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Luciano          Um LíderCast, este é daqueles que acontecem por causa de um ouvinte.  Sabe, nós estamos aqui com o André, o André me escreve um belo dia, conversando, ele ouviu aqui um programa meu e escreveu pô Luciano, eu estou com uma história interessante aqui, eu tenho aqui alguém que talvez possa te interessar e me contou uma historinha muito rápida, não mergulhou muito fundo e eu falei pô cara, vamos ver se a gente dá certo e acabou que deu e hoje aqui em pleno feriado, é ponte de feriado, é uma segunda feira de ponte de feriado, eu estou aqui no Café Brasil recebendo alguns visitantes aqui para a gente trocar uma ideia legal O programa começa com três perguntas que são as mais difíceis de ser respondidas, o resto é facinho, capricha ai que se acertar as três, o resto a gente tira de letra. Preciso saber seu nome, sua idade e o que é que você faz.

Felipe             Meu nome é Felipe Pires, tenho 29 anos e sou barbeiro.

Luciano          Barbeiro. Seu Pires não tem nada a ver comigo?

Felipe             Não, não.

Luciano          Olha…

Felipe             Mera coincidência.

Luciano          Você é barbeiro.

Felipe             Barbeiro.

Luciano          Aonde?

Felipe             Eu sou barbeiro na cidade de Rio das Pedras, interior de São Paulo.

Luciano          Muito bem, então nós estamos aqui diante de um barbeiro em Rio das Pedras, que é uma cidadezinha que tem 30 mil habitantes, fica no interior de São Paulo, a conversa aqui vai estar cheia de “porta”, “porrco”, “Ferrnando com orrgulho”, como eu sempre digo, já que um bauruense e um rio das pedrense, é isso?

Felipe             Riopedrense.

Luciano          Riopedrense. E o legal é o seguinte, o André quando me escreveu falou pô, eu tenho um cara legal aqui, ele é barbeiro, ele está renovando o negócio da barbearia aqui na cidade e tudo, eu falei bom, vamos ver o que é que vem por aí e chega diante de mim um hipster, eu vou descrever para você a situação aqui: o cara tem um coque no cabelo, tem um coque na barba, não tem bigode, tem um braço dele coberto de tatuagem, é um garotão. Que idade você tem?

Felipe             29 anos.

Luciano          29 anos e se define como barbeiro, quer dizer, está tudo errado, isso aqui não é barbeiro, isso é outra coisa, até achei que você ia vim… não, barbeiro não, isso aqui é um outro nome. Deixa eu começar lá do comecinho, você nasceu lá em Rio das Pedras?

Felipe             Eu nasci em Rio das Pedras.

Luciano          E aí, me conta um pouco de onde é que vem essa ideia. Vamos tentar entender até quando você chega no barbeiro. Vamos lá.

Felipe             Eu fui nascido e criado na cidade de Rio das Pedras, eu tive uma infância muito difícil, meu pai separou da minha mãe eu era muito novo, eu tinha 10 anos, depois de o meu pai separar da minha mãe eu passei muita dificuldade na parte de criação, aquela coisa de rebeldia, do menino não ter pai e onde eu cresci junto com os meus amigos que a grande maioria tinha uma situação financeiramente falando e familiar, familiarmente falando. Então eu via muita barreira nisso, uma dificuldade enorme, o caso de eu não ter pai, como que vai acontecer as coisas para mim? E…

Luciano          Você tem irmãos?

Felipe             … eu tenho uma irmã, eu tenho uma irmã mais velha, ela tem 31 anos, o nome dela é Ana Paula e…

Luciano          31 para 29 é nada, você tinha 10 ela tinha 12.

Felipe             … isso, então quando ela tinha 12 anos, na realidade ela que foi minha mãe, porque minha mãe, como se separou muito cedo dom meu pai, a minha mãe era doméstica e a minha mãe já fazia trabalho de manicure em alguns salões, então ela trabalhava como doméstica durante o dia, na parte da manhã, das 7 até umas 2, 3 horas, depois ela ia para um salão fazer unha e…

Luciano          Jornada tripla, e chegava em casa ainda tinha que dar uma…

Felipe             … chegava em casa e aí toda aquela situação, eu estudava de manhã, ficava na parte da tarde ficava junto com a minha irmã, minha irmã fazia o papel de mãe, só que era aquela situação, então na realidade eu ia para a rua, então ficava na rua, aquela situação não tão favorável e aí foi quando eu comecei a me envolver com esporte, na realidade devido a eu ficar na rua, minha mãe falava para mim, vai jogar futebol, vai treinar, tinha uma escolinha de futebol na minha cidade lá de Rio das Pedras que fazia um projeto voluntário e foi quando eu comecei a me envolver com esporte, fui jogar futebol.

Luciano          Isso nós estamos falando em 1997, 98.

Felipe             98, isso. 98. Comecei a me envolver com esporte, comecei treinar nessa escola lá de futebol e o esporte foi fundamental na minha vida porque junto ao esporte, ele meio que me reeducou, minha mãe sempre deu uma educação para a gente, tentou colocar a gente nos melhores caminhos, porém eu tinha muito essa dificuldade psicológica minha, eu via essa situação de eu não ter pai, eu criava essa situação e eu não tinha aquele diálogo aberto com a minha mãe de desabafar e tal, devido até à situação que não era tão favorável que a gente vivia no dia a dia, muito corrida a vida da minha mãe.

Luciano          Você sofria bullyng na escola?

Felipe             Não, pelo contrário, eu fazia bullyng com as pessoas, porque eu sempre fui um moleque muito extrovertido, muito comunicativo, então assim, eu era meio que o centro das atenções na sala de aula, gostava de chamar a atenção, até pelo fato positivo e pelo fato negativo, bagunceiro, não gostava muito de estudar, era aquele moleque bem porra louca mesmo e devido a essa situação, minha mãe não tinha tanto contato, porque trabalhava muito e a situação dela não conseguia muito controlar esse jogo aí, chegava, minha irmã passava as coisas para ela, minha irmã ficava fazendo a parte de mãe em casa, cuidando da gente, só que eu sempre muito hiperativo, não gostava de ficar em casa e tal e aí quando eu comecei a me relacionar com o esporte, começou a organizar um pouco melhor minha mente, disciplina, horário de treino, aquela coisa que eu não levava muito a sério e devido ao esporte isso daí começou a organizar bem a minha vida.

Luciano          Só um detalhe aqui então, para quem está nos ouvindo aqui: nós não estamos falando de anos 50, não estou falando de 1906 nem de 1970, nós estamos falando de 1998, outro dia, logo aqui e nesse momento que começou a se discutir de novo se vai voltar ou não educação física como currículo das escolas e a gente parece que destruiu esse conceito do esporte ao longo do tempo, nos últimos 20, 30 anos, parece que isso aí caiu para segundo plano e esporte virou bobagem, é coisa de bobagem e você coloca aqui claramente que o esporte foi o que deu um eixo para atua vida.

Felipe             Foi fundamental e devido ao esporte, quando tudo começou, eu comecei a ter uma organização melhor na parte pessoal, que eu comecei enxergar as coisas de uma outra maneira devido ao esporte e aí eu comecei a valorizar pequenas coisas como minha mãe em si, ser doméstica, dar uma vida bacana para a gente, tentar sempre colocar a gente, sempre morei de aluguel, nunca tive uma casa e ela sempre colocou a gente nos melhores bairros, querendo colocar uma situação favorável e…

Luciano          Não pintou um padrasto na tua vida?

Felipe             … então, minha mãe namora já faz um tempo, já faz 10 anos, mas minha mãe nunca quis levar esse cara para dentro de casa, ela fala até hoje que possa ser que no futuro ela possa até ir morar junto com ela, mas na hora que cada um seguir seu rumo, hoje minha irmã já é casada também, eu estou me encaminhando para isso e devido ao esporte foi que tudo começou a acontecer para um pensamento de crescimento como pessoa, por ter aquela situação não tão favorável quanto os outros amigos. Mas eu parei de me cobrar, de falar não, meu amigo tem um pai, o pai vai ajudar ele fazer uma faculdade e eu não, eu comecei a batalhar no esporte, falei que eu ia ser jogador de futebol, tecnicamente sempre fui muito limitado, porém eu tinha força de vontade, eu era esforçado, batalhava para jogar, sempre nessa equipe eu sempre fui titular, sempre conseguir me manter e isso daí foi como uma base para a minha vida, eu via uma limitação no esporte, mas eu via muita força de vontade perto de uns que tinham até tecnicamente falando mais qualidade que eu, mas não tinha a mesma força de vontade e com isso foi passando o tempo, dos 12 até os 17 anos eu treinava, seriamente com esse sonho de ser jogador de futebol, só que aí as coisas já não… eu vi que não ia acontecer e eu precisava trabalhar, precisava ajudar minha mãe, comecei a trabalhar em lava rápido, aquela coisa, ajudando só para ajudar em casa com alguma coisa, então eu trabalhava no lava rápido de finais de semana, estudava de manhã, treinava a tarde e trabalhava no lava rápido de final de semana e nesse meio tempo aí, apareceu oportunidade já quando eu fiz 18 anos, eu fiz 18 anos em um dia, no outro dia uma empresa no ramo alimentício lá da minha cidade me chamou. Eu fui, fiz entrevista, fui aprovado, comecei a trabalhar e aí trabalhar registrado e tal, só que eu sempre tive uma ambição saudável, precisava ajudar, eu quero ter minha casa, eu quero ter um carro bacana e eu via que dentro daquelas circunstâncias onde eu estava entrando não era o caminho para mim, então sempre tive uma visão um pouco mais além, de ter meu próprio negócio, de ser empreendedor, mas até então não sabia o que eu queria ser na realidade, eu sabia…

Luciano          Da onde veio essa visão aí, teu pai era empreendedor? Teu pai era…

Felipe             … não, meu pai não era, minha mãe também longe de ser empreendedora…

Luciano          … ninguém na família, não tinha um tio que era, nada?

