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Bom dia, boa tarde, boa noite. Você sabe que intenção do Café Brasil é distribuir Iscas Intelectuais pra você praticar uns exercícios para o cérebro, não é? Pois então hoje vamos fazer diferente, um programa sem tema definido. Um almanaque, cheio de coisinhas. Vamos de Rubem Alves, Márcia Frazão e o jornalista Carlos Pagni. Quero ver se você vai se divertir… Na trilha sonora tem Mariana Baltar, Batista e Convidados, Encomendadeiras de Almas de Correntina, Chico César, Palito Ortega e… Barros de Alencar. Apresentação de Luciano Pires.

[showhide title=”Ler o roteiro completo do programa” template=”rounded-box” changetitle=”Fechar o roteiro” closeonclick=true]

Bom dia, boa tarde, boa noite. Muito bem. Você sabe que intenção do Café Brasil é distribuir Iscas Intelectuais pra você praticar uns exercícios para o cérebro, não é? Pois então hoje vamos fazer diferente, um programa sem tema. Um almanaque cheio de coisinhas. Quero ver se você vai se divertir…

Vamos começar com uma frase deliciosa de Marcel Pagnol, cineasta francês que um dia disse assim:

“A razão pela qual algumas pessoas acham tão difícil serem felizes
é porque estão sempre a julgar o passado melhor do que foi,
o presente pior do que é e o futuro melhor do que será”

E o exemplar de meu livro NOIS …QUI INVERTEMO AS COISA vai para…para…Roberta Cambuí, que comentou assim o programa SAINDO DA INÉRCIA:

“Olá Luciano

Sou Roberta, Tenho 27 anos e me orgulho de ser “Paulixaba”..ah, adoro essa expressão que inventei. Nasci em Santo André, mas fui criada no norte do Estado do Espírito Santo. Conheci o Café Brasil desde o ano passado, mas nesses quase um ano que conheço esse cast, já ouvi todos os 261 episódios, todos catalogados e renomeados no HD do meu pequeno netbook.

Sobre esse cast SAINDO DA INÉRCIA, nunca me senti em inércia. Sempre fui uma pessoa ativa e esse programa só me fez querer continuar. Fui criada em uma família pobre. Meu pai morreu quando eu tinha oito anos e minha mãe, coitada, trabalhava no comércio e ganhava uma pensão miserável. Nunca nos faltou comida e roupa, mas sempre passamos dificuldades. Mas eu sempre fiz a diferença por gostar de estudar e QUERER estudar.

Fui a melhor aluna em todas as séries que estudei e até pulei uma. Sempre estudei em escola pública e, quando cheguei ao final do ensino médio eu sabia que iria fazer faculdade, apesar da descrença da minha própria família e de meus professores. Passei no vestibular para estudar na Universidade Federal do Espírito Santo, mas era na capital, e não tinha como eu ficar lá. Mais uma vez fui desanimada por todos. Mas eu não desisti.

Fiz faculdade particular, trabalhando de dia, vendendo torta que eu fazia no ônibus da faculdade e viajando, todos os dias, 80 km de ida e 80 km de volta para estudar. Terminei a faculdade, fiz pós graduação e agora e escrevi meu projeto de mestrado. Ganhei uma bolsa para ir estudar no Canadá, fui, mas meu visto teve problemas e eu tive de voltar. Não queria voltar para casa de minha mãe.

Morei em um albergue em São Paulo, o que foi muito difícil, arrumei um emprego na telefônica e fui fazendo concursos públicos, graças a meu namorado (hoje meu marido) que pagava para mim, enquanto eu ainda estava no Espírito Santo.

Passei aqui em Orlândia em dois cargos e hoje ganho 4 vezes mais que ganhava quando estava no Espírito Santo. E não vou parar. Esse ano tento a prova para bolsa de mestrado na Unesp, e estamos (eu e o marido) estudando para fazermos concursos federais. E não vamos ficar em inércia pois há sempre uma força externa que nos move: a vontade de não estagnar.

Há um mês nasceu nosso herdeiro, que é mais um mote para nunca ficarmos em inércia. Saiba, Luciano, que você já faz parte dessa trajetória.

Hoje sou colunista de um blog que também tem um podcast, mas é de política, o Negação Lógica. Saiba que você tem culpa por eu começar a me interessar por política.

Um abraço.”

Putz… que responsabilidade! O Café Brasil responsável por alguém se interessar por política? Bom, quem sabe damos sorte e um dia a Roberta chega a presidente e se lembra de algumas idéias daqui? Ué, porque não?

A Roberta escreveu pra nós e ganhou um livro. E você ai hein? Vai sair da inércia?

Então. Depois que completei 40 anos escolhi tornar-me uma pessoa nutritiva.

Alguém que inspire nos outros a vontade de estar por perto, de compartilhar conhecimento, de nutrir-se de idéias. Pessoas assim iluminam nossas vidas. E a cada final de ano eu olho pra trás pra ver se consegui causar algum impacto positivo na vida de outras pessoas.

É muita pretensão? Que bom. É de pretensão, de objetivos loucos e de metas intangíveis que precisamos para escapar da mesmice, da rotina e do negativismo que parece ter tomado conta deste nosso Brasil de início de milênio.

O programa de hoje é uma catação de iscas intelectuais. Uma espécie de almanaque com fragmentos de coisas legais que li ou escrevi. A idéia é praticar um pouquinho de fitness intelectual com algumas provocações. Vamos a elas?

Ralador

Pra dor de amor, eu não faço sala
Amor me deixa, outro amor me embala
Eu sou um coco que seu ralador não rala
A tristeza quando chega
Se deixar, ela se instala
Se ela vê peito vazio
Quer fazer festa de gala, ê
Mas comigo não tem jeito
Ela nem desfaz a mala
Que um amor quando me deixa, sinhô
Tem outro em ponto de bala
A tristeza a gente sente
Quando o seu chicote estala
Se ela vê sinal de pranto
Lambe o beiço e se regala
Mas meu peito não se curva
À bota, tacão, bengala
Meu amor que é de quilombo (iáiá, kekerê, iê, iê)
Não se prende em dor de senzala

Rararar…eu sou um côco que seu ralador não rala, é? Você ouve a carioca que começou como bailarina para depois se dedicar ao canto: Mariana Baltar, com Ralador, de Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro. Uma delícia…

Que tal dar a largada com o texto “Resoluções Drásticas” que recebi de Márcia Frazão?

Ao fundo você ouvirá NUMA SERESTA, de Luiz Americano, com Batista e Convidados.

No ano que vem fecharei os olhos para o belo e não mais procurarei estrelas em céu nublado. Queimarei todos os meus livros, principalmente os de filosofia e poesia. Não acreditarei mais nos utópicos e dos poetas manterei distância. Comprarei livros novos, especializados na “difícil” arte de vencer na vida sem fazer esforço ou de enganar os trouxas sem nenhum escrúpulo.

No ano que vem me filiarei a um partido e me tornarei capacho de algum político. Me especializarei na “nobre” arte da estupidez e engodo. Farei tudo que o mestre mandar e se ele disser que a terra é quadrada, assinarei embaixo. Me tornarei exímia na “fabulosa” arte de escrever palavras vazias em discursos cheios de más intenções. Anularei de tal forma minha integridade e compostura que no final serei recompensada: virarei presidente de alguma estatal.

No ano que vem babarei o ovo de alguma estrelinha ou de algum galãzinho bonito que de arte só entendem a de revistas versadas em fuxicos e babados.

Me esquecerei de Cacilda, Fernanda, Marília, Dina, Isabel, Natália, Ítalo, Walmor, Autran, Borghi, Petrin, Gracindo, Procópio e tantos outros, verdadeiramente abençoados por São Shakespeare. Por falar nele, o descanonizarei e o enviarei para o limbo, junto com o velho Lear.

No ano que vem desafinarei meus ouvidos e vibrarei com o máximo de lixo musical que conseguir ouvir. Quebrarei todos os meus discos de Jobim, João Gilberto, Maria Callas, Nara Leão, Elizeth Cardoso, Maysa, Elis Regina, Wanda Sá, Edu Lobo, Caetano Veloso, Os Mutantes, Gil berto Gil, Amália Rodrigues, Charlie Parker, Os Cariocas, Tom Waits, Marina Lima, Dorival Caymmi, Nana Caymmi, Ray Charles, Bessie Smith, Billie Holiday, Luiz Melodia, Etta James, Jacques Brel, Edith Piaf, The Beatles, The Rolling Stones, Bob Dylan, Joan Baez, Clementina de Jesus, Cartola, Dr. John, Nina Simone e os Chicos (Buarque e Cesar)… e comprarei todas as éguinhas-pocotó que encontrar pela frente.

No ano que vem me tornarei guru de alguma estrelinha, astro do futebol ou de uma nova emergente e cobrarei fortunas por cada palavra que eu vier a falar. Aliás, não falarei nada. Guru que é bom é aquele que olha, fica calado e mantém um ar distande, acima de qualquer mortal.

No ano que vem farei previsões para o ano seguinte e aparecerei em todos os canais de TV (de preferência com o telefone para consultas devidamente creditado na tela). Vaticinarei acidentes e mortes de celebridades (sem citar os nomes, é claro!), seguidas por possíveis triunfos da seleção, casamentos e divórcios de artistas, gangorras financeiras e desilusões políticas (como se isso fosse novidade!).

No ano que vem esquecerei o meu curso de filosofia e arrumarei um diploma em alguma universidade holística ou de marketing empresarial. Ministrarei palestras e darei workshops caríssimos, voltados para temas ardilosos tipo “Descobrindo o seu eu Interior”, “Os anjos e os negócios”, ” Torne-se Afrodite em dois dias” e “Os deuses empresariais”. Estarei rica em  pouco tempo e nunca mais ficarei no vermelho. Platão, Kant, Jean Paul Sartre, Descartes, Hegel, Hume… certamente entenderão minha completa falta de princípios e excesso de fins.

No ano que vem fundarei mais uma igreja evangélica e afirmarei que Jesus cura em suaves prestações e que o paraíso pode ser financiado pela caixa econômica sem assinatura de qualquer avalista. Tirarei encostos, exorcizarei demônios e vícios, muito mais barato que qualquer outro concorrente. E se os meus sermões convencerem, me tornarei dona de uma estação de tevê e de um partido político.

No ano que vem terei me tornado tão medíocre, tão abjeta, que se eu morrer nem o diabo aceitará minha alma.

Pesada a reflexão da Márcia Frazão, não é? Então toma:

Abre a porta

Abre a porta povo
Que lá vem Jesus
Abre a porta povo
Que lá vem Jesus
Ele vem cansado
Com o peso da cruz
De porta em porta
De rua em rua
De porta em porta
De rua em rua
Deus levai minha alma
Sem curvar nenhum
Deus levai minha alma
Sem curvar nenhum

ABRE A PORTA, com as Encomendadeiras de Almas de Correntina, meio que pra neutralizar aquele diabo que não quer a alma, né.

Muito bem. Este é pra ser um programa leve pra quem está querendo começar a mudar as coisas.

E nada melhor que um daqueles pequenos textos de Rubem Alves.

Tive uma experiência de felicidade guiando meu carro em Piracicaba, na  avenida que acompanha o rio. Fim de tarde de outono. À esquerda, um parque com  gramados verdes e árvores.

De repente, um lago coberto com Ninfeias! Ninfeias eram as flores favoritas de Monet e sobre suas telas Bachelard escreveu um ensaio tão belo quanto as telas do pintor. Pois lá estavam elas, inesperadas e maravilhosas. Eu nunca havia visto tantas ninféias abertas e tão grandes!

Um casal de frangos d’água avermelhados andava sobre suas folhas que flutuavam  sobre a superfície da água. Parei o carro e fui me assentar à beira do lago. Não havia ninguém mais lá. Ao contrário, havia muita gente se divertindo nos parquinhos a curta distância.

Lembrei-me de que, no Admirável Mundo Novo, de Huxley, as crianças eram ensinadas a odiar as belezas da natureza porque elas nos dão prazeres gratuitos, o que é ruim para a economia. Mas eram ensinadas a amar as coisas artificiais que se constroem no campo, como clubes  e parques aquáticos, porque isso é bom para a economia. Pode um mar tranqüilo competir com a adrenalina do jet-ski? Ou vacas pastantes competir com o barulho das motocicletas?

É, o mestre Rubem Alves vai direto ao ponto. E eu senti isso na pele quando uma vez fui convidado para fazer uma apresentação sobre o Brasil para a diretoria de uma multinacional norte americana.

Eles iam decidir se investiriam centenas de milhões de dólares na construção de uma fábrica de caminhões na região sul do país.

