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O programa da semana trata de gerações, mas de uma geração diferente, que no fundo nem geração é: a Geração T, das pessoas que sabem de tudo que acontece, mas não tem a menor idéia do porquê acontece. Um grupo de pessoas incapaz de exercer a curiosidade intelectual, só a social. Vamos tratar de curiosidade também. Se você reconhecer alguém, não será coincidência. Aliás, pode até ser você… Na trilha sonora a festa de sempre: Beto Guedes, Rhaissa Bittar, Tião Carreiro e Pardinho, Nicolas Krassik e os Cordestinos, Duofel com Heraldo do Monte, Nó em Pingo D´Água e Genival Lacerda. Que festa! Apresentação de Luciano Pires.

[showhide title=”Ler o roteiro completo do programa” template=”rounded-box” changetitle=”Fechar o roteiro” closeonclick=true]

Bom dia, boa tarde, boa noite! Em programas anteriores tratei dos conflitos de geração, da geração Y e de como estamos vivendo um período em que aplicar rótulos é coisa complicada. Parece que tentamos reduzir a complexidade das coisas através da simplificação que retira nuances e reduze tudo a uma verdade simplificada. E errada… Hoje vamos mais um pouco nessa trilha, tratando de gerações.

Pra começar, uma frase do sempre genial Albert Einstein que um dia disse assim:

É um milagre que a curiosidade sobre viva à educação formal.

E o exemplar de meu livro NÓIS…QUI INVERTEMO AS COISA desta semana vai para…para… atenção…Jéssica Dalcin da Silva, que comentou assim o programa A GERAÇÃO DO EU MEREÇO:

“Quando li o texto da Eliane Brum pela primeira vez, senti que ‘serviu o chapeu´, sabe?

Sou a descrição que ela faz de quem gostaria de ter nascido sabendo tudo. Tudo me irrita, me cansa, e logo perde a graça. Se não fosse o fato de eu ser muito responsável, já teria abandonado N projetos pela metade.

Vim ao mundo em 1981. Muitos dizem que é pelo fato de ser geminiana, mas como não há provas nem a favor nem contra, pode mesmo ser a soma das duas coisas.

Só que atualmente também sou mãe de uma menina de 7 anos, que é um ´avião´ perto de quando eu tinha essa mesma idade. Logo eu pensei: se eu criá-la como meus pais me criaram, estou perdida. Logo ela vai me ter na mão, pois argumenta, tem uma certa postura de moça que, nos meus 7 anos, era impensável – eu não tinha voz, nem escolha, nem poder de decisão. As coisas vinham prontas pra mim. Enquanto que ela se posiciona, toma partido, se informa para (na medida do possível) discutir a questão sabendo do que se trata.

Tio Google ajuda, claro. Então, isso força com que eu seja melhor. Preciso ser. É na minha mãe que ela se apega quando sente medo. E para eu estar assim, no comando da situação, nada melhor como uns ´nãos´ de vez em quando, devidamente embasados nos seus porquês. Ela merece saber do que realmente acontece. Abraços!”

Opa, Jéssica, que fascinante essa percepção de que também somos educados por nossos filhos, não é? Pois é, a vida é assim mesmo.

A Jéssica ganhou o livro pois teve a iniciativa de escrever pra gente comentando um programa. Que tal você entrar nessa?

A vaca já foi pro brejo

Mundo velho está perdido
Já não endereita mais
Os filhos de hoje em dia já não obedece os pais
É o começo do fim
Já estou vendo sinais
Metade da mocidade estão virando marginais
É um bando de serpente
Os mocinhos vão na frente, as mocinhas vão atrás…
Pobre pai e pobre mãe
Morrendo de trabalhar
Deixa o coro no serviço pra fazer filho estudar
Compra carro a prestação
Para o filho passear
Os filhos vivem rodando fazendo pneu cantar
Ouvi um filho dizer
O meu pai tem que gemer, não mandei ninguém casar…
O filho parece rei
Filha parece rainha
Eles que mandam na casa e ninguém tira farinha
Manda a mãe calar a boca
Coitada fica quietinha
O pai é um zero à esquerda, é um trem fora da linha
Cantando agora eu falo
Terreiro que não tem galo quem canta é frango e franguinha…
Pra ver a filha formada
Um grande amigo meu
O pão que o diabo amassou o pobre homem comeu
Quando a filha se formou
Foi só desgosto que deu
Ela disse assim pro pai: “quem vai embora sou eu”
Pobre pai banhado em pranto
O seu desgosto foi tanto que o pobre velho morreu…
Meu mestre é Deus nas alturas
O mundo é meu colégio
Eu sei criticar cantando: Deus me deu o privilégio
Mato a cobra e mostro o pau
Eu mato e não apedrejo
Dragão de sete cabeças também mato e não alejo
Estamos no fim do respeito
Mundo velho não tem jeito, a vaca já foi pro brejo…

