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Bom: você já sabe que a Perfetto patrocina o Café Brasil fazendo sorvetes, não é?

No site perfetto.com.br – sempre lembrando que esse perfetto tem dois “tês”, a gente enlouquece. Tem mil delícias, tem receitas, tem coisas muito legais lá. E o interessante é o seguinte: eu sei porque eu sou consumidor, tá? Eles oferecem uns latões de sorvete cara, por um preço que é irresistível. São tão bem feitos, sabor tão delicioso, preço de primeira. Que mais você quer, cara? É só mergulhar de cabeça. né? Se você não se aguenta aí, dá uma paradavai comprar um sorvete Perfetto. Dá uma olha dinha no blog, vai?

Com sorvete #TudoéPerfetto

E sabe quem ajuda este programa chegar até você?

A Terra Desenvolvimento Agropecuário, que é especializada em inteligência no agro.

Utilizando diversas técnicas, pesquisas, tecnologia e uma equipe realizadora, a Terra levanta todos os números de sua fazenda em tempo real e auxilia você a traçar estratégias, fazer previsões e, principalmente, agir para tornar a fazenda eficiente e mais lucrativa.

E para você que acredita no agro e está interessado em investir em um seguimento lucrativo e promissor, a Terra oferece orientação e serviços, para tornar esse empreendimento uma realidade.

terradesenvolvimento.com.br – razão para produzir, emoção para transformar. A inteligência a serviço do agro.

Aurélio Alfieri é um educador físico e youtuber, apaixonado pela atividade física equilibrada para a promoção da saúde. Seu trabalho é focado na sobre qualidade de vida e longevidade, e me chamou atenção quando, no começo da pandemia, focou seu trabalho nos exercícios físicos para idosos. mas tem um case maravilhoso de marketing digital aí.

É com ele que vou conversar hoje.

Bom dia, boa tarde, boa noite. Você está no Café Brasil e eu sou o Luciano Pires.

Posso entrar?

O Aurélio Alfieri percebeu, logo no início da pandemia, que um dos segmentos da população que mais sofreriam com o trancamento em casa, seriam os idosos. Sem poder sair para se exercitar, rapidamente perderiam muito em qualidade de vida. E ele então decidiu focar seu canal no Youtube em ensinar exercícios que podem ser feitos dentro de casa. E o resultado é que está a caminho de um milhão de seguidores. Um milhão. No papo de hoje, falamos de empreendedorismo digital e de… saúde!

Mas antes…

“Olá Luciano, Ciça, Lalá. Vida longa ao Cafezinho. Eu sou o Marcelo, de Bauru, conterrâneo aí do Luciano e acabei de ouvir a Expedição Franklin e ouvi ainda, indicado por um  amigo, um amigo o qual conheceu o Café Brasil por indicação minha e desta vez ele que me indicou o programa. Eu já participei, já mandei áudio outras vezes e a última vez que eu mandei um áudio eu estava fechando um negócio, fiz um comentário sobre isso e ouvindo agora a Expedição Franklin, passou um longo filme na minha cabeça.

Hoje eu estou começando mais um negócio, eu sou engenheiro civil, atuo… voltei a atuar na área depois da pandemia, mas além disso eu atuo como empresário, como empreendedor, já fui proprietário de algumas lojas físiscas, em shopping, alimentação e hoje, no dia em que eu ouvi esse programa, estou iniciando um novo negócio, uma nova loja num ramo desconhecido, num ramo novo, o ramo de moda infantil e fiz muito planejamento, fiz VRE, fiz fluxo de caixa até 2022 com muita premissa, com muitos senões e ouvia o podcast e me jogou pra uma realidade nova. Planejamento é importante, mas a gente tem que estar preparado é justamente pelo que não planejou.

Então, eu queria agradecer vocês por essa reflexão. Não é por falta de planejamento ou por excesso de planejamento que as coisas vão dar certo ou que a gente vai parar. Eu, ao longo da pandemia, me reinventei, busquei outro negócio, fechei um negócio, o qual eu tinha planejado sem pandemia e agora replanejamos o outro negócio. Pegamos um outro negócio e planejamos, estudamos, mas todo esse tempo, esses quase um ano e pouco de pandemia só me fez reforçar a resiliência e a flexibilidade de tomar decisões importantes, necessárias e seguir em frente. Planejar é importante, mas estar preparado para o que não planejeou é mais.

Como diria Mike Tyson, numa frase atribuída a ele: todo mundo tem um plano até tomar o primeiro soco na cara”. Vamos lá. Quando a gente tomar o primeiro soco, já tomei alguns, a gente pega a guarda de novo e continua na luta. Grande abraço, ótimo dia, fique com Deus.”

Grande Marcelo, mais um empreendedor brasileiro que deve ter quebrado a cara de montão, mas não tem jeito, viu? Quem foi mordido pelo bichinho do empreendedorismo nunca para de inventar moda, não é? Fico feliz que o Café Brasil tenha de alguma forma inspirado você, e boa sorte com o próximo negócio. Ou será missão. É… acho que está muito mais pra missão.

E está no ar a Escola Itaú Cultural, plataforma que nasce com o objetivo de desenvolver ações de formação nas diversas áreas de atuação da organização; promover acesso ao conhecimento nos campos da arte e da cultura e trocar conhecimento e multiplicá-lo. São cursos gratuitos nas modalidades pós-graduação, cursos de extensão e cursos livres. Para se inscrever em um curso mediado, basta entrar no site da Escola Itaú Cultural, criar um usuário, escolher o curso e preencher a ficha de inscrição.

Acesse itaucultural.org.br. Agora você tem cultura entrando por aqui, pelos olhos e pelos ouvidos…

Muito bem. Mais um LíderCast. Como sempre, eu começo contando como essa figura chegou até mim aqui. Ela chegou por coisas do destino. Eu vou começar hoje, contando uma pequena história. Você sabe que, conforme a gente vai evoluindo na vida vão mudando as prioridades. Quando você tem 15 anos de idade, você conversa com os teus amigos um monte de brincadeiras, game. A gente fala de game à vontade. Dos 15 aos 20, você começa a se interessar por moças. Começa a ficar bom, interessante, fala das meninas, do namorico, das baladinhas, das brincadeiras. Dos 20 aos 30 você já fala de trabalho, você começa a falar de emprego, alguma coisa assim. Dos 30 aos 40 você fala de investimento: onde é que eu ponho a grana? Como é que eu faço? Dos 40 aos 50 você começa a falar: eu estou pensando o que eu vou fazer lá na frente. O que eu vou fazer da vida. E dos 50 em diante, você começa a trocar endereço de médico. Então você começa a contar: eu descobri um médico fantástico. Eu descobri um remedinho assim. A minha coluna. Começa a doer tudo. Você começa a perceber que você está ficando velho. E aí é que você para. Você olha para trás e fala: passei tanto tempo da minha vida sem dar a menor atenção em como é que seria esse corpo velho, lá na frente. Agora que eu estou aqui, com 64, não dá tempo de voltar para trás, para fazer de novo. E eu comecei a pesquisar por aí, o que tinha. Um belo dia, a figura entra em contato comigo. A gente troca uma ideia ali, ele fala: olha o que eu faço aqui. Eu trabalho com os véio, as véia. Eu falei: ah não, você vai vir aqui, nós vamos conversar. Então eu não vou dar mais spoiler aqui. Vamos começar para valer aqui. As três perguntas fundamentais do LíderCast: seu nome, sua idade e o que você faz?

Aurélio Alfieri: O meu nome é Aurélio. Eu tenho 36 anos. Sou personal trainer. Mas atualmente, eu sou mais youtuber da 3ª idade.

Luciano Pires: 3ª idade. Ainda bem que você não falou melhor idade. Que é aquela forma meio hipócrita de você tratar. Meu caro, você é de onde? Nasceu onde?

Aurélio Alfieri: Santa Mariana, Paraná.

Luciano Pires: Paranaense.

Aurélio Alfieri: Uma cidade bem pequenininha. Deve ter uns 15 mil habitantes hoje.

Luciano Pires: Você mora onde hoje?

Aurélio Alfieri: Curitiba.

Luciano Pires: Em Curitiba. Legal. Você tem irmãos?

Aurélio Alfieri: Eu tenho um irmão mais novo, cinco anos mais novo, o Alan.

Luciano Pires: O teu pai e a tua mãe faziam ou fazem o quê? Em que ambiente você cresceu? Isso que me interessa.

Aurélio Alfieri: Olha que interessante: quando eu nasci, em Santa Mariana, os meus pais tinham ali, perto dos seus 17 anos. Eu acho que lá não tinha muito entretenimento na época. Não sobrava muito espaço e daí eles tinham filho cedo. Minha mãe casou grávida. E meu pai começou a fazer vários… tentar trabalhar com agricultura, coisas assim. Santa Mariana é uma cidade do interior. Só isso que dava para fazer. E acabou não dando certo. Eles arrendaram terras lá e tal. E acabou não dando certo. E ele resolveu ir para Curitiba. Eu tinha aí uns três anos de idade. Só que ele veio para Curitiba sem saber o que fazer. E também de família simples. O meu avô é caminhoneiro. Ele foi para Curitiba para tentar a vida de uma maneira diferente.

Luciano Pires: Você já tinha nascido.

Aurélio Alfieri: Já. Eu fiz três anos de idade em Curitiba. O meu pai tinha ali uns 19 anos nessa época, talvez 20. Ele chegou em Curitiba e foi morar com a mãe da minha mãe – que já tinha vindo para cá – só para procurar emprego, alguma coisa assim. Teve até um pouco de dificuldade de encontrar emprego na época. E a minha mãe sempre foi muito inteligente. Eu acho que quando eu nasci ela estava fazendo um curso superior na época lá. Só que ela parou de fazer, porque eu nasci. E ela tinha que cuidar de mim e tal. Não conseguiu conciliar tudo. E aí foi interessante. O meu pai começou a trabalhar de graça numa distribuidora de bebidas. Assim: ele não tinha o que fazer. Ele tinha um amigo comum. Ele disse: eu fico ajudando aí. E ficou ajudando.

Luciano Pires: A troco de nada?

Aurélio Alfieri: A troco de nada. A troco de: melhor que ficar em casa, sem fazer nada. Ficou lá ajudando.

Luciano Pires: Habitação era a sua avó que dava. Comida era a sua avó que dava.

Aurélio Alfieri: E daí ele falou assim: eu vou ficar aqui. Ele ficou ali não sei quantas semanas. Inclusive esse cara é amigo da família até hoje. De repente esse cara recebeu uma ligação de outro. Ele falou assim: eu peguei representação da Brahma e preciso de um gerente. Ele falou: tem um cara aqui. Eu vou te mandar aí. Porque como ele estava ali sem fazer nada, era a única pessoa que ele imaginava que poderia ir lá gerenciar a lojinha. E eu fui criado com o meu pai trabalhando em uma distribuidora da Brahma, vendendo cerveja. E eu fiquei com isso na cabeça, Luciano. Eu falei assim: nossa… ele sempre me contava essa história: eu fui lá. Você viu? Vale a pena. Você vai lá, se dedica e tal. E todo mundo vê você trabalhando. E aí, de repente, quando aparece a oportunidade, você não está em casa.

Luciano Pires: Foi um investimento. Aquele: trabalhar de graça. Foi um investimento.

Aurélio Alfieri: Foi um investimento.

Luciano Pires: Foi um investimento. Que legal.

Aurélio Alfieri: Tanto o meu pai como a minha mãe, eles perguntaram para as pessoas. Minha mãe virou desenhista arquitetônica, projetista no Nanquim. Fazia projetos hidráulicos de prédios.

Luciano Pires: Caramba cara. Que legal.

Aurélio Alfieri: E daí ela levava esses projetos para casa e fazia em casa. Porque ela queria ficar junto comigo e com o meu irmão. E eu cresci com aquelas pranchetas enormes em casa. E ela fazendo aqueles desenhos. Desenhava. Para quem não sabe: pegava aquela canetinha de nanquim e tinha que desenhar ralinho, não tinha AutoCAD.

Luciano Pires: Canetinha Rotring.

Aurélio Alfieri: É.

Luciano Pires: As canetinhas Rotring. Usei muito.

Aurélio Alfieri: Nossa… eu lembro. Tanto é que eu sempre ia muito bem em geometria. Todas as outras disciplinas eu ia mal. Matemática eu ia mal. Mas geometria eu ia bem.

Luciano Pires: Como era o teu apelido quando você era criança?

Aurélio Alfieri: Olha só: como o meu nome é Aurélio, já me chamaram muito de Orelha. Não sei por quê. Acho que é porque combina e rima. Mas de Dicionário.

Luciano Pires: Dicionário?

Aurélio Alfieri: Dicionário.

Luciano Pires: Por que Dicionário? Você era…

Aurélio Alfieri: Por causa do Aurélio.

Luciano Pires: Ah, tá certo. Claro.

Aurélio Alfieri: Teve um dia, eu acho que eu estava na 2ª série. A professora falou assim: peguem o dicionário. Todo mundo pulou em cima de mim. Daí eu ficava com aquela cara de choro. Eu falei: meu Deus do céu. Que vergonha. Todo mundo tirando sarro.

Luciano Pires: É verdade.

Aurélio Alfieri: E a professora olhou para eles e falou assim: o nome dele é o único que tem todas as vogais do alfabeto. Eu falei: oooo…

Luciano Pires: Têm umas coisas assim, que são malucas. Você lembra? Teve uma época que teve uma campanha do governo – eu não lembro mais o que falava – era alguma coisa que se referia ao pênis como Bráulio. Era o Bráulio. Todos os Bráulios do Brasil ficaram enlouquecidos. Sempre acontece. É muito perigoso isso. Quando eu vou fazer palestra eu tomo um baita cuidado, porque a hora que eu vou fazer alguma coisa ignorante lá, que eu tenho que dar o nome de alguém, eu invento um nome maluco, torcendo para não ter ninguém na plateia com aquele mesmo nome lá. Mas diga uma coisa aqui: o que o Dicionário queria ser quando crescesse?

