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Cafezinho 645 – O velho comunista
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Sabe quem ajuda este programa chegar até você?

É a Terra Desenvolvimento Agropecuário, que é especializada em inteligência no agro.

Utilizando diversas técnicas, pesquisas, tecnologia e uma equipe realizadora, a Terra levanta todos os números de sua fazenda em tempo real e auxilia você a traçar estratégias, fazer previsões e, principalmente, agir para tornar a fazenda eficiente e mais lucrativa.

E para você que acredita no agro e está interessado em investir em um seguimento lucrativo e promissor, a Terra oferece orientação e serviços, para tornar esse empreendimento uma realidade.

terradesenvolvimento.com.br – razão para produzir, emoção para transformar.

A inteligência a serviço do agro.

O termo “grande demissão” foi cunhado em maio de 2021 por Anthony Klotz, professor associado de administração da University College London, quando previu um êxodo de trabalhadores americanos de seus empregos, motivado pelo esgotamento e o gosto da liberdade ao trabalhar em casa. E parece que isso se espalhou pelo mundo. A cultura do trabalho está mudando.  Um monte de gente dizendo que, cara, como é duro trabalhar! Vamos nessa praia hoje.

Bom dia, boa tarde, boa noite. Você está no Café Brasil e eu sou o Luciano Pires.

Posso entrar?

“Bom dia, Luciano, Lalá Moreira e Ciça. Bom dia a todo mundo aí do Café Brasil. Cara, eu me chamo Júlio César, tenho 30 anos, sou aqui do Espírito Santo.

Já estou ficando meio preocupado, com algumas coisas que tem relação sim. Parece bobeira mas tem um pouco de relação com alguns símbolos, com apropriação de cores, de símbolos.

Luciano, eu lembro que onze anos atrás você publicou, não lembro se foi um texto, se foi um podcast mesmo, mas eu lembro que você publicou um texto que falava sobre “roubaram o vermelho” ou “devolvam o meu vermelho”. Que você basicamente dizia que, na década de 70, 80, 90, por aí, era comum, era legal as pessoas usarem as cores vermelhas nas roupas, nas cores dos carros. Vermelho era uma cor normal, era uma cor comum, era uma cor que… era uma cor que assim, era bem aceita na sociedade. Até que chegou o período do governo do PT, veio as manifestações, veio tudo aquilo que aconteceu de 2013 pra cá, todas aquelas confusões, impeachment e o vermelho começou a ser associado ao petismo, cara, assim… Se você usar uma camisa vermelha na rua, você é automaticamente associado como um petista.

Eu mesmo tenho um caso particular, onde uma vizinha minha do prédio onde eu morava, me deu de presente aniversário, um camisa. A camisa é bonita, só que eu nunca usei essa camisa, primeiro porque eu era um pouco acima do tamanho, né? E segundo porque, bom, era vermelha. E eu, naquela época, não quis falar nada pra minha vizinha, agradeci mito a ela e tudo, mas eu senti um pouco de vergonha de tentar usar a camisa que ela me deu. Inclusive, depois de alguns anos acabei dando aquela camisa doando ela no meio de algumas roupas, deixei pra doação aqui em casa.

Só que hoje, eu estou começando a ter esse mesmo sentimento com o verde e amarelo. Cara, a gente está em ano de copa do mundo e eu não consigo ver uma pessoa com uma camisa amarela da seleção e pensar assim: pôxa, legal esse cara estar animado com a copa. Não. A primeira coisa que eu vejo, que eu associo ele, é meu Deus, é um bolsonarista. Deixa eu ficar longe dessa pessoa. Não sei o que que ela pensa, não sei o que que ela faz, mas essas cores aí já estão me dando mau presságio.

E cara, ontem, eu estou mandando esse áudio hoje dia 8, eu queria ter mandado isso lá no dia 5, dia 6, mas resolvi esperar o resultado do 7 de setembro. Comemoramos duzentos anos da nossa Independência, ou da nossa secessão do império de Portugal e cara, o que a gente mais vê é assim: tudo bem, eu acho importante a gente vestir as cores da nação.

As cores da nossa bandeira, é algo que no mundo inteiro, qualquer um, em qualquer lugar do mundo vê uma camisa da seleção brasileira, se vê a camisa canarinho vai reconhecer, vai falar Brasil, Brasil, e vai vir e vai querer conversar e vai querer interagir. Só que eu estou vendo que aqui pra nós isso tá virando algo estranho, tá virando um processo de… sabe… a gente está associando um símbolo nacional, a gente está associando um símbolo da nossa pátria a um determinado grupo político, cara, e eu vejo isso com muita preocupação, porque a gente está começando a perder algo que a gente já não tem muito enraiziado, que é a nossa própria identidade.

