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Luciano Pires -

Não sei se você sente o mesmo, mas tá parecendo que o Brasil anda….anda…vulgar. Isso, vulgar é a palavra. Parece que estamos nivelando tudo por baixo, nos conformando com coisas que há algum tempo nos indignariam. O que será que está acontecendo? Vamos tratar disso no programa de hoje, inclusive comentando uma certa entrevista que a cantora Sandy deu para a revista Playboy. Na trilha sonora Sandy e Junior, Carlos Careqa, Jonathan Nascimento, Sérgio Mallandro, Rodney Dy, Yamandu Costa e Agnaldo Timóteo. Apresentação de Luciano Pires.

[enclose cafe_brasil_260_vulgarizando_a_vulgaridade.mp3]

[showhide title=”Ler o roteiro completo do programa” template=”rounded-box” changetitle=”Fechar o roteiro” closeonclick=true]

Bom dia, boa tarde, boa noite. Meu, não sei se você sente o mesmo, mas tá me parecendo que o Brasil anda….assim…anda…vulgar. Isso, vulgar é a palavra. Parece que estamos nivelando tudo por baixo, nos conformando com coisas que há algum tempo nos indignariam. O que será que está acontecendo? Vamos tratar disso no programa de hoje.

Pra começar uma frase do escritor, crítico de arte, crítico social, desenhista e poeta inglês John Ruskin:

A essência da vulgaridade está na falta de sensibilidade.

E o exemplar do meu livro NÓIS QUI INVERTEMO AS COISA da semana vai para…para… Cinthia Naomi Honna que comentou assim o podcast PRA QUEM VÊ O BBB:

“Boa tarde Luciano! Tudo bem? Somente ontem ouvi este podcast e ele me fez refletir sobre o que acontece no meu dia-a-dia e às vezes não percebo. Não me agradam muito os programas sensacionalistas, mas confesso que às vezes paro para olhá-los. E ouvindo seu podcast, percebi que, inconscientemente, eles me levaram a reflexões e discussões com outras pessoas de temas que seriam difíceis de serem mencionados numa simples conversa.

Lembro-me de ter discutido com diversas pessoas sobre o homofobismo, na época em que certo aluno da mesma faculdade em que estudo divulgou uma idéia homofóbica. Lembro-me também que o tsunami no Japão, que foi uma grande tragédia, não ficou livre do sensacionalismo da mídia. Mas por causa dele, eu pude discutir e esclarecer a outras pessoas muitos aspectos da cultura japonesa que outros desconheciam, afinal, sou descendente de japoneses e trabalhei neste país por um período de tempo e havia muitas idéias equivocadas sobre este país. E mesmo os casos de investigações criminais, que ganham muito destaque na mídia, serviram-me para uma aplicação útil em minha vida. Foi graças e este tipo de reportagem que, ao me deparar com dados perdidos no computador, me questionei: “Se os peritos criminais conseguem recuperar dados apagados, deve haver um jeito que eu possa fazer também”. E realmente havia.

Com isso, cheguei à conclusão de que, me informar de coisas relevantes é importante. Mas saber sobre outras que servem apenas para “distrair” as pessoas também é importante, pois esta pode ser a porta de entrada para uma discussão muito mais ampla (e com “milhões”, e não “dezenas” de pessoas) onde eu realmente terei que discutir todas as coisas relevantes que aprendi e utilizá-las de forma útil, pois, afinal de contas, é necessário mais reflexão e conhecimentos numa discussão onde as partes tem idéias contrárias do que quando ambas concordam de imediato.

E isso também me fez pensar: “Fala-se muito em estarmos atualizados sobre temas importantes, mas, o que as pessoas fazem com esse conhecimento? Realmente conseguem aplicá-los de forma útil? Realmente conseguem dividir com outros ?

Por isso, quero lhe agradecer e parabenizá-lo Luciano por este podcast, que me fez enxergar mais uma ferramenta de aprimoramento e aprendizado.”

Que legal Cinthia! Olha só. A Cinthia ganhou o livro porque comentou um de nossos programas. E você?

Mas que crise econômica, que corrupção, que nada! Parem tudo!

A Sandy disse que é possível ter prazer anal! Pô, não foi qualquer uma não, foi a Sandy!  A do Júnior! A filha do Chitãozinho e Xororó!

