ambiente propício à empatia, mas aquela do tipo positivo. Como assim? Eu me explico. Quando eu era adolescente costumava misturar empatia com simpatia. Um velho professor, vendo minha confusão, me apresentou uma definição que clareou tudo: “Empatia é você conseguir se colocar nos sapatos do outro.” Mas, cuidado, existem dois tipos de empatia, a negativa e a positiva. A empatia negativa é a mais comum e mais fácil de exercitarmos. É quando você vê alguém numa situação muito ruim, necessariamente muito pior que a sua, e decide-se por ajudar. Ajudar a quem tem câncer, quem foi corneado, perdeu tudo, está desempregado etc., é molezinha, cara, pois a gente se sente magnânimo e, ainda por cima, conscientes de que estamos muito melhor que o cara. Já a empatia positiva, é dificílima. Empatia positiva é quando a gente se rejubila por quem está bem melhor do que nós, por quem tem um emprego melhor, ganha mais, tem o carro seus sonhos ou namora aquela gata que você nunca nem passou perto”.

Eu acho que o nosso grande desafio, pela ordem, como país, empreendedores e cidadãos é aprender e ensinar que empatia positiva é bom, porque cria uma ambiente saudável em torno da gente (nosso lar, nossa empresa, nosso país) e é esse ambiente que fomentará concretamente a meritocracia.

Pronto, falei. Espero que clareie um pouco mais, ou não. Como dizia o Chacrinha, “estamos aqui para confundir e não para explicar.”

Parabéns pelo programa e continue com esse seu alto astral e isenção opiniática, que fazem dos seus conteúdos os mais brilhantes da mídia brasileira.”

Grande Augusto… Olha, cara! Muito obrigado pelo elogio aí ao final. Vindo de quem vem… Olha, eu não posso me furtar a um comentário que vai me causar uns problemas aqui… Eu já tô vendo já o mimimi. Cara, que delícia receber um texto de alguém com 71 anos de idade, com aquela sapiência que só uma vida muito vivida pode trazer. Eu estou de saco cheio de ler textos de molecada que está saindo da fralda suja e cantando de galo, cagando regras e bancando o guru. Tem gente que fica alucinada quando comento essas coisas e já parte para a generalização: Ah, Luciano, quer dizer que jovens não podem ter opinião própria, é?

Não. Não é isso. Jovens não só podem como DEVEM ter opinião própria. Aliás, a base do meu trabalho é isso. É incentivar. E devem espalhar essa opinião sim senhor! E aproveito para pegar um conceito de meu amigo Ricardo Jordão Magalhães, olha só: “você não precisa se faixa preta para ensinar alguma coisa para as pessoas; o faixa amarela já tem muita coisa para ensinar para o faixa branca.”

Sacou?

Não existe problema algum em conhecer um pouco e ensinar esse pouco aos que conhecem menos ainda. Eu aprovo e incentivo isso. O que me incomoda é quem acha que seu pouco conhecimento já o torna capaz de opinar sobre qualquer assunto. O youtuber completamente ignorante em política opinando sobre política, por exemplo… Não dá, cara! Eu já disse isso aqui e repito: você tem obrigação de repassar seu conhecimento adiante, se quer construir uma sociedade melhor. Sim, faça seu canal no Youtube, cria seu podcast, faça seu blog, use todos os canais. Mas mantenha a humildade de reconhecer que, quando você não sabe sobre um assunto, dar uma lidinha na Wikipedia não torna você um especialista. Faça como eu, quando me deparo com um tema que desconheço: cala a boca. Reconheça sua ignorância. Não dê palpite, pô!

E essa é a vantagem de um sujeito de 70 anos sobre um pirralho de 25: a vida vivida. Experiência. Erros e acertos. Em vez do “eu li sobre isso”, “eu assisti sobre isso” ou ainda “eu ouvi sobre isso, o “eu vivi isso”. Sacou?

É isso. Cê tá com o dedo coçando pra mandar um comentário me chamando de preconceituoso, jovemfóbico ou elitista? Não precisa, cara. Ouça o comentário outra vez, baixe a bola aí, exercite a sua humildade e reconheça sua ignorância. E quando não souber das coisas, não precisa falar não, cara!

