Teoria da Complexidade
alexsoletto - Iscas Científicas -Texto de alex soletto e professor Airton Deppman
A Teoria da Complexidade
Você provavelmente já deve ter ido assistir a um bom filme ou lido um bom livro. Arrisco a dizer que depois disso você teve a impressão que já não era a mesma pessoa. Ou sua maneira de pensar mudou, ou você sente uma vontade de rever algumas atitudes do seu cotidiano.
Pois há uma nova teoria não tão conhecida e ainda não tão bem compreendida que vai deixá-lo também pensando que alguma coisa mudou dentro de você. Trata-se da Teoria da Complexidade. Como já mencionei, depois de conhecê-la melhor, talvez seus conceitos mudem um pouco. Mas afinal do que se trata a Teoria da Complexidade?
Alguns a consideram uma Ciência. Outros apenas uma espécie de técnica aplicada nas ciências como a matemática, a física, a economia e outras exatas e humanas. Para entendermos melhor a teoria, vamos falar um pouco da sua história.
O Mundo Cartesiano
O Mundo Moderno, e principalmente o Ocidental, é fortemente influenciado pelos pensamentos dos pais da Filosofia Grega, principalmente Platão e Aristóteles. E pelos filósofos europeus da Renascença, como Descartes, Pascal, Newton, Locke, Leibniz, para citar alguns. Essa cultura favorece a separação do Conhecimento em áreas específicas e bem delimitadas, como Sociologia, Linguística, nas Humanas, Física, Matemática e Química nas Exatas, Biologia e Medicina nas Biológicas, por exemplo. Essa separação promove uma forte especialização, gerando rápido desenvolvimento e aprofundamento de cada área, mas cria barreiras para a interdisciplinaridade. Tudo funcionou bem até o início do século XX, quando as fronteiras entre as diversas áreas começaram a ser derrubadas. Surgem, então, desafios para o quadro filosófico-científico dominante. O todo foi dividido pelo método Cartesiano de Descartes, e as ciências por exemplo, ficaram muito voltadas para a especializacão. A interdisciplinaridade pretende buscar, em cada disciplina, seus conhecimentos e métodos para formar o todo. O pensamento complexo e a interdisciplinaridade se misturam para criar a busca do todo e fazer o método científico se interar das questões complexas do mundo de hoje.
Nos anos 1940 e 1950, o americano matemático e cientista da comunicação Norbert Wiener (1896-1964), com o livro “Cibernética”, e o filósofo austríaco Ludwig von Bertalanffy (1901-1972), criador da “Teoria Geral dos Sistemas”, apresentaram dois trabalhos que continham, ao mesmo tempo, conceitos de semelhança e de oposição. Esses conceitos se relacionam com a atual Complexidade. Conceitos como sistemas fechados (que interagem apenas entre si) e abertos (interagem com sistemas externos), homeostase (recuperação do equilíbrio após uma perturbação), feedback (realimentação), teleologia (que executa seus processos), entropia (medida física que estabelece a organização de um sistema), vitalismo (uma vitalidade que difere os seres vivos dos inanimados) e mecanicismo (fenômenos naturais regidos por um modelo causal provado cientificamente) são os mais relevantes. Assim, a teoria da complexidade lida com problemas surgidos por variáveis que se relacionam entre si e que acabam por levar a comportamentos complexos. E para lidar com esses problemas complexos é que a teoria tem sua finalidade.
Pensadores como Edgar Morin e Zygmund Bauman contribuíram para a compreensão da complexidade do mundo real, considerando-o como intrinsecamente complexo, com fenômenos interligados e imprevisíveis. Segundo Morin, A ética da complexidade é uma ética que não pode ser dissociada da compreensão dos efeitos e paradoxos da ação. Para Bauman, na “modernidade líquida”, as distâncias se encurtam ou evaporam, mas o tempo se expande..
Pierre Levy destaca como a própria tecnologia transforma a nossa visão de mundo, fato particularmente marcante no momento atual em que a Inteligência Artificial deixa de ser tema de especialistas ou de escritos de ficção-científica para passar a fazer parte das nossas vidas cotidianas. Segundo o filósofo, o virtual é sempre atual e se constitui por um contínuo de passagens do potencial ao atual. Presume-se que a revolução que a IA trará para o nosso dia-a-dia será semelhante ao ainda maior do que a da Internet! Nesse contexto, Bauman nos ensina que as relações humanas não se firmam de maneira sólida o bastante para produzir os efeitos de longo prazo de confiança ou amizade.
Em breve publicaremos mais textos da Teoria de Complexidade.