Felipe             … ninguém na família, eu sempre tive essa visão, acho que devido à própria ambição que eu tive, essa ambição saudável de querer ter algo a mais, entendeu? Por eu ter uma situação não tão favorável lá atrás na época do esporte, eu queria fazer educação física, eu queria porque eu gosto de esporte, quero fazer educação física, mas eu vou fazer educação física, mas eu não gosto de estudar, como que eu vou fazer educação física se eu não gostava de estudar, entendeu? Então eu vi que foi ficando uma coisa meio que distante, o curso de educação física também não era barato, para você entrar para a faculdade e aí devido a essa situação de não ter às vezes… os meus amigos tinham os pais que ajudavam eles na faculdade, eu não tinha, então já fui para outro caminho, preciso trabalhar e aí fui na área…

Luciano          Você não chegou a fazer faculdade então, você se formou…

Felipe             … isso, ensino médio e aí depois eu fui para a área de alimentação lá nessas empresa e tive a oportunidade de ir para a área da metalúrgica, que metalúrgica estava em alta, todo mundo queria ser metalúrgico, eu fui, fiz um curso de solda e entrei para a área da metalúrgica.

Luciano          Virou um soldador.

Felipe             Virei um soldador.

Luciano          Lá em Rio das Pedras.

Felipe             Lá em Rio das Pedras, virei um soldador, comecei soldar durante dois anos e meio nessa empresa, mas tipo com um ano e meio eu já estava ciente que já não era mais aquilo que eu ia querer fazer também, eu precisava outra coisa, eu queria sair da área da metalúrgica, já tinha essa visão do empreendedorismo e nessa época aí, quando eu decidi sair da metalúrgica, tinha um amigo em comum meu que ele estava para sair da metalúrgica também e decidimos juntos comprar um trailer de lanche para a gente ir para a área alimentícia, comprei um trailer de lanche…

Luciano          Que idade você tinha?

Felipe             Isso daí eu estava com 20 anos.

Luciano          20 anos.

Felipe             Isso.

Luciano          Então vamos lá, moçada, vocês estão ouvindo a gente, nós estamos conversando aqui e ele está me contando uma realidade de um sujeito que mora numa cidade com 30 mil habitantes, então você que está nos ouvindo aí, que mora numa cidade de 12 milhões de habitantes como é São Paulo, ou que mora numa capital de um milhão de habitantes ou mesmo numa grande cidade do interior, de 400, 500 mil, vai ouvindo aqui, dá para fazer acontecer numa cidadezinha pequenininha que a gente sempre vê a molecada reclamar, pô eu vou embora daqui, aqui não tem o que fazer, aqui não tem nada para acontecer e se manda. Tem muita gente indo embora das pequenas cidades porque diz que não tem nada para fazer e de repente você está me contando uma história aqui que espera um pouquinho, acho que dá para fazer acontecer sim. Aí montaram um food truck antes de existir food truck.

Felipe             Isso, antes de existir o food truck a gente já veio com essa mentalidade, já justamente com isso aí, sempre com essa ideia inovadora, querer trazer um pouco da capital para o interior e fomos lá, compramos esse trailer de lanche, reformamos ele, abrimos ele num ponto estratégico lá, pegamos toda a documentação, abrimos esse trailer e começamos a trabalhar, começamos trabalhar e…

Luciano          Sem ter experiência em alimentação?

Felipe             … sem ter experiência nenhuma, nenhuma, nada, só pesquisando, muita força de vontade por trás, tanto eu quanto meu sócio, era Rodrigo o nome dele e a gente começou a trabalhar junto e desde então apareceu algumas dificuldades, negócio novo, ninguém conhece, a grande dificuldade, eu trabalhava na metalúrgica, tinha um salário fixo, aí eu saí, fiquei sem salário e nesse meio tempo, junto com os amigos da minha cidade, eu trabalhava nesse trailer à noite, durante o dia tinha um clube na minha cidade que ele estava meio abandonado, chama Clube de Campo de Rio das Pedras, na época tinha muitas festas nesse clube, só que já fazia uns cinco, seis anos que estava meio encostado lá, não fazia festa eu decidi montar um projeto junto a uns amigos de organização de evento e apresentar para esse clube para a gente tentar fazer eventos nesse clube aí da cidade e aí onde chamava essa organização nossa chamava “Pagode do Quarteto”, na época era organizar pagode, como a gente era quatro amigos, “Pagode do Quarteto”, fomos lá na diretoria, marcamos uma reunião junto com eles e o pessoal aceitou receber a gente, fomos lá, mostramos esse projeto, eles gostaram, vamos dar oportunidade para os meninos, vamos deixar eles fazerem uma festa aí e tal e começamos essa organização, saímos no boca a boca em alguns comércios da cidade, pedir patrocínio e tal, e começamos, organizamos esse primeiro pagode aí com três grupos, atração lá da região nossa que estavam em evidência e organizamos esse pagode. Esse primeiro evento nosso deu 1200 pessoas, o clube fazia tipo, que nem eu comentei, 5 anos que não fazia evento nenhum, de repente colocamos 1200, na época tinha 700 pagantes e 500 sócios, então o sócio não pagou para o clube foi aquele incentivo de o sócio não estar pagando, ir para o evento gratuitamente e a gente vendeu 700 convites na portaria.

Luciano          E vocês fizeram evento também na cara e na coragem, ou tinha alguém do ramo lá?

Felipe             Isso, na cara e na coragem. Na cara na coragem, ninguém, a gente tinha assim, bastante influência na cidade, por ser uma cidade pequena, todo mundo conhece todo mundo, uma cidade do interior, decidimos fazer esse evento e deu certo e aí o clube abriu as  portas para a gente, nesse meio tempo eu estava conciliando os eventos com o trailer de lanche a noite, então estava dando para conciliar e nesse meio tempo aí, a diretoria chamou a gente e deu abertura para a gente organizar os eventos lá durante um ano, os caras falaram, vocês têm duas datas por mês, então seriam teoricamente 24 festas no ano e falamos não, vamos arriscar, vamos ver se dá certo e começamos, com a cara e a coragem, esses amigos, começamos a organizar alguns eventos de pagode, o forte nosso era pagode, na região que estava com muita evidência. E esses eventos começaram a acontecer, foram todos os eventos que a gente fazia a gente colocava mil, mil e duzentas pessoas, mil e quinhentas, conseguimos colocar lá, num evento, duas mil pessoas lá num evento comemorativo que a gente fez lá com alguns grupos que estavam em evidência e conciliando  lanche, mas lá no food truck lá que não era food truck ainda na época, esse amigo meu, que a gente era sócio, ele veio se se separar da esposa dele e a gente teve que se desfazer desse trailer, não deu certo, acabei desistindo do trailer, vendemos o trailer e fiquei nas festas. Só que nesse meio tempo aí foi aonde eu conheci a minha noiva, Katiusca e aí quando eu conheci ela, a gente estava organizando alguns eventos ainda mas a gente já estava aquela situação meio que desgastada, porque tinha algumas pessoas que começaram a se aproximar da gente devido algum interesse, o clube estava parado, as pessoas começaram a ver que as coisas estavam acontecendo, então pessoas que tinham até muito mais experiência que a gente no ramo, na área de festa, de organização de eventos, começou a se aproximar e eu decidi, tipo não queria esse tipo de situação porque estava causando até algumas inimizades entre amigos, porque quando começa, coloca dinheiro na situação, então essas pessoas  se aproximaram, começou a acontecer algumas discussões entre amigos, decidimos deixar de lado a festa e aí eu fiquei desempregado de novo…

Luciano          Vocês pararam com o negócio inteirinho? Parou?

Felipe             Paramos com o negócio das festas, dois amigos, nós éramos em quatro, dois saíram, dois permaneceram, fez sociedade com esses outros caras aí, mas aí foram mais um tempo, não deu certo e tal e eu acabei ficando desempregado de novo. Aí eu conheci a Katiusca na época, ela também tinha se formado, estava estudando moda, tinha trancado a faculdade, ela decidiu fazer um curso de comissária de bordo, tinha acabado de se formar também e a gente começou a namorar e ela vinha de uma família que era tradicional de cabeleireiros lá na cidade e até de São Paulo, Capital, alguns irmãos trabalham na capital, outros foram para o interior, montou um salão lá unissex, que na época é o que estava em alta e ela foi para a área do cabelo, junto com o irmão dela, foi trabalhar na área da beleza, o irmão dela deu uma oportunidade para ela, falou se ela não queria vir trabalhar com ele e  ela também estava meio que perdida, tinha acabado de se formar em comissária de bordo, mas não sabia se queria exercer ou não devido à família vir da área da beleza, quando ela entrou ela começou a gostar, coisa de três, quatro meses ela começou a gostar e me chamou, pô vamos fazer um curso também, sei lá, na área da beleza, pode ser que venha a dar certo para a gente, a gente não tem nada a perder e eu arrisquei e fui, comecei a fazer esse curso na área da beleza.

Luciano          Aonde?

Felipe             Isso daí lá na cidade de Rio das Pedras, no interior, um curso lá de corte unissex, um curso bem, custo benefício bem baixo, um curso que era tipo, não tinha nada a perder, eu vou investir no curso lá, se não der certo, vida que segue. Só que quando eu comecei a fazer esse curso aí, eu comecei a ter identidade e aí eu comecei ver que poderia ser a chance da minha vida aquilo ali e ela continuou trabalhando com o irmão dela, nesse meio tempo apareceu a oportunidade de eu trabalhar na área comercial como representante comercial vendendo cosmético para salão, na época eu não sabia nem o que era um shampoo, um oxidante, uma coloração, eu não sabia nada, tanto é que quando apareceu essa oportunidade, foi devido a um negócio da própria família dela, eles tinham um centro de distribuição de linha de cosmética, ele me chamou para trabalhar, pô você não quer ir trabalhar na área comercial? Falei pô, mas não conheço nada de produto, tanto é que um dia ele falou não, é fácil, você vai vender coloração, você vai vender oxidante. Eu lembro até hoje que o primeiro cliente meu que eu cheguei, eu fui vender, eu falei viu, você não está interessado em comprar “ochi”? Ochi… a mulher olhou para mim e falou: mas o que é isso? Aí eu falei nossa… Ela falou assim: é oxidante, aí a própria cabeleireira que eu fui vender me explicou sobre o produto, aí eu falei pô, não, se eu quiser realmente vender eu preciso estudar sobre o produto, eu não posso me queimar no mercado e aí vi como oportunidade, eu estava sem trabalho e nessa oportunidade eu comecei a me identificar, comecei a me especializar na área, comecei a pesquisar mais a fundo em canal do Youtube sobre a área da beleza…

Luciano          Mas você não estava trabalhando com isso ainda?