Aurélio Alfieri: Professor.

Luciano Pires: É?

Aurélio Alfieri: E isso foi traumático, Luciano. Porque quando eu estava na 2ª série, eu lembro essa imagem, de tão traumática que foi. Quando o trauma é grande, aquilo registra na cabeça. Eu estava conversando com uma coleguinha de turma, 2ª, 3ª série do primário. Ela perguntou assim: o que você quer ser quando crescer? Eu falei: eu quero ser professor. Ela começou a dar tanta risada. Menininha. Você é menininha. Porque até a 2ª, 3ª série, só tem professora mulher. E ela falou assim: você quer ser menininha, professorinha. De tão traumático que foi eu falei: nossa… será que eu estou fazendo tudo errado? Porque eu achava legal ser professor. E isso foi um susto até. E daí eu me encontrei quando eu comecei a fazer judô. Porque eu não era muito disciplinado. Na verdade, eu era um terror. E quando eu comecei a fazer judô, eu comecei a treinar numa equipe que tinha vários atletas de destaque. Então era um treino sério. Duas horas por dia, todos os dias, incluindo o sábado. E era treino pesado. E eu via no meu professor de judô uma referência. Eu falei: nossa… eu quero ser professor de judô. E daí esse professor me contratou para ser assistente dele. Eu tenho foto trabalhando em campeonato de judô, mudando o placar, com 11 anos de idade. Então desde essa idade, eu já ajudava. Mas o primeiro emprego que ele me deu, pagava meio salário mínimo para mim, na época. Eu lembro que o primeiro relógio que eu comprei com isso, eu tinha uns 14 anos. Eu trabalhava como secretário dele, na casa dele. O meu trabalho era pegar a lista telefônica, as páginas amarelas, e ligar para todas as pré-escolas, perguntar se tinha judô. E se não tinha, por que não tinha? Daí eu anotava num papel. Depois ele entrava em contato para tentar vender o serviço de…

Luciano Pires: Olha que legal. É um CRM. Você já era um CRM infantil. Que legal.

Aurélio Alfieri: Mas eu suava a mão para telefonar. Eu tinha medo de ligar.

Luciano Pires: Que idade você tinha?

Aurélio Alfieri: Uns 14 ou 15 anos.

Luciano Pires: Hoje esse teu professor ia para a cadeia. Porque ele seria preso hoje em dia. Você sentiu que você foi explorado naquela época? Ou isso foi uma escola…

Aurélio Alfieri: Eu comprei o meu primeiro relógio. Eu peguei o salário inteiro para comprar o relógio. Eu falava assim: escuta, mas você não vai me dar vale transporte? Ele me deu uma bicicleta velha, uma Caloi 10 que ele tinha. Ele falou: enche o pneu. Ele falava: Daniel San. Vai pedalando.

Luciano Pires: Sim. Que legal.

Aurélio Alfieri: Foi uma fase bem interessante. E esse cara, o Agostinho, ele me incentivou tanto a entrar na Faculdade de Educação Física. Ele falou assim: na hora que você entrar na faculdade, eu vou te colocar como estagiário num dos melhores colégios de Curitiba. Que ele era o coordenador. Ele falou: eu preciso de um cara que nem você lá. E logo depois, ele faleceu. Suicídio.

Luciano Pires: Caramba.

Aurélio Alfieri: Foi logo que eu entrei na faculdade. Eu acho que uma semana depois.

Luciano Pires: Que idade você tinha? 17, 18?

Aurélio Alfieri: Não. Eu acho que eu fiz 16 na faculdade.

Luciano Pires: Vamos lá. Você estava com ele desde os 11?

Aurélio Alfieri: Sete ou oito.

Luciano Pires: Sabe que o LíderCast tem voltas. Ele vai e volta. Eu peço algumas coisas. Vai e volta. 16 anos de idade. E tua referência, que era o teu professor, que era o teu sansei. Você era o Gafanhoto dele.

Aurélio Alfieri: O atleta mais antigo.

Luciano Pires: O atleta mais antigo. E o cara se mata. Sua referência se mata. Como é? Como que um moleque de 16 anos recebe uma notícia assim?

Aurélio Alfieri: Ah, foi… nossa… só de lembrar é muito…

Luciano Pires: Por que ele se matou?

Aurélio Alfieri: Ah, sabe que eu não tenho uma explicação? Eu sei que ele teve um caso com uma mulher. Eu não sei se… é porque nessa época, a gente não estava tão ligado em questões pessoais entre eu e ele. Eram mais profissionais. Mas eu acho que ele tinha levado um fora. Parece que ele tinha a intenção de casar e não deu certo. Daí eu acho que o emprego, ele acabou perdendo também. E juntou uma coisa com a outra. Mais – eu acho – um pouco de depressão. Essa é a imagem que eu tenho na cabeça, daquela época. Eu acredito que foi alguma coisa assim. Para mim foi traumático.

Luciano Pires: Eu imagino. Porque se o cara é a tua referência. Se você dissesse para mim que ele tinha morrido num acidente…

Aurélio Alfieri: Sim, sim.

Luciano Pires: Agora, o cara é a tua referência. E esse cara tem uma atitude tão drástica. Ele tira a própria vida. Como você processa na tua cabeça? O cara que é a minha referência. O cara que eu estou acompanhando. O cara que me dá os caminhos. Ele toma uma atitude como essa. Como você processa na tua cabeça? A cabeça dele, a gente não sabe o que se passava lá. Nós temos que respeitar.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: Mas na tua? Um garoto. Como que é isso?

Aurélio Alfieri: Eu nunca mais entrei no tatami.

Luciano Pires: Você nunca mais…

Aurélio Alfieri: Entrou num tatami. Eu me desconectei do judô. Completamente. Porque eu nunca tinha treinado com outro professor. Eu já tive outros treinadores. Mas você vai no final de semana, treina com um, com outro. Mas assim, como mestre, eu tive só um. E assim, a gente tinha um vínculo, principalmente na infância. Para mim o judô era sagrado demais. Toda sexta-feira, todo mundo se reunia e ia jantar junto num restaurante. Todas as sextas-feiras. Essa equipe do judô, com os pais. A gente ia para a praia junto. A gente alugava uma casa junto, na praia. Era uma família. Daí depois disso, tudo sumiu. E daí eu estava na Faculdade de Educação Física. E coincidiu com duas coisas. Eu também dava aula de judô em pré-escola. Luciano imagine: eu estou falando isso em 2001. Eu já tinha essa prática de ligar para o pessoal. Eu fiz negociação com uma escola. Não tem judô? Eu dou aula de judô aqui para vocês. Cobro “x” reais por aluno e tudo. Naquela época, eu estava ganhando 110, 120 reais por hora. Era três vezes mais do que os meus professores da faculdade.

Luciano Pires: Era um dinheirão.

Aurélio Alfieri: Era três vezes mais do que os meus professores da faculdade ganhavam. Só que eu descobri que eu não gostava. Eu não tinha tato com as crianças. Não é que eu não tinha tato com as crianças. Eu não conseguia dominar a turma. E quando eu pensava em ir dar aula, começava a me dar taquicardia. Nessa época ele já tinha falecido também. Mas eu acho que não tinha nada a ver com aquilo. Era a minha falta de controle com aquelas crianças. E eu descobri que a minha vida não era dar aula pra criança. Porque eu falei para o meu pai, quando eu estava passando em frente à academia mais chique de Curitiba, tinha uns três alunos que tinham Ferrari, na academia. Eu falei para o meu pai: eu quero fazer estágio nessa academia. Ele falou: por que você não vai? Eu falei: mas será que eu posso? Ele falou: vai lá. E eu fiquei com aquilo na cabeça. O meu pai tinha trabalhado de graça, lembra?

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Eu cheguei na academia. Eu falei: tem vaga de estágio? Não, não tem. Eu falei: mas eu trabalho de graça. Como assim? Eu falei: não. Eu venho aqui e trabalho. Eu trabalho de graça. Ah não, para trabalhar de graça tem vaga. Você acredita que tinha uma vaga? E daí eu entrei nessa academia. Nessa mesma época, eu dava aula nessa academia, de graça. E dava aula de judô e ganhava três vezes mais do que os meus professores da faculdade ganhavam na época. Até que chegou um ponto que eu falei: nossa… porque lá eu dava aula para as pessoas mais velhas do que eu. Na pré-escola, eu dava aula para pessoas mais novas.

Luciano Pires: Então, como é que você ganhava isso na época? Você tinha uma microempresa?

Aurélio Alfieri: Nada. Tudo informal.

Luciano Pires: Não tinha nada. Não tinha nota, não tinha coisa nenhuma?

Aurélio Alfieri: Tudo informal. Eu lembro que tinha a mãe de um aluno do judô que chegou para a diretora e falou: o meu filho era tão educado antes de fazer essa aula de judô. Agora ele está mal-educado. Culpa desse professor de judô. Agora ele fica andando descalço em casa, rolando no chão e pulando no sofá. Antes ele era tão educadinho. Ele ficava de tênis, sentadinho, “jogandinho”. Agora ele está mal-educado. Não tem como ele fazer aula de judô de tênis? Essa foi a última vez que eu fui dar aula de judô para criança. Eu falei assim: não dá.

Luciano Pires: Mas vamos lá. Você se forma então, em Educação Física?

Aurélio Alfieri: Me formo em Educação Física.

Luciano Pires: O trauma não foi suficiente para te tirar desse caminho e falar: deixa ir ser desenhista que nem a minha mãe.

Aurélio Alfieri: Não. Me tirou do judô.

Luciano Pires: Deixa eu ser empreendedor que nem meu pai. Não pintou nada disso? Lhe certificaram em professor de educação física?

Aurélio Alfieri: Me certificaram.

Luciano Pires: Para que serve um diploma de bacharel em educação física?

Aurélio Alfieri: Na minha época era licenciatura plena. Que servia para bacharel e licenciatura. Ou seja, você aprendia um monte de coisa e não sabia nada. Quem faz educação física hoje pode optar: bacharel ou licenciatura. Você quer dar aula na escola ou quer dar aula na academia? Eu queria dar aula na academia e tinha 90% de atividade escolar. Então você pega aquele diploma e diz: não, eu só quero ir para a academia. A sorte que eu fazia estágio de graça naquela academia. Luciano: teve um dia que eu cheguei atrasado, porque eu tinha sofrido um acidente de moto no caminho. E eu cheguei todo ensanguentado na academia. Eu cheguei 10 minutos atrasado. Foi o meu único atraso. Eu cheguei lá: nossa… eu me machuquei. Imagina: eu trabalhava de graça no lugar. Me machuquei a caminho do trabalho. O que é isso? Acidente de trabalho. Não, pelo amor de Deus, vai para casa. Eu falei: não, mas eu quero trabalhar. Eu cheguei atrasado. Mas eu quero. Ela falou: nossa… você está todo sangrando. Eu dei o máximo Luciano. Porque a minha ideia era que eu fosse contratado nessa academia. E daí quando eu me formei, eu cheguei lá na academia: então, eu me formei. Eu trabalhei tanto tempo nessa academia, será que vai rolar a efetivação? Ela falou assim: não Aurélio. Não tem vaga. Eu falei assim: eu sei que tem uma vaga. E eu sei que você vai contratar uma pessoa. Eu trabalhei de graça nesse período. Eu queria saber o motivo da não…

Luciano Pires: Quanto tempo você trabalhou de graça lá?

Aurélio Alfieri: Um ano e meio.

Luciano Pires: E na hora que pintou uma vaga ele não escolheu você?

Aurélio Alfieri: Tinha outros estagiários.

Luciano Pires: Então tinha vários?

Aurélio Alfieri: Sim. Tinha vários outros estagiários.

Luciano Pires: Também de graça? Tudo de graça?

Aurélio Alfieri: Não. Os outros eram remunerados. Eu perguntei: qual é o motivo da não…

Luciano Pires: Efetivação.

Aurélio Alfieri: Da não efetivação? E ele falou: não Aurélio. É que não tem vaga mesmo. Eu falei: não, eu queria que, pelo menos, você me contasse o motivo. O que eu poderia ter feito de diferente? Ou qual habilidade eu preciso desenvolver para ser um professor aqui dessa academia? Ele falou: não Aurélio. Não tem vaga mesmo. Eu sabia que era mentira. Mas daí eu fiquei quieto. Eu saí sem uma resposta. Só que nessa academia Luciano, eu conheci muita gente. Muita gente. Tanto os alunos, como os próprios professores. Eu entrei em crise existencial. Porque ser formado em educação física, com um monte de sonho, um monte de coisa. Eu falei: eu estava numa academia que tinha Porsche, Ferrari, Lamborghini na garagem. É difícil você ir para uma academia de bairro, pequenininha. Porque você está vislumbrando ter uma remuneração, ter alunos como personal. Porque esse que é o sonho do professor de educação física.

Luciano Pires: Esse cara nunca te disse por que ele não te contratou?

Aurélio Alfieri: Não.

Luciano Pires: Você hoje, olhando de longe, com a tua experiência hoje, por que ele não te contratou?

Aurélio Alfieri: Não sei. A pessoa que ficou lá era grande amigo dele também. Era amigo de infância e tal, na época. Talvez, ele tinha mais vínculo, ele confiava mais nessa outra pessoa. Não dá para julgar.