Aquilo que nos identifica como povo, aquilo que nos identifica como pessoas, patriotas, pessoas que amam o país, tá sendo dividido através de cores e é muito triste porque, eu entendo o lado das pessoas que vestem a camisa e vão pro 7 de setembro. Eu acho isso legal.

O problema é que existem grupos que estão se apropriando dessas cores pra brandar… pra querer se apropriar de coisas que não são deles, entendeu? Cara! Assim como você falou: cara, a cor vermelha é uma cor. Não é um partido que tem que se apropriar dela. Não é essa ideologia política a qual eu quero me associar por estar usando essa cor. E eu estou vendo que hoje, eu não quero estar associado a um determinado grupo, também por causa das cores. E o pior: são as cores que identificam nosso país, cara!

Eu, assim, eu fico muito preocupado porque eu entendo as pessoas que fazem, fazem na ingenuidade, fazem de boa fé. Mas ao mesmo tempo, eu sei que tem muita gente por trás dessas coisas, que querem se apropriar, querem se aproveitar e querem vender uma própria narrativa, sabe?

E, infelizmente, virou um… as cores nacionais viraram um ativo eleitoral, infelizmente. E olha que nós estamos em um ano de copa do mundo e, infelizmente, a maior parte das pessoas que vão usar essas cores não são porque vão torcer pelo Brasil na copa.

É isso aí, Luciano. Um abraço e vamo que vamo, cara. Obrigado aí!”

Graaande Julio, sua preocupação procede sim, meu caro. Mas é preciso olhar esse assunto sob uma perspectiva: durante quase 50 anos, vivemos debaixo a tentativa de sobreposição do vermelho sobre o verde e amarelo. E isso aconteceu em diversas partes do planeta, com outras cores também. Sempre uma tentativa de imposição do vermelho, até que ficou claro que nas promessas que ele trazia, não havia consistência, pelo contrário. Havia opressão, censura,  miséria. Então é natural que houvesse uma reação, com os defensores do verde e amarelo começando a se impor. O pêndulo está indo pra outro lado, cara. Enquanto não chegarmos a um equilíbrio, será essa oposição de cores. Mas tome muito cuidado, viu? Não existe equivalência moral entre quem defende o vermelho e quem defende o verde e amarelo. O que você está ouvindo aí, é um monte de narrtiva. E cabe a você aceitar os rótulos que o outro lado quer pregar em você. Aceita quem quer. Para mim, verde e amarelo, a bandeira, que é o logotipo do Café Brasil desde 2006, representam a minha pátria, e não o governante de turno. E ninguém vai roubar isso de mim.

Não dê bola para os oportunistas e tenha certeza: a maioria absoluta de quem usar o verde e amarelo estará torcendo para a seleção, não pro Bolsonaro. O Bolsonaro vai passar, o Brasil fica.

Mas acima de tudo, cara, volto a dizer, cuidado com a equivalência moral com os vermelhos. Ela não existe.

https://www.youtube.com/watch?v=jvT7124LSXg

Fui almoçar com um amigo que é sócio de uma agência de comunicação que, antes da pandemia, vinha em franca expansão, atendendo clientes de grande porte e crescendo. Da última vez que o visitei no escritório, ele me mostrou pela janela o prédio onde estavam negociando um novo escritório, que compreendia três pisos. Eram mais de 200 funcionários, e com pelo menos mais 70 vagas em aberto. Ele estava vivendo o frenesi de um crescimento como nunca havia experimentado. Até surgir ela… a  pandemia.

O impacto foi muito forte, especialmente porque a maioria da força de trabalho daquela agência era de jovens, millenials e geração Z, gente que comprou todas as narrativas histéricas que apontavam para um apocalipse.

Os mais velhos pediam um pouco de calma, mas os jovens pressionavam e a empresa se viu obrigada a adotar as regras do lockdown. Colocaram quase 100% da empresa em regime de home office, o que foi quase um pesadelo. Muitos não tinham condições de trabalho em casa e a empresa os ajudou com equipamentos, melhores conexões de internet e assim conseguiram manter um ritmo de trabalho que segurou as pontas ao longo de 2020 e 2021. A empresa teve excelentes resultados ao longo desses dois anos, combinando um aumento de faturamento por conta de demandas dos clientes, com uma redução expressiva de custos de um escritório gigante que estava praticamente fechado.