Opa! Você ouviu Tião Carreiro e Pardinho com A VACA JÁ FOI PRO BREJO, de Lourival dos Santos e Tião Carreiro, aqui pegando pesado com a molecada… mas sabe que molecada é essa? É a molecada lá dos anos 50 e 60, sacou. Provavelmente os seus pais…

Pois então é ao som de Nicholas Krassik e os Cordestinos com OPINIÃO, de Zé Keti, que vamos partir pra conversa.

Meu amigo Patrick é francês e vive no Brasil há anos. Tem uma visão crítica da forma de ser do brasileiro em comparação a outros povos, especialmente os europeus. E eu me divirto com ele.

Recentemente, presente a um desses eventos badalados que tratam de redes sociais, ele me ligou para descrever o público. Jovens, muito jovens, com seus IPads e IPhones, tuitando furiosamente enquanto assistiam às palestras de dezenas de especialistas. Ao final da palestra, invariavelmente o apresentador dizia:

– Alguma pergunta?

Silêncio. Ninguém. Nada. E assim foi, de palestra em palestra. Ninguém nunca perguntava nada.

O Patrick então disse que aquela era a geração T. Tê de testemunha: “Sou testemunha de tudo, mas não tenho opinião sobre nada.”

É isso mesmo que tenho visto por aí: a geração T dominando os espaços e dedicando-se à única coisa que consegue fazer: contar para os outros o que viu. Ou no máximo, repetir a opinião de terceiros, enquanto permanece incapaz de analisar, comparar, julgar e de emitir opiniões.

Mas sabe o mais louco? A “geração T”, diferente das outras gerações, parece não ter um período definido. Não é composta exclusivamente de gente que nasceu entre o ano x e o ano y… É claro que a quantidade de jovens é muito grande, mas ela generosamente engloba gente nascida desde 1950…

Em minha palestra “Quem não se comunica, se trumbica”, aliás, acabou de sair uma discussão muito grande aqui. Metade diz que é trumbica e metade diz que é estrumbica. Quando eu morava em Bauru a gente falava estrumbica, mas tem gente que aposta que o Chacrinha falava trumbica. Uma pela outra. Quem não se comunica se trumbica ou quem não se comunica se estrumbica é o nome da palestra.

Nela, eu falo de um estudo que mostra que nos 40 mil anos que se passaram desde o momento em que o homem desceu das árvores até inventar a internet, a humanidade produziu 12 bilhões de gigabytes de informação, algo como 54 trilhões de livros com 200 páginas cada.

Agora veja esta: somente no ano de 2002 produzimos os mesmos 12 bilhões de gigas! Geramos num ano o mesmo que em 40 mil anos…

Em 2007 foram mais de 100 bilhões de gigas! E em 2012 serão alguns trilhões! Produzimos informação numa velocidade cada vez maior enquanto inventamos traquitanas que tornam cada vez mais fácil acessar essas informações. Mas de que adianta ter acesso à informaçaõ se não temos repertório para dar um sentido à realidade?

O resultado é a geração T, que sabe tudo que acontece, mas não tem idéia do por que acontece. Entrega-se à tecnologia de corpo e alma, como “vending machines”, aquela máquina automática de vender refrigerantes em lata, sabe? Distribuidores de conteúdo de terceiros, focados no processo de distribuição, mas sem qualquer compromisso com o conteúdo distribuído.

Nada a estranhar, afinal. Querer que as gerações que saem de nosso sistema educacional falido conheçam questões conceituais, paradoxos, tradições, estilos de comunicação, relações de causa e efeito, encadeamento lógico dos argumentos e significados para poder exercer o senso crítico é um pouco demais, não é não? É mais fácil e menos comprometedor simplesmente contar para os outros aquilo que ficamos sabendo.

A geração T não consegue praticar curiosidade intelectual, só a curiosidade social. Tentei achar um nome para esse fenômeno e acabei concluindo que só pode ser um: fofoca.

A geração T é a geração dos fofoqueiros. E você é testemunha.