E o assunto ferveu nas mídias sociais, virou tema de acaloradas conversas na hora do cafezinho e quadros com enquetes em programas de televisão.

Sandy, a devassa, parou o Brasil.

A coisa explodiu quando a revista Playboy apresentou a capa da sua edição de agosto de 2011 com um ensaio fotográfico com Adriane Galisteu e uma chamada muito sugestiva: Entrevista Sandy – “É possível ter prazer anal.”

Era só o que faltava! A doce Sandyzinha que todos vimos crescer, falando em prazer anal?

Maria Chiquinha

O que que você foi fazer no mato, Maria Chiquinha?
O que foi fazer no mato?
Eu precisava cortar lenha, Genaro, meu bem
Eu precisava cortar lenha
Quem é que tava lá com você, Maria Chiquinha?
Quem é que tava lá com você?
Era filha de Sádona, Genaro, meu bem
Era filha de Sádona
Eu nunca vi mulher de culote, Maria Chiquinha
Eu nunca vi mulher de culote
Era a saia dela amarrada nas pernas, Genaro, meu bem
Era a saia dela amarrada nas pernas
Eu nunca vi mulher de bigode, Maria Chiquinha
Eu nunca vi mulher de bigode
Ela tava comendo jamelão, Genaro, meu bem
Ela tava comendo jamelão
No mês de setembro não dá jamelão, Maria Chiquinha
No mês de setembro não dá jamelão
Foi uns que deu fora do tempo, Genaro, meu bem
Foi uns que deu fora do tempo
Então vai buscar uns que eu quero ver, Maria Chiquinha
Então vai buscar uns que eu quero ver
Os passarinhos comeram tudo, Genaro, meu bem
Os passarinhos comeram tudo
Então eu vou te cortar a cabeça, Maria Chiquinha
Então eu vou te cortar a cabeça
Que cocê vai fazer com o resto, Genaro, meu bem?
Que cocê vai fazer com o resto?
O resto? Pode deixar que eu aproveito

Olha só, você ouviu Sandy e Junior com o clássico Maria Chiquinha, de Geysa Bôscoli e Guilherme Figueiredo. O pior é que essa letra da música já era meio assim, mas depois dessa história da Playboy essa música ficou indecente…

Aliás, esse é um daqueles temas, essa questão do prazer anal, que tocam fundo, sem trocadilho. E uma lição valiosíssima para entender como é que os profissionais da comunicação fazem para ganhar nossa atenção.

Impossível ler a frase da Sandy e ficar impassível!

Pois não me conformei, fui atrás da entrevista e achei o trecho fatídico. Veja só: Playboy – Dizem que as mulheres não gostam de sexo anal. Você concorda com isso?

E a Sandy responde: Então… Não tem como não responder isso sem entrar numa questão pessoal. Mas, falando de uma forma geral, eu acho que é possível ter prazer anal. Sim, porque é fisiológico. Não é todo mundo. Deve ser a minoria que gosta.

Ora, ora, então a Sandy não é uma militante do sexo anal! Sua resposta foi até bem diplomática, algo assim como nem contra nem a favor, muito pelo contrário. Mas será que a danadinha pratica, hein?

Olha só a continuação da entrevista:

A Sandy terminou a resposta anterior dizendo: Deve ser a minoria que gosta.

Playboy – Uma minoria na qual você se inclui?

E a Sandy diz: Não vou dizer. Essa é uma pergunta que me faria por em prática minhas aulas de boxe

Ora essa! Então ela não disse que gosta. Não disse que é bom. Não disse que as pessoas devem praticar. A Sandy apenas disse que isso é uma questão pessoal, que não falaria sobre suas preferências, mas que acha que é possível ter prazer anal e que uma minoria deve gostar. Ponto.

Não consigo imaginar uma resposta melhor.

Quem me ouve há tempos já sabe da minha “Teoria dos 4 Rês”: notícias sem a menor relevância, passadas por pessoas sem qualquer responsabilidade, são recebidas por nós sem nenhuma reserva e recebem ressonância desproporcional.

Os profissionais da comunicação sabem trabalhar as informações, os signos, os ritmos, como ninguém, para nos capturar pela emoção.

Marotamente pinçada para fora do contexto, a frase “eu acho que é possível ter prazer anal” transformou-se numa confissão, e a Sandy virou devassa.

Abre o olho, meu. É assim que a coisa funciona.