Felipe             … isso, ainda não…

Luciano          Ainda não.

Felipe             … não estava trabalhando, estava fazendo o curso e estava vendendo os produtos, não estava na parte prática ainda e vendendo esses produtos aí, teve a oportunidade, eu comecei a me destacar com vendas, não sei como, porque eu não sabia nada na área da beleza, mas eu comecei a me destacar, sei lá, por causa do meu carisma, eu chegava nos salões e apareceu a oportunidade de eu trabalhar numa outra empresa um pouco maior, esse centro de distribuição que eles tinham, era bem pequeno, aí eu comecei trabalhar numa empresa maior que chamava “Italian Color”, era uma empresa já conhecida no mercado nacional, é uma empresa que, com essa empresa abriam portas para novos salões para mim e eu vi como um desafio bacana, eu decidi aceitar, na época eu não tinha nem carro, para mim, trabalhar como representante comercial eu tinha que ter um carro, eu tinha só uma moto e…

Luciano          Você trabalhava só na cidade?

Felipe             … isso, por hora…

Luciano          Vem cá, vem cá, quantos salões de beleza tem uma cidade de 30 mil habitantes?

Felipe             Não, não, mas eu trabalhava na região, quando eu comecei trabalhar na área comercial…

Luciano          Você fazia…

Felipe             … isso…

Luciano          … ah, então você fazia a região todinha.

Felipe             … isso, eu fazia a região ali…

Luciano          Tinha um volume interessante de clientes então.

Felipe             … isso, tinha um volume interessante, por hora eu não tinha cliente nenhum, aí eu fui formando minha cartela de clientes e tal, entrei nessa empresa aí, que nem eu estava falando que era uma empresa já que ela se abria, abriam portas, eu chegava e falava que era o Felipe da Italian Color, as pessoas me recebiam bem e eu aceitei o desafio e comecei a me especializar. A empresa começou a me fornecer muitos cursos na área da beleza e cursos gratuitos e eu comecei cada vez mais me especializar na área da beleza, conhecer esse mercado, esse universo da beleza e foi onde a Katiusca trabalhando com o irmão dela, tivemos a oportunidade de eu chamar ela para trabalhar num salão de um cliente meu, em Piracicaba que é uma cidade maior, de 500 mil habitantes, já é cidade vizinha de Rio das Pedras e ela aceitou e foi trabalhar nesse novo salão e daí então a gente começou planejar de abrir o nosso próprio negócio, nesse meio tempo eu continuava trabalhando na área de vendas, vendendo produtos para salão e ela trabalhando já na área e eu já tinha acabado de me formar também junto com ela e a gente decidiu abrir o nosso próprio negócio, então começamos todo esse processo aí da modelagem, do modelo de negócio, saber o que a gente ia abrir e eu já via naquela época, conhecendo um pouco mais a fundo do mercado da beleza, que era uma carência a parte da barbearia, eu queria trabalhar com cabelo masculino, ela queria trabalhar com cabelo feminino e eu já tinha decidido que eu não queria trabalhar com cabelo feminino, só que por hora, quando abrimos, abrimos um salão unissex, onde ela atendia clientes feminino e eu atendia o público masculino e abrimos juntos, uma despesa só, dividia aluguel…

Luciano          Você como barbeiro.

Felipe             … isso, eu como barbeiro.

Luciano          Então espera aí. Então dá um brake. Vamos lá, até então você estava estudando, se especializando e tudo mais e um belo dia senta na sua frente um sujeito e você vai mexer no cabelo desse cara…

Felipe             Sim.

Luciano          … e você pode fazer que nem o pombo, que faz uma cagada na cabeça do cara e ele fica enlouquecido, eu imagino que deve ser igual ao cirurgião que vai fazer a primeira cirurgia, você está com uma tesoura na mão e vai meter a mão no cabelo de uma criatura e pode acabar com a vida daquela criatura, como é que foi isso? Você treinou aonde? Como é que é?

Felipe             … isso então, aí que foi a grande dificuldade, quando eu comecei fazer o curso, então a gente tinha que levar modelos para esse curso lá, cobaias, a gente costuma chama de modelo para não assustar a pessoa, se você chegar lá e falar: você não quer ir lá de cobaia para eu treinar no seu cabelo? Então a gente fala: você não quer ir de modelo num curso para mim? E aí a gente começava a levar essas pessoas no curso e a gente praticava na cabeça do seu primo, do seu tio, do seu amigo mais próximo e essas pessoas que depositam confiança em você no começo de tudo isso, então a gente começou fazer esse trabalho e aí quando eu fui, que conseguimos abrir o nosso salão unissex junto, aí que foi a grande dificuldade, porque aí eu passei por uma outra dificuldade, eu tive que deixar a área e vendas que eu estava me dando bem, estava sendo rentável, estava conseguindo ganhar uma grana bacana com vendas, para ficar esperando o cliente ir lá até a barbearia para cortar cabelo, só que a maior dificuldade era o setor da barbearia, porque todo mundo olhava para mim e falava pô Felipe, você tem que trabalhar com o público feminino, barbeiro não dá dinheiro…

Luciano          Sim mas você já estava cortando cabelo.

Felipe             … só que eu cortava só cabelo de homem.

Luciano          Eu vou te encher o saco de novo, então vamos lá, ficou pronto o ambiente, pintaram as paredinhas, tudo lindo, maravilhoso, na sexta feira tem uma festa de inauguração e segunda feira de manhã abrem-se as portas e você fica com a tesoura na mão esperando entrar um cliente.

Felipe             Esperando entrar um cliente.

Luciano          Eu quero saber desse primeiro dia, como é que foi isso aí?

Felipe             Esse primeiro dia aí foi terrível, vou resumir o primeiro mês, o mês tem 28 dias, eu cortei, no primeiro mês, 21 cabelos, então não deu nem média de um corte de cabelo por dia e aí tinha toda essa dificuldade aí, de ficar esperando esse cliente vir, quem que vai depositar confiança, quem que é aquele menino lá que abriu…

Luciano          Vocês não montaram uma estratégia para puxar gente lá para dentro, nada disso?

Felipe             Não, por hora não. Abrimos lá, abrimos um espaço bacana já…

Luciano          Com a cara e a coragem.

Felipe             … com a cara e a coragem, dentro do que era a possibilidade da cidade, a gente tinha um espaço até bacana diferente dos nossos concorrentes já.

Luciano          Você está me dando um insight legal, porque você está falando tudo é você e ela, ela está ali fora. Pronto, acabamos de fazer uma bagunça aqui, eu parei a gravação no meio, a Katiusca estava ali fora assistindo a gente, mas ele falou o nome dela umas quinze vezes aqui eu falei não, espera um pouquinho, nós vamos conversar em Três aqui, tudo bom?

Katiusca         Tudo bem.

Luciano          Seu nome, sua idade e o que é que você faz?

Katiusca         Meu nome é Katiusca, tenho 29 anos também e sou cabeleireira, trabalho nesse ramo há 8 anos já.

Luciano          Numa família de …

Katiusca         Cabeleireiros, 20 mais ou menos.

Luciano          20?

Katiusca         Contando primos de terceiro grau. 20.

Luciano          Tudo lá no interior?

Katiusca         Não, São Paulo tem bastante, meu pai atualmente está morando em Rondônia, está lá também povoando os cabeleireiros, a mulher dele também é atualmente e no interior também tem alguns, está espalhado por aí.

Luciano          Mas ele comentou meio por cima que você veio para São Paulo, estudou aqui, você fez moda aqui em São Paulo.

Katiusca         Vim, vim fazer moda na Anhembi Morumbi, fiz três semestres, resolvi trancar, não era o que eu queria, fiquei mais seis meses aqui em São Paulo, trabalhando e curtindo e voltei para a minha cidade, perdida, sem saber o que eu ia fazer da vida. Fui fazer um curso de comissária de bordo, adorei, mas eu sou filha única e ficava pensando, poxa, minha mãe vai ficar sozinha, como que eu vou constituir uma família e daí pesei isso no final do curso, resolvi não atuar nessa área e nisso eu entrei pra trabalhar no salão do meu irmão, mas temporariamente mesmo e me encontrei.

Luciano          Você é uma das raras pessoas que eu conheço que saiu de uma cidadezinha do interior, veio para São Paulo e voltou para lá rapidamente, a turma normalmente volta, fica um tempo aqui, trabalha, aí lá na frente volta para lá. Você voltou novinha.

Katiusca         Eu me adapto, eu gosto muito de interior para morar, mas amei morar em São Paulo também, mas eu me adapto, eu gosto, a gente que faz o ambiente, eu acho.

Luciano          “Tá” legal. Mas aí você volta para lá e um belo dia cruza com essa figura aqui, já se conheciam?

Katiusca         Bem isso, nossa, não quero saber essa parte, acho melhor não contar, não, estou brincando, já conhecia, ele era um popularzinho na cidade, Farofa, é o apelido dele lá, eu tirava muito sarro, mas aí cuspi para cima, caiu na testa e agora estamos aí.

Luciano          Muito bom. Vamos retomar então, você estava vindo num momento lá em que a tua vida estava rodando, vocês se encontraram e de repente pinta essa história do “vou montar o meu negócio”, o lado dele eu já ouvi, quero saber o teu, a tua família tem salões, então para você não era um mistério, o ambiente você conhecia muito bem, tinha para quem perguntar, você tinha um mentor, ou tinha mentora, então tinha uma certa facilidade ali, diferente de um cara que monta um trailer de comida e não tem para quem perguntar e vai fazer comida para os outros, isso é um horror, eu acho que é quase tão ruim quanto mexer no cabelo das pessoas. Quando é que deu esse estalo de que vocês tinham que montar um negócio juntos?