Vizinha fofoqueira

Minha vizinha
Falou pra minha mulher
Que eu chego no cabaré
Enchendo a cara de mé
E eu falei
Fofoca dela
Também falou
Que eu sou um cara garanhão
Quando chego no salão
Vou logo passando a mão
E eu falei
Fofoca dela
Também falou
Que eu saio com meus amigos
Que pago tudo não ligo
Parece que eu sou rico
E eu falei
Fofoca dela    
Só não falou
Que a gente tá ficando
E hoje tá fazendo um ano
Que eu também sai com ela
Fofoqueira
É isso que ela é
Fofoqueira
Cuidando da minha vida
E sócia da minha mulher
Também falou
Que eu só viajo de avião
Que eu só como camarão
Que tudo meu é grandão
E eu falei
Fofoca dela
Também falou
Quando o meu time é derrotado
Eu encho o carro de viado
E vou pra rua embriagado
E eu falei
Fofoca dela
Também falou
Que eu invento de ir pescar
E sá farra marigá
Só não falou
Na gente lá no motel
Ela me deu um anel
Olha: pelo carro
Minha filha
Tome cuidado
Eu sou rei morto
E dei um carro pra ela
Fofoqueira
É isso que ela é
Cuidando da minha vida
E sócia da minha mulher

Cara! Como o Genival Lacerda é bom. Aqui você ouve VIZINHA FOFOQUEIRA, de Geraldo Rodrigues, Marcelo Ruivo, João Lacerda. Meu! Eu estou besta com esse arranjo…

Mas qual será a saída para a Geração T, hein?

Bem, uma pista a gente encontra num texto chamado ESTIMULANDO A CURIOSIDADE, de Stephen Kanitz, publicado na revista Veja em 2003.

Ao fundo você ouvirá um negócio maravilhoso:  DO OUTRO LADO DO OCEANO, com Fernando Melo e Luiz Bueno, o Duofel, mais Heraldo do Monte. Uma delícia.

Durante a estada de Richard Feynman no Brasil, um dos poucos ganhadores do Prêmio Nobel que pudemos conhecer de perto, os alunos pediram a ele que desse uma aula sobre nossos métodos de ensino na área da física. Feynman pegou cinco ou seis livros de física adotados pelo MEC naquela época e um mês depois disse que só daria aquela aula no último dia de sua permanência no país.

No dia fatídico, dezenas de professores de física se reuniram para ouvir sua palestra. Essa história é contada por ele no livro Deve Ser Brincadeira, Mr. Feynman.

Começou assim a palestra: “Triboluminescência, diz no livro de vocês, é a propriedade que certas substâncias possuem de emitir luz sob atrito”. E mostrou como nossos livros apresentavam a matéria pronta, incentivavam a decoreba, eram essencialmente chatos e confusos.

Isso foi escrito há trinta anos, mas, pelas queixas dos alunos, nossos livros de física não melhoraram tanto quanto deveriam.

Segundo Feynman, um livro americano abordaria a questão de forma um pouco diferente. “Pegue um torrão de açúcar e coloque-o no congelador. Acorde às 3 da manhã, vá até a cozinha e abra o congelador. Amasse o torrão de açúcar com um alicate e você verá um clarão azul. Isso se chama triboluminescência.”

Não sei se ficou clara a diferença que Feynman tentava demonstrar, nem sei se os livros didáticos americanos continuam os mesmos, mas basicamente nossos métodos de ensino apresentam muita informação e teoria em vez de despertar a curiosidade.

Pa ri

Na fila dupla ali, aflito a rir
Dou ré, repenso o rumo, reinvento o vir
Se errar, ferrou! Correr? morrer? Fugir?
O carro, o roubo, o risco do existir
O rito, a pluma, o laço, a blusa blue
O rouge, a sombra, o rímel e o riso ácido
O rato, o reto, o rico, o rótulo
O burro, o lerdo, o sujo e o rápido
A fé que rege a vida da noviça
Perde quando o vício do hábito a despir
Se ajoelhar no milho e se humilhar
Se arrepender, rezar, se revelar
Marrom glacê, garçon, pavê, pa ri
O Ratatouille, o queijo e o rondeli
Jogar, jurar, jorrar, chover, dormir
Urrar, berrar, chorar, morrer de rir

Opa! E eu botei aqui a Rhaissa Bittar cantando Pá Ri. Você deve estar se perguntando o que é que uma música em francês tá fazendo aqui no programa? Pois é, é pra estimular sua curiosidade. Dá uma olhada na letra dessa música lá no roteiro deste programa que a gente publicou lá no www.podcastcafebrasil.com.br . Acho que você vai levar um susto. E descobrirá como é bom ser curioso!

