Café Brasil 232 – Um dia útil
Luciano Pires -Bom dia, boa tarde, boa noite… Hummm..sabe aqueles dias em que você olha pra trás e sente que não conseguiu fazer nada? Pô, trabalhei que nem um condenado e parece que nada aconteceu! Pois é… O que é para você um dia útil? Vamos tentar descobrir neste programa.
Para começar, uma frase do filósofo francês Jean Paul-Sartre:
Só o rapaz que não está remando tem tempo de balançar o barco.
+ Ver roteiro completoE o prêmio da semana, vai pra quem? Vejamos… Diego Reis! Que comentou assim o programa O OUVINTE DE PODCAST:
“Boa noite Luciano, faz pouco tempo que comprei um itouch e com isso comecei a devorar vários podcasts. Nessa busca eu acabei encontrando o Café Brasil e hoje é o meu principal. Comecei escutando o “Cassando Lobato” e desde então criei a mania de baixar um por dia e escuto sempre antes de dormir, horário em que consigo dedicar minha atenção apenas ao podcast. Ao ouvir o programa “ouvinte de podcast” tive o seguinte pensamento, e acho que outros pensam igual: o itunes acaba desestimulando os comentários, pois baixo os novos automáticamente e escuto na hora de dormir, tirando a necessidade de acessar o site.
Por muito tempo essa foi uma desculpa perfeita, mas hoje, após ouvir o programa “ouvinte de podcast”, lhe afirmo: da mesma forma que você dedica o tempo de seu dia para trazer todo esse conhecimento para nós, eu vou dedicar um tempo do meu para acessar o site e comentar meu pensamento sobre o programa. Parabenizo pelo projeto.
Mais uma vez boa noite, Diego Reis
P.S. – a trilha do programa é simplesmente sensacional!”
O Diego ganhou um exemplar do livro O POODLE DE SCHOPENHAUER, do André Camargo Costa, editado pelas Iscas Intelectuais.
Pois é Diego, a mesma tecnologia que nos une também serve pra nos afastar, não é mesmo. É aí que tem que entrar aquele velho atributo que nenhum computador tem: força de vontade…
A mesma que você aí, que não ganhou o livro, tem que ter pra concorrer a um exemplar. Basta deixar um comentário no www.portalcafebrasil.com.br E uma dica, no Itunes também tem um lugar pra deixar os comentários e até pra avaliar o Café Brasil. Vai lá, deixa uma notinha boa.
Um dia útil
de manhã eu levantei, fiz xixi
li o jornal
sem escovar o dente
tomei café com leite (como sempre correndo)
me arrumei, fui trabalhar
nem lembrei de dizer tchau pro povo lá de casa
fui tocar música com meus amigos músicos
aí eu canto (o dia inteiro eu canto)
e canto, e canto, e canto, e canto
às vezes pra ninguém porque é ensaio
às vezes pra ninguém mesmo não sendo ensaio
mas sempre junto com meus amigos músicos
e quando vai a multidão
parece que eu sou tão importante
depois acaba tudo
e eu volto quieto pra casa
e quando eu chego lá em casa
tá todo mundo dormindo
tá tudo escuro
escuro pra burro
eu fico olhando a rua pela janela de casa
é madrugada
eu sozinho com eles dormindo
desligo
a última luz da casa
vou dando trombada
até o quarto dos moleques
beijo eles, um por um
cubro eles, um por um
tropeço um bocado
pra chegar na minha cama
eu dou
um beijo leve e demorado
nos cabelos
da minha mulher que dorme
eu tiro a roupa
eu deito acordado
eu tô nu
eu me cubro
olhos arregalados numa fresta de luz no teto
e eu sonho sozinho
com meu coração pequenininho
minha compreensão também pequenininha
do conjunto das coisas todas
eu, com medo da morte, e tudo mais
sonhando sozinho, eu me pergunto
se quando a gente canta alguém presta atenção na letra
mas eu tento tentar dormir
aí vem aquele monte de dúvidas
que a gente tem quando trabalha como artista
e vem fé e vem tristeza e vem alegria
e tesão e neura e fantasia
e dionísio e ditadura
e eu não sei, não sei, não sei, não sei…
eu pego no sono
eu preciso dormir um pouco
e sonhar muito
porque se o cara não descansa ele não canta direito
e não leva sustança
pro coração do cidadão comum
e amanhã é mais um grande dia
um dia comum de muito trabalho
um dia grande
que nem um diamante
um longo dia belo
um baita dia duro e lindo
eu ganho pra estar brilhante
num dia útil
um dia útil
um dia útil
um dia útil
Que tal? Você ouviu, no podcast, UM DIA ÚTIL, do Maurício Pereira, com o próprio.