Luciano Pires: Ou seja, não te serviu de nada ele não ter contratado? Do tipo assim, você falar: se eu tivesse insistido aqui e ali, eu teria ido melhor?

Aurélio Alfieri: Então, na verdade, eu acho que eu teria ido muito pior. Porque eu seria professor de academia…

Luciano Pires: Até hoje?

Aurélio Alfieri: Até hoje. Esse foi o meu primeiro trauma, que me jogou para frente, Luciano.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Na verdade, teve um trauma anterior. Porque o meu pai tinha uma distribuidora de bebidas. E a distribuidora quebrou. Quebrou completamente. Eu tinha carro para ir para a faculdade. De repente, o meu pai falou: dá o teu carro aqui, que eu vou vender. Só que eu morava em Araucária e tinha que estudar em Curitiba.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Eu falei: como que eu vou sem carro agora? Porque uma coisa é você nunca ter um carro. Outra coisa é você adolescente ter um carro. E daí, de repente, você não tem mais. Eu perdi todo o suporte financeiro. Nessa época que eu ia nessa academia, que eu fazia estágio não remunerado, o meu pai falou: eu te ajudo a comprar uma Honda Biz. Só que era 100 reais a prestação. Estava com busca e apreensão. Eu escondi a moto na casa da minha avó para o banco não achar. Esse foi o meu primeiro baque. Porque daí eu fui trabalhar nas academias, porque não tinha mais a distribuidora, que eu ficava ajudando meu pai lá. O meu segundo baque foi esse, da academia que não efetivou. Eu falei: eu preciso fazer alguma coisa Luciano. Eu não posso dar um passo para trás e ir para uma academia pequenininha. Eu falei assim: vamos fazer uma coisa diferente? Tinha um trabalho na faculdade, de um professor de administração. Na educação física tem uma disciplina de administração. Eu tinha feito um projeto, que na época eu chamava de Holistic Training. Porque na época eu tinha lido Ponto de Mutação, do Capra. E com a faculdade, eu fiz junto também a pós-graduação, porque eu descobri dava para entrar na pós sem ter feito a faculdade. Você não pode é receber o diploma da pós antes de ter a faculdade. Daí eu fazia os dois juntos. Eu tinha feito lá um projetinho. Eu sei que uns seis meses depois que eu tinha saído dessa academia, eu estava dando palestra para essa academia. Porque eu me associei a outros dois professores que tinham vendido uma palestra. Eu me associei com esse projeto do Holistic Training. A gente queria criar um consultório do professor de educação física.

Luciano Pires: Legal.

Aurélio Alfieri: E a gente tinha criado juntos. Eu tinha o nome, a marca registrada, uma parte do conceito. E eles tinham a experiência. E a gente se juntou em três e criamos essa Holistic Training maior. A gente vendeu esse projeto para essa empresa que não me efetivou. Seis meses depois, eu estava palestrando para todos os professores. Eu tenho uma foto dando palestra para eles.

Luciano Pires: Vocês montaram uma empresa, CNPJ, tudo certinho?

Aurélio Alfieri: Sim. Eles já tinham a empresa. Chamava Motivação, na época. Só que eu já tinha aquele projeto. Eu entrei como sócio, com 33%. Mas quando eles contrataram, eles não sabiam que eu ia palestrar. Mas foi engraçado.

Luciano Pires: Que idade você tinha na época?

Aurélio Alfieri: Eu tinha 20.

Luciano Pires: Então com 20 anos de idade você passou a ser dono de empresa?

Aurélio Alfieri: Dono de empresa. Com CNPJ.

Luciano Pires: Junto com a carga de dono vem umas coisas que até então, você não precisava se preocupar. Tinha uma divisão de trabalho lá, que tinha um que era administrativo, o outro era venda?

Aurélio Alfieri: Eu era o administrativo.

Luciano Pires: Eu estou achando que você era o cara do conteúdo, das aulas. Você foi ser o administrativo?

Aurélio Alfieri: É porque eles tinham mais experiência com conteúdo. O conteúdo deles era mais elevado do que o meu. Só que eu tinha experiência administrativa, porque eu ajudava o meu pai na lojinha. Eu já tinha site na época. Eu mesmo tinha feito o site. Eu aprendi a programar HTML na época. Porque na educação física todo mundo programa.

Luciano Pires: O que você era então? O que você era naquela época? Se alguém perguntasse: o que você faz? O que você diria? Porque eu estou entendendo, antes disso você fala: eu sou professor de educação física. Quando você virou sócio desses caras aí, os dois mais você. Se eu te perguntasse: você é o quê? O que você diria que você era? Eu sou um empresário? Eu sou um empreendedor? Eu sou um dono de firma?

Aurélio Alfieri: Eu não sabia o que falar.

Luciano Pires: Você estava tranquilo assim? Estava feliz assim?

Aurélio Alfieri: Não. Eu estava ansioso. Eu sempre fui muito ansioso. Tanto é que quando eu estava criando essa Holistic Training, esse projeto, e fui num psicólogo. Eu cheguei para o psicólogo e falei assim: eu estou trabalhando duas horas por dia nesse projeto. E fico o resto do dia disperso. Eu queria me dedicar oito horas por dia nesse projeto. Sem perder a concentração. Igual uma pessoa trabalha normal. Eu não estou recebendo nada. Mas eu quero fazer esse projeto. Ele falou: você não acha que você está se cobrando demais? Eu nunca mais voltei nesse psicólogo.

Luciano Pires: Você estava ganhando uma grana boa na época?

Aurélio Alfieri: Não.

Luciano Pires: Um moleque de 20 anos, com o pai quebrado, ganhando quase nada. Como é que você arrumou dinheiro para ir num psicólogo? Ou era o SUS?

Aurélio Alfieri: Não. Eu dava umas aulas como personal, pontuais. Eu ganhava o equivalente hoje a 600 reais por mês. E o psicólogo era um professor da Universidade Federal. E ele cobrava cinquentão a consulta na época. Então eu fui uma vez. Eu falei: meu Deus do céu. O cara quer que… ele disse que eu estou me cobrando demais.

Luciano Pires: Vamos chegar no ponto da virada. Você com 20 anos de idade, fazendo um negócio que você não gostava de fazer. Porque eu imagino que você não queria assumir o papel administrativo.

Aurélio Alfieri: Não. Eu gostava.

Luciano Pires: Mas você via nisso o teu futuro? Você falava: eu vou crescer aqui?

Aurélio Alfieri: Sim. Porque entrou um investidor na história. Que viu aquele projeto. Eu tinha feito registro de patente, antes de conhecer os caras. E o cara investiu no projeto, eu acho que quase dois milhões de reais, em 2008.

Luciano Pires: Ô louco, cara.

Aurélio Alfieri: Ele era um aluno da academia. Daí a gente saiu vendendo franquia. Do mini estúdio, do consultório do personal trainer. São Paulo, Rio. Nessa época, eu dava treinamento para os professores.

Luciano Pires: O teu público era professor de educação física?

Aurélio Alfieri: Professor de educação física. Para ter o consultório do cara. A gente vendeu aqui no Brasil umas 35 franquias. Foram três unidades para Miami.

Luciano Pires: Chamava Holistic Training?

Aurélio Alfieri: É. Daí ele mudou para Vibe Class.

Luciano Pires: Formava o que, ali? Você dava consultoria para quem? Para um professor que quisesse constituir o seu próprio negócio?

Aurélio Alfieri: Exatamente.

Luciano Pires: Você estava formando empreendedores. É isso?

Aurélio Alfieri: Era uma franquia de mini academia.

Luciano Pires: Você ensinava o cara a montar uma mini academia. É isso?

Aurélio Alfieri: É. Era uma franquia. Então, uma mini academia, que montava dentro de uma academia grande. Olha só que coisa maluca. Era o consultório do professor de educação física. Era um espaço de 12 metros quadrados, que dava para dar 350 variações de exercícios, mais ou menos. E tudo isso informatizado, ligado nos equipamentos. E eu trabalhava na pesquisa e desenvolvimento. Eu tinha feito a arquitetura do software. A gente contratou uma empresa para programar. Foi bem bacana Luciano. São Paulo, Rio, Brasília. A gente começou a viajar o Brasil inteiro, dar palestra. Eu recebia pró-labore. Com o sonho de que a empresa desse lucro. Vendesse as 300 franquias. A gente pagasse o investidor. E daí começasse a ter lucro. Só que isso nunca estava acontecendo. O negócio ia crescendo, crescendo, crescendo. Mas quanto mais crescia, mais dinheiro precisava. Nunca dava lucro. Só dava prejuízo. E daí eu vivia com aquele pró-labore. E os meus professores, os franqueados, todos. Porque eu tinha um pró-labore baixinho. Até que um falou assim: Aurélio, você não sabe como é a nossa vida. É muito puxado. Esses alunos sugam a nossa alma. E eu olhando assim, o cara ganhava três vezes mais do que eu. Eu falei: sabe de uma coisa? Tchau para vocês. E eu vou dar aula. Daí foi em 2013. Eu larguei tudo. Imagina: era um projeto de faculdade. Eu comecei. Registrei. Óbvio, juntou com a ideia dos outros sócios.

Luciano Pires: Eles compraram a tua parte?

Aurélio Alfieri: Quando teve aporte de capital, aí que vem a coisa. O sócio investidor, ele me fez empréstimo com juros de poupança na época. E eu coloquei as minhas cotas como garantia. Porque eu queria manter o meu capital social.

Luciano Pires: Resumindo: você saiu liso?

Aurélio Alfieri: Mas sem dívida.

Luciano Pires: Liso. Você não devia nada, mas também não ganhou nada.

Aurélio Alfieri: Mas também não ganhei nada. Mas também o negócio não prosperou. O negócio não se pagou.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Porque o investimento inicial foi muito alto.

Luciano Pires: De qualquer forma, você teve um tempo lá, de investimento. Mas saiu de lá, de novo: vamos começar de novo. Que agora eu tenho uma mão na frente e outra atrás.

Aurélio Alfieri: Isso aí.

Luciano Pires: Mais experiente.

Aurélio Alfieri: Muito mais.

Luciano Pires: Com muito mais contatos.

Aurélio Alfieri: Muito mais.

Luciano Pires: Porém, zerado.

Aurélio Alfieri: Só que eu saí de lá outra pessoa.

Luciano Pires: Então, mas aí você olha para frente e fala: encontrei um caminho? Já descobri para onde eu vou? Ou: vou continuar nessa, por que eu vou montar a minha franquia?

Aurélio Alfieri: Eu falei: não. Agora eu vou virar personal. E vou colocar tudo aquilo que eu ensinava para àqueles professores. E provar para eles, que se fizessem tudo aquilo que eu recomendava que eles fizessem, ia dar certo.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Então eu comecei a dar aula como personal. Em dois meses eu estava com a minha agenda lotada. Três meses eu estava com a agenda lotada. Completamente lotada. E ganhando um dinheiro que eu nunca tinha ganhado na minha vida. Só que dando aula das seis da manhã às nove da noite. Torcendo para alguém cancelar, para eu poder ir almoçar.

Luciano Pires: Se locomovendo?

Aurélio Alfieri: Não.

Luciano Pires: Como era?

Aurélio Alfieri: Como eu comecei do zero, eu vi todos os problemas que tinham na área.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Na hora que eu recomecei, eu subloquei uma academia pequenininha. Eu sublocava por hora. Eu falei: eu te pago por hora aqui e trago meus alunos aqui. Todo mundo que me ligava falava: Aurélio você vem atender aqui em casa? Eu falava: não. Você tem que vir aqui. Porque não tem como atender 14 horas num dia, se deslocando.

Luciano Pires: Só o deslocamento é…

Aurélio Alfieri: Então, como eu comecei do zero, eu consegui falar não para um monte de gente. Porque eu fiz anúncio na internet – em 2013 – eu conseguia falar não para muitas pessoas. E falar assim, galera: quer treinar? É aqui. Eu montei uma carteira e comecei. Nessa época eu já estava casado, Luciano. Começou a vir aquela pressão: trabalha demais.

Luciano Pires: 14 horas por dia?

Aurélio Alfieri: 14 horas. 13, 14, 12.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Você trabalha demais. Mas a gente conseguiu…

Luciano Pires: Porque tem outra coisa aí que é importante, que é a seguinte: você é o artista. Sem você, o trabalho não existe. Então você tem que estar em corpo e espírito, presente, para poder executar o trabalho. Você não repassou para ninguém. Então imagina: você vai pegar um cara que não quer fazer aquilo que ele está fazendo com você. Ele não está disposto a ficar naquela encheção de saco. Vai doer. Que pentelhação. E você tem que motivar esse cara. Na 14ª hora do teu dia: vamos lá. Gás. Vamos para cima. Deve ser um negócio…

Aurélio Alfieri: Mas eu sempre gostei disso Luciano. Eu sempre gostei de conversar, de trocar ideia. Eu aprendi muito com essas pessoas. Muito.

Luciano Pires: Você está me dando umas dicas interessantes. Dá para ser um personal trainer, um sujeito mal-humorado? Um sujeito de mal com a vida?

Aurélio Alfieri: Eu conheço vários.

Luciano Pires: É?

Aurélio Alfieri: Porque cada personal tem o aluno que merece.

Luciano Pires: Bom. Bom. E aí? Elabora melhor isso aí.