Não dê pipoca aos turistas

Eu gosto de Curitiba
Eu quero ir fundo, no meio do mundo
Aqui é o lugar

Olhar as meninas da Praça Osório
Pela janela do meu escritório
Pegar meu salário, dançar no Operário
Na Riachuelo, comprar mais um selo, pra te mandar um postal

Eu gosto de Curitiba (eu gosto!)
Eu quero ir fundo, no meio do mundo
Aqui é o lugar

Passar pela praça do homem pelado
O Passeio Público fica ali do lado
De onde se vê as coisas mais claras
Dando pipoca às capivaras

Eu gosto de Curitiba (eu gosto sim, e daí?)
Eu quero ir fundo, no meio do mundo
Aqui é o lugar

A noite é fria, mas coração é quente
Eu quero ir fundo, eu quero ver gente

Tomar um choppinho na praça tiradentes
E deixar pendurado na mão do gerente

Eu gosto de Curitiba (eu gosto sim, e daí?)
Eu quero ir fundo, no meio do mundo
Aqui é o lugar

É madrugada, a noite acabou
Nos buracos, no metrô

Rararraa… Esse é o Carlos Careqa, com o Arrigo Barnabé em NÃO DÊ PIPOCA AO TURISTA. Aposto que você tomou um susto, né?  

E então encontro um interessante texto do advogado e escritor gaúcho PAULO WAINBERG, que trata da vulgaridade de nossos dias.

Ao fundo você ouvirá o chorinho DEGENERADO, de W.Rocha Ferro, com Jonathan Nascimento…

Estão vulgarizando a vulgaridade. O que isto quer dizer? Não sei. É outra dessas frases que atravessam meu cérebro como se fossem metais que se lançam ao éter.

Porém, refletindo um pouco, não deixo de ter razão, a vulgaridade está cada vez mais vulgar e, um pouco mais, o vulgar se tornará banal, isto é, perderá todas as suas qualidades.

Ligo no programa do Faustão, aquele esqueleto que um dia foi gente, e me dedico a observar o bailado das bailarinas. Então me pergunto, enquanto alguém está despencando de uma escada e o Faustão acha graça: onde será que arrumam mulheres tão lindas?

Abro as páginas do jornal e leio que o Senado comprou oitenta carros novos para os senadores e mais oitenta iphones (sei lá o que isto faz), para substituir os carros velhos do ano passado e os celulares velhos da semana passada.

Leio um livro de auto-ajuda e percebo quanta coisa eu deixo de fazer para me auto-ajudar, como não ficar estressado, não me incomodar com bobagens, como não rezar dez vezes ao dia, como não misturar bananas com melancia e como não tomar doze tranquilizantes.

Vai ver é por isto que passo minha vida sem conseguir me auto ajudar e, portanto, submetido ao que der e vier.

Vou ao jornal de novo e vejo que esses livros são os mais vendidos do mundo.

Aí, numa tentativa de desvulgarizar um pouco a vulgaridade, abro um livro de poemas, me dou conta de que as frases do poeta propõem, com beleza, lirismo e emoção, a plena ajuda para quem souber ler, mas logo canso, religo a televisão para assistir o programa do Gugu, que Deus me perdoe.

Dezenas de bundas femininas, moldadas com se fossem pão recém saído do forno, sacodem ante meus olhos e nem acho graça.

Centenas de seios flatulentos balançam à minha vista e é como se abacates em crise, protestando contra o PT, desabassem ao mesmo tempo do abacateiro.

Então me pergunto: Onde está a autêntica vulgaridade, aquela que o Chacrinha despejava sobre nós todos os domingos, sem malícia e sem vergonha? Não existe mais, infelizmente.

Bilu teteia

Quando eu era criaça mamãe dizia: bilú, bilú, bilú… bilú teteia
Pegava eu no colo mostrava pra vizinha: bilú, bilú, bilú… bilúzinho tetéia.
Que me segurava, e dizia que gracinha: bilú, bilú, bilú… bilú teteia.
E o tempo foi passando e eu fui crecendo bilú, bilú, bilú… bilú teteia
E de faze bilú mamãe foi se esquecendo bilú, bilú, bilú… bilú teteia
E agora eu estou grande estou barbadinho e não encontro ninguém pra me faze um bilúzinho
Bilú, bilú, bilú… bilú teteia ( 4x )
Brincava de casinha e ninguém dizia nada bilú, bilú, bilú… bilú teteia.
E a filha da vizinha era minha namorada bilú, bilú, bilú… bilú teteia
Agora eu estou moço não tenho liberdade bilú, bilú, bilú… bilú teteia.
Pra fala com a vizinha é uma calamidade, se eu quize um bilúzinho tenho que faze sozinho
Bilú, bilú, bilú… bilú teteia ( 4x )