Muita gente me pergunta de onde tiro os assuntos que utilizo no Café Brasil, tão diversificados e quase sempre pertinentes. Não tenho uma fonte específica.
As ideias vem da observação, das histórias pessoais, das coisas que ouço e vejo, dos e-mails que recebo dos ouvintes, dos livros que leio, da televisão, do jornal, de qualquer lugar enfim. E às vezes vem de uma música. Como o programa que hoje, que nasceu depois que ouvi a música que acaba de tocar.
Vou falar dela, é bom que você tenha prestado atenção na letra. Não prestou? Tá ouvindo o podcast? Então volta lá e ouve de novo. Eu espero…
Que gostoso isso né. Você está ouvindo, no podcast, a Polka vergonha que na verdade é polka vergonha. Com o Choro na feira. Essa música é de Bilinho Teixeira.
A música do Maurício Pereira me pegou de jeito, não sou músico, mas as coisas que ele canta ali serviram direitinho pra mim…o trabalho diário, o prazer de fazer acontecer, as dúvidas sobre a aceitação do seu trabalho, a sensação de importância quando temos uma audiência, a necessidade dos ensaios, as dúvidas…as dúvidas… as dúvidas…
Eu acho que não importa o que você é. Pedreiro, padeiro, padre, maquinista, gerente ou enfermeira. Deve viver essa mesma sequência rotineira: o trabalho, a recompensa e eventualmente o questionamento tipo: afinal de contas, o que é que eu to fazendo aqui?
Mas eu não quero ir tão longe na filosofia. Quer apenas entender o que é que considero um dia útil…
Bem, a primeira definição, a mais fácil é a que a gente aprendeu a vida toda: dia útil é aquele que está entre um final de semana e o outro. É aquele que não é feriado. É a segunda, a terça, a quarta, a quinta e a sexta na maioria dos casos. É claro que isso é subjetivo. Para um bombeiro, domingo pode ser dia útil. Para um padre que reza a missa, domingo é efetivamente o dia mais útil. Mas o que quero aqui é tratar desse conceito do útil.
A definição dos dicionários fala que útil é aquilo que pode ter ou tem algum uso ou é necessário proveitoso reservado ao labor ou produção. Hummm…legal. Mas acho que ainda não cheguei lá…
Cinto de inutilidades
Não existe nada mais antigo
Do que cowboy que dá três tiros de uma vez
A avó da gente deve ter muitas saudades
Do zing-pow!, do cinto de inutilidades
No nosso mundo tudo é novo e colorido
Não tem lugar pra essa gente que já era
Morcego velho, bang-bang de mentira
Vocês já eram, o nosso papo é alegria!
Só alegria, só alegria
E o coração aberto pra quem faz o bem
Só alegria, só alegria
O nosso papo é alegria
Rarararaa…peguei você, seu envelhescente! A turma que ficava grudada na Globo no começo dos anos 1970 esperando os desenhos animados. A música é o CINTO DE INUTILIDADES, composta por Nelson Motta e aqui na voz do Frejat. Olha só, as referências dizem que essa era a trilha de abertura do Globo Cor Especial, mas lá em Bauru, eu era pobrinho, a TV era em preto e branco…
Então, não quero tratar da utilidade como se fosse um objeto. Como algo que serve pra alguma coisa. Quero tratar de outra utilidade. Aquela que eu não sei definir, mas que me surge como a certeza de que fiz algo que valeu a pena… É como este programinha, sabe?
Ele toma um tempo precioso de meu dia a dia, tempo que eu deveria estar dedicando a trabalhar para meu sustento. Sob o ponto de vista do sustento material, o podcast Café Brasil me é inútil. Ele me consome tempo e dinheiro e não rende nada em troca. Analisando pelo conceito do útil, material eu deveria é parar de fazê-lo.
Mas é aí que vem o outro conceito de utilidade, que é o que me interessa, que não é o material dos dicionários, mas que tem a ver com realizar certos desejos, com ter certas sensações, com observar mudanças que você provocou, com receber uma notícia que mostra que você fez algo de útil para alguém.
O Café Brasil me dá prazer. Me dá a sensação de que estou fazendo algo que vale alguma coisa. Que de alguma forma estou sendo útil pra alguém…
O dia em que eu gravo o Café Brasil, pra mim é um dia útil… Um dia fora do cotidiano…
Cotidiano
Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
Todo dia ela diz que é pr’eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr’o jantar
E me beija com a boca de café.