Aurélio Alfieri: Eu tinha um colega que adorava futebol. Todos os clientes dele jogam futebol. E como eu sempre fui disciplinado, por causa do judô, pontual e tudo, os meus clientes acabavam sendo parecidos comigo. Porque quando eles não eram pontuais… eu marcava com o cara às nove, um minuto para as nove, eu estava na porta da academia, esperando o cara. De braços cruzados. Se ele chegasse nove e cinco, eu estava de braços cruzados, na porta da academia. Tinha gente que se constrangia e que não voltava mais. Só que sabe aqueles caras? Tipo: contador. Esses caras que costumam ser regrados, eles falavam: o Aurélio é legal. Ele sempre está lá no horário. É o pessoal que não atrasa pagamento. Que não esquece de pagar. Sabe?

Luciano Pires: Está ótimo isso aqui. Porque você está abrindo… o tesão de fazer o LíderCast é que não tem roteiro. Você vai abrindo o caminho. Você abriu aqui, descortinou uma coisa aqui, que para mim é fundamental. Que é um negócio que eu sempre pensei muito a respeito. Eu estou nessa também. Eu fiz academia, eu fiz personal. Eu fiz uma porrada de coisa ao longo da minha vida. E nunca foi algo que eu ia fazer com prazer. Era sempre uma encheção de saco. Academia enche o saco. O personal enche o saco. Tudo enchia o saco. Mas quando você pegava um personal legal. E a maioria dos que eu peguei virava amiguinho de treino. E aí eu perdia o interesse. Eu não vim aqui para amiguinho de treino. Eu vim aqui para ele ser personal. E eu me lembro que um deles, eu peguei e falei: eu gosto de você. Então, você não tem uma planilha, para quando eu chegar aqui, você pegar a planilha e anotar? E falar: você chegou aqui com 92 quilos uma semana atrás. Agora você está com 91 e 800. Você perdeu 200. Nós temos que perder mais. Me dê números. Eu sou um cara que trabalha com isso. Você não tem nada. Você não fala nada para mim. Tem um papelzinho que você anota aqui o peso que eu usei. Mas não tem resultado. Não tem cobrança. Não tem. Eu não achei um que tivesse. E que eu pudesse chegar lá e falar: esse cara está aplicando em mim um conhecimento científico que é para mim. É a minha ficha.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: Com os meus dados. Com a minha evolução. Daqui a seis meses você faz uma medida. Mede de novo. Mede aqui, mede ali, para a gente ver se valeu ou não. Então faltou sempre essa disciplina que você está dizendo aí. Chegou no horário. Não veio. Seu eu não fosse, eu falei: eu quero um cara que me ligue e me dê um esporro porque eu não fui. Entendeu?

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: Porque se você não ligar e não me der um esporro eu vou… eu tenho até uma brincadeira. Eu fiz uma palestra aqui sobre a questão da procrastinação. E eu falo: tudo começa com um pacto. Por que você procrastina as coisas? Porque você tem um pacto com você mesmo e você relaxa. Se eu tenho um pacto com você. Você é o meu personal e eu tenho um pacto com você: nove horas eu tenho que estar na academia. Se eu não chegar às nove, o Aurélio vai estar em pé na frente, me esperando.

Aurélio Alfieri: Na porta.

Luciano Pires: Aliás, ele foi para a academia. E ele dedicou aquele horário da vida dele a mim.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: Portanto, eu tenho um pacto. E eu preciso cumprir esse pacto. Legal. Agora, quando o pacto é comigo mesmo, qualquer coisinha eu relaxo. Eu não vou comer o sorvete. Ah, está tão bonito. Vou mandar bala. Acordei tarde. Entendeu? Então faltou sempre para mim encontrar essa figura desse personal que eu pudesse fazer esse pacto. E quando eu chegasse lá, ele falasse. O cara está interessado em mim. Ele está interessado em me dar um acompanhamento. Ele está interessado em saber se eu estou indo bem ou não. O melhor que eu tive era um cara assim, que vinha: vamos lá. Ele até estava junto, na época que eu fui e fiz a viagem para o Everest e tudo mais. Eu fiquei com ele meses. Esse era um que estava interessado. Quando eu vim, que eu fui lançar o meu livro, ele estava lá. Ele foi. Então, ele era um cara que demonstrava claramente para mim que estava muito interessado no meu desenvolvimento. Não era só mais um profissional. E depois, eu nunca mais consegui achar ninguém que me conquistasse para essa entrega.

Aurélio Alfieri: Porque tem que ter uma empatia.

Luciano Pires: Esse negócio que você falou de: cada professor tem o aluno que merece. É fantástico. Porque se eu sou relaxado e você também é. Eu vou fingir que eu estou fazendo a aula. Você finge que me dá aula. E a gente vai levando a vida.

Aurélio Alfieri: Teve um colega que falou para mim: Aurélio, como que você faz para cobrar os teus alunos financeiramente? Aqui ninguém me paga. Eu falei: você paga as suas contas em dia? Às vezes eu atraso. Porque os caras me atrasam também. Eu falei: cada professor tem o aluno que merece. Uma brincadeira. Mas teve uma vez que uma aluna me fez chorar. Por conta disso, de avaliação. Eu levava a ferro e fogo a avaliação, o número. E assim, para pessoas obesas, eu sempre cobrava três meses adiantados.

Luciano Pires: Por que você sabia que ela ia largar?

Aurélio Alfieri: Porque depois dos três meses, a chance de ela realmente engajar no projeto era maior. Então eu até parcelava em três cheques pré-datados. Não tem problema. Daí chegou uma menina. E o pai pagando com dificuldade. Eu via que o carro do cara era um carro antigo, surrado. E eu via que ele pagava com dificuldade aquele cheque.

Luciano Pires: A menina era obesa?

Aurélio Alfieri: A menina era obesa. A filha dele era obesa. Eu dei três meses de treino para ela. E ela não emagreceu nem um quilo. Não melhorou nenhuma medida. E ela chegou com mais três cheques num envelopinho para fazer mais aulas. Eu peguei aquele cheque, aquele dinheiro, eu falei assim… porque é caro Luciano. Personal custa caro.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Eu falei assim: com que cara eu vou chegar para o pai dessa menina e falar que eu fiquei com elas três meses e ela não emagreceu nada? Daí eu peguei, coloquei os cheques de novo no envelopinho e devolvi para ela. Eu disse: leva lá para o teu pai. É melhor você ir numa academia convencional. Porque aqui não deu certo para você. Daí ela pegou aquele sentimento de rejeição. Horroroso. E ela começou a chorar, a chorar. Ela ficou uma meia hora chorando. E eu consolando ela. Daí ela olhou para mim e falou assim: Aurélio, eu fiz três meses de treino. Eu não faltei nenhum dia. Eu nunca consegui fazer mais de dois treinos numa academia na minha vida. Eu fiz aqui três meses sem faltar nenhum dia. Você acha que eu não melhorei em nada? Daí eu comecei a chorar. Ela nunca tinha treinado na vida Luciano. Ela nunca tinha feito exercício na vida. Nunca tinha tido disciplina.

Luciano Pires: Aurélio, que merda de treinador é você, que chega para a menina e fala: vai procurar noutro lugar, porque aqui não dá certo. Que porra é essa cara?

Aurélio Alfieri: Pois é. A gente se arrepende das coisas que a gente fala. Porque as ferramentas que eu tinha para atuar com ela eram aquelas. E eu assumi também uma boa parte da culpa, depois que eu comecei a estudar um pouquinho mais sobre comportamento humano. Foi um pouquinho depois disso. Eu falei assim: não é possível que a variável mais importante não é o cliente é o professor. A partir do momento que eu jogo a culpa para o cliente, eu não tenho nada para fazer. Nessa época, eu ainda jogava um pouco a culpa para o cliente. Hoje eu sei que a culpa não é do cliente. A culpa é minha. Se eu estou dando aula hoje no Youtube, seja onde for e não tem ninguém assistindo, eu falo: o que eu poderia ter feito diferente para atrair a atenção dessas pessoas? E era o que eu falava lá nas franquias. Eu falava assim: um professor que não tem competência para vender a sua própria aula, de convencer o cara a treinar. Ele não vai ter competência para convencer a pessoa a fazer exercício. Logo, a pessoa não vai ter resultado. Só que, às vezes, a gente conseguia engajar a pessoa com exercício, mas não conseguia… porque, às vezes, dentro da casa, tinha uma oferta de alimentos calóricos muito grande. Que daí tinha uma dificuldade imensa. Quer dizer, a gente não tinha um controle total sobre aquilo. Luciano, nesse dia, eu chorei. Eu fui para casa acabado. Eu falei assim: com certeza, a capacidade de oxigênio dessa menina melhorou. A capacidade cardíaca dela melhorou.

Luciano Pires: Era isso que eu ia te perguntar.

Aurélio Alfieri: A disciplina melhorou.

Luciano Pires: Claro. Alguma coisa. Se tivesse sido só um inferno na vida dela, ela não traria mais três cheques para você.

Aurélio Alfieri: Exatamente.

Luciano Pires: Então no mínimo, você deu para ela o gostinho de estar fazendo aquilo. Eu acho que na cabeça dela, alguma coisa aconteceu. E dali para frente era uma evolução.

Aurélio Alfieri: Era uma consequência. Era uma coisa de cada vez.

Luciano Pires: Ela voltou? Continuou?

Aurélio Alfieri: Voltou. A gente conseguiu desenvolver um projeto. Mas daí, por questões profissionais, ela teve que se mudar e tal.

Luciano Pires: Ela emagreceu alguma coisa?

Aurélio Alfieri: Emagreceu. Eu tenho muitos casos de emagrecimento muito legais e emocionantes. A partir do momento que eu assumi a culpa, eu falei: se a pessoa não vier, a culpa é minha. Porque se eu terceirizar a culpa, eu não tenho nada para fazer.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Eu falo assim: se o cara não veio, o que eu poderia ter feito para motivar ele um pouco mais? Eu perguntei para ele o que ele gosta de conversar? Eu falei um assunto que ele gosta de falar? Porque se entra uma noiva, você tem que falar de vestido de noiva. Entra um médico, você tem que falar de hospital. Entra um cara que gosta de futebol, você tem que falar de futebol. E nessa época, eu atendia muito empresário. E aí que veio o Café Brasil. Porque eu me alimentava de histórias para ir lá bater papo com eles. Você soube dessa história? Você soube disso? Soube daquilo? Você já pensou sobre isso? Eles falavam: da onde você tira essas ideias? E foi nessa época que eu encontrei o Café Brasil, para ter assunto para conversar com os caras.

Luciano Pires: Você está me lembrando. A minha experiência lá do Everest, que foi a caminhada até o Campo Base. E eu nunca fui um cara de esportes. Aliás, quando moleque sim, na infância, na juventude, joguei muita bola. Eu costumo dizer: hoje eu estou queimando o que eu construí quando era mais jovem. Mas eu não era um cara de esportes, de aventura e tudo mais. E quando eu fui para o Everest, que eu estava na caminhada, a trilha é muito demandante. Tem dia que você caminha seis horas subindo. É um negócio terrível. Tem hora que você está se arrastando ali, você não consegue nem andar. E junto conosco tinha um guia. Era o Blake, um americano. E a gente ia conversando. Você ia subindo e conversando. E eu comecei a sacar que em alguns momentos – o Blake era sensacional – ele sacava que você estava na pior. Ele se aproximava do teu lado e começava a conversar. Música. Começava a jogar assunto. Contar piada. Contar história. E aí eu me toquei. O que ele estava fazendo ali? Ele estava do meu lado, tirando a minha atenção da minha dor. Fazendo com que eu parasse de me preocupar com a minha dor. E a minha cabeça estava indo para outro lugar que ele estava conduzindo. E no final desse processo, depois de uma hora de bate-papo, eu tinha vencido aquela distância. E o papel dele não foi me empurrar. Foi desviar a minha atenção daquela coisa dolorida, dolorosa, que eu continuei fazendo, porque eu estava engajado com ele numa brincadeira, numa piada. Essa é a postura. No teu caso é o treinador.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: O cara ali era o guia da expedição, que já tinha feito isso milhares de vezes e sabia direitinho. Aquele está mal. Deixa eu ficar perto dele. Eu não vou ficar naquela de motivação: vamos você pode. Não tinha nada disso. Era: vamos contar piada? Vamos lá. Esse lance de desviar a tua cabeça…

Aurélio Alfieri: Da dor.

Luciano Pires: Da dor. Isso é fundamental.

Aurélio Alfieri: Eu vou te contar Luciano: eu odeio fazer exercício.

Luciano Pires: Um personal que odeia fazer exercício.

Aurélio Alfieri: Quer que eu repita?

Luciano Pires: Quero.

Aurélio Alfieri: Eu odeio fazer exercício.

Luciano Pires: E você ganha a vida com isso?

Aurélio Alfieri: Mas sabe por que eu faço exercício? Por relacionamento social. Lembra que eu fazia judô?

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Lembra que eu falei que era por conta dos encontros da sexta-feira? Para mim aquilo era mais importante do que o treino.

Luciano Pires: Claro.

Aurélio Alfieri: Os amigos.

Luciano Pires: E o resultante daquilo lá você agradece até hoje.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: Você falou um negócio que passou batido aqui. Não passa porque eu pesco mesmo. Teve um momento que você falou assim: eu sou um cara muito disciplinado por causa do judô.

Aurélio Alfieri: Sim. Faz toda a diferença.

Luciano Pires: E nós estamos falando de uma atividade que a sociedade de hoje meio que deixou de lado. Eu me lembro de quando eu era moleque, a importância do judô.

Aurélio Alfieri: O meu xará, Aurélio Miguel.

Luciano Pires: Eu fui escoteiro na minha época. Eu fazia escotismo. Eu fui Lobinho. Eu fui escoteiro. E tem gente que olha para aquilo e fala: que puta perda de tempo esses moleques fazendo… cara… a noção de respeito, de liderança, asseio. Deixa eu ver sua mão. Ah, olha aqui.