Katiusca         Na verdade eu trabalhei um tempo no salão desse meu irmão, depois fui para Piracicaba que é uma cidade maior, em outro salão, para adquirir experiência e quando eu vi que o que eu estava ganhando estava meio limitado eu falei não quero, eu tenho capacidade já aprendi bastante, eu quero montar um salão para mim, quero ganhar o meu dinheiro e aí meu pai me ajudou também na época, a gente reformou um imóvel no centro, que é da minha família também e meu pai me ajudou a reformar e nisso o Felipe também já estava finalizando o curso, já estava cortando, na minha casa também, levava um cliente por semana.

Luciano          Uma cobaia.

Felipe             Uma cobaia, um modelo.

Katiusca         E aí eu falei vamos trabalhar junto, eu fico numa sala só com feminino, você fica em outra sala só com masculino, para dividir despesas, eu já fui com uma clientela de casa, do outro salão, já tinha uma clientela, o Felipe não, o Felipe realmente começou ali.

Luciano          Como é que foi o plano estratégico para montar esse negócio?

Katiusca         Não tinha.

Luciano          É isso que eu gosto de perguntar porque tem toda uma história, hoje em dia você fala negócio do startup, eu vou começar meu próprio negócio, aí  eu vou montar meu plano de negócios e tem mil modelos, como é que foi isso aí, monta e vê o que dá?

Felipe             Vê o que dá.

Luciano          E aí?

Felipe             Então, na parte masculina, que nem, no caso da Katiusca que era o público feminino, tinha bastante coisa já na nossa região devido a área da beleza feminina já está  muito mais além do que a área do masculino, então ela já tinha mais ou menos uma base o que fazer, já no meu caso, que era o público masculino, a maior dificuldade era tipo assim, você não tinha tanta referência, você não via barbeiros que estavam se destacando, você não via profissionais lá no começo para você falar assim: não, vou fazer parecido com tal pessoa que possa ser que dê certo, então era basicamente…

Luciano          Até porque barbeiro não é beleza, barbeiro é necessidade, preciso cortar meu cabelo porque está grande, eu não vou lá… não era assim, hoje em dia é outro papo, mas antigamente o que que era barbeiro? Barbeiro era o padeiro, preciso comer pão eu compro pão, barbeiro, eu tenho que cortar meu cabelo, eu nunca encarei isso como o lugar da beleza, vou lá para ficar bonito, eu vou lá porque eu estou desgrenhado e vou arrumar meu cabelo e numa cidade do interior, acho que o conceito é muito parecido, enquanto a mulherada tem esse conceito: é o salão de beleza e vamos lá, gasta uma grana, gasta tempo e dinheiro, eu nunca consegui entender isso, gasta tempo e dinheiro para ficar bonita para as outras mulheres, que não é para nós, é para as outras mulheres, o barbeiro não, o barbeiro é um negócio de primeira necessidade, eu vou lá porque tem que corta o cabelo e acho que por isso já dá um choque, quer dizer, você está parado na sua salinha vazia e a dela, quatro, cinco ali e aí?

Felipe             … então é que nem eu comentei, a maior dificuldade era justamente isso daí, como implantar essa beleza masculina nos homens onde eu já queria fazer um serviço diferenciado lá de trás, porque tinha os barbeiros antigos, que ia lá realmente, você sentava, cortava o cabelo, extrema necessidade, aparava a sua barba e ia embora, mas com a vinda dos salões unissex lá atrás, nos anos 70, os homens perderam muito espaço, se você pegar qualquer senhor antigo da década de 50, o cara preserva por um bigode, por um cavanhaque, dificilmente você vê um senhor de cara limpa, e a geração agora dos anos 70 para a frente, com a vinda dos salões unissex, os homens perderam espaço, então que nem se você for num salão unissex muitas vezes, você ia ver aquele monte de mulher com bobe no cabelo, o homem ficava perdido, não sabia realmente o que ele queria ali e ele ia lá para extrema necessidade, ou ele ia no barbeiro da esquina lá aparar o cabelo e aparar a barba, ou ele ia num salão unissex, procurar um…

Luciano          Eu sou testemunha viva disso, eu sou de Bauru, dos anos 70, eu tinha meus 15, 16 anos e pintou a notícia de que abriu um salão em Bauru, eu não vou me lembrar o nome do salão agora, que era um salão unissex, só mulheres cortando o cabelo e era um salão para homens e mulheres e era um negócio assim que era um tabu, eu me lembro que para eu ir a primeira vez lá foi um horror, até brinquei, era como a primeira vez que você vai na zona, o que que vai acontecer aqui? Meu Deus do céu, e aí eu entrei naquela salão, um cabelão, acredite, eu tinha um cabelão no ombro e chego lá e a mulher ne bota bobe e eu sentado na cadeira com bobe no cabelo, nos anos 70 e aquilo era um nó na cabeça da gente, o que que vai acontecer se alguém me vê assim? Mas era um momento de quebra de paradigma, foi interessante, quando a gente olha o que acontece hoje em dia com o que era naquela época, era uma loucura. Tudo o que eu estou falando para vocês eu falo imaginando a cidadezinha de 30 mil pessoas, onde o preconceito é maior, é tudo exacerbado, todo mundo sabe quem é todo mundo, então as coisas ali…

Katiusca         A primeira vez que ele falou que ia fazer hidratação masculina eu falei, amor não faz isso, os homens vão se ofender, aqui é Rio das Pedras, quando eu fui ver ele falou não, fique tranquila, quando eu fui ver tinha quatro sentados na cadeirinha com a touquinha térmica na cabeça, falei não é que deu certo? Foi bem assim.

Luciano          Como é que você convenceu? Como é que foi isso aí?

Felipe             Então, aí na realidade, lá atrás, nesse salão unissex, no próprio salão unissex, eu queria vender um espaço diferenciado para os homens, onde os homens se reunissem lá, ver um jogo de futebol, conversar, bater um papo bacana e aí que foi que a gente começou a conflitar dentro do nosso negócio, porque o salão era unissex, ia muita mulher lá e os homens iam falavam A, outro falava de futebol o dia todo e aí foi quando a gente decidiu separar o salão, eu ir para um espaço exclusivo, só para homens e ela ficar com o espaço exclusivo só para mulheres, porque eu queria muito, eu não queria vender tipo corte de cabelo, que nem você falou, vou lá e vou abaixar meu cabelo, aparar minha barba porque eu sou obrigado a fazer isso, não, eu queria vender um conceito diferente para os meus clientes, embora eles fossem lá para cortar cabelo e fazer barba, porém jogar conversa fora, falar de futebol, um ambiente agradável, só que aí foi onde eu comecei pesquisar algumas coisas fora do país, porque dentro, no Brasil, era muito limitado a esse barbeiro antigo old school, que é a velha escola da barbearia e comecei pesquisar e ver o que eles faziam lá fora do país.

Luciano          Bendita internet.

Felipe             E Youtube. Só Youtube, porque eu procurava, se eu digitasse no Google lá atrás, eu queria fazer um curso de corte masculino, corte moderno, por exemplo, não encontrava, eu não encontrava nada para o público masculino, era tudo direcionado ao público feminino, então comecei a pesquisar por Youtube, aí foi aonde começou a aparecer algumas academias padrões internacionais, padrões britânicos, holandês, padrão norte-americano e aí que eu comecei ver que era totalmente diferente o que os caras faziam lá fora, o conceito da barbearia era diferente a realidade dos caras e no Brasil eu via que eu falava não, é aquilo que eu quero fazer aqui, eu quero trazer um ambiente bacana, diferente para o meu cliente, só que eu via uma luz no fim do túnel, porque era muito difícil principalmente por preconceito uma cidade pequena, o pessoal olhava ah esse cara é boiola, o cara quer hidratar meu cabelo, “tá louco”, entendeu? Então tinha muito essa dificuldade, então tudo o que você ia fazer de diferente para o seu cliente tinha aquela coisa daquela barreira, o cara, a princípio, ele se fechava, tanto é que, vamos falar de sobrancelha, hoje a cada dez clientes, nove eu faço sobrancelha, lá atrás, se eu falasse, o cara falava não, para, você está louco, o que minha mulher vai pensar de mim? Porque tinha realmente essa barreira, essa dificuldade e aí pesquisando tudo o que esses caras faziam, aí eu comecei a ver que a realidade era totalmente diferente, o simples gesto de cortar cabelo no Brasil era uma máquina, uma tesoura, um pente e uma maquininha para você fazer o acabamento e a navalha ali para você fazer a barba e lá fora, na Europa, na América, os caras faziam tudo diferente, você olhava a bancada de maquinário, ferramenta, os caras tinham de monte, tipo dez, doze máquinas. Eu via nos vídeos do Youtube, tesoura, os caras tinham cinco, seis tipos de tesoura. Eu falava mas caramba, o que esses caras fazem, o resultado que eles obtinham nos cortes de cabelo, aqueles cortes bem clássicos, que lá atrás, na década de 50, qualquer senhor usava uma brilhantina, o cara passava no cabelo, sempre bem alinhado, com pente de bolso, qualquer senhor tinha um pente de bolso e que a geração nossa tinha perdido por causa dessa barreira aí dos salões unissex, o homem se fechou para aquela coisa, ele via muito preconceito.