Putz… Bilu Tetéia, o clássico imortal de Sérgio Mallandro no Café Brasil… E pensar que ele faz isso até hoje…

A vulgaridade hoje está tão vulgar, que ninguém mais repara nos bigodes lustrosos, nas gravatas extravagantes dos deputados federais.

Tão vulgar que ninguém nota.

Sou do tempo em que a vulgaridade possuía um quê de, sei lá, sutileza, mistério, uma gênese de reflexão que surgia à simples visão de uma Rita Cadilac.

Na contrapartida, a voz de Nara Leão, a poesia de Chico Buarque, o show do Chico Anysio elevavam o espírito desarmado, tanta intensidade posta ao nosso dispor que era possível, com um pouco de boa vontade, apreciar e rir da vulgaridade.

Chacrinha, Golias e Luz Del Fuego ocupavam nossos espaços vazios com vulgaridade um tanto criativa, capaz de gerar desejos de maior refinamento, em busca de uma estética, digamos por dizer, mais cultural, frase esta que talvez signifique que, após assisti-los, saíamos correndo em busca de Mozart, Beethoven e de Lawrence Durrell e seu Quarteto de Alexandria. 

Hoje não. Hoje, após assistir o pagode, o funk, o punk, o remelexo da mulata silicone e os comentários dos ídolos da televisão, sobra um espanto, uma perplexidade, uma inacreditável incapacidade de compreender como Mais Você, Menos Você, Papo Calcinha, Papo Cueca, Zorra Total e a Praça é Nossa permanecem no ar, semana após semana, ano após ano, repetindo, repetindo e repetindo.

A vulgaridade, vulgar do jeito que está, conseguiu atingir sua finalidade ontológica, sua razão de ser, seu devir, seu fundamento filosófico: vulgarizar definitivamente o vulgo.

Funk da pamonha

Alô dona de casa, Pamonha, pamonha, pamonha
É o puro suco do milho
Alô dona de casa
Olha a pamonha
Olha o curau
Vai pamonha?
Vai curau?
Vai pamonha?
Vai curau?
Vamos chegando,
experimentado
Pamonhas fresquinhas
Do jeitinho do seu paladar
Uma delícia!
Vai pamonha?
Vai curau?
Vai pamonha?
Vai curau?
Quanto você acha
Que custa essa pamonha?
Mas quanto você acha
Que custa esse curau?
Quanto você acha
Que custa essa pamonha?
Mas quanto você acha
Que custa esse curau?
O preço da pamonha é muito alto!
Põe uma pamonha mais embaixo!
O preço da pamonha é muito alto!
A pamonha é mais embaixo!
Se eu te dou minha pamonha
Tu me dá o teu curau?
Se eu te dou minha pamonha
Tu me dá o teu curau?
Vai pamonha?
Vai curau?
Vai pamonha?
Vai curau?
Tragam bacias! (clap clap!)
Tragam panelas! (clap clap!)

E o Café Brasil apresenta o fantástico FUNK DA PAMONHA, de Rodney dy e Lacraia. Precisou de dois pra fazaer essa música…

Encontrei um trecho de um artigo de Ivo Lucchesi, que é ensaísta, doutor em Teoria Literária pela UFRJ. O artigo foi publicado originalmente no Observatório da imprensa, cabe como uma luva aqui.

Ao fundo você ouvirá MACHUCANDO, de Adalberto de Souza, com Yamandu Costa.

A mídia atual, na incontida ânsia de angariar público, vem sistematicamente difundindo subprodutos cuja assimilação por parte de segmentos das camadas média e alta encontra plena aceitação. Isso acontece pela desqualificação cultural de quem se desenvolveu apenas economicamente. A cultura se encontra asfixiada e sitiada, em oposição à avalanche do entretenimento simplório.

Em outras épocas, havia um sistema educacional (tanto público quanto particular) que se ocupava de elevar o nível de todos os segmentos. Quem estava culturalmente deficitário buscava qualificar-se, quem culturalmente estava situado não fazia concessões de qualidade.