Aurélio Alfieri: Tinha que cortar a unha.

Luciano Pires: Que horas são? Como não saber ver hora ainda? Tudo assim. Então, tinha lá um complemento da educação que eu tive na minha casa. No clube, com essas atividades. No teu caso foi o judô. No meu foram os escoteiros. Um moleque é jiu-jítsu. O outro é futebol.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: Essas atividades para a garotada são fundamentais. E isso meio que tem decaído hoje em dia.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: Porque a molecada fica trancada em casa, jogando game com um monte de moleque. Vai desenvolver outro lado.

Aurélio Alfieri: Outro lado.

Luciano Pires: Mas quando esse moleque chegar nos 60 anos de idade.

Aurélio Alfieri: Vai pagar a conta.

Luciano Pires: Vai. Porque o tempo que ele passou sentadinho lá, com a perna dobrada e não criando tônus muscular, memória muscular e tudo mais; lá aos 60 vai pagar a conta.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: E vai pagar caro.

Aurélio Alfieri: Luciano, eu tenho que consertar essa parte aqui. Porque eu falei que eu não gosto de exercício.

Luciano Pires: Sim. Está filmando.

Aurélio Alfieri: Assim: na educação física da escola, eu levava atestado. Porque eu odeio atividade com bola.

Luciano Pires: Ah é?

Aurélio Alfieri: Vôlei, basquete, handebol, futebol. Qualquer coisa que tenha bola. O único esporte com bola que eu me dou bem é pilates com bola. Luciano, eu tinha pavor de fazer educação física escolar. Mas não tinha outra coisa para fazer na educação física, a não ser jogar bola.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Daí eu me dei bem no judô. Não me dei bem no judô. Mas eu participei de campeonatos paranaenses. Morria de medo de competição. Mas eu gostava da turminha. Daí eu fui fazer escalada esportiva. Eu vi que você tem uma foto ali escalando. A maior parede que eu escalei foi o Pão de Açúcar, dos Italianos ali. Mas eu gosto de escalada esportiva. Mas eu chego na academia é mais papo do que escalada. Mas faz quatro, cinco, seis viazinhas ali. Mas fica três horas, duas horas três vias de cinco minutos cada uma. Aquela questão social, tipo: vamos para a montanha? Vamos. Mas eu não vou sozinho, Luciano.

Luciano Pires: Claro. Não.

Aurélio Alfieri: Vamos fazer uma trilha? Vamos. Vamos andar de bicicleta? Vamos. É sempre…

Luciano Pires: Tem toda uma curtição. Se você tirar a montanha e ficar com a curtição que foi juntar as pessoas, fazer o plano, comprar equipamento, juntar todo mundo. Já é uma baita de uma… não precisa nem ter a montanha. É só aquilo que você faz para ir. Já é uma delícia. Vamos encontrar os caras em tal lugar. Vamos chegar de madrugada em tal lugar. Todo mundo junto.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: E na hora que você está na trilha, no desempenho, você vê que um está mal ali, outro está bem lá na frente. Vai devagar. Ajuda ele aqui. Tem todo um lance de interação ali, que isso é um universo de coisas que você tem ali. O pessoal pergunta para mim: o que tem na montanha? Eu falo: quem nunca foi; não tem como explicar.

Aurélio Alfieri: Nunca vai saber.

Luciano Pires: Não dá para explicar. Você tem que ir e entender o que acontece quando você está diante do desafio, que você sobe aquilo. A hora que você chegou ali em cima. E não tem que ser uma montanha de mil metros. Não precisa ser nada disso. É um morro.

Aurélio Alfieri: Sim. É um morro.

Luciano Pires: O fato de você chegar lá no alto, a sensação de tipo: conquistei. Cheguei até aqui. Aquilo é uma injeção de prazer, como não tem quase nada parecido.

Aurélio Alfieri: Então Luciano, como eu nunca gostei de fazer o exercício pelo exercício, o exercício tinha que ter um por que.

Luciano Pires: Um objetivo.

Aurélio Alfieri: Tinha que ter um por que. Tinha que ter um objetivo. E daí eu comecei a ter empatia com as pessoas que não gostavam de fazer exercício.

Luciano Pires: Legal.

Aurélio Alfieri: Eu falei assim: eu também não gosto de fazer. Eu não gosto de tomar injeção. Mas a gente precisa. Então eu comecei a ter empatia com essas pessoas. E eu comecei a procurar tornar a atividade física mais divertida possível. Para tirar o foco da dor.

Luciano Pires: Perfeito.

Aurélio Alfieri: Colocar o foco da dor em outra coisa. Aquilo que o teu guia fazia com maestria.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Só que, Luciano, lá em 2014, quando eu voltei a dar aula como personal, me deu um click sei lá da onde. Lembrei: quando eu trabalhava de graça nessa academia, eu dei uma aula de alongamento e quis registrar essa aula. Eu filmei essa aula com uma Cybershot da Sony. Gravei e coloquei no Google Vídeos, não existia Youtube. De repente, o Google comprou o Youtube. E o Google pegou todos os vídeos do Google Vídeos e colocou no Youtube. De repente eu entrei lá tinha 50 mil visualizações. Com um áudio péssimo. Imagem péssima. Eu falei: espera aí. Eu vou começar a gravar vídeo nesse Youtube. Isso foi em 2013.

Luciano Pires: Eu tinha certeza que você tinha vindo na cola de alguém. Você não veio na cola de ninguém então? Você descobriu aquilo…

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: Por tua conta?

Aurélio Alfieri: Sim. Daí eu comecei a gravar. Eu falei: vou virar youtuber. Eu olhei o Felipe Neto, esses caras. Eu falei: eu vou virar youtuber. Eu comecei a gravar vídeo. Vídeo de tudo quanto é tipo de coisa, relacionado à atividade física, esporte, saúde. E daí a cada 100 vídeos que eu fazia, um dava certo. Dar certo era passar de 10 mil views. De cada 100 vídeos que eu fazia, um dava certo. O primeiro que deu certo foi: como fazer uma panqueca de banana. Eu falei: eu vou virar a Ana Maria Braga do Youtube. Daí eu fiz mais uns 30 vídeos de comida. E não dava certo. E você fala: que hora você gravava? Eu não sei. Porque eu dava aula 13 horas, 14 horas por dia. Gravava. Fazia roteiro. Editava. E postava. Fazia capinha, fazia tudo sozinho. Eu não sei que horas. Mas eu fazia. Daí eu comecei a tentar replicar. Mas nunca dava certo.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Nunca dava certo, Luciano. Nunca dava certo. E eu falei: esse Youtube tem que dar certo. Eu já estava com 500 vídeos na plataforma. 500 vídeos. Eu falei: tem que dar certo. Tem que ter um jeito. Mas eu nunca achava. Mas aí um dia – anota – 2019, maio. Chegou um livro na minha casa do Fausto. Eu nem sabia quem era Fausto. O nome do livro era Virei Personal e Agora? Eu recebi, com um agradecimento, pelo benefício que eu estava fazendo para a educação física. O cara me achou no Youtube e me mandou o livro dele. Eu falei: quem é esse louco? Benefício que eu estou fazendo para a educação física? Mas enfim, o que eu fiz com o livro? Deixei em cima da mesa. Eu estava lendo outras coisas. Em junho veio o meu divórcio. Traumático. Para mim estava tudo bem. De uma hora para outra, eu recebi a notícia que não estava bem e que ela não queria mais estar casada. E eu achava que estava tudo bem.

Luciano Pires: Você nem percebeu que…

Aurélio Alfieri: Não. Talvez, porque eu estava tanto tempo trabalhando, que eu não percebia.

Luciano Pires: Você não viu o outro lado.

Aurélio Alfieri: Não. Mas assim: tinha acabado de comprar o apartamento novo. Tinha acabado… sabe? Estava tudo naquela vida dos sonhos. De repente, desmoronou. Não era mais casado. Porque o casado, dentro da área de personal é um status interessante. Hoje para mim isso não importa mais, porque eu já tenho um nome no mercado. Mas assim: a gente atende muitas mulheres. Esposas, de pessoas que patrocinam.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Se tem um cara baladeiro, solteiro. Um cara casado, sério, certinho. Depois que eu casei, a minha carreira de personal … não foi só por causa disso, mas é associado. Eu não tinha onde morar. Fui morar num quarto com o meu primo, dividindo um banheiro em três pessoas. Uma casa legal. Mas era um Airbnb. E estava sem carro. Divorciado. Isso em 2019. Daí eu vi aquele livro: Virei Personal e Agora? Eu fui ler. Ele falou assim: o futuro está no treinamento para os idosos. Eu falei: esse Fausto… isso era julho. Daí eu falei: eu já dou treino para idoso. Eu gosto de dar treino para idoso. Eu adoro atender os idosos. Eu acho que eu vou começar a fazer vídeo para idoso no Youtube. Mas idoso não está no Youtube Luciano, Youtube é coisa de moleque.

Luciano Pires: Sim. Era, era.

Aurélio Alfieri: Eu falei: mas para eu falar para idoso, eu preciso ter propriedade para isso. Uma coisa é você atender idoso rico numa academia. Outra coisa é você saber a realidade do Brasil na 3ª idade. Eu não sei nem o termo que se usa. Se usa idoso? 3ª idade? Maduro? Não sei nem o termo que usa. É asilo? É instituição de longa permanência para idosos? Como que chama isso? Eu sabia atender. Eu sabia quais eram as necessidades. Eu sabia onde que ele sentia dor. O que era um problema numa coluna. O que era um osteofito. O que era um problema cardíaco. Eu sabia. Mas não sabia a realidade nacional. E eu estava naquela fase tipo: perdido. Eu estava divorciado. Baixei aqueles aplicativos de relacionamento. Eu estava numa vida maluca. Daí eu fui num mercado, coloquei o fone de ouvido, ouvindo o LíderCast. Em outubro de 18 você entrevista um tal de Willians Fiori.

Luciano Pires: Sim. Willians Fiori.

Aurélio Alfieri: E eu lembro qual gôndola eu estava no mercado, quando eu ouvi ele falando: 3ª idade é um negócio. Eu tenho um grupo no Facebook. Um grupo não sei aonde. Ele falou: eu tenho um PodCast. Chama GeroCast.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Luciano, em um mês eu escutei uns 200 GeroCast. Daí eu já estava por dentro das coisas.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Daí eu comecei a mandar e-mail para esse tal de Willians. Mandava e-mail, e-mail, e-mail. E o Willians nada de me responder. Cada dia eu mandava um e-mail com um título diferente. Que nem eu mandei para você: dia 26 eu estou aí. Tudo e-mail criativo. O cara nada de me responder. Eu falei: esse Willians aí…

Luciano Pires: Faz uma pausa aqui. Isso aqui é bom o pessoal saber, como que você veio parar aqui. Ele mandou um e-mail para mim dizendo: eu sou fã. Escuto. Dia 26 eu estou aí. Será que eu podia te visitar? Porque eu sou personal, eu tenho um canal no Youtube. Eu falei: deixa eu olhar. Aí enquanto estava aberto o teu e-mail, eu abri o teu canal. Olhe e falei: personal para véinho? Esse tema me interessa demais. Aí eu voltei e falei para você: tudo bem. Eu te recebo. E se você vier, a gente grava até o LíderCast. Você falou: eu não acredito. Eu falei: o assunto me interessa demais. E aí estamos aqui hoje.

Aurélio Alfieri: Eu escutei todos os LíderCast. E muito do que eu sou hoje veio do Café Brasil e do LíderCast. E o Willians, eu mandava e-mail para ele e ele não respondia. Até que um dia ele entrou nessa caixa de e-mail – que ele não usava mais – e viu aquele monte de e-mail meu. Ele falou: Aurélio: desculpa. Mas eu estou vendo o que você vem fazendo. Eu vou te colocar no grupo. Mas eu não sabia quem estava no grupo, Luciano. Eram os professores do Einstein, do Sírio, dos cursos de gerontologia, de geriatria, geriatras. Eu falei: o que eu estou fazendo no meio desses caras? E, de repente, todo mundo trocando ideia e conversando. Eu entrei no meio. E quando eu vi, eu estava no meio do grupo Envelhecimento 2.0 do Willians Fiori. Do nada, envolvido, fazendo live com os caras. De repente, em março, o que acontece? Março de 2020?

Luciano Pires: Pandemia.

Aurélio Alfieri: Pandemia.

Luciano Pires: Pandemia.

Aurélio Alfieri: Pandemia. Você pega lá um idoso, coloca ele trancado dentro de uma casa. Só para abrir um parêntese. Eu faço escalada esportiva. O meu antebraço é muito forte. Eu tenho mais força no antebraço que qualquer outro músculo do corpo. Quando eu sofri o acidente de moto e engessei o braço, o braço ficou uma semana engessado.

Luciano Pires: Atrofiou…

Aurélio Alfieri: Virou gelatina o músculo. Um cara jovem, de 30 e poucos anos, atleta. Uma semana com o braço parado, o braço virou gelatina. Imagine um idoso, que tem dificuldade de criar e de manter massa muscular, ficando um mês dentro de casa? Um ano dentro de casa? O cara começou a sentir dor. Ele começou a sentir isso e aquilo. E a família ou ele mesmo, começou a procurar alongamento para idoso, na internet. Exercício para idoso. E eu já tinha começado a gravar. Por conta do livro que eu recebi do Fausto e do GeroCast e do LíderCast com o Willians Fiori. Então uma coisa foi juntando à outra. Eu fui apresentado ao Willians por você.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Inclusive hoje eu vou jantar com o Willians. Vou conhecer ele pessoalmente.