Todo dia eu só penso em poder parar;
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.
Seis da tarde, como era de se esperar,
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.
Toda noite ela diz pr’eu não me afastar;
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr’eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.
Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
Todo dia ela diz que é pr’eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr’o jantar
E me beija com a boca de café.
Todo dia eu só penso em poder parar;
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.
Seis da tarde, como era de se esperar,
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.
Toda noite ela diz pr’eu não me afastar;
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr’eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.
Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
Você ouviu, no podcast, Arnaldo Antunes, com COTIDIANO, que Chico Buarque compôs em 1971. Essa música é um barato…os gostos da boca da mulher definem a passagem do tempo. Coisas de um Chico brilhante...
Quando uma pessoa sente que ninguém necessita dela, perde o tesão de viver, de lutar e vai aos poucos definhando, se sentindo inútil. Repare só como é a vida da gente.
Quando crianças, temos o mundo pela frente, energia e curiosidade pra fazer acontecer. Tudo vale a pena. Na adolescência vamos aprendendo a sair de baixo da saia da mãe, a tomar nossas próprias decisões. Quando adultos, partimos para construir nossas vidas próprias. Casamos. Temos filhos. E nos vemos completamente envolvidos com a tarefa de proteger, educar, alimentar, vestir, dar moradia aos que dependem de nós. Essa é a fase entre os 26 e 50 e poucos anos. E então começam a acontecer coisas estranhas. Não por acaso, durante a fase da envelhescência…
O filho sai de casa, a filha se casa e também sai de casa, o cachorro morre, e você vai vendo que sua importância como provedor para aquela estrutura vai desaparecendo. Não existe mais aquela relação de dependência de antes. E então você se aposenta (será que ainda existe isso)? E do dia para a noite se vê dispensável. Os filhos não precisam mais de você, a empresa não precisa mais de você, ninguém mais precisa de você. E você se acha…um inútil…
Ah, você acha que eu to exagerando, é? Pois a quantidade de gente que está lidando com essa sensação de inutilidade repentina é muito maior do que você imagina. E é aí mesmo que mora o perigo. Eu quero que meus dias sejam úteis! Não importa se tenho alguma relação de dependência direta com alguém. Estar vivo tem que valer a pena…
Pescador de ilusões
Se meus joelhos
Não doessem mais
Diante de um bom motivo
Que me traga fé
Que me traga fé…
Se por alguns
Segundos eu observar
E só observar
A isca e o anzol
A isca e o anzol
A isca e o anzol
A isca e o anzol…
Ainda assim estarei
Pronto pra comemorar
Se eu me tornar
Menos faminto
E curioso
Curioso…
O mar escuro
Trará o medo
Lado a lado
Com os corais
Mais coloridos…
Valeu a pena
Êh! Êh!
Valeu a pena
Êh! Êh!
Sou pescador de ilusões
Sou pescador de ilusões…(2x)
Se eu ousar catar
Na superfície
De qualquer manhã
As palavras
De um livro
Sem final! Sem final!
Sem final! Sem final!
Final…
Valeu a pena
Êh! Êh!
Valeu a pena
Êh! Êh!
Sou pescador de ilusões
Sou pescador de ilusões…(2x)
Se eu ousar catar
Na superfície
De qualquer manhã
As palavras
De um livro
Sem final! Sem final!
Sem final! Sem final!
Final…
Valeu a pena
Êh! Êh!
Valeu a pena
Êh! Êh!
Sou pescador de ilusões…
Essa eu já toquei aqui, em 2007. É o Diego Del Nero, cantando PESCADOR DE ILUSÕES o grande sucesso dO Rappa ao qual ele dá uma roupagem mais romântica. Quando toquei aqui pela primeira vez, o Diego era um garoto que estava começando na música. E que continua na batalha.
Voltando ao nosso tema de hoje, o sentir-se útil, fiz um podcast tempos atrás que tratava exatamente disso: o prazo de validade de cada um. A sociedade é perversa. Ela vai sacando da gente as responsabilidades, conforme envelhecemos. Olha o seu avô ali. Ou a avó. O que é que eles fazem de útil? Pouco? Mas por quê? Porque a sociedade tirou deles responsabilidades. Velho não pode fazer isto. Velha não pode fazer aquilo. Não queremos velhos aqui! E quantos velhinhos e velhinhas cheios de energia você conhece, que não param quietos e estão fazendo acontecer? Pois é.
Sentir-se útil é sentir-se vivo!