Luciano          E também foi aquela coisa da liberdade dos anos 60, quer dizer, eu sou um garotão dos anos 60, eu quero ir contra todos os padrões, se o padrão do meu pai é usar bigodinho, eu não vou usar, eu vou deixar minha barbona, vou deixar meu cabelão, me recuso a cortar o cabelo como ele quer que eu corte, porque assim eu estou indo contra o sistema. Só que você já pega esse tempo quando começou a voltar, a roda girou e aí começou a ficar fora de moda aquela história do “o cara do cabelão, o cara do barbão”, começa a pintar uma…

Felipe             Porque já começou pintar muita coisa assim, o homem já se espelhar no homem lá de fora, principalmente o brasileiro, então você pegava os cantores da época que iam, faziam sucesso lá fora, eles iam, pegavam a tendência, a brecha da moda e trazia para o Brasil os caras ficavam diferenciados, o cara começava a parecer diferente no jeito de se vestir, um corte de cabelo bacana e aí pô, mas onde esse cara faz isso? Aqui ele não consegue fazer e aí que foi esse gancho aí da barbearia internacional junto com a barbearia nacional, alguns profissionais começaram ter essa sacada e ver que poderia ser diferente a área da barbearia no Brasil e começaram a apostar no quê? Atendimento exclusivo, que é o que eu vendo na minha barbearia hoje, depois que a gente separou, ela ficou com o espaço dela feminino, eu tenho uma barbershop hoje, que é  um conceito que está chegando com muita força no Brasil e acredito que nos próximos anos vai crescer muito, os homens, na realidade, vão querer ir nesse tipo de estabelecimento, nesse ambiente masculinizado, lá eu tenho uma loja de roupa, estúdio de tatuagem, pub e barbearia, então só que isso daí, que eu falei para você, isso daí é agora onde eu cheguei, porém…

Luciano          Então eu quero explorar um pouquinho mais isso antes, atenção você que está ouvindo a gente, não perca nunca de perspectiva, nós estamos falando de uma cidade com 30 mil habitantes, falar esse teu discurso do cara que mora no Rio de Janeiro ou em São Paulo, onde é o grande centro, não é novidade nenhuma, já é complicado, imagina aí uma barbershop em Rio das Pedras. Vocês estavam juntos já? Já estavam juntos.

Felipe             Já estávamos juntos.

Luciano          Já estavam juntos quando vocês montaram o negócio de vocês, não é? E aí de repente vocês tinham um business, por mais que vocês tivessem problema, você tinha uma administração única e estava tudo certinho,  agora são dois negócios, duas contas para pagar, dois aluguéis, dois isso, dois aquilo, como é que é? Isso não piora a vida dos dois enormemente?

Katiusca         Na verdade a gente era sócio só de despesas mesmo, então a parte do lucro, cada um ficava com o seu, administração como achava melhor também, porque senão eu sempre interferi achando que ele não devia vender hidratação masculina, ia ser uma briga eterna, mas aí ficaram sim, dois aluguéis, foi bem difícil.

Luciano          E o contador que era um virou dois, vocês tiveram que abrir dois CNPJ’s?

Felipe             Isso

Luciano          Pô, isso não complica muito? Bom, está certo, é uma decisão estratégica e vocês não se arrependem de ter feito?

Katiusca         Não, já tinha aumentado também bastante a clientela, então não interferiu tanto…

Luciano          Não comportava mais também.

Katiusca         … não, não comportava, o espaço já não estava comportando mais.

Felipe             E dentro do que era a minha estratégia de modelo de negócio, do que eu queria entregar para o meu cliente, não tinha como eu ficar junto com ela, porque o ambiente junto com mulher, você não ia poder vender uma cerveja e já era esse conceito que eu queria trazer que já é um conceito que lá fora é normal, os caras, faz parte da cultura deles já viverem esse conceito de barbearia e comecei pesquisar, de novo por Youtube, cursos, para eu me especializar na área porque aí dentro, quando eu decidi fazer esse modelo de negócio, eu vi que eu precisava investir em conhecimento primeiro, não adiantava também eu querer, ah não, vou montar uma barbershop aqui em Rio das Pedras mas eu não sei o que essas barbershop entregam para os clientes deles e eu vou vir numa cidade pequena, menor, muito mais dificuldade, até porque uma barbershop hoje um conceito de barbershop é um preço diferenciado de uma barbearia tradicional, hoje uma barbearia tradicional na minha cidade cobra em torno de 10, 15 reais, hoje o meu corte lá é 40, então…

Luciano          Ai meu Deus, 10, 15 reais para cortar o cabelo, legal.

Felipe             … isso, e dentro da minha realidade hoje lá é 40 reais, então eu precisei buscar especialização dentro disso daí e ver o que os caras faziam.

Luciano          Eu estou aqui em Moema, corto o cabelo num barbeiro, onde não tem nenhuma frescura, o máximo que existe ali assim, parecido com barbershop, é uma revista para você dar uma olhada, o cafezinho ali e mais nada, não tem absolutamente nada, eu pago 50, hoje são temers, 50 temers ali e você está me falando de 10, 15 reais. São perspectivas totalmente diferentes, não é? Mas então, e aí você começou a estudar, enquanto isso ela estava lá no modelinho dela, não é?

Felipe             No modelo dela que já vinha dando certo.

Luciano          Então, esse teu modelinho era o modelinho da tua família?

Katiusca         Não.

Luciano          Que ele está me dizendo um treco aqui completamente louco e revolucionário, o teu?

Katiusca         Eu comecei, na verdade, ele sempre fala isso para mim, que meu negócio dá certo porque ele dá dinheiro, eu comecei sem muita perspectiva assim de ah eu preciso ampliar, preciso só sempre me especializando, que eu acho que a mão de obra com qualidade sempre foi meu forte. Mas, até então, eu não tinha pensado num modelo de negócio muito diferente, era o básico mesmo, era um salão básico para mulher, com mão de obra qualificada, depois conforme eu fui vendo esse crescimento dele, também me espelhei, melhorei e estou trazendo um conceito novo. Mudei de ambiente também, reformei um outro local, estou com dia da noiva bem diferenciado lá, não que já não tenha, mas para a cidade ainda não tinha um salão diferenciado assim, mas no começo não, no começo era aquela coisa tradicional mesmo, bem seria o modelo da minha família, só que sempre me atualizando, porque o que acontece é que as pessoas vão parando um pouco no meio do caminho, para de fazer curso, a gente acha, o que não pode é começar a achar que sabe tudo.

Luciano          E de repente você pega a geração Kéfera das meninas de nove, dez anos que já chegam lá empetecadas, quer dizer, antigamente elas iam aprender lá como é que fazia, agora já chega sabendo tudo e é outro tipo de público que você vai lidar ali, não é?

Katiusca         Exatamente, totalmente diferente, elas estão muito atualizadas, então você tem que acompanhar, se não você fica para trás mesmo.

Luciano          Interessante esse público de vocês, como é que ele se renova. E aí, você fez o teu estudo ali e falou muito bem, vou começar a botar as coisas aqui, tem que investir uma grana, precisa investir dinheiro. Você estava sozinho, você tinha sócio ali?

Felipe             Não, sozinho. Sozinho, já quando separamos eu fui para um outro estabelecimento lá, não tinha acho que na época eu tinha 10 mil reais, precisava reformar esse local para eu entrar dentro dele e começar a trabalhar, acho que eu gastei 37 mil reais, eu tinha 10, os outros 27 foi trabalhando e pagando, aquela coisa empreendedor mesmo, sem ter dinheiro, só criando perspectiva de crescimento e tendo demanda de trabalho, tinha demanda, eu ia trabalhando, ia pagando e consegui reformar e consegui ir lá para o espaço, só que a ideia já era tudo isso daí.

Luciano          Então, me fala uma coisa aqui, uma coisa é você ter um negócio, eu tenho um negócio montado, está andando, eu já sei que todo mês vai entrar uma grana, a grana que entra é suficiente para mim e até sobra uma grana para eu poder investir, montar um fundo, fazer um investimento. Você estava separando o negócio, eu não imagino que você devia ter já uma clientela gigantesca, você devia estar construindo devagarinho e tem dez “pau” na mão e surge um negócio que precisa de trinta e sete. Hoje em dia para fazer isso você tem que pensar quinze vezes, porque entrar numa dívida hoje em dia, pegar dinheiro em banco, você nunca mais sai desse buraco, como é que você lidava, eu quero explorar essa tua percepção do risco, eu posso quebrar a cara de forma assim inesquecível, de ser mandado embora da cidade de tanto que eu vou quebrar aqui, ou não, ou pode dar certo esse negócio, tem um componente de risco gigantesco ali, como é que você faz? Você olha para ele e fala papai não me dá a mão, mamãe não vai me ajudar, não tem dinheiro no banco, não tem, meu carro já vendi, como é que faz na hora que você está diante dessa….

Felipe             Não, essa situação é a mais complicada, quando você olha para o seu lado e sabe que não tem ninguém…

Luciano          E aí?

Felipe             … porém, que nem eu comentei no começo, eu sempre tive muita força de vontade, eu nunca fui de desistir das coisas, então dentro de toda essa realidade que foi mudar esse conceito, mudar esse modelo de negócio do que já estava dando certo para uma coisa que poderia dar certo ou poderia dar errado, eu ia ter que correr esse risco, mas eu preferi correr esse risco e tipo me arrepender do que eu fiz e não do que eu não fiz e lá na frente vir uma pessoa, poderia fazer e falar putz, se eu tivesse feito isso aí, poderia ter dado certo para mim e aí eu comecei estudar muito, parte do SEBRAE sabe, parte de modelo de negócio, parte de marketing, parte de fluxo de caixa, parte do que você imaginar de conhecimento na área do empreendedor e do Felipe, o barbeiro que tem que se especializar e entregar um corte diferenciado.

Luciano          Você estuda aonde? Aonde você fez? Você fez curso no SEBRAE?

Felipe             Isso, SEBRAE, parte de empreendedorismo fiz SEBRAE..

Luciano          Fez o Empretec?

Felipe             Fiz o Empretec…

Luciano          Fez o Empretec?

Felipe             … e aí dentro disso daí, que era o modelo de negócio que eu vi no SEBRAE, eu acreditava muito no potencial da mão de obra de qualidade, de entregar um serviço exclusivo para o cliente, só que é uma dificuldade por ser uma cidade pequena. Então eu fui me especializei em várias academias de padrões internacionais, eu me especializei no London School, que é padrão britânico, me especializei em Scoring, que é padrão holandês…

Luciano          Quando você fala “me especializei” o que é? Você foi estudar lá?

Felipe             … nível de academia, são academias que vem dar conhecimento, passar conhecimento no país…

Luciano          Vem aqui.

Felipe             … isso, os caras vem…

Luciano          Você ficava olhando, tem um curso em São Paulo, você vinha para cá.

Felipe             … isso, vai ter tal, isso, vinha para a Paulista, ficava lá dois, três dias, fazia o curso e sempre buscando e antenado no que os caras estavam trazendo de novidade para o Brasil e aí me formei nesses níveis de academia, me formei Pivot Point também que é um padrão universal, que é seguido no mundo inteiro…

Luciano          O que é Pivot Point?

Felipe             … Pivot Point é uma academia internacional de aperfeiçoamento, tanto no público feminino quanto o público masculino e no público feminino eles são fortes, eles tem academias no mundo inteiro e no público masculino eles também deixavam de lado e vendo esse nicho do mercado da barbearia, os caras em primeira mão foram lá, contrataram os caras de Londres, trouxe para o Brasil e a primeira turma que teve no Brasil de barbearia, eu participei dessa primeira turma, que foi em 2012, 2013, desculpa, participei dessa primeira turma que teve aí no curso Meta Men e depois que eu me formei nesse nível de academia, abriu um leque na minha mente, porque assim eu achava que eu sabia cortar cabelo, mas não sabia, raspava cabelo só, então o cliente sentava lá na minha cadeira, eu sabia que eu tinha que raspar o cabelo dele na lateral, baixar um pouquinho na tesoura e obter aquele resultado, só que devido…

Luciano          Vem cá, e não é assim não?

Felipe             … não, não para entregar esse serviço exclusivo, esse corte exclusivo para os clientes, então assim, todo mundo pensa que é assim, tanto o cliente quanto o próprio barbeiro também lá que parou no tempo, não busca especialização nenhuma, então quando eu comecei a me especializar…

Luciano          Dá uma pausa para mim, tem um insight muito legal aí que é o seguinte: eu fiz uma provocação para você, não é assim? Porque quando eu sento no barbeiro ele vem e eu saio igual eu saí a semana passada, não muda nada, até porque eu não tenho muito cabelo para mexer, não tem muito que fazer aqui, então para mim, sentar lá, desde que ele não faça uma cagada, está tudo feito lá e eu pergunto para você: não é assim? Você fala não, não é assim. Olha que interessante essa tua responsabilidade que você tem de educar o teu cliente de que não é assim, você vai sentar aqui, eu não vou cortar e dar uma raspada, não, tem muita coisa colocada aqui dentro, tem esse meu tempo de estudo, etc e tal que vai dar um resultado que você vai sacar, eu vou sair de lá, puta, eu fui na barber shop do Felipe, é diferente do outro que eu vinha aqui, não é porque o cabelo ficou mais bonito, é porque teve um lance diferenciado ali, quer dizer, você tem que contar para o teu cliente ou ensinar o teu cliente que tem um valor que ele não percebe que existe ali, com você eu não sei se é igual.

Katiusca         Se ele não percebe, a mulher dele percebe, porque nós temos, como é uma cidade pequena, nós temos alguns clientes o casal em comum e há pouco uma cliente chegou e falou, Tiu, agradeça o Felipe, ele conseguiu deixar meu marido bonito, eu dei risada, falei poxa, não fala assim, ela falou mas é verdade, desde que eu conheço ele, há mais de 15 anos, é a mesma cara sempre, ele foi no Felipe, ele voltou outra pessoa, então agradeça. Então se o cara não percebe, a mulher percebe e o valor está ali.

Luciano          Mas como é que é no teu mercado, porque o teu, com mulheres, você não tem muita barreira para quebrar do ponto de vista de que tem que fazer a beleza, você não tem que convence ninguém que vai fazer uma. hidratar, você não tem que convencer ninguém que vai hidratar, tudo isso é muito conhecido e tem outros salões que fazem tão bem quanto você, o que é que você faz para o seu ser “o salão”.

Katiusca         O que eu convenço, eu tento convencer, na verdade, é que geralmente mulher chega com aquela foto da Gisele Bunchen, aquela mulher que ela admira muito e eu tento passar para ela que a beleza dela é na melhor forma dela, a sua beleza na melhor forma, que ela não precisa ficar parecida com ninguém para estar bonita, é dentro das possibilidades, características pessoais, gosto, estilo e a gente tenta buscar isso.

Luciano          O cabelo da Gisele não fica bem nela.

Katiusca         Exatamente e talvez o cabelo da Gisele… o dela nunca vá ser igual ao da Gisele, então o que a gente pode fazer com as suas possibilidades para deixar mais bonita, então isso também é um diferencial.

Luciano          Eu tenho um caso delicioso, meu cunhado usa óculos e ele sempre comprava os óculos num lugar, um belo dia ele foi num cara lá que é o cara, a estética do óculos é com o cara, ele  foi lá, sentou lá e o cara veio e mediu, porque o seu rosto tem um ângulo assim, assim assado e você vai ficar bem, fez o óculos e botou o óculos, E aí, como é que ficou? Ficou uma merda. Não sei se ficou ruim, mas para ele, que você fala para mim, eu vou mudar, vou fazer um reflexo no teu cabelo, eu vou ficar horrorizado, não sou eu esse cara que eu estou vendo aqui, que é o meu medo, o cara mexeu no meu cabelo. Minha barba, isso aqui em cima eu nunca fiz aqui em cima, nunca, raspei aqui em cima e outro dia eu fui lá, o cara vamos raspar ai, eu falei e se eu me arrepender? Vou ficar um mês olhado até voltar ao normal, quer dizer, o medo que você tem de reconhecer ou de não se reconhecer ali é um impedimento fantástico, você lida com isso o dia todo lá?

Felipe             Sim e veja que bacana, pegando o gancho aí do que ela falou, referente às clientes que chegam com celular e mostra foto específica de tal pessoa, queria fazer um cabelo parecido, diferente você que comentou que vai lá no seu barbeiro há não sei quantos anos e chega lá, é sempre a mesma coisa. Eu já lido com um público diferenciado que já está indo procurar o meu trabalho já querendo um corte diferenciado, então ele já chega com o celular na mão também, ele mostra a foto…

Luciano          E ele sabe o que ele quer?

Felipe             … isso, ele mostra a foto de um jogador de futebol exclusivo lá, um modelo, um ator, então o cliente está vindo procurar, então o público masculino está procurando diferenciar hoje em dia já na área da beleza, ele não quer mais ser igual era lá nos anos 70, ele queria ir contra o sistema, não, agora está voltando o sistema lá que tinha que ser lá não, tem que usar bigode, tem que usar cavanhaque, tem que usar um cabelo penteadinho não, lá atrás ele queria ser o contrário e agora não, agora os homens estão procurando se cuidar um pouco mais, então é assim, lidar com isso aí no dia a dia lá atrás, para mim era muito difícil porque eu tinha que reeducar o homem, hoje graças a Deus eu consegui atingir esse público, pelo menos na minha região onde eles vem já me procurando já por uma mudança, então não tenho mais tanta dificuldade, então hoje o cliente chega, o que eu falo para ele, ele acata, ele respeita até pelo posicionamento meu profissional, de especialização, ele começou ver que eu comecei a me mexer, me especializar e ele viu que eu sou diferente do barbeiro da esquina, então esse próprio cliente, ele te valoriza e é esse cliente aí que é no boca a boca que vai cada vez mais crescendo essa clientela, esse homem cada vez buscando um serviço mais exclusivo e é o que a gente oferece lá na barbearia.

Luciano          Fala uma coisa para mim, esse teu modelinho que você tem hoje, que é o pub, você enxergou isso tudo lá atrás? Que você olhou e falou o que eu quero é aquilo, eu vou querer um lugar assim, com esse jeito, você enxergou isso e falou é isso que eu vou construir?

Felipe             Sim, tanto é que essa primeira vez que eu fui para lá, que eu gastei os 37 mil já, que o modelo de negócio já era o pub, a loja de roupa e tudo, só que eu não tinha dinheiro para fazer tudo aquilo por hora…

Luciano          Mas você já preparou o ambiente.

Felipe             … isso, já comecei preparar o ambiente para isso e aí chegou uma hora que eu olhava ao redor e falava, nossa, mas para fazer tudo isso que eu quero é muita coisa, é muito difícil, será que a cidade comporta? É uma cidade pequena, é um risco e tudo aquilo lá e assim que eu lidei até hoje lido com essa situação, todo mundo, muita coisa, hoje o negócio vem dando certo, está dando muito certo, mas você lida com essa situação, tem pessoas que vai de Piracicaba, por exemplo, chega lá putz, eu não sabia que em Rio das Pedras tinha uma barbearia dessa, uma cidade que nem a sua, 30 mil habitantes, tem uma barbearia dessa, então lá atrás, quando eu decidi fazer esse modelo de negócio foi, de novo, com a cara e a coragem, sem ter nenhum dinheiro guardado ir fazendo, criar o modelo de negócio e fazer, aí eu gastei mais 90 mil reais de novo.

Luciano          Além dos 37?

Felipe             Além dos 37, mais 90 agora para chegar no que é a infraestrutura que eu tenho lá hoje.

Luciano          Agora é quando?

Felipe             Agora que está pronto, a infraestrutura da barbearia.

Luciano          Foi agora que você…

Felipe             Agora inaugurei ela dia 5, o pub e tudo lá, a parte do…

Luciano          Puta, é novinho assim?

Felipe             Isso, essa parte aí, a infraestrutura nova eu inaugurei dia 5 de outubro agora e aí eu consegui entregar essa infraestrutura de…

Luciano          Quer dizer, você com o pub, você está lidando com comida e bebida, você está lidando com o cabelo, prestação de serviços de cabelo, que mais tem ali?

Felipe             A moda, que é roupa.

Luciano          Uma loja de roupa.

Felipe             Tênis, calçado.