Luciano Pires: Manda um abraço para ele.

Aurélio Alfieri: E para mim foi muito emocionante, Luciano. Porque foi esse ciclo. Daí eu me posicionei – que nem você gosta de se posicionar – eu me posicionei. Eu falei: esse Youtube agora é de exercício para idoso. Mas daí começou a surgir os problemas, Luciano. Porque você fala assim: tudo dá certo. Eu coloquei lá um exercício sentado na cadeira, outro em pé. Os caras falaram assim: Aurélio, eu não consigo fazer exercício em pé. Eu falei: então eu vou fazer só exercício sentado. Daí o pessoal escrevia embaixo: Aurélio, esse exercício é muito fácil. Sentando. Eu quero exercício em pé. Daí quando eu fazia um vídeo, eu agradava metade e desagradava a outra metade. Eu falei: cara… quando você começa a crescer, você começa a escolher para que lado você vai.

Luciano Pires: Se você tentar agradar todo mundo, você vai ficando superficial. Você vira um nada.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: Porque para agradar todo mundo, eu não posso mergulhar profundamente em nenhum assunto. Eu tenho que ficar sempre na casquinha, em cima.

Aurélio Alfieri: Eu tinha que fazer exercício que fosse eficiente e seguro para o cara fazer em casa. Daí os caras perguntam: Aurélio, mas fazer exercício para idoso em casa é seguro? Eu falei: não, a melhor coisa é contratar um personal, 200 reais à hora.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Três vezes por semana ou cinco vezes na semana. Faz as contas.

Luciano Pires: Sim. Mil reais por semana. Quatro mil reais por mês.

Aurélio Alfieri: Quatro mil reais por mês.

Luciano Pires: Uma festa.

Aurélio Alfieri: Segundo lugar: uma academia. Com professor presencial, corrigindo. Agora, quando a gente chega numa situação de guerra, de pandemia.

Luciano Pires: Não pode sair de casa.

Aurélio Alfieri: Não pode sair de casa. Eu coloquei lá: caminhada em casa para idosos. Uma aula de ginástica, fácil, para fazer em casa. Daí começou a dar certo. Mas para resolver aquele problema, eu criei níveis: nível 1, 2, 3 e 4. Nível 1 é sentado. Nível 2 é em pé, se segurando na cadeira. Nível 3 é solto. E nível 4 é com pesinho. Saquinho de açúcar, de sal. Luciano, o negócio deu tão certo. Porque daí o cara batia o olho e falava: isso aqui é nível 1. Não. Eu sou do nível 3. Teve gente que começava no nível 1 e hoje está no 4. O pessoal comenta. Têm outros que estão muito comprometidos e vão ficar só no 1. Só que daí resolveu o problema da briga. Então toda semana eu posto quatro vídeos.

Luciano Pires: Um para cada nível?

Aurélio Alfieri: Um para cada nível.

Luciano Pires: Legal.

Aurélio Alfieri: Um para cada nível. Luciano, de uma hora para outra, eu fui de mil views por dia para 150 mil views por dia.

Luciano Pires: Que barato. E você não fez nenhuma ação de propaganda, nada disso?

Aurélio Alfieri: Não. Foi orgânico.

Luciano Pires: Isso foi orgânico?

Aurélio Alfieri: Só orgânico. Porque não tem como. Até o pessoal do Youtube entrou em contato comigo e falou: Aurélio, não quer fazer anúncio? Para converter inscrito. Hoje está mais ou menos quatro reais de anúncio para cada conversão. Eu falei: eu tenho 40 mil novos inscritos por mês. Se eu quiser dobrar isso, eu vou ter que colocar 200 mil reais? O cara: é. Da onde que eu vou tirar esse dinheiro?

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Então a gente trabalha só no orgânico. Só que daí, o idoso não consegue enxergar Luciano, o Youtube no celular. Letrinhas pequenas. Daí eu criei um aplicativo grátis. É tudo grátis, Luciano. Tem os treinos semanais grátis. É tudo grátis no canal. Tudo. Tipo o Café Brasil.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: É grátis. Só que eu criei um aplicativo para idoso conseguir localizar os exercícios. Exercício de alongamento nível 1.

Luciano Pires: Letra grande?

Aurélio Alfieri: Letra grande e tudo mais. Eu consigo mandar notificação quando tem vídeo novo. E daí os caras se amarraram. Hoje o aplicativo tem 50 mil usuários.

Luciano Pires: Que legal. Dá uma pausa aí. O pessoal escuta a gente aqui. E tem uma coisa muito interessante. Que a garotada – eu já fui – não faz ideia do que é essa limitação que vai surgindo com a idade. São coisas que não passam pela minha cabeça.

Aurélio Alfieri: Não.

Luciano Pires: Nunca passou pela minha cabeça. Até o dia em que a chave do carro caiu da minha mão. Ela caiu da minha mão. E aquele dia eu parei e falei: não há explicação para essa chave ter caído da minha mão. Ela nunca teria caído. E ela caiu da minha mão. E ela caiu da minha mão por quê? Porque eu estou ficando velho. Eu estou perdendo algumas coisas que eu tinha quando jovem. E tomei consciência ali. A minha vista. A minha visão não está legal como estava. Eu estou perdendo a audição. A audição também não está boa. E não é que eu vou fazer alguma coisa e corrigir isso. Não. Isso é um processo de piora. Vai piorar mais a visão. Vai piorar mais a audição. E eu não tenho como fazer isso voltar atrás. Eu posso tomar algumas medidas. É algum problema? Eu corrijo o problema. Mas tem coisas que são pela ação do tempo. Eu perdi massa muscular. Eu estou perdendo tudo. E a gente não sabe o que é até que acontece. Então, no momento em que isso acontece; você olha para aquilo e fala: a partir de agora a minha vida é assim. A partir de agora eu saio para andar na rua. E eu já não tenho… se eu cair sentado ali no chão, vai ser um estrago.

Aurélio Alfieri: E, talvez, seja a última queda.

Luciano Pires: Pode ser. E não passa pela cabeça. Até que acontece.

Aurélio Alfieri: Está entre as principais causas de morte: a queda.

Luciano Pires: A queda. Para um moleque de 30 anos: que bobagem. Aos 64, o meu equilíbrio não é mais o que era de quando eu tinha 30. E você só percebe isso quando você está andando na rua e fala: o que é isso? Como é que eu dei uma balançada ali? Por que eu balancei? Eu balancei, porque a máquina está sentindo a coisa da idade.

Aurélio Alfieri: Pifou.

Luciano Pires: Ela está sentindo o impacto. Então é muito difícil você deixar claro para um moleque de 17 anos de idade, de 20 anos de idade, de 30 anos de idade, que o que ele fizer naquele momento é que vai dar esse benefício com 64 anos de idade. Você fala para um moleque de 20 anos: faça assim, porque aos 64, você vai estar bem. Eu vou me privar de um prazer neste momento, por algo que vai acontecer comigo daqui a 44 anos? Quando chegar lá eu me viro. Se ficar mal a visão? Eu boto um óculos. E daí? Vai cair o ouvido. Se ficar ruim, eu boto um aparelhinho. É como se fosse uma coisa simples. E não é. E a hora que isso acontece com você. Você: espera um pouquinho. Em algum lugar o stress aparece.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: Com esse negócio da pandemia, essa coisa toda, de repente, nos últimos meses, começou a me doer aqui em cima do dente da frente. Começou a me doer. Aperta e dói. Eu: que coisa é essa? Eu fui no dentista. O cara fez todos os exames e falou: o teu dente não tem nada. Mas ele está desgastado aqui embaixo. Você está batendo o dente à noite? Eu falei: eu estou. Você fica parado, quietinho; e o teu dente está batendo? Está. Você está com algum problema. Vamos olhar isso aí. Eu vou fazer uma plaquinha, para você botar a plaquinha. E aí você dorme com a plaquinha. Eu: que legal. Eu já imaginei um trequinho de silicone. Vamos lá. Então você dorme com a plaquinha e ele vai parar de… legal. Maravilha. Eu vou lá e faço a plaquinha. E o cara me vem com uma porra de uma placa de acrílico, dura, que é uma merda. Eu enfiei aquele negócio na boca, para dormir. A hora que eu deito com aquilo para dormir, aquele treco enfiado. Aquilo é horrível. É horroroso. Eu sei que eu vou me acostumar. Isso vai acabar. Ele até deu um exemplo interessante. Ele falou: você acha que o teu pé acostumou com o sapato? O teu pé gosta de estar no sapato? Ele acostuma com o tempo. Só que no momento em que você é obrigado a recorrer a esse tipo de coisa, botar um óculos pela primeira vez, ele incomoda. Tem limitações. A hora que eu tiro… eu perdi um pouco da minha visão. A hora que eu botei a placa na minha boca para dormir, eu não consigo ficar. Noite em claro, porque ela não me deixa dormir. Então tem saídas. Mas muito disso você releva. E eu falo: se eu tivesse agido de tal e tal forma, quando eu tinha aquela idade. Eu tivesse mantido uma dinâmica “x” de lá para cá, eu estaria hoje com uma coluna muito melhor do que a minha coluna é hoje. Só que, como é que você traz para o presente, essa perspectiva de benefício que vai acontecer daqui a 40 anos?

Aurélio Alfieri: Conversando com idosos. Participando da vida deles. Aí você consegue aprender. Com a experiência.

Luciano Pires: Porque você está vendo ali eles te explicarem.

Aurélio Alfieri: Sim. Você vê isso na prática. Você vê um Abílio Diniz com 80 e poucos anos, saradão. Daí você escuta ele falando, ele fala assim: eu vou no churrasco. Mas no dia que eu como churrasco, eu não vou comer lasanha à noite. Sabe? Você vê um Você vê um Abílio Diniz falando isso e fazendo exercício cinco vezes por semana. E você vê, que nem, eu fui andar de bicicleta com um amigo – teu fã – o Ângelo, ele tem 61 anos. A gente foi andar de bicicleta. Ele me rebocou. A gente andou 60 quilômetros de bicicleta. Eu falei: por que você não tira a bunda do banquinho quando você vai na subida? Ele falou: não. Só quando eu estou com pressa. E eu sofrendo. Ele teve que reduzir o ritmo para eu poder acompanhar. Um cara com 61 anos. E eu ando de bicicleta. Eu faço escalada esportiva. Eu faço um monte de atividade física. Muita atividade física. E o cara me dando um pau. E aí você pega outro cara, de 40 anos, que não consegue correr um quarteirão. Então hoje a gente sabe que uma pessoa treinada, de 90, ele pode ter a mesma capacidade de carga respiratória de um sedentário de 40. Porque quando você faz exercício, Luciano. Você vai ganhar dois, três anos de vida a mais, estatisticamente. Às vezes um moleque fala assim: ah… só que quando a gente fala de qualidade. O próprio Abílio fala: envelhecer todo mundo vai. Agora, envelhecer bem é opção. Você pode cuidar do seu corpo. É como se você tivesse nascido e o teu pai te deu um carro. Ele fala: esse vai ser o único carro da tua vida, Luciano.

Luciano Pires: Cuida dele.

Aurélio Alfieri: Vai ser o único carro da tua vida. Você vai esperar acender a luz do óleo, para ver que chegou a hora de trocar o óleo? Você vai esperar o carro fazer barulho? Não. Você vai levar na revisão periódica. E as pessoas só tomam água quando estão com sede. Quando acendeu a luz do óleo. As pessoas só vão fazer exercício depois que ele fez um exame e que ele viu que está todo entupido o coração. Então as pessoas não se cuidam Luciano. A partir do momento que tiver essa preocupação de se cuidar, essas pessoas, que são cada vez menos jovens, que estão fazendo exercício para cuidar da saúde, não para cuidar da estética…

Luciano Pires: Você está dizendo que é cada vez menos. É isso?

Aurélio Alfieri: Cada vez menos. Porque a pandemia deixou claro agora. Eu vejo direto gente correndo na rua. Você tem ideia de quantos por cento das pessoas estão fazendo exercício para cuidar do corpo, para cuidar da saúde, não da estética? Porque quando você tem a estética a qualquer custo, isso não é saúde. Então na academia você vê todo mundo fazendo musculação. Musculação é um meio. Mas qual que é o objetivo dela? Tem gente se destruindo na academia. E tem gente se construindo.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: No mesmo ambiente. Tem gente que fala assim: mas musculação para idoso pode? É a melhor coisa que tem para o idoso. É musculação.

Luciano Pires: E evidentemente que não é sentar lá e ficar levantando 100 quilos. Não. É a musculação para ele. Como você falou: com pesinho.

Aurélio Alfieri: Para a qualidade. Não precisa. Não é o peso que vai te levar. Os moleques estão competindo, quem levanta mais peso. Arrebentando a articulação.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: Eu tenho amigas que eram ginastas. Com 18 anos tinham artrose na coluna e artrose no joelho. Com 18 anos. Imagine quando ficar com mais idade. Então, as pessoas não estão se cuidando, Luciano. Só que nunca é tarde. Se você tem 90 anos e não faz exercício, que nem a Dona Ivone, que me mandou um áudio no WhatsApp. Luciano, o áudio é de chorar. Sabe esses áudios que você escuta?

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: O áudio é de chorar. Ela fala assim: Aurélio, eu tenho 99 anos. Em primeiro lugar está Deus. E segundo está você. Porque agora eu não sinto mais dor. Luciano, assim, eu convido qualquer pessoa que estiver assistindo ou ouvindo, entrar em qualquer vídeo meu. E ler os comentários. Não existe hater Luciano. Não existe mais hater. Acabou. Não tem ninguém. Não existe ninguém que fala assim: aquele idiota está ajudando os velhinhos. Não existe isso. Não tem hater. Então só tem gente, ou pedindo um exercício específico para alguma dor, alguma coisa, ou agradecimento.