Seus funcionários, por outro lado, sentiram no bolso a redução dos gastos com transporte e alimentação. E a liberdade de fazer seus horários. Tudo pareceu entrar nos eixos.

E um dia, chegaram sinais de que o pior havia passado. Era possível retornar ao trabalho em bases parecidas às de antes da pandemia.

E aí o bicho pegou…

O pessoal do financeiro alertou que as despesas iam subir… a turma do TI disse que preferia ficar em casa… o pessoal que morava longe disse que não suportava ficar tanto tempo no trânsito pra ir trabalhar… muita gente disse que se sentia mais produtivo trabalhando em home office.

Mas a empresa insistiu em voltar para o presencial. Então…

Como reação natural das gerações mais novas, começou a debandada e a “desistência silenciosa” da turma. Vários pedidos de demissão e uma queda assustadora de produtividade foram a reação à decisão de voltar ao velho normal. Tudo isso em menos de um mês.

Mesmo meu amigo se sentiu incomodado, pois a situação do home office lhe favorecia enormemente. E então a empresa decidiu mudar seu modelo completamente. Não alugaram o novo prédio, reduziram em 2/3 o escritório atual e mandaram todo mundo ficar em casa. Com resultados excelentes. E hoje a empresa experimenta uma realidade impensável há três anos: contratou uma porção de gente em outros estados, com alguns trabalhando há cerca de um ano, sem nunca terem se encontrado pessoalmente com seu chefe ou com colegas. Até gente de fora do Brasil foi contratada.

Pronto. Chegamos ao novo normal.

É claro que a história que contei aqui se aplica a um determinado tipo de setor: a prestação de serviços que, na maioria, são intelectuais. Numa fábrica, que precisa de operadores para os equipamentos e nas áreas de montagem, essa mudança não é tão fácil.

Mas o que me chamou a atenção quando ele contou a história, foi aquele lance de “desistência silenciosa”. A princípio eu entendi como o velho “fazer corpo mole”, mas parece que é um pouco diferente.

Há algum tempo estamos assistindo o fenômeno da “demissão tranquila”, praticada por quem rejeita a noção de que o trabalho tem que assumir a própria vida e que os funcionários devem ir além do que suas descrições de trabalho implicam. Isso pode assumir muitas formas, como recusar projetos com base em seus interesses pessoais, recusar-se a responder mensagens  profissionais fora do horário de trabalho ou simplesmente se sentir menos engajado na função. Muita gente prefere cair fora do que sentir explorada.

Os melhores empregos que podemos ter, são aqueles que têm ao menos três características:

  1. Nos dão autonomia para decidir como vamos gastar o nosso tempo e energia
  2. Nos dão a sensação de que progredimos na vida e na carreira, não só na questão financeira, mas nas habilidades e na maestria com que executamos nosso trabalho
  3. Nos dão um claro senso de pertencimento a uma comunidade, a um grupo com um objetivo comum, que todos conhecem.

Esses três pontos, nos motivam a continuar. Note que eles vão além da questão financeira. Mas de repente, você se vê executando um trabalho sem sentido, participando de reuniões sem sentido e tendo de prestar contas para algum idiota. Além disso, se vê sendo demandado a ponto de consumir tempo que deveria estar com a família, amigos, em lazer ou estudando.

A turma da geração Z só tem uma resposta pra isso: “tô fora”. E boa parte da turma das outras gerações mais antigas adota a desistência silenciosa: fazem o mínimo necessário para manter os empregos.

Pronto. Começou a gritaria.  Não. Eu não estou generalizando não. Eu não estou generalizando. eu falei “boa parte”. É só olhar em volta.

E veja que coisa louca: boa parte da turma da desistência silenciosa é aquela que se diz frustrada com a falta de aumentos, de bônus ou de promoções, justamente ferramentas criadas para premiar quem tem desempenho acima do esperado. Cruzam os braços porque não vem o aumento, enquanto esperam que venha o aumento. O pessoal não gosta do termo, mas isso é uma espécie de esquizofrenia corporativa.

Quando entra num emprego, um profissional é um investimento da empresa. A empresa vai precisar treiná-lo e apostar que, com o tempo, ele atinja um nível ótimo de performance. Quando isso acontece, de investimento ele se transforma em capital humano, que é quando o resultado de seu trabalho justifica seu salário.