Tá pensando o que, hein cara? Isso aqui é o Café Brasil. Que tal esse bluezaço aí no fundo, hein cara?

Chama-se IT’S MY TURN. É a minha vez. Essa guitarra de arrasar aí é o meu amigo Nuno Mindelis, acompanhado pelo The Cream Crackers. Vê se pode isso aí…….

Bem, voltando ao Augusto e seu tema delicioso: a empatia positiva. As menções à empatia positiva vêm de longa data, podem ser encontradas no Budismo, que prega encontrar alegria e felicidade no sucesso dos outros; pode ser encontrada na Teoria dos Sentimentos Morais de Adam Smith e com certeza no trabalho de algum filósofo três ou quatro mil anos atrás.  Esse tema me fascina cheguei a escrever sobre ele em um de meus livros, não vou me lembrar qual agora.

Esse assunto em remete a uma entrevista do Alberto Carlos Almeida para a Marilia Gabriela. Ouça só:

Alberto – …agora Gabi. Tem uma coisa que é importante. A gente sempre compara o serviço público no Brasil com o serviço público na Suécia. Não dá pra comparar. Por que que não dá? Porque serviço público não é só um problema de oferta. É um problema de demanda. Quem é que demanda o serviço público na Suécia? É uma população que tem uma escolaridade altíssima. Quem é que demanda o serviço público no Brasil? É uma população muito pobre com uma escolaridade muito baixa.

Gabi – Por que o brasileiro nunca teve como prioridade a educação? Estou dizendo dos governos…

Alberto – Eu acho que isso é cultural.

Gabi – Mas vem de onde?

Alberto – Vem da nossa matriz católica. Os países católicos, quanto mais forte o catolicismo… as tradições católica e protestante são opostas com relação a isso. O catolicismo decidiu educar a elite. Não é por acaso que tem universidades e colégios jesuítas. Quando veio a Reforma protestante, na Alemanha, na Prússia… sei lá… a Reforma protestante foi a seguinte decisão que eles tomaram: vamos educar o povo. Quando começou a Reforma, 90% da população, 99% era analfabeta. Só era alfabetizada a coroa, os nobres e o clero. O resto todo mundo era… aí eles disseram: sabe de uma coisa? Vamos alfabetizar todo mundo porque todo mundo tem que ler a Bíblia. Então o sistema escolar massificado alemão foi criado numa composição entre a igreja luterana e a coroa local, que se converteu, ao luteranismo… aí briga de poder… E aí, a igreja católica começou a fazer vários experimentos para deter o protestantismo. Um deles foi a Companhia de Jesus, que funcionou maravilhosamente bem. Ela disse para os nobres o seguinte, olha: eu dou os professores, você me dá a estrutura. E a gente educa a tua elite. E aí a conversão aconteceu o inverso. Eles conseguiram deter o avanço do protestantismo. Foram criadas duas tradições educacionais. Uma pra educar a população como um todo e outra pra educar a elite. Então nós, somos vinculados a essa tradição. Portugal tem uma das piores escolaridades da Europa. Porque é extremamente católico o país. Isso não é uma conspiração das elites. Simplesmente, o político que investir demais em educação não recebe em troca o voto. Porque o eleitor também não apoia isso. Ele prefere que invista em consumo, em saúde, tem várias razões pra isso, mas estou dizendo, a educação não é um valor em si próprio pra nós, como é num país protestante. A educação pra nós é um valor como meio pra atingir alguma coisa. Então você vende educação no Brasil dizendo: olha, mais educado você vai ter mais renda, mas não é que seja um valor em si. Isso é cultural.

Bom. Antes que alguém escreva fazendo piadinha, eu lembro você: o Alberto Carlos Almeida é aquele cientista político que foi gravado em 2016 sugerindo ao Lula que assumisse um ministério no governo Dilma para escapar da Lava Jato. Eu confesso que aquilo foi bem feio cara, mas não invalida seu raciocínio sobre a questão da educação no Brasil e as matrizes católica e protestante. Acho que essa questão da empatia negativa e positiva pode ser também entendida sob esse ponto de vista da educação católica e da protestante. A católica privilegia a empatia negativa: ajude quem está pior que você, faça o bem, seja o bom samaritano… mas ela não gosta muito da empatia positiva, não: ela vê o rico, o bem sucedido, como avarento, como um aproveitador, um explorador. Se bobear, considera o sucesso o caminho mais curto para o inferno, cara.