Luciano Pires: Que legal.

Aurélio Alfieri: Luciano, assim, qualquer pessoa que está aqui, escolhe qualquer vídeo dos últimos 100 vídeos – que é para os idosos – lendo uns três, quatro comentários, você começa a chorar. A Dona Ivone é analfabeta, 99 anos. Ela falou: Aurélio, eu tenho que te mandar esse áudio, porque eu não sei escrever. Mas eu sei colocar na TV os teus exercícios. E eu faço. E minha dor passou. Eu não sinto mais dor. A dor dela era só porque ela não se mexia. Tipo um carro que está numa garagem há um mês. Você vai dar partida, o carro: nhé-nhé-nhé. Depois que ele pega no tranco, ele volta. E ela me agradecendo pelo fato de ter sumido as dores. Luciano, não tem nada que pague isso. Independente da idade, você pode começar. Óbvio que se você começar a cuidar do teu corpo com cinco anos de idade ou com 30…

Luciano Pires: Mas é o que eu costumo dizer – eu estava falando com o meu cunhado outro dia – eu falei: a gente quando era moleque, era de subir em árvore, nadar no rio, jogar bola. Era o dia inteiro. Exercício físico direto. Mesmo que não fosse uma coisa regrada. Mas a gente estava se movimentando o tempo todinho.

Aurélio Alfieri: Era atividade.

Luciano Pires: Coisa que meu filho e meu sobrinho não fizeram. Fizeram menos do que eu. E, provavelmente, os meus netos farão menos ainda do que eles fizeram. E lá na frente, esses caras vão pagar a conta. A coluna deles vai estar muito pior, porque eles não tiveram esse preparo lá atrás. Então esse é um lado interessante. E, de novo: aquela dificuldade que é você trazer para o presente um sofrimento que vai acontecer daqui a 40 anos. Você não tem como trazer para cá. Mas você falou um negócio legal: vai conversar com um véinho.

Aurélio Alfieri: Vai conversar com ele.

Luciano Pires: Vai conversar com um véinho.

Aurélio Alfieri: Porque eu tive essa oportunidade. Eu tive alunos acima dos 70 anos que falaram assim: Aurélio, se eu tivesse cuidado do meu corpo antes. É óbvio que têm algumas exceções. Alguns problemas genéticos. Ou um acidente que a pessoa teve. Mas a gente percebe que as pessoas que cuidam do seu corpo têm uma longevidade, uma autonomia. Eu tinha um aluno, que eu atendi ele por quase 10 anos. Ele falava assim: Aurélio, eu estou vindo aqui – eu odeio fazer exercício – eu estou vindo aqui, porque eu quero, até o último dia da minha vida, limpar a minha bunda sozinho, tomar banho sozinho e comer sozinho. Nem que eu tenha que tomar banho numa cadeira de plástico. Nem que eu tenha que comer uma comida, que alguém já picou o bife para mim. Mas eu quero fazer essas três coisas sozinho; até o último dia da minha vida. Você não sabe o que é perder essa autonomia. Essa capacidade de sair. E hoje a gente percebe que as famílias – querendo ajudar as pessoas – estão matando as pessoas. Sem querer. Então você encontra cada vez mais pessoas falando assim: ele está muito velho para dirigir. Quem tem que dizer isso é o médico do DETRAN. Não é a filha. O médico do DETRAN vai avaliar se ele tem competência ou não. Ele vai olhar se ele está enxergando bem. Se ele está tendo reação. Se ele tem equilíbrio e se ele tem força na mão. E se ele tem capacidade para isso. Quantos acidentes gravíssimos você vê com idoso dirigindo e com jovem dirigindo? Então, quando você tira um pouco da autonomia do idoso…

Luciano Pires: Você está condenando ele.

Aurélio Alfieri: Não. Você mata ele. Eu acompanhei várias pessoas que na hora que eles se aposentaram, começou a aparecer tudo quanto é tipo de dor no corpo.

Luciano Pires: Você imagina. Você está falando aqui agora, eu estou me tocando com esse lance todo, que é uma dimensão que as pessoas não levam em consideração. Quando você entra num lockdown e proíbe o funcionamento de igrejas, de templos, que é o lugar onde os velhinhos estão indo, as velhinhas estão indo. Você está matando os velhinhos e as velhinhas. Entendeu? Eu não quero discutir religião aqui.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: Eu estou dizendo o seguinte: existe uma atividade aonde os velhinhos vão. Os velhinhos vão jogar bocha. Quando você fecha a bocha e você tira a interação dos velhinhos, a caminhada até lá, o jogo, a brincadeira. Você está matando o velhinho. Quando o velhinho vai na missa e você fecha a missa e bota o velhinho sentado em casa, num monitor de televisão, você está matando o velhinho. Porque está tirando as oportunidades que ele tem de…

Aurélio Alfieri: De interação.

Luciano Pires: De interação. Tem um livro The Theft of the Spirit, O Roubo do Espírito. O nome do autor é Hammerschlag. Tem em português, você vai achar. Outro dia eu recomendei ele num vídeo aí. Ele conta uma história lá: ele está visitando um museu nos Estados Unidos. Eu acho que em Nova Iorque. E chama a atenção dele uma velhinha no museu. Uma velhinha de tênis. E a velhinha vai e vai. E ele tipo: que legal essa velhinha. E ele chega perto dela e vai conversar com ela. E no papo ela vira para ele e fala o seguinte: o segredo da vida são os tênis. Sneakers are the secret of life. Tênis é o segredo da vida. E aí depois ele vem explicar. Ele fala: ela me deu uma lição ali que eu só fui entender quando eu mergulhei na dinâmica. Ele falou: sabe o que ela está falando para mim? Que ela está ativando o sistema linfático dela. Você tem dois sistemas circulatórios. Um é o sangue, o coração bombeando. E o outro é linfático. Que não tem máquina bombeando. O que bombeia o linfático é o movimento. E no momento em que a velhinha bota o tênis e começa a se mexer, tudo isso é ativado.

Aurélio Alfieri: Funciona. É o melhor exercício do mundo. É a caminhada.

Luciano Pires: Sim.

Aurélio Alfieri: O melhor exercício do mundo é a caminhada. Eu posso falar isso mil vezes. O melhor exercício do mundo é a caminhada. Não tem nada melhor do que isso. O nosso corpo foi feito para caminhar, Luciano. O nosso corpo foi feito para caminhar. A gente vai envelhecer. Agora, ficar velho é opcional. A gente pode ganhar mais idade. Só que quando a gente fala assim: o velho. Velho é aquela coisa que não serve para mais nada. Você joga fora. A gente tem que fazer de tudo para manter a qualidade. Se a gente encontra carro de 1920 em perfeito estado de conservação, rodando perfeito. E a gente vê carro que o Uber rodou um ano, que não presta para nada. Então assim, se o teu corpo, você usar em excesso ou não usar, ele vai quebrar. Então a caminhada é um excelente… excelente… então assim, quem está aqui, pode pegar simplesmente o celular e ver quantos passos você está dando por dia. O ideal é dar no mínimo, cinco mil passos por dia, Luciano. E sabe qual é a média das pessoas que eu pedi para calcular recentemente? 400, 500 passos por dia.

Luciano Pires: Um décimo.

Aurélio Alfieri: Vários cientistas recomendam dez mil passos por dia. Mas eu acho isso meio utópico. Até para mim, dando aula em pé, trabalhando, dar dez mil passos por dia, não é fácil. Mas cinco mil passos já é, com um tempo relativamente aceitável. As pessoas não estão dando nem 400 passos por dia. Essa geração de adolescentes, jovens ou adultos que estão fazendo home office. Eles nem descem mais a escada para buscar comida. Não fazem mais comida. Pedem. Não vão mais no mercado escolher fruta, Luciano. Acabou. Não tem mais movimento. É falência do corpo. Eu acho que essa vai ser a sexta onda – que estão falando – falaram até da quinta onda. Essa eu acredito que vai ser a sexta onda. Porque se você joga no Google Trands. Escreve lá: dor nas costas. Foi o maior pico de dor nas costas que a gente já teve na história da humanidade. O Google Trands não mente. Outras pessoas pesquisaram aquilo. Por que tem dor nas costas? Falta de flexibilidade de falta de força. Duas coisas relacionadas. Eu estou com uma visão otimista para o canal, que está indo. Só que é uma pena que as pessoas que procuram, são as pessoas que já estão ferradas. Então agora, a minha próxima missão… e tem um detalhe Luciano, 85% mulher. Os homens não estão preocupados com isso. Quando eu falo que tem três milhões de views no meu canal por mês, de exercício, 85% mulher.

Luciano Pires: Mulher.

Aurélio Alfieri: Porque é a mulher que vai no médico preventivo, que vai no ginecologista dar uma olhada. Que fica preocupada com a saúde. Que quer ter uma vida saudável. Então a minha próxima campanha agora Luciano, eu tenho uma campanha que é: se você tirar a autonomia do idoso, você mata ele. Então você tem que deixar ele fazer alguma coisa. E a segunda bronca, a segunda campanha: como fazer…

Luciano Pires: Para os homens…

Aurélio Alfieri: Para a gente salvar esses homens, para eles fazerem um pouco de exercício. Como fazer isso acontecer? Sabe? Porque até você comentou das igrejas. Eu coloquei assim no Youtube, uma pesquisa. Quando eu faço uma pesquisa lá, normalmente tem oito mil respostas. É absurdo, naquela comunidade do Youtube. Eu perguntei: qual é a primeira coisa que você quer fazer quando a pandemia acabar? Eu coloquei isso no primeiro lockdown. O que mais se repetiu Luciano, que ganhou estourado: ir no culto ou ir na igreja. Porque é um ambiente social. Agora, o fato de caminhar até a igreja também é um exercício.

Luciano Pires: Claro.

Aurélio Alfieri: A meditação durante o culto.

Luciano Pires: A meditação.

Aurélio Alfieri: Conversar com as pessoas. Ela sai de lá mais calma. Ouvir instrução. Luciano, eu estou bem preocupado com esse futuro da saúde. Óbvio que as pessoas têm outras coisas para se preocupar agora. O que ele vai comer, o que ele vai fazer, com o que ele vai trabalhar? Só que o corpo está ficando de lado. E a conta vai aparecer. Se você jogar no Google Trands. Escrever: dor nas costas. E olhar para aquele gráfico, você vai se apavorar. Ele teve uma tendência de alta. Caiu. Agora está subindo de novo. Só que num ponto duas vezes superior do que antes. Sendo que 80%, antes da pandemia…

Luciano Pires: É uma pandemia nova. É uma pandemia de dores musculares…

Aurélio Alfieri: De dor generalizada.

Luciano Pires: E assim vai.

Aurélio Alfieri: Só que daí vem outras coisas junto. Vêm questões hormonais que estão desequilibradas. Porque se você não faz exercício físico, você também não tem a sua endorfina, a sua serotonina direito. Daí você já não dorme direito. Começa a ter síndrome do pânico. Começa a vir um monte de coisa. E as pessoas não entenderam que sem o corpo, a mente não funciona. Então a minha maior emoção hoje Luciano é ler os comentários. Eu convido todo mundo que está assistindo aqui, digita lá: Aurélio Alfieri ou põe só Aurélio.

Luciano Pires: Aproveita. Já dá o link aqui, como é? Aurélio Alfieri.

Aurélio Alfieri: Alfieri.

Luciano Pires: O teu canal chama Aurélio Alfieri?

Aurélio Alfieri: Aurélio Alfieri. Tudo Aurélio Alfieri. Instagram Aurélio Alfieri.

Luciano Pires: Alfieri. É isso? A, L?

Aurélio Alfieri: A, L, F, I, E, R, I. Mas se colocar só Aurélio já está aparecendo. Eu só perco para o dicionário, por enquanto.

Luciano Pires: Essa é a história da sua vida. Não tem jeito. Essa é a sua história.

Aurélio Alfieri: É uma emoção estar aqui nessa sala, de um jeito tão absurdo Luciano. Tanta gente já sentou nessa cadeira.

Luciano Pires: Você é o ducentésimo vigésimo. O décimo nono. 219 ou 220, alguma coisa assim.

Aurélio Alfieri: Luciano, eu tinha o sonho de vir aqui. Depois que o Amyr Klink veio, eu falei, o meu sonho foi assim: agora não tem como. Como que eu vou lá? Mas assim: eu sabia que eu tinha essa missão de tentar. A gente vai lembrar isso que eu estou falando, Luciano. Quem está ouvindo, quando tiver dor nas costas vai lembrar o que eu estou falando. 80% da população já tinha sofrido ou sofria de dor nas costas, a população adulta, antes da pandemia, 80%. E busca no Google dobrou Luciano. Só que eu estou falando de dor nas costas. É só a pontinha do iceberg. Porque vêm outras coisas junto: problema cardiovascular, coração com veia entupida, insônia, depressão, ansiedade. Luciano, os picos de ansiedade. O Augusto Cury deve estar vendendo livro de ansiedade, um monte. Porque estão vindo outras coisas junto. Eu não estou dizendo que… faz parte. É como se a gente estivesse saindo de uma guerra. Eu não estou dizendo que politicamente foi feito certo ou errado. Não, não, independente do que foi feito. A gente tem que analisar a consequência. Ação e reação. Então, se as pessoas estão fazendo menos atividade física, isso no planeta inteiro. Elas vão sofrer a consequência se não tiver uma política. As crianças estão fazendo aula online em casa. Como que faz educação física online, Luciano?