É a partir desse ponto que o profissional consciente tenta entregar mais do que se espera dele, de olho nos aumentos e promoções, do crescimento dentro da empresa. Quem não vai além do que se espera, não pode esperar promoções. Aliás, quanta gente – e até líderes- eu conheci ao longo da minha carreira, que acreditava que promoções vinham pelo tempo de casa. É claro que nem todo mundo quer ir além da função ou cargo que ocupa, o que é normal. Tem a turma que fica lá fazendo a média, recebendo a média. Para ir além, tem de fazer mais.

Por isso a empresa cria ferramentas de remuneração: para premiar quem vai além do que é esperado. O que os americanos chamam de “extra mile”, a milha extra.  E aí acontecem três coisas.

A pessoa entrega mais e melhor do que se espera e vem o aumento salarial.

A pessoa demonstra que está pronta para assumir mais responsabilidades: vem a promoção.

A pessoa tem um desempenho extraordinário: vem os bônus.

Ou é assim que deveria ser…

Quando a pessoa não espera nada disso, quando ela se mostra satisfeita com seu grau de desempenho e função, não terá nenhum incentivo para entregar nada a mais para a empresa. Fará o suficiente para se manter por ali. Enquanto isso, o colega do lado atropela, ganha a promoção, o aumento e cria o ressentimento do “por que ele e não eu? É isso que é a meritocracia?”

E o tempo vai passando, a cada ano vem um aumento salarial por dissídio até que, alguns anos depois, a empresa percebe que aquele funcionário fiel, médio que há anos está na mesma função, ficou caro demais para o que entrega. Tem gente que faz o mesmo por menos, e com mais potencial de crescer.

Na cabeça de um jovem da geração Z, a perspectiva de ficar anos numa empresa não existe. A perspectiva de dar tudo de si e mais um pouco por anos a fio, não é razoável. A perspectiva de ter de esperar, esperar, esperar, é angustiante. E então temos um nó.

Uma força de trabalho como a atual, que mistura quatro gerações: alguns  baby boomers, com seus 60 anos, muitos geração X, com seus 40, quarenta e poucos anos, a maioria millenials, com seus 30 e poucos anos e uma parcela a cada dia maior de Z, com seus 20 e tantos anos.

Em 2015, uma pesquisa do instituto Pew Research perguntou o que pensa a geração dos millennials sobre si mesma. Os dados chamaram a atenção: apenas 24% deles se consideram responsáveis; só 36% se classificariam como amantes do trabalho duro e quase metade deles, 49%, se considera fútil.

Por outro lado, essa geração é vista como a mais criativa, a mais preocupada com as causas sociais e a mais disposta a quebrar os padrões impostos pela sociedade. Práticas antes bem valorizadas como o trabalho intenso, a construção de uma família e a busca por uma rotina estável não são prioridades para os millennials. E os millennials já são a maioria no mercado de trabalho.

Um estudo da agência de publicidade e tendências Sparks & Honey diz que a geração Z é um tsunami e os chama de “primeira tribo de nativos digitais”. Fala também que 60% dos Z querem causar algum impacto no mundo (em contraponto a 39% de millennials).

Esses jovens têm menos de 25 anos e boa parte deles ainda está entrando em seus primeiros empregos. Os gen Z são conhecidos por sua extrema conexão com a tecnologia, são indivíduos que não viveram nem um ano de suas vidas sem internet e foram desde cedo expostos às redes sociais e à cultura pop. É uma geração que ainda está deixando clara sua identidade, mas que já se destaca pela repaginada dos valores e ideais que seus pais millennials romperam.

Cara: essas quatro gerações trabalhando juntas são um caldeirão em cozimento, que explode quando chega a pandemia e coloca uma tampa em cima.

E agora vem esse lance do novo normal: gerir times compostos dessa gente tão diferente, que não se encontra pessoalmente, que não compartilha o mesmo local, a mesma atmosfera, a mesma energia.

Olha cara, gerenciar as expectativas e motivar as gerações já era um desafio que não me dava nenhuma inveja de quem trabalha com RH hoje em dia. Aliás, RH ficou pra trás… hoje é “gestão de talentos” ou coisa parecida.

Agora, gerenciar talentos a distância, grupos de pessoas que pensam tãio diferente e que combinam funções que exigem presença física com outras que dispensam presença física, cara… isso é um pesadelo.