A educação protestante é mais pragmática, ela valoriza o sucesso, vê o rico e o bem-sucedido como exemplos de trabalho duro, de abnegação, de esforço, de mérito. Considera o sucesso o caminho para o céu.

Opa! Tem disjuntor caindo aí, meu… é o teu?

Olha, esse assunto dá pra ir muito longe, mas basta você fazer um exercício. Pegue um ídolo milionário no esporte ou nas artes nos Estados Unidos, um país da matriz protestante e observe como a imprensa e as mídias sociais se referem a ele ou a ela. Há um respeito profundo pelo sucesso conquistado. Agora pegue, por exemplo, o Neymar (ou escolha outro qualquer) e veja o tratamento que é dado a ele aqui no Brasil da matriz católica. O foco é no supérfluo, no escândalo, no cabelinho, na champanhe, nas moça que ele sai no carrão que ele dirige, não há aquele respeito ou admiração, é sempre uma espécie de mistura de vergonha com frustração.

Aliás, nem é preciso ir ao extremo do Neymar. Pegue qualquer indivíduo que obtenha exposição pública em qualquer segmento de atividade. Qualquer um, cara. Quanto mais visível, mais porrada, mais haters, mais ódio.

Sim, é assim no mundo todo, mas aqui no Brasil é mais. Muito mais.

Empatia positiva, como disse o Augusto “quando a gente se rejubila por quem está bem melhor que nós, por quem tem um emprego melhor, por quem ganha mais, tem o carro seus sonhos ou namora aquela gata que você nunca nem passou por perto”. Cara! Isso aqui, é tabu.

Ficar feliz por quem tem mais sucesso que você. Pense nisso. Se você contar para alguém, aí vai ouvir imediatamente:  “ah, como você é bobo, ele deve estar lavando dinheiro”; ou então: “Ah, ela deve ter dado pro chefe”, “Ah, ele fez um conchavo com políticos, cara”, ou talvez: “Ah, só deu sorte, cara”. Pense aí… quantas vezes você já reagiu assim?

Olha que legal, cara? O grande Paulo Moura com Os Batutas, mandando INGÊNUO, de Pixinguinha. A riqueza da Música Popular e dos instrumentistas brasileiros sempre me impressiona, viu?

Tente lembrar da última vez que você compartilhou com alguém algo excitante, que te entusiasmou, de verdade. Se a pessoa reagiu também entusiasmada, você certamente se lembra da onda boa que invadiu você, que te motivou, que fez você se sentir mais feliz. E o contrário também vale: você chega entusiasmado, fala daquele podcast maravilhoso que você ouviu e a pessoa responde com desdém ou então, total desinteresse. É um banho de água fria.

É a isso que remete a ideia da empatia positiva: conectar-se com os outros e compartilhar com eles as emoções positivas. Demonstrar alegria quando ele ou ela te contar que comprou um avião, cara. Demonstrar simpatia quando ele ou ela contar que ganharam uma promoção. Demonstrar felicidade autêntica com as conquistas do outro.

Com a chegada das mídias sociais, em especial o Facebook, isso ficou ainda mais claro. As redes sociais transformaram-se no ambiente onde buscamos reforçar nossas experiências emocionais, compartilhando-as uns com os outros. Examine como funcionam as áreas de comentários, cara. Veja quantas pessoas estão jogando para cima, quantas para baixo e você entenderá a dificuldade de praticar a empatia positiva.

Onde é que essa discussão nos leva, hein? A algo que tem me preocupado imensamente nos últimos tempos. Hoje em dia, no Brasil, falar bem de qualquer coisa parece que é motivo de vergonha, cara. E demonstração de ignorância. Se você fala bem de um político então, é porque faz parte do bando dele. Se elogia uma ação do governo, é porque não entendeu nada. Se fala bem de uma propaganda, é porque desconsidera o mal que o banco que fez a propaganda causa à sociedade.