Luciano Pires: Uma amiga mandou outro dia. Uma conhecida mandou um vídeo do filho fazendo aula de natação na sala.

Aurélio Alfieri: Esse professor merece o Oscar. O professor que está dando aula de natação pela internet, na sala. Eu vou te indicar para o Oscar, porque você merece. E quem dá aula para criança, Luciano, merece o Oscar. Agora, quem dá aula para criança na pandemia…

Luciano Pires: Pois é. Manter a atenção e disputar com tudo que tem na mão dela. Ela tem cores… é muito complicado. É um mundo em transição. Alguma coisa vai acontecer aí. Tem um filme – eu não vou lembrar o nome desse filme agora – que eu acho até que é com o Bruce Willis, que trata de um pessoal que vive num universo paralelo. Então a heroína é uma moça linda, maravilhosa. Quando o cara vem para a vida real é um gordão sentado na sala dele. Mil monitores em volta. Com o sorvetão na mão dele. A vida do cara é aquilo. Ele só levanta para ir na porta pegar comida e voltar. Então ele passa o dia trancado no quarto, vivendo num universo paralelo e comandando com o teclado aquela vida. Então, o movimento está lá. As coisas acontecem nesse universo paralelo, jogando o game dele. Mas ele em si, está completamente fora. Está todo… e a gente vê que essas coisas estão acontecendo com mais…

Aurélio Alfieri: Com mais frequência…

Luciano Pires: Com mais frequência. O dia que inventaram o controle remoto para a televisão, começou a mudar ali. Sem fio. O controle remoto sem fio. O dia que ele surgiu, começou a mudar lá. Porque aquele pequeno movimento se perdeu. Aí vem o elevador. Eu não subo mais escada. Quando você vê…

Aurélio Alfieri: O nosso corpo foi feito para se movimentar. Mas a nossa mente quer preservar o corpo. É uma questão absurda. Porque se você der uma opção para qualquer pessoa: você quer ficar sentada ou quer… quer ir de carro daqui até São Paulo ou daqui até Curitiba ou você quer ir de carro…

Luciano Pires: Você quer ir a pé no mercado ou quer ir de carro?

Aurélio Alfieri: Sim. É natural. A pessoa fala assim: eu quero… a pessoa tenta fazer menos. Mas assim, que nem, por exemplo, eu cheguei aqui em São Paulo às dez e meia. Daí eu queria conhecer o Ibirapuera. Eu já trabalhei aqui em São Paulo e nunca tinha ido no Ibirapuera. Eu vi que era pertinho. Daí eu cheguei lá, olhei aquele parque e falei: meu Deus é muito grande. Eu olhei e tinha bicicletinha para alugar. Eu peguei a bicicletinha, de mochila, com o computador nas costas, calça jeans. Eu falei: eu vou dar uma volta aqui. Era uma bicicletinha ruim. Eu estou acostumado com a minha bicicleta, que é boa. Mas eu consegui dar uma volta no Ibirapuera. E vim para cá. Almocei e vim. Mas eu não fui dar uma volta no Ibirapuera porque eu falei: eu preciso fazer exercício. Eu fui porque eu queria conhecer o parque. Eu não consigo sair de casa para caminhar, sem ter um destino. Eu tenho que ter um destino. Eu tenho que ir até algum lugar. Até quem está assistindo deve estar pensando assim: meu Deus, eu também não gosto de fazer exercício. Eu sou que nem o Aurélio. Começa a caminhar. Colocar no celular o aplicativo de contador de passos e tenta fazer o dobro da média que você vem fazendo.

Luciano Pires: Eu ouvi uma coisa interessante outro dia, que eu até fui atrás para botar para mim aqui. Era um aplicativo onde você faz a contagem de passos e ele mostra o caminho que você andou. E ele cria um desafio. Então acontece um desafio. Ele fala: hoje você andou…

Aurélio Alfieri: Que legal.

Luciano Pires: Quatro quilômetros. Que tal 4.200 no próximo? Então, o teu objetivo é 200 a mais. E aí você: venci. Bati o meu recorde. Então ele vai criando esse desafio.

Aurélio Alfieri: Gameficado.

Luciano Pires: É. Ele gamefica. E você fala: será que eu bato o meu desafio de hoje? Ontem eu fiz quatro mil. Eu vou fazer 4.200 hoje. E aí você vence. Que é o grande lance de correr a maratona. Eu não corro maratona para chegar em primeiro. Eu corro para chegar. E cada vez que eu chego, deixa eu ver o meu tempo: melhorei o tempo, do meu tempo anterior. Então eu comigo.

Aurélio Alfieri: Sim.

Luciano Pires: Mas cara, esse assunto é gigantesco. Eu estive nos Estados Unidos em 2018 – a última vez que eu fui para lá – e eu vi uma apresentação muito legal de um cara que fala do Silver Hair, os cabelos de prata. Ele mostrando o tamanho desse mercado. Mostrando como esse negócio está crescendo. Ele falou: tem um mercado gigantesco que é do pessoal da 3ª idade. Evidentemente que lá é numa situação muito diferente da nossa.

Aurélio Alfieri: Eles têm um pouco mais de dinheiro que a gente.

Luciano Pires: Eles têm dinheiro. Tem autonomia. Tem uma porrada de coisa. Então, o velhinho de cabelo branco norte-americano é diferente do velhinho de cabelo branco brasileiro. Lá eles têm… mas aqui também continua sendo. É um mercado gigantesco.

Aurélio Alfieri: Cresce absurdamente. E eles não sabiam comprar pela internet, Luciano. Quando veio a pandemia aconteceu uma coisa curiosa. Todo mundo falava assim: vamos ajudar os velhinhos. Até começaram aqueles memes: um velhinho na rua. Joga água. Aquela puta sacanagem que eles fizeram com eles. E daí começou essa história: se tiver idoso no prédio, coloca a lista de compra no WhatsApp do condomínio. A gente compra e traz para você. Legal. No primeiro mês funcionou. Daí acabou o dinheiro do velhinho. Daí ele vai dar o cartão de crédito com a senha para o vizinho ir lá buscar? Também não. Ele teve que sair de casa para ir sacar o dinheiro. Daí ele viu que não ia dar certo. Daí vem um vizinho e ensina ele a instalar o aplicativo de pedir a compra em casa. Daí ele, para conversar com os netos, com os filhos, ele teve que aprender a usar a vídeochamada no WhatsApp. Daí ele aprendeu a usar o Skype. Daí ele queria aprender a fazer um negócio, não dava mais para pedir para a amiga, aprendeu a procurar no Youtube. A 3ª idade evoluiu, eu acredito que pelo menos, uns 10 ou 15 anos…

Luciano Pires: Na pandemia.

Aurélio Alfieri: Na pandemia, na área tecnológica.

Luciano Pires: Sem dúvida. Porque as barreiras todas caíram. Foram obrigadas a cair.

Aurélio Alfieri: Eles estão comprando pela internet agora.

Luciano Pires: Estão. Eu queria ver um estudo qualquer dia aí e ver a idade média dos compradores de internet. Deve ter mudado barbaramente.

Aurélio Alfieri: Mudou.

Luciano Pires: Tem um mercado fabuloso aí. Meu caro, chegamos no nosso ponto aqui. Já falamos bastante. Eu acho que o tema é muito interessante. Eu acho que melhor que isso é só convidar a turma para entrar no? Vamos lá de novo. É o canal do Youtube?

Aurélio Alfieri: Canal do Aurélio Alfieri. Tem um aplicativo, que se entrar na loja de aplicativos e escrever Aurélio, Canal do Aurélio, vai aparecer ali entre os primeiros.

Luciano Pires: Você tem grupo de WhatsApp, de Telegram, coisa assim? Você não fez ainda?

Aurélio Alfieri: Não. Porque assim: como o canal está muito grande, eu vou chegar perto de um milhão de inscritos agora em junho. Dentro das projeções. Não tem como fazer grupo no WhatsApp. Porque limita ali a quantidade de pessoas. Porque imagine: 150 mil pessoas acessando por dia. Não tem como…

Luciano Pires: Tem que ir para Telegram.

Aurélio Alfieri: Só que no Telegram, o meu público ainda não está.

Luciano Pires: Certo. Você tem que entender que se você tem um milhão, 100 mil estão no Telegram.

Aurélio Alfieri: É?

Luciano Pires: Abre o canal lá e arrasta. Eu abri. Eu tenho Telegram desde 2016.

Aurélio Alfieri: Está funcionando?

Luciano Pires: É uma loucura. É muito legal.

Aurélio Alfieri: Funciona?

Luciano Pires: É muito legal. Dá de dez a zero no WhatsApp. Tem gente que diz que não. O Telegram – para quem sabe usar – deixa o WhatsApp no chinelo. Ele tem volume de gente. O Olavo de Carvalho botou o canal dele. Está com 70 mil caras no canal. E se você abre a interatividade é uma loucura. Você tem que abrir e fechar. Eu tenho dois tipos de canais. Eu tenho o canal que é só One Way. Onde eu só publico coisa lá, tem um monte de gente. E tem o outro, que quem paga assinatura tem acesso, que é a interatividade. Se o cara entrar lá e falar: oi Luciano. Eu estou lá conversando com ele. Aquilo é genial. É maravilhoso. Eu não canso de fazer elogios. Então abra lá. Mesmo quem não tem, uma hora, ele se arrasta lá para dentro. E aí você vai ter um mundo. Eu faço uma pesquisa de mercado em…

Aurélio Alfieri: Segundos…

Luciano Pires: Cinco minutos. Pau. Veio. Na hora. Isso tem um valor brutal. Eu estou bolando um logotipo aqui, o que vocês acham? Na hora.

Aurélio Alfieri: Olha só.

Luciano Pires: O nível de interatividade…

Aurélio Alfieri: Eu tenho que aprender isso.

Luciano Pires: Vai lá.

Aurélio Alfieri: Olha só: eu estou aprendendo a mexer com tecnologia com uma pessoa de mais de 60 anos. Já fez mais de 60?

Luciano Pires: Já fiz. Eu vou fazer 65 esse ano.

Aurélio Alfieri: Olha só. A minha assessora de imprensa também tem mais de 60. Está vendo Luciano, que está tendo uma mudança? Um cara com quase metade da tua idade, aprendendo tecnologia com você.

Luciano Pires: É. Mas eu sou um ponto fora da curva. Eu sou um maluco.

Aurélio Alfieri: Sim. Mas a minha assessora de imprensa também estava me ensinando a usar aplicativo.

Luciano Pires: Os filhos dos meus filhos não se conformam de conversar comigo. O meu pai não sabe nem o botão que ele aperta. Ele não tem a menor ideia de como faz. Eles não estão preocupados com isso. Eu estou absolutamente integrado. Porque para mim, isso é a minha vida também. Eu trabalho nisso.

Aurélio Alfieri: Luciano, eu queria deixar outro recado.

Luciano Pires: Deixe.

Aurélio Alfieri: O meu canal no Youtube, hoje nós somos em cinco pessoas trabalhando, para fazer ele acontecer. E todas as aulas têm os treinos completos para idoso. Tem de equilíbrio. Tudo completo. Tudo gratuito. Graças ao apoio dos membros que a gente tem e dos patrocinadores.

Luciano Pires: Legal.

Aurélio Alfieri: Então, se tiver alguém aqui assistindo, acompanhando ou ouvindo, que queira colocar a sua marca junto. Eu já tive apoio – e tenho apoio – de laboratório farmacêutico. Que eu passei por uma sabatina dos geriatras consultores do laboratório. E de outras empresas também parceiras, que também ajudaram. Então assim, se você tem uma empresa, quer se posicionar e quer entender um pouquinho o que é o canal, só leia os comentários que têm em qualquer vídeo. Para entender como que você pode associar a marca da sua empresa nessa…

Luciano Pires: Isso é um negócio que precisa crescer e precisa melhorar. Você está no Instagram também?

Aurélio Alfieri: Estou. Estou com 30 mil inscritos. Aurélio Alfieri também.

Luciano Pires: Mas os caras vão ter que aprender ainda a escolher. Porque influencer hoje é um moleque de cabelo pintado, que fala para 11 milhões, bobagem, para 11 milhões de pessoas. Esses micro influencers… já não é o teu caso. Com um milhão você já não é mais micro. Você já é um puta de um influencer. Mas os micro, que falam para esses nichos todos. Eu falo: um cara que tem 10 mil seguidores, ele tem mais influência sobre esses 10 mil do que o cara que tem 11 milhões.

Aurélio Alfieri: Sim, sim. Com certeza.

Luciano Pires: Porque ali está tudo perdido. Esse aqui está focado. Tem alguém que foi procurá-lo. Tem uma interatividade ali. Tem um poder. E aí para um anunciante sacar isso aí. Vai ter que mudar uma geração inteira de gente lá para essa coisa entrar. Bom. Meu caro…

Aurélio Alfieri: Muito obrigado.

Luciano Pires: Muito obrigado pela presença aqui. De novo: Aurélio?

Aurélio Alfieri: Alfieri.

Luciano Pires: Alfieri. Entrem no Youtube. Entrem para conhecer. E se você tem 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 100 anos de idade, o trabalho do Aurélio serve para você. Esse é um trabalho social viu? A tua missão cumpre com um pedaço que a sociedade precisa demais. Se tivesse mais gente focada em criar essa consciência, caía o uso do SUS, caía o uso de medicina, caía a incidência de doença. A gente estava numa condição muito diferente. Das pessoas criarem essa consciência de que: eu preciso pensar em mim. Eu quero que eu com 60 anos, eu olhe para trás e agradeça para o eu de 30. Obrigado por você ter tomado essa decisão aos 30. