Yes Man
Filipe Aprigliano - Iscas do Apriga -Essa noite escutei alguns podcasts atrasados no Café Brasil, a partir do “463 – Sobre sorte e Azar” mais especificamente. Enquanto escutava esse podcast me lembrei imediatamente do filme Sim Senhor (ou Yes Man, o título em inglês).
O filme conta a história de Carl Allen (Jim Carrey), um homem frustrado que dizia “não” para tudo, com uma postura própria do Hardy do desenho animado. Um dia ele se inscreve num programa de auto-ajuda baseado no princípio de dizer “sim” para tudo. Resumidamente, após muitos inconvenientes e desencontros, a vida dele é transformada porque ele se expõe a todos os tipos de oportunidades, ele quebra sua rotina de todas as formas possíveis e o “caos” se encarrega de coisas fantásticas.
Obviamente o filme é uma comédia e tudo se apresenta de uma forma exagerada e caricata, no entanto, existe uma verdade bastante profunda nessa história. Embora eu concorde que o preparo é fundamental, o maior pecado que cometemos é nos fechar às oportunidades. Pré-julgamos o valor que determinadas experiências terão e abrimos mão delas.
No ano passado eu me separei e o fim do meu casamento foi o combustível psíquico para eu tomar algumas atitudes. Eu não tinha mais que prestar contas pra ninguém, também não tenho filhos, era só fazer alguma mudança na minha vida, mas o quê?
Inspirado nesse filme eu decidi o seguinte, deixa o universo escolher pra mim, vou dizer sim pra tudo que aparecer. A partir desse momento eu comecei a fazer yoga, fiz um curso de pilotagem da Mitsubishi, aula de gaita pela internet, resgatei uma gata no estacionamento do trabalho pra fazer companhia para minha cachorra, perdi 20 quilos sem fazer dieta, comprei tantas músicas que fico perdido para escolher o que escutar (nesse momento estou escutando Helter Skelter na versão do The Dead Daisies), fiz viagens de trabalho de moto, enchi minha casa de posters, aprendi a cozinhar, arrumei uma namorada que eu não tenho palavras pra descrever de tão legal, todos os projetos bacanas que me mostraram ou enviaram para o meu e-mail pedindo ajuda eu participei e colaborei, e fui em todos os eventos sociais que me chamaram, por mais bizarros que fossem.
Se alguém me encontrava com aquele papo de vamos marcar alguma coisa, eu marcava… Se me ligava dizendo vamos encontrar um dia, eu dizia: Claro, vamos hoje… mesmo com reunião de trabalho no dia seguinte de manhã. O mais importante é que eu não planejei nada disso, só agarrei as oportunidades sem julgamento e sem expectativas.
Essa semana completou um ano disso tudo, e só posso dizer que nunca fui tão feliz na vida, nunca conheci tantas pessoas bacanas, nem aprendi tanta coisa. Eu tive tantas experiências boas que não conseguiria listar todas elas.
Recentemente, conheci o Luciano Pires pessoalmente por causa dessa mudança de postura, e agora estou aqui nas Iscas Intelectuais escrevendo essas bobices. Ele anunciou que ia lançar um livro em São Paulo, eu pensei, que ótimo… Eu tenho um carro, uma moto e eu tenho tempo, marquei o hotel no mesmo dia e fui no meio da semana. Podia ter ido de avião, mas eu queria o tempo sozinho na estrada para ouvir música e apreciar a vista.
Isso é outra coisa engraçada, quando você passa a focar no presente, o seu tempo se multiplica, magicamente parece que você tem tempo pra tudo que realmente deseja, inclusive para o ócio, para identificar estrelas com um aplicativo no iPad, ou procurar versões bizarras de músicas famosas no YouTube. Mais engraçado ainda, a última coisa que passa pela cabeça é perder tempo vendo televisão. Eu até cancelei a TV a cabo e o telefone fixo, agora só tenho internet em casa.
Eu podia ficar horas aqui falando um monte de coisas, mas tem um texto que eu li num retiro de yoga que resume perfeitamente o que eu gostaria de dizer:
“O coração puro sempre vibra em gratidão. Vê o Universo como um amigo que está sempre inspirando a evolução. O coração puro está sempre celebrando a vida e tudo aquilo que se expressa através de um ser humano, porque ele compreende que tudo é sagrado.” ~ Sri Prem Baba
Obrigado pelo seu tempo. Quem sabe nos falamos de novo?