E você quer botar mais complicação na história? Alguns levantamentos rápidos no Google, mostram as competências que serão valorizadas no futuro. E futuro próximo, cara! E aparecem coisas como:

– Capacidade de dar sentido às informações. A velha capacidade de julgamento e tomada de decisão, na qual eu bato desde 1990, cara!
– Pensamento novo e adaptativo
– Inteligência social
– Transdisciplinariedade
– Alfabetização para novas mídias
– Pensamento computacional
– Gerenciamento de carga cognitiva
– Mentalidade de design
– Competência transcultural
– Colaboração virtual

Olha! Eu aposto que tem coisas aí que você nem sabe direito o que são, não é? Enquanto estamos envolvidos com picuinhas, o mundo do trabalho vai se moldando para buscar pessoas capazes de controlar suas emoções e controlar as conexões com outras pessoas, de forma como jamais foi feita. É um mundo em transição, meu caro dinossauro de 20 anos. Que exige muito mais do que birra ou teimosia.

No Café Brasil 738 – O Encantador de millenials, eu trago diversas pistas de como as novas gerações veem o trabalho de um jeito diferente das anteriores. Com todos os seus conflitos. Vale a pena ouvi-lo como complemento a este episódio.

As empresas esclarecidas estão projetando empregos que dão aos funcionários controle, orgulho de seu trabalho e um salário justo, mas esses esforços são prejudicados pela crise do custo de vida e os trabalhadores acabam se sentindo enganados. E a consequência é o que temos assistido: o sonho da molecada é ser youtuber, cobrando 100 mil reais para fazer um post e vivendo a vida como nômades digitais.

Resumo? Trabalhar no seu horário, ganhar bem, sem prestar contas pra ninguém…

Vai dar certo? Olha: eu não sei, cara. Eu nem sei se estarei aqui pra ver. Só sei que meu amigo, com quem almocei, está doidinho para vender sua parte na empresa e curtir o que sua geração Baby Boomer merece depois de 50 anos de trabalho: trabalhar no seu horário, ganhar bem, sem prestar contas pra ninguém…

Rararararraa…. cara, meu amigo Baby Boomer, com seus 70 anos, tem o mesmo sonho do moleque geração Z com 23.

O mundo do trabalho vem mudando de forma radical, cada dia mais rapidamente. Provavelmente em dez anos, a maioria da garotada estará trabalhando em profissões que nem existem hoje. E olhará para nós, velhos, com o mesmo olhar com que Allan, Ellie, Ian, Tim e Lex Murphy olharam aquele bronquiossauro gigantesco na cena inesquecível de Jurassic Park.

Como é duro trabalhar
Toquinho
Vinícius de Moraes
Caminhando, caminhandoÀ procura de um lugarCom uma malhoça, uma morenaE um cantinho pra plantar
Achei a terra, vi a casaSó faltava capinarMas sem o colo da morenaQuem sou eu pra me abusar
E lá vou euParo aqui, paro acoláE lá vou euComo é duro trabalhar
E lá vou euParo aqui, paro acoláE lá vou euComo é duro trabalhar
E vou cantando, tiro modaFaço roda no arraialBusco a morena do olho em caldaCheiro de canavial
E bico essa, bico aquelaVou bicando sem pararMas não tem mais moça, donzelaQue mereça eu me abusar

É assim, ao som de Como é duro trabalhar, de Toquinho e Vinicius de Moraes, com eles dois, que vamos saindo pensativos cara… Como é duro trabalhar… Mas será que algum dia não foi?

Como estará o mundo dentro de cinco anos, hein? Não sei. Só sei que se deixarem, estarei publicando o milésimo episódio do Podcast Café Brasil. Desse trabalho eu não desisto fácil…

O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, que completa o ciclo.

O conteúdo do Café Brasil pode chegar ao vivo em sua empresa através de minhas palestras. Acesse lucianopires.com.br e vamos com um cafezinho ao vivo.

Olha só cara: venha para o mundocafebrasil.com. Digita aí, cara: mundocafebrasil.com. Entre dentro do ecossistema do Café Brasil. Além de ter acesso a um conteúdo de primeira, que eu trato com o maior carinho, cara, que eu trago pra você ter uma visão diferenciada do mundo, você também vai fazer parte do rol de assinantes e vai contribuir com o nosso trabalho aqui. Vai ajudar a gente a financiar um conteúdo que vai gratuitamente pra essa molecada desenvolver exatamente a capacidade de julgamento e tomada de decisão. Cara! Faça parte ativa disso. mundocafebrasil.com.

Mande um comentário de voz pelo WhatSapp no 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.

Para terminar, o Poeminha sobre o trabalho, de Millôr Fernandes:

Chego sempre à hora certa,
contam comigo, não falho,
pois adoro o meu emprego:
o que detesto é o trabalho.