Luciano          Isso está embaixo de uma razão social única? É uma empresa só?

Felipe             Isso, dentro do, hoje tem uma regulamentação que se encaixa esse perfil de barber shop aí que é um conceito e aí dentro, por exemplo, loja de roupa é um espaço terceirizado que eu tenho lá dentro, onde tenho parceira com loja de roupa, tatuagem é terceirizada também, que é parcerias também e o pub é meu, exclusivo da barbearia e aí dentro disso daí eu montei um clube da barbearia, onde dentro desse clube…

Luciano          Aí como é que é, eu fico sócio desse clube?

Felipe             Isso, hoje lá eu vendo plano anual de corte de cabelo, então você chega lá na minha barbearia, eu tenho dez opções de plano. Cada cliente vê o perfil melhor para cada cliente, então eu tenho plano  para quem corta uma vez, para quem corta duas, para quem quer fazer cabelo e barba, para quem quer raspar, para criança, então dentro disso daí eu montei esse clube de vantagens da barbearia, vendo plano anual para o cliente, o cara fechou o plano anual comigo, fica conveniado no meu pub e em toda a infraestrutura que eu tenho lá, então de quarta feira eu trabalho até meia noite, essa galera que faz parte desse clube de vantagens eu tenho campeonato de pesque quatro, que é vídeo game, FIFA, tem campeonato de sinuca, então eu tenho esse clube de vantagens que roda junto, paralelo com a barbearia, mas só para essa galera que faz parte do clube de vantagens.

Luciano          Entendi. Você está criando uma central de relacionamento então, que é aquela história, você transformou a ida ao barbeiro não naquela coisa que eu faço, acho que é que nem botar gasolina no carro, eu vou lá para um evento, eu vou lá porque vai ter gente legal para conversar, não é isso? Vou levar minha namorada comigo, não pode?

Katiusca         Não.

Felipe             Não, na barbearia não entra. Só homens.

Luciano          Só homem?

Felipe             Isso, esse conceito de diferenciado que é trazer para os homens.

Luciano          Nem no pub?

Felipe             Nem no pub.

Katiusca         Por isso a mulherada pode ficar tranquila, pode deixar o maridão ir lá que não tem mulher gente!

Felipe             A ideia é isso aí, é resgatar esse espaço para homens, entendeu? Esse clube do bolinha mesmo, o cara ir lá, tomar uma boa cerveja, falar de futebol, poder falar de política, ali é à vontade, os caras conversam o que bem entende e é um ambiente bem bacana porque as pessoas que frequentam lá gostam das mesmas coisas em comum, porque eu procuro passar esse lifestyle de vida que eu tenho que é o futebol, o esporte, as pessoas que frequentam esse espaço automaticamente vivem esse mesmo estilo de vida aí, entendeu? Os que acabam não vivendo quer ir lá para a barbearia acaba tendo que viver o ambiente porque é o que a gente entrega lá.

Luciano          Vocês estão usando a internet no negócio de vocês? Não para aprender, que eu já vi que você é um estudante de internet, fica mergulhado lá, eu digo para o teu marketing, para o teu negócio, você tem uma versão do barber shop da internet já?

Felipe             Temos, temos sim, tem página, tem site.

Luciano          Fala aí, eu vou perguntar no final de novo, mas fala já, como é que é osite?

Felipe             O site é oficialbarbeiro.com.br

Luciano          oficialbarbeiro.com.br

Felipe             A página é Barber Shop Estilo Urbano, o Facebook e o Instagran é Felipe Barber Shop e agora estamos com uma estratégia de marketing aí junto com o André, que estamos bolando toda uma estratégia aí, um marketing de guerrilha que ele vai fazer aí, vamos focar nesse…

Luciano          Moçada, tudo isso está acontecendo em Rio das Pedras, olha que coisa fantástica, que delícia. E você, vendo essa movimentação inteira aí, não dá uma cociguinha para montar o pub da mulherada lá não?

Katiusca         Dá, com certeza, a mulherada pede, mas tem que ser bem estudado, o dele ele ficou digamos que uns dois anos estudando isso, não dá para fazer no sopetão, mas dá sim, uma coisa mais fina, em vez de cerveja a gente serve champanhe mas dá, dá sim.

Luciano          É, não pode ser aquela coisa de ogro, coisa de ogro não dá.

Katiusca         Mas dá, dá para fazer alguma coisa bacana sim, precisa de um estudo e elas pedem, elas pedem.

Luciano          Que legal, que história interessante. Vocês estão casados? Ou é aquilo que a gente não entende… É aquela coisa que não dá para entender, que é que nem meu filho, eu não sei o que é aquilo, eu não consigo saber aquela moça que ele traz na minha casa, o que ela é minha, eu não sei, o que que é? Não sei.

Katiusca         Não, comigo não é assim, faz oito anos já, a gente estava com o casamento marcado para abril agora, de 2017 e desmarcamos pela reforma do meu salão que tomou uma proporção muito gigante e era para ser só uma reforminha e vendi meu carro, desmarquei casamento.

Luciano          Desmarcaram por uma questão econômica.

Felipe             Sim.

Katiusca         Sim, sim.

Luciano          Por grana.

Katiusca         É, para decidir investir no negócio ao invés de fazer meio salão e meio casamento, decidi fazer o salão e depois, quem sabe, fazer o casamento.

Felipe             O lado profissional primeiro

Luciano          Mas vocês moram juntos?

Katiusca         Não.

Luciano          Cada um na sua casa tá

Felipe             Cada um na sua casa

Luciano          Eu queria explorar um pouquinho essa história de como é que um está alimentando o outro, como é que um empurra o outro para cima, entendeu? É fundamental, você está na tua jornada, você está montando teu negócio, mas você não está sozinho, você tem um ombro ali, que você não teve quando era garoto, você ficou, eu estava por mim, eu fui me tocando, fui me virando, não tinha para que perguntar, não tinha para quem pedir, não tinha nada, agora por mais que você esteja montando aí tem alguém que está com você ali, vocês devem ter planos de construir alguma coisa em conjunto aí, vai sair logo esse casamento, não é? Mas eu queria explorar um pouquinho essa coisa de… você não teve um mentor, você não teve alguém que você chegava lá, seu Jorge, me conta como é que é e o Jorge é assim, você não teve isso…

Felipe             Não.

Luciano          … você teve que inventar coisa do zero, você teve, a tua família, a mamãe, como é que é, então são duas realidade que estão construindo dois negócios que no seu ramo de atuação são parecidos, são dois negócios muito parecidos, você já está indo para outra esfera, mas é aquela prestação de serviço na área de beleza, ela com mentores e você sem mentores, não é? Você sente falta de ter tido alguém para você poder ir lá e bater na porta e ganhar um pouco de confiança, ou você fala não, eu me basto, você é um McGregor, lá do UFC, o cara pergunta você se espelha em quem? Ele fala em mim, eu sou mais eu e eu é que vou fazer acontecer.

Felipe             Eu acho que há uns três anos eu me cobrei muito sobre isso, me cobrava dessa pessoa que eu não tinha, poderia estar ali do meu lado, embora eu tenho minha mãe que ela é meu braço direito também, está comigo nos momentos ruins, nos bons, mas eu sempre me cobrei essa presença masculina aí que faltava, era aquela pessoa que poderia orientar, como que faz, como não faz, eu me cobrei muito, hoje não, hoje não mais, hoje eu já sei que é eu mesmo, eu que vou ter que… eu sou dono das minhas escolhas, então se eu tiver que quebrar a cara, eu vou quebrar e vou ter que assumir essa responsabilidade, se tiver que dar certo também, mérito meu porque eu, afinal, ela me apoia muito, mas aquela coisa final é eu mesmo, não tem como, se chegar numa hora as pessoas podem até bater no seu ombro e falar não, vai lá, pode dar certo, umas pessoas falam não você é louco, vai fazer isso aí? Isso aí não dá certo não. Chega uma hora que é você mesmo, então hoje eu acredito que não faz mais essa falta, mas lá atrás fez muita falta sim, eu sempre procurava em quem e por muitas vezes ela que, eu acabava me segurando nela, entendeu? Tinha ela do meu lado, então ela foi fundamental na minha carreira profissional, hoje o que a gente vem conquistando, mas hoje eu consigo caminhar mesmo sem ter essa pessoa ali, esse braço direito.

Luciano          Legal. E os planos continuam sendo daquele jeito, não é? Vou fazer, não tem essa de botar no papel e ficar fazendo planilhas e tudo mais. Você tem alguém com você administrando o negócio, além do escritório de contador que presta serviços para você?

Felipe             Na realidade eu tenho assim, eu tenho agora, desenvolvi um sistema exclusivo da barbearia que controla tudo isso daí, aplicativo da barbearia, tem várias coisas que estão me ajudando, então hoje fica muito mais fácil, não tem aquela coisa de pegar uma agenda, ir anotando tudo, que nem era antes, então hoje o controle está um pouco melhor, mas assim, devido como está tomando outras proporções o negócio agora, acredito que eu preciso de uma pessoa para me ajudar nessa parte financeira, o André que nem vai me ajudar no marketing e assim poder montar uma equipe bacana para poder…

Luciano          Qual é o sonho?

Felipe             O sonho?

Luciano          É, o que você vê lá na frente?

Felipe             Ser reconhecido mundialmente, profissionalmente falando.

Luciano          De Rio das Pedras…

Felipe             De Rio das Pedras.

Luciano          … para o mundo, é isso?

Felipe             Para o mundo.

Luciano          Pô, interessante, interessante, isso é um bom caminho. E você?

Katiusca         Eu não sei.

Luciano          Ela está emocionada aqui.

Katiusca         Não, o sonho dele é bem diferente do meu, ele está ministrando cursos, então é isso mesmo, o sonho dele é bem maior que o meu, o meu sonho é diferente, meu sonho é: eu quero cada vez mais me especializar na minha profissão, mas não tenho essa ambição de cursos, eu gosto do meu ambiente, eu gosto de ser reconhecida, eu gosto de ser valorizada na minha profissão, então por isso eu tenho sempre que estar buscando mais  para poder agregar valores, mas o sonho dele é o nosso sonho na verdade também.