Continuando o texto de Stephen Kanitz.

Criamos alunos tão bem informados que no Brasil inteligência virou sinônimo de erudição. Inteligente é quem sabe muito, quem repete as teorias e conclusões dos outros. Um dia ele poderá até ter opinião própria, mas será difícil se ninguém estimular sua curiosidade.

Sem dúvida, toda sociedade precisa de pessoas eruditas, aquelas que sabem os caminhos que já foram percorridos. Erudição não mostra necessariamente inteligência, mas demonstra que a pessoa tem boa memória.

No mundo moderno, em constante mutação, inteligência quer dizer outra coisa. Significa enxergar o que os outros ainda não vêem. Isso é próprio de pessoas criativas, pesquisadoras, curiosas, exploradoras, que encontram soluções para os novos problemas que temos de enfrentar.

O método de ensino eficaz, segundo Feynman, deveria formar indivíduos curiosos. O objetivo final de uma aula teria de ser formar futuros pesquisadores e não decoradores da matéria. O que mais o espantou é que nosso ensino de física e química é muito superior ao americano, algo que todo brasileiro já sabe. Mesmo assim, notou Feynman, o Brasil produz menos físicos e químicos que os Estados Unidos.

A hipótese que ele levanta é o método de ensino. Damos muita teoria e informação, mas ensinamos pouco como usar as informações aprendidas. Por sua vez, os americanos sabem e aprendem muito menos teoria, mas devotam mais tempo aprendendo como usar a informação apresentada, sob todos os ângulos.

Suspeito que essa seja a razão de nosso péssimo desempenho nos testes internacionais administrados pelo PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos, em que o Brasil aparece nas últimas colocações, inclusive em física. Os testes do Pisa enfatizam mais o uso da informação do que a lembrança da informação em si, algo em que o aluno brasileiro se destaca.

O certo seria, talvez, escrever livros “didáticos” menos didáticos e mais motivadores, que estimulassem a curiosidade e fossem mais relacionados com a vida futura de nossos alunos. Alguns dos livros que avaliei mal estimulam o aluno a virar a página para o próximo tópico, muito menos poderiam seduzi-lo a se dedicar ao assunto o resto da vida.

Vamos fazer um simples teste entre 1 000 alunos e descobrir quantos jogaram fora seus livros didáticos após a formatura e quantos os guardaram como o primeiro volume de uma grande biblioteca sobre o assunto. Isso nos diria quais os livros didáticos que de fato estimularam nossa curiosidade.

Curiosidade… O objetivo principal do ensino moderno.

Muito bem… o mestre Stephen Kanitz nos fala de coisas que podem nos ajudar de fora pra dentro: processos de ensino, livros bem feitos, equipamentos e uma política educacional que considere a curiosidade dos alunos.

Pois é. Mas e de dentro para fora? Existe algo que nos motive a sair da inércia, escapar do rebanho, que nos predispõe a desenvolver não só a capacidade de decorar fórmulas, mas de partir atrás do porque as coisas acontecem? Algo que nos ajude a praticar a curiosidade intelectual, e não só a curiosidade social?

Eu não acredito em fórmulas prontas. Não existem. Mas eu posso tentar contar algumas coisas que me ajudaram a chegar até aqui. Vamos ver se serve pra alguma coisa.

Ao fundo você está ouvindo ASSANHADO, a obra prima de Jacob do Bandolim com o grupo Nó em pingo d’água.

Bem, sou da geração de 1956 que quando ficou madura os Beatles já tinham acabado, 1968 tinha passado e a AIDS estava chegando. De certa forma sou de uma geração que perdeu o bonde da história.

Família de classe média, quando classe média era uma classe média e não uma classificação a serviço do marketing governista. Eu fui um jovem igual a todos os demais. Não fiz nada de diferente. Mas sempre fui extremamente curioso e li pra caramba.

Lia tudo que caía em minhas mãos, assinava o clube do livro e consumia grande parte do meu tempo livre afundado num livro. Me interessava por ciências, comprava tudo que eu achava sobre paleontologia e astronomia e assim foi minha juventude, que me apresenta um primeiro atributo: CURIOSIDADE.

Foi a curiosidade que me colocou em contato com idéias de outras pessoas e lamento muito não ter conseguido – e não conseguir – estudar e ler mais ainda.