Fiz uma apresentação baseada no intangível, mostrando como o Brasil desenvolveu-se ao longo do tempo, como é o jeito de trabalhar do brasileiro, nossas similaridades com a cultura dos Estados Unidos e como somos diferentes – e melhores para se investir – que India, China ou Rússia. Baseada no desempenho de uma escola de samba, que apresentei como um exemplo de planejamento, motivação e capacidade de resolução de problemas, a apresentação foi muito aplaudida. Quando terminei o presidente da empresa dirigiu-se a mim:

– Ótima apresentação Luciano. Pena que não possa ser feita para o pessoal de Wall Street. Lá eles só querem saber do resultado em dólar…

Foi um balde de água fria. Eu entendi então que estava lidando com gente cuja alma só tem uma cor: o verde-dólar…

Alma não tem cor

Alma não tem cor
Porque eu sou branco?
Alma não tem cor
Porque eu sou negro?
Branquinho
Neguinho
Branco negão
Percebam que a alma não tem cor
Ela é colorida
Ela é multicolor
Azul amarelo
Verde verdinho marrom

Não é uma delícia? ALMA NÃO TEM COR, de André Abujamra com Chico César.

Pois então, parece que hoje em dia só o que importa é a grana, não é? Topo tudo por dinheiro!!! E isso me levou a pensar sobre as promessas que fazemos. Para isso vou trazer mais um textinho delicioso de Rubem Alves.

É bom dar presentes para pessoas amadas. Para uma pessoa amada a gente pensa muito antes de comprar o presente. Porque o que se deseja é que o presente lhe dê felicidade. Quando eu dou um presente com esse presente estou dizendo: “Acho que você vai se alegrar…” Uma flor, um CD, um brinquedo, um livro…

Quando se fazem promessas a Deus, para assim seduzi-lo a fazer o que queremos, usamos do mesmo artifício. Assim: “Se tu me deres o que peço eu te darei aquilo de que gostas…” O que você prometer a Deus revela o que você acha do caráter dele.

Sendo assim, por favor, me expliquem, eu só quero entender: Por que é que não fazemos promessas do tipo: Vou ler  poesia meia hora por dia? Vou ouvir música ao acordar? Vou brincar uma hora com o meu filho? As promessas que se fazem a Deus são sempre promessas de sofrimento: fazer caminhadas de joelhos, passar seis meses sem beber refrigerante, fazer jejum…

Então é o nosso sofrimento que faz Deus feliz?  Deus é um sádico? Prestem atenção: não sou eu que estou dizendo. Isso não é blasfêmia minha. É blasfêmia de quem promete casca de feridas a Deus.

Prometemos não chorar

Não, nós prometemos não chorar
Talvez seja esta a última vez em que tomamos café juntos
E talvez seja a última vez em que nos vemos
Portanto, procure me entender, por favor
Como verdadeira lembrança sua, eu quero um sorriso
Eu quero um sorriso seu como última lembrança
Por favor, não chore, não chore
Lembra a tarde em que nos conhecemos?
Foi lindo conhecer você
E mais bonito ainda o que aconteceu entre nós
Mas já passou, já passou
Agora é preciso que nos separemos
E devemos seguir sem nenhum vínculo
O nosso amor estava se transformando somente em rotina
E o amor… O amor é uma outra coisa
O amor tem que ser alimentado todos os dias com pequenas coisas
Com pequenas coisas que nós já não temos
O seu café está esfriando
Nenhum de nós é culpado, nenhum de nós
Cuidado, o garçom está vindo aí, e os outros estão olhando
Por favor… Por favor, não chore mais, não chore
– Eu te amo, te quero, te amo!
Não, você se acostumou a mim,o amor é uma outra coisa
Agora eu vou indo, eu vou embora
É o melhor para nós
Eu quero que você tenha sorte, muita sorte
E que seja muito feliz
Adeus, adeus
– Eu te amo, te amo, te amo
Adeus, tchau, tchau, tchau

Rararara….você está ouvindo ninguém menos que Cristóvão Barros de Alencar que fez um baita sucesso nos anos 70 como radialista, apresentador de televisão e, digamos, cantor e compositor, vai. Aqui ele maltrata a garota ao som de PROMETEMOS NÃO CHORAR, uma versão de PROMETIMOS NO LLORAR, sucesso do argentino Palito Ortega. Toma aí...