Luciano          Logo mais vai entrar nessa equação uma coisinha diferente aí chamada filho e a hora que o bichinho entrar, muda a equação inteira, “tá”? Vira tudo de ponta cabeça, mas vale a pena, é muito legal. Bom, sabe porque que eu chamei vocês aqui? Eu chamei vocês aqui porque é o seguinte, hoje em dia só se fala em startup, o cara que vai inventar um aplicativo para inventar não sei o quê e que está criando um novo modelo de negócio que ninguém sabe o que é, porque a profissão que você vai ter daqui a dez anos ninguém sabe qual vai ser, você  está estudando uma escola agora, não sabe o que vai ter lá na frente, os negócios tradicionais estão quebrando e vocês dois vem aqui com um negócio altamente tradicional, o que é? Um barbeiro e uma cabeleireira, você quer coisa mais tradicional que isso? História da humanidade sempre esteve lá e vocês estão mostrando que é possível você renovar mesmo num negócio tradicional, eu entrevistei aqui outro dia o Tiago, que é de uma empresa de logística, o Tiago é uma figura, também, ele começou um pouco pior que você, porque  ele começou devendo até os tubos, eu falei você saiu do zero? Ele falou não, eu saí abaixo de zero, eu devia para Deus e o mundo, eu estava ultra quebrado e hoje o cara tem quatro, cinco, seis empresas, está faturando uma grana toda em cima de um negócio tradicional, que é entrega de documento e ele falou aqui, ele falou, esse povo fica discutindo essas loucuras todas e não sacou que nos negócios tradicionais tem tudo para ser feito e você dá uma aula para a gente, como é que eu pego um negócio tradicional que é o barbeiro e transformo num treco totalmente diferente e você está causando uma coisa interessante, você está criando uma cultura em Rio das Pedras, o cara que quiser ser barbeiro amanhã, ele vai se estrepar, porque quando você fixa um modelo como esse teu, eleva a barra, opa, se eu quiser entrar no negócio agora ó lá, ó o que o cara está fazendo lá, eu vou ter que montar um negócio para ser mais baratinho que ele ou vou querer fazer sucesso, tem um cara do meu lado aí fazendo acontecer e você causa um impacto social na cidade onde você está, tem percepção disso? Que você quando inova você está mudando a tua comunidade?

Felipe             Até então eu não tinha e aí a partir do momento que eu comecei a implantar, porque até quando era aquela coisa luz no fim do túnel que você falava, eu vendi a minha ideia para os meus clientes e até os próprios clientes não entendiam nada porque era uma ideia muito fora do que eles estavam acostumados, eu não conseguia enxergar isso aí, hoje, graças a Deus, as coisas do jeito que vem acontecendo, portas estão se abrindo, então a  partir de que eu comecei a me especializar, a partir de que eu comecei me mexer no meu negócio, sair da minha zona de conforto, algumas portas começaram a se abrir, então alguns profissionais se aproximaram de mim, me chamou para essa área de ministrar palestras de barbearia, os caras começaram a ver que o que eu estava fazendo era diferente do que as pessoas acostumam fazer e aí começou a abrir esse outro nicho de mercado que até então eu não percebia ele, eu comecei a ver que poderia aproveitar esse outro nicho de mercado e aí começou a aparecer muitas pessoas próximas de mim…

Luciano          Para aprender…

Felipe             … para aprender…

Luciano          … o conhecimento que você desenvolveu.

Felipe             … para saber o que eu fiz, o que você está fazendo que está dando certo? Então pessoas até da minha própria cidade, cidade vizinha, de outros estados, hoje graças a Deus algumas pessoas de outros estados vem me procurar para eu ministrar palestras de barbearia, então está tomando uma proporção do que então acredito que devido a todo esse movimento que eu fiz em prol do meu negócio, automaticamente eu acabei mexendo com algumas outras situações que geram essa situação dentro de uma cidade pequena, porque quando se faz um modelo de negócio desse, que nem você comentou em São Paulo, capital, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte é uma coisa, numa cidade de 30 mil habitantes, para você ter uma ideia, quando eu fixei esse modelo de negócio, a primeira vez que eu fui para o banco, que eu passei a trabalhar de suspensório, de camisa, de calça, de sapato, que normal lá os barbeiros lá trabalhavam de bermuda e chinelo havaiana, então a primeira vez que eu fui, encontrei um cara no centro, ele parou e falou pô Felipe, está parecendo um palhaço com essa roupa assim, e eu cheguei em casa naquele dia a noite, sabe, você fica meio até que desmotivado, você fala putz, será que eu estou no caminho certo? Mas é isso mesmo, meu modelo de negócio, tenho que ter persistência, hoje na minha cidade tem mais dois modelos de barber shop e esses dois modelos estão de suspensório, então é esse tipo de situação que você acaba mexendo, então hoje eu consigo enxergar, eu estou no  caminho certo mesmo.

Luciano          Teu visual faz parte desse marketing?

Felipe             Faz parte.

Luciano          Esse hipster aí faz parte desse marketing?

Felipe             Faz parte da minha imagem, do que eu quero para mim.

Luciano          Mas não era assim antes de você começar esse modelo de negócio?

Felipe             Não.

Luciano          Quando você começou isso tudo você falou agora eu vou dar uma…

Felipe             Sim, agora vou trabalhar na minha imagem também…

Luciano          Você virou para ela e falou assim, vou fazer um coque, vou fazer um coque na barba…

Katiusca         Você vai ter que engolir.

Luciano          Foi assim?

Felipe             Aí ela falou para mim, eu não gosto de bigode, eu falei beleza, então o bigode eu corto, mas embaixo não corto mais.

Katiusca         Não foi bem assim, e falei, não beijo mais com bigode, aí ele tirou o bigode.

Luciano          Pô, que interessante, depois eu vou botar a foto nossa lá, quem estiver ouvindo a gente aqui pode dar uma olhadinha e verá foto e deve ter você também lá no site, não tem?

Felipe             Tem sim.

Luciano          Na página.

Felipe             Na página, no site.

Luciano          Legal. Pô você foi fundo, criou uma persona, você circula na cidade lá, deve ser o único cara de coque na barba e coque no cabelo…

Katiusca         Hoje não.

Felipe             Tem vários.

Luciano          Já tem vários?

Katiusca         Já se espelharam.

Luciano          Parabéns, parabéns pela persistência ai, você inaugurou agora dia 5, teve uma festa a inauguração?

Felipe             Fiz.

Luciano          Sua mãe estava lá?

Felipe             Estava.

Luciano          O que ela falou?

Felipe             Putz…

Luciano          Quando você acendeu a luz assim, abriu a porta, cortou o…

Felipe             Desculpa.

Luciano          Por quê? Isso é ótimo.

Felipe             Ela falou que eu sou o herói dela.

Katiusca         Falou da mãe, mexeu com ele.

Luciano          Que coisa, como é o nome dela?

Felipe             Sueli.

Luciano          Dona Sueli, que idade ela tem?

Felipe             Minha mãe tem 45.

Luciano          Ih dona Sueli é uma garota, dona Sueli aqui de um “veio” de 60, ó aqui, se a hora que ele abriu aquilo tudo, acendeu a luz, a senhora entrou e ficou emocionada lá, a culpa é sua viu dona Sueli, a culpa é sua, não tem um pai lá atrás para falar que eu segurei a peteca, eu estava ali para segurar, que segurou foi ela e pelo que você contou no começo, deve ter sido bravo, deve ter sido bravo.

Felipe             Foi, foi punk.

Luciano          Bom, mas que legal, que legal, fico emocionado que nem vocês, que bom. Olha aqui, vamos voltar então, bota o pé no chão de novo. Quem quiser conhecer www…

Felipe             oficialbarbeiro.com.br

Luciano          Ou…

Felipe             Ou Estilo Urbano Barber Shop é a página no Facebook.

Luciano          Que legal. Meu, fantástico, eu vou lá cortar o cabelo com você, que distância fica daqui?

Felipe             Ah, 190 quilômetros, é pertinho.

Luciano          Tem um restaurante legal para comer alguma coisa lá?

Felipe             Tem, tem sim.

Luciano          Então eu vou sair daqui e vou num sábado lá cortar o cabelo com você.

Felipe             Vai ser um prazer enorme receber você lá.

Luciano          Vou arrastar minha mulher, não sei se ela vai, sabe mulher é duro, mulher é dureza, para trocar é complicado.

Katiusca         É fiel.

Luciano          Mas que legal, parabéns para vocês viu, com 29 anos, os dois com 29, já está pintando e bordando, você vai chegar lá, eu vou te ver na televisão ainda…

Felipe             Se Deus quiser.

Luciano          … como o barbeiro dos artistas e você vai estar lá agitando junto lá. Obrigado, valeu, excelente, espero que vocês consigam triplicar esse negócio lá e vai ser um dia que você vai falar assim, de uma cidade de 30 mil habitantes, você não ficou parado, você usou a internet, os cursos que você fez, eu fiquei maravilhado, como é que o cara vê o Youtube dum holandês, você procurando e achando um cara da Holanda, para trazer uma realidade da Holanda para uma cidade de 30 mil habitantes no interior do estado, quer dizer, você que está me ouvindo ai de novo, cria vergonha na cara, para de reclamar, você que está morando numa cidade de 200 mil, 300 mil, 1 milhão de habitantes, dá para fazer acontecer desde que tenha aquilo que ele falou logo no começo, tinha uma força de vontade desgraçada e não há plano de negócios ou falta de dinheiro que me impeça de fazer a coisa acontecer. Parabéns.

Felipe             Obrigado, eu queria agradecer a oportunidade por abrir as portas aí para eu poder compartilhar um pouco da minha história e “vamo que vamo” que o show não pode parar.

Luciano          Sejam bem vindos, abraço para vocês.

Felipe e Katiusca      Obrigada.

                                                                                   Transcrição: Mari Camargo.