Inclusive lancei uma hashtag: o MAS, para começar a publicar no Face notícias boas que imprensa mostra, sempre acompanhada de um “mas”, que reduz sua importância e corta a motivação, o bem estar.

Coisas assim ó:

– A taxa SELIC é a menor dos últimos anos. Mas o ritmo de queda diminuiu.

– O governo reduziu o valor do seguro obrigatório para automóveis. Mas isso não vale para motocicletas.

– A inflação é a menor dos últimos anos. Mas isso significa que o governo apertou demais o cinto.

Sacou? Nos transformamos numa sociedade amarga, de gente que só vê o lado vazio do copo. Nenhuma notícia pode ser boa. É proibido saborear qualquer sucesso. Nascemos para sofrer, o Brasil não tem jeito, está uma merda, sempre foi e sempre vai ser uma merda.

Percebe que é tudo a mesma coisa, hein? Como praticar a empatia positiva numa sociedade incapaz de reconhecer  sucessos? É como um time de futebol que entra em campo sem confiar no técnico, sem confiar nos jogadores, sem confiar em sua capacidade de ganhar o jogo. Até onde cê acha que esse time vai, hein?

Muito bem. O que fazer então, hein? Experimente ficar atento para suas reações. Quando se deparar com alguém dizendo alguma coisa, com um post, com uma notícia positiva, experimente seguir uns passos. Por exemplo:

  1. Cumprimente a pessoa, elogie o post, comente a notícia.
  2. Demonstre sua alegria genuína. A pessoa ganhou na loteria, comemore com ela e por ela.
  3. Conte pra todo mundo. Espalhe a boa notícia.
  4. Use sempre um imperativo que leve para a ação. Aliás, tenho um exemplo delicioso que não é especificamente sobre empatia positiva, mas cabe muito bem aqui. Outro dia tive um problema no meu laptop Surface, que é da Microsoft e não tem assistência técnica no Brasil. Tive de recorrer ao chat com um técnico da Microsoft lá nos Estados Unidos e fiquei impressionado, cara. Todas as interações que fazíamos terminavam com ele dizendo: “fique tranquilo que a gente vai resolver”, “não se preocupe que daremos um jeito”. Aquilo teve um efeito tranquilizador impressionante sobre a minha tensão e angústia. Depois do atendimento, eu percebi o poder daquela empatia dele para comigo e eu adotei para mim. Hoje, quando o pessoal me escreve com problemas no feed do Café Brasil Premium, por exemplo, nas respostas dos e-mails eu dou um jeito de incluir sempre: “fique tranquilo que a gente vai resolver”. Algo me diz que isso indica à pessoa que eu compreendo muito bem o problema dela… Isso chama-se empatia.

Pense nisso tudo ao agir especialmente com crianças. Se a criança chega deslumbrada, retribua o deslumbre, cara. Se chega entusiasmada, retribua o entusiasmo. Não seja o brochador, o mimizento, o sujeito ranzinza que quebra o tesão dos outros com o maldito “mas”.

Olha! Se isso não resolve nada, ao menos não destruirá a sensação boa que a pessoa está tendo ao compartilhar algo que ela acha legal com você. Acredite: na sociedade que a gente vive hoje em dia, saborear essa sensação boa não é apenas bom, é necessário. É questão de sobrevivência.

Tome mais um pouquinho de Ricardo Jordão Magalhães, desta vez em sua palestra no primeiro Sarau Café Brasil:

 