Sempre desenhei e achava que quando crescesse eu seria um cartunista. Para isso eu treinava, desenhava, desenhava e desenhava.

Em São Paulo, aos 20 anos de idade lembro-me de passar noites em claro desenhando, sem nenhum objetivo a não se treinar, treinar, treinar.

O mesmo aconteceu com a escrita: quando achei que eu conseguia escrever, não parei mais. Ainda não aprendi, mas já treinei um bocado. Outro atributo: PRATICAR. Foi essa dedicação à prática que me permitiu desenvolver algumas habilidades que eu já tinha.

Desde pequeno compreendi que era nas atividades de risco que estariam as grandes recompensas e nunca me permiti evitar riscos.

Sempre que me vi diante de uma escolha, parti para a mais arriscada, seguindo aquela técnica de pular na piscina de água fria: você só tem que dar o impulso. Depois que estiver no ar, não tem mais volta. Outro atributo: CORAGEM, ou OUSADIA.

Então. A curiosidade me deu disposição para ler, conhecer outras ideias, aprender formas de ver o mundo, desenvolver o gosto por conhecer as coisas.

A prática me deu a oportunidade de dominar certas técnicas, a  desenvoltura para assumir responsabilidades e riscos cada vez maiores.

A coragem me deu ânimo para não desistir diante dos obstáculos. E olha que louco: só desenvolvi a coragem quando pratiquei para ganhar segurança. E só pratiquei quando tive repertório para fazer de forma consciente as escolhas que julgava melhores para a carreira que eu desejava seguir.  E quanto mais coragem, mais riscos, mais conquistas, mais aprendizado, mais… Sacou? Tá tudo amarrado, percebeu? O resultado isso é uma coisa chamada… prazer.

E você notou como não falei nada sobre a educação formal, a escola que eu cursei ou o diploma que eu tirei? Por uma razão muito simples: eu não acho que nada que eu tenha feito aconteceu por causa da educação formal. Educação formal é como a academia que nos dá força, flexibilidade, fôlego para um corpo saudável. É o que você decide fazer com esse corpo o que realmente importa, sacou?

E essa decisão tem a ver com aquele ciclo repertório, reflexões, análises, julgamentos, escolhas e… repertório outra vez. Um ciclo que nos leva a pensar a respeito de como estamos administrando nossas vidas. E às vezes descobrimos que tem alguém administrando por nós… É quando concluímos que somos parte da Geração T, sacou?

É óbvio? É. E é exatamente por isso que tem que ser lembrado.

Vevecos, panelas e canelas

Eu não tenho compromisso, eu sou biscateiro
Que leva a vida como um rio desce para o mar
Fluindo naturalmente como deve ser
Não tenho hora de partir, nem hora de chegar
Hoje tô de bem com a vida, tô no meu caminho
Respiro com mais energia o ar do meu país
Eu invento coisas e não paro de sonhar
Sonhar já é alguma coisa mais que não sonhar
Para quem não me conhece eu sou brasileiro
Um povo que ainda guarda a marca interior
Para quem não me conhece, eu sou assim mesmo
De um povo que ainda olha com pudor
Que ainda vive com pudor
Queria fazer agora uma canção alegre
Brincando com palavras simples, boas de cantar
Luz de vela, rio, peixe, homem, pedra, mar
Luz de vela, rio, peixe, homem, pedra, mar
Sol, lua, vento, fogo, filho, pai e mãe, mulher

E é assim, ao som de VEVECOS, PANELAS E CANELAS, de Milton NascimentoFernando Brant com o Beto Guedes que o Café Brasil de hoje vai saindo de mansinho.

Curiosidade, prática, coragem, sacou? Uma alimentando a outra. Não garanto que resolve, mas garanto que ajuda…

Com Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e eu, Luciano Pires, na direção e apresentação.

Estiveram conosco a ouvinte Jéssica Dalcin da Silva, Stephen Kanitz, Tião Carreiro e Pardinho, Nicolas Krassik e os Cordestinos, Genival Lacerda, Rhaissa Bittar, Duofel com Heraldo do Monte, Nó em Pingo D´Água e Beto Guedes. Tá bom, né?

Este é o Café Brasil, um programa ouvido por gente que não se conforma e que está disposta a mudar as coisas. Venha pra cá, junte-se a nós: www.portalcafebrasil.com.br .

Pra terminar uma frase do filósofo e escritor francês François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire:

Julgue um homem por suas perguntas e não por suas respostas.

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