Sobre a importância de sentir-se útil encontrei um texto de Eduardo Camara no Blog Maonaroda que é uma porrada… Trata da importância de sentir-se útil para quem repentinamente se vê preso a uma cadeira de rodas…
Ao fundo você ouvirá QUEM PUDER VOAR, QUE VOE, de Luiz Macedo e Renato Lemos, que faz parte da trilha sonora do filme ANÉSIA, que conta a história de Anésia Pinheiro Machado, a primeira aviadora brasileira.
Nove anos atrás eu era estagiário e também fazia alguns trabalhos como free-lancer, o que me rendia o suficiente para meus gastos do dia a dia, saídas e pequenas viagens. Quando me tornei cadeirante, naturalmente, tive que me afastar temporariamente do estágio. Um mês depois, quando mal tinha começado meu tratamento de reabilitação, me deram um ultimato: ou voltava pro estágio ou cortariam a bolsa. Como ainda não tinha condições de trabalhar, acabei perdendo aquela fonte de renda justamente no momento em que mais precisava dela.
No começo da reabilitação, no início de 1999, eu estava fisicamente, emocionalmente e financeiramente dependente. Não era capaz sequer de sair sozinho da cama para cadeira, não fazia mais estágio e era incapaz de encontrar um rumo. Sentia-me um completo inútil.
A grande virada começou quando um amigo me indicou para um projeto como free-lancer. O cliente ficava em São Paulo, e eu poderia realizar todo trabalho a partir de casa, usando meu computador, o telefone e a Internet para me comunicar. Até as reuniões seriam virtuais. E teria também flexibilidade total de horários, o que era estritamente necessário por causa das aulas na faculdade e sessões de reabilitação. Bati um papo por telefone com o tal cliente e fechamos o projeto, que começou logo em seguida. O cliente nem sabia que eu usava cadeira de rodas e isso foi muito bom para mim. Eu tinha sido contratado por ser um profissional bem recomendado, e não simplesmente para ajudarem um pobre jovem recém cadeirante e precisando de dinheiro. Sim, fez toda diferença! O projeto durou meses e foi um sucesso, mas o melhor de tudo mesmo foi voltar a trabalhar, ser tratado como profissional, ganhar meu próprio dinheiro e me sentir útil. Foi um dos meus primeiros grandes passos para a independência.
Então… li, pesquisei, perguntei…e concluí. Pra mim, dia útil é aquele em que aprendo ou ensino algo. Se eu chegar no momento de colocar a cabeça no travesseiro e perceber que passei um dia sem aprender ou ensinar, acharei que tive um dia inútil. E você?
Sete cantigas para voar
Cantiga de campo
De concentração
A gente bem sente com precisão
Mas recordo a tua imagem
Naquela viagem
Que fiz pro sertão
Eu que nasci na floresta
Canto e faço festa
No seu coração
Voa, voa azulão
Cantiga de roça
De um cego apaixonado
Cantiga de moça lá no cercado
Que canta a fauna e a flora
Ninguém ignora se ela quer brotar
Bota uma flor no cabelo
Com alegria e zelo
Para não secar
Voa, voa no ar
Cantiga de ninar a criança na rede
Mentira de água
É matar a sede
Diz pra mãe que fui pro açude
Fui pescar um peixe
Isso num fui não
Tava era cum namorado
Pra alegria e festa do meu coração
Voa, voa azulão
Cantiga de índio
De que perdeu sua taba
No peito esse incêndio
Seu não se apaga
Deixa o índio no seu canto
Que eu canto um acalanto
Faço outra canção
Deixe o peixe deixe o rio
Que o rio é um fio de inspiração
Voa, voa azulão
E é assim, ao som de Elba Ramalho e Renata Arruda, entoando SETE CANTIGAS PARA VOAR, uma obra prima de Vital Farias, que o Café Brasil que faz uma pergunta vai embora. Pra você, o que é um dia útil?
Com Lalá Moreira muito útil na técnica, Ciça Camargo muito útil na produção e eu Luciano Pires, aqui, tentando aprender ou ensinar na direção e apresentação.
Estiveram conosco hoje: Eduardo Câmara, Jean Paul Sartre, Maurício Pereira, Frejat, Arnaldo Antunes, Diego Del Nero, Luiz Macedo e Renato Lemos, Elba Ramalho e Renata Arruda.
Gostou? Quer conhecer um lugar útil? Acesse www.portalcafebrasil.com.br e cadastre-se em nossa comunidade.
E pra terminar um dito popular que está sempre valendo…
Cabeça vazia, oficina do diabo…