Ricardo – Não acredite que as coisas estão piorando, né? Alguém acredita que as coisas estão piorando? Pela primeira vez na história deste país… eu tenho uma família bem política, por isso que eu acho que eu cheguei no Luciano, porque meu pai via o Luciano falar de política, meu pai todo politizado, quando vai a moça em casa é foda, quebra prato… porque fala de PT, fala de PSDB, fala de corrupção, fala da favela, porque meu pai fala de política, minha mãe, meu tio, meu primo, meu bisavô, todo  mundo, né? Sempre teve política em casa, se falava de política e eu lembro dos anos oitenta, minha família falando assim: nunca que o Maluf vai ser preso, que um cara que comete crime de colarinho branco vai ser preso, né? E aí hoje, o Marcelo Odebrecht ainda está preso, nas construtoras que sempre foram as marionetes da coisa toda, tem um consultor preso, tem um banqueiro preso, tem um publicitário preso, tem um governador de Minas Gerais do PSDB preso, tem um governador do PT preso, tem um governador do PMDB preso, tem um de cada, cara! Pela primeira vez na história deste país. Então você vem dizer que as coisas estão piorando? Pela primeira vez na história deste país, você vai sair na rua, tem duas mulheres de mão dada, dois caras de mão dada, tem dois peixinhos dourados de mão dada, tem dois cachorros de mão dada e ninguém acha demais, claro que vai ter ainda uns retardados que vão brigar com os cara, mas ninguém mais briga por causa disso, certo? Então, as coisas estão melhorando, a cada quatro minutos uma empresa é aberta no país, a cada doze minutos um livro é lançado no país, quarenta e cinco milhões de brasileiros fazem trabalho voluntário, entra em voluntários.org.br, tem quarenta e cinco milhões de brasileiros. Se você não faz trabalho voluntário, você está no século XX. Quem faz trabalho voluntário aí?

Pois é… quem faz trabalho voluntário aí? Quem consegue olhar o lado cheio do copo? Quem consegue ver no Brasil coisas boas, gente boa, atitudes legais, projetos legais, hein? Acredite, isso tudo, as coisas legais, as pessoas legais, do bem, são maioria. Mas não tem o palanque e o holofote dos merdas. Culpa sua cara, culpa minha, culpa nossa que damos audiência pras merdas e somos incapazes de praticar o altruísmo positivo.

Viralatas
Edvaldo Santana

Liberado para o mundo, viralata do ocidente
Sem coleira, sem dinheiro, com um coração bem quente
Meu cabelo no outono toma sol pelo poente
Pra entrar sou clandestino e pra sair fico doente
Vou atrás atalho afora, do que tem a luz intensa
Que motiva meu desejo, que me faz pedir sua benção
Me dedico se possível sem pensar na recompensa
Sou daqueles que acreditam na paixão e na ciência
Vou beber mel pela fonte por onde meu faro alcança
Pra entender o que se passa entre a paz e a vingança
Minha arte não tem preço minha busca não se cansa
Eu sou bicho do mato com olhar de criança, aaaah…
Nessa vida eu agradeço os desenganos, aaaaah…
Meu violão tem a poeira dos ciganos, aaaah…
Nessa vida eu agradeço os desenganos, aaaaah…
A minha voz traz a franqueza dos hermanos
Atravesso a fronteira, meu amor, uma luz tá me chamando
Rosa, Dália, Alecrim, espalhados no jardim
Afro-tupi-guarani, esta história não tem fim…

E é assim então, ao som de VIRALATAS, de e com o Edvaldo Santana, que vamos saindo no embalo.

Com o altruísta Lalá Moreira na técnica, a empática Ciça Camargo na produção e eu, que a cada dia mais odeio o “mas”, Luciano Pires, na direção e apresentação.

Estiveram conosco o ouvinte Augusto Pinto, Paulo Oliveira visitando a gente aqui, o Ricardo Jordão Magalhães, Alberto Carlos Almeida com Marilia Gabriela, A Trombonada, o palhaço Carequinha, Nuno Mindelis com o Cream Crackers, Paulo Moura e os Batutas e Edvaldo Santana.

Este é o Café Brasil. De onde veio este programa tem muito mais. Visite para ler artigos, para acessar o conteúdo deste podcast, para visitar nossa lojinha no …portalcafebrasil.com.br.

Mande um comentário de voz pelo WhatsApp no 11 96429 4746. Se você está fora do Brasil, é o: 55 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.

Mergulhe fundo no mundo do Café Brasil acessando:

Para o resumo deste programa, portalcafebrasil.com.br/595.

Para a Confraria, cafebrasil.top.

E para o Premium: cafebrasilpremium.com.br.

Conteúdo provocativo, grupos de discussão. Olha! É uma turma da pesada, reunida para trocar ideias de forma educada, compartilhando conhecimento e tendo como objetivo, crescer!

E para terminar, uma frase de Ayn Rand:

Para dizer “eu amo você”, primeiro é preciso ter a capacidade de dizer “eu”.