Nesse mundo de outrora, um professor universitário sabia que dignidade conferir ao exercício de sua profissão e à condução de sua carreira. Como tal, não se prestaria a “experiências” infantilóides. A própria cultura de massa mantinha certa filtragem.

A culpa, portanto, não reside na oposição “cultura de massas” x “cultura erudita”. Quando há qualidade, a fronteira se torna flexível. Quando, porém, há processo degenerativo, a fronteira desaparece para entronizar o subproduto.

A música brasileira, até pouco tempo, em seu amplo arco de variações, estava repleta de requintadas composições com livre trânsito em distintos registros.

O problema que, a rigor, poucos aceitam publicamente assumir – até para não passarem por elitistas, preconceituosos e antidemocráticos – é que o país se está esgarçando em todos os níveis: político, educacional, cultural e ético.

Quem tem discurso crítico não dispõe de canais para expressão. Quem predominantemente os ocupa tende a oscilar entre o tom demagógico e o auto-investimento na imagem, no marketing pessoal. O consumo de “produtos do entretenimento” está nivelado por baixo, tornando os segmentos societários indiferenciados. Vale dizer: o Brasil se caracteriza por um modelo capitalista na sua versão mais perversa, no tocante a classes econômicas, e por um modelo de vulgarização totalitária, quanto a padrão cultural. Nessa bastarda combinação, os cérebros movidos à inteligência vivem confinados, discriminados e recusados.

As autoridades públicas, em lugar de promoverem políticas de inclusão, acompanhadas de qualificação cultural, fazem continhas na maquininha de calcular que tanto somam arrecadações quanto arrebanham votos.

Um dia, infelizmente, pelas tantas escolhas erradas, conheceremos o monstro que, passo a passo, criamos.

Muito bem, agora pare pra pensar um pouquinho sobre o seu papel nesse surto de vulgarização pelo qual passa o Brasil. Aliás, passa o mundo.

Pense se você pode fazer algo a respeito e me permita dar uma sugestão: comece reclamando.

Quando se deparar com uma situação vulgar, uma música vulgar, um programa vulgar, uma atitude vulgar, simplesmente diga que não gosta, que não quer, que não aceita.

Lembra daquilo que seu avô dizia? Quem cala, consente? Pois é…solte o grito, meu!

Meu grito

Se eu demoro mais aqui,
eu vou morrer
Isso é bom
Mas eu não vivo sem você
Eu não penso mais em nada
A não ser só em voltar
Vou depressa e levo o meu amor nas mãos
Para lhe dar
Já não durmo
Morro até só em pensar
E se canto
Só o seu nome quero gritar
Mas se eu grito todo mundo
De repente vai saber
Que eu morro de saudade
E de amor por você
Ai que vontade de gritar
Seu nome bem alto no infinito
Dizer que meu amor é grande
Bem maior do que meu próprio grito
Mas só falo bem baixinho
E não conto pra ninguém
Pra ninguém saber seu nome
Eu grito só meu bem.
Mas só falo bem baixinho
E não conto pra ninguém
Pra ninguém saber seu nome
Eu grito só meu bem.

E é assim, ao som de MEU GRITO, de Roberto e Erasmo Carlos com o insuperável Agnaldo Timóteo que o café Brasil que tratou da vulgarização da sociedade está indo embora.

Com o nada vulgar Lalá Moreira na técnica, a invulgar Ciça Camargo na produção e eu, o paladino da desvulgarização, Luciano Pires na direção e apresentação.

Estiveram conosco a ouvinte Cinthia Naomi Honna, Ivo Luchesi,  Paulo Wainberg , Sandy e Junior, Carlos Careqa com Arrigo Barnabé, Jonathan Nascimento, Sérgio Mallandro, Rodney Dy, Yamandu Costa e Agnaldo Timóteo.

Este é o Café Brasil , um programa pra quem está de saco cheio com a vulgarização da vulgaridade, um programa pra quem quer crescer, saber mais e principalmente gritar bem alto: eu me importo! Venha pra cá, participe, patrocine, faça parte de nossa comunidade acessando www.portalcafebrasil.com.br.

E pra terminar, uma frase do neurologista, fisiologista e antropólogo italiano Paolo Mantegazza:

Nenhum homem vulgar pode tornar-se um gênio por obra da educação.

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