Prometimos no llorar

Habìamos prometido no llorar…
Perdòname
Quizàs esta sea la última vez que nos sentamos a tomar un café juntos.
Quizàs es la ùltima vez que nos vemos así que tratemos de estar bien por favor.
Me quiero llevar como recuerdo una sonrisa.
Por favor no llores más.
Te acuerdas aquèlla tarde que nos conocimos,
fue muy lindo conocerte, fue muy lindo todo
lo que pasò entre nosotros, pero
ya pasò.
Ahora es necesario separarnos, no sigamos
haciendonos mal, lo nuestro ya se estaba
convirtiendo simplemente en una rutina,
y el amor, el amor es otra cosa, al amor hay
que alimentarlo todos los
días con esas pequeñas cosas que nosotros
ya perdimos.
Se enfría tu café, aquí nadie se tiene que
sentir culpable, la gente nos mira por favor no llores màs
… te quiero … te quiero
No, lo nuestro es una costumbre; y el amor es otra cosa.
Ahora me voy, es lo mejor para los dos,
te deseo mucha suerte que seas muy felìz, adiós…
Te quiero, te quiero
Adiós…

 Como ele judia da moça hein! Esse é um exemplo do brega dos anos 70.

Promessas…promessas… A gente vive fazendo promessas aos poderosos. Mas os poderosos podem ser frágeis

Olha só. Encontrei um texto do jornalista Carlos Pagni, no jornal La Nacion que trata da estranha coincidência de vários presidentes latinoamericanos apresentarem doenças sérias ao mesmo tempo. Olha só.

O tumor descoberto na presidente Cristina Kirchner atualiza o problema do vínculo entre a doença e poder. A questão é preocupante: a doença descobre o que o poder quer esconder. A fragilidade, o limite. Durante a Segunda Guerra Mundial, Joseph Stalin, Roosevelt, Churchill, Mussolini e Adolf Hitler sofriam, cada um, sua aflição. Na América Latina, Chávez, Lugo, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma, Uribe, e agora Cristina Kirchner, foram afetados pelo câncer.

Nelson Castro escreveu que o poder adoece pelas tensões que gera. Para a psicanalista Elsa Aisemberg, aqueles que não podem simbolizar o sofrimento tramitam um duelo com o corpo. Normalmente são pessoas que valorizam mais o sucesso e o peremptório do que a reflexão.

O especialista Alberto Lederman inverte o vínculo: “Há uma idealização segundo a qual o poder é um meio para atingir determinados fins. Antes disso, o poder é uma estratégia defensiva para proteger uma vulnerabilidade emocional do mundo do sujeito. Atrás do poder vai quem precisa”.

O poder, então, não é a causa. É sintoma.

Ouviu só? Atrás do poder vai quem precisa dele. E quem precisa dele é quem precisa proteger-se do mundo, quem tem uma vulnerabilidade emocional. Segundo a psicossomática, o câncer é uma mágoa cristalizada. Aquilo que não foi elaborado, engolido, ou que gerou principalmente mágoa pode virar um câncer que é o que corrói. E quem é o poderoso que vive sem mágoas? O poder não é causa. É sintoma.

Atrás do poder vai quem precisa, é? Sei…

Saúde

Me cansei de lero-lero
Dá licença, mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima, nesse chove-não-molha
Eu sei que agora eu vou é cuidar mais de mim
Como vai? Tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar, não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de gente feliz
Como vai? Tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar, não vou chorar, não!
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de gente feliz

E é assim, ao som de SAÚDE, de Rita Lee, com Zélia Duncan, que o nosso Café Brasil que foi um coquetel de pequenas idéias, vai saindo de mansinho.

Não sei você, mas eu me diverti aqui…

Com o barman Lalá Moreira na técnica, a somelier Ciça Camargo na produção e eu, o garçom Luciano Pires na direção e apresentação.

Estiveram conosco Mariana Baltar, Batista e Convidados, Encomendadeiras de Almas de Correntina, Chico César, Palito Ortega e… Barros de Alencar …

Este é o Café Brasil que está aqui pra provocar. Fazer cócegas no em quem tem celebro pra ver se vira cérebro. Se você gosta, conte pros outros. Dê um “curtir” ou melhor ainda, com-par-ti-lhe! www.portalcafebrasil.com.br

E pra terminar, um provérbio suíço:

As palavras, como as abelhas, tem mel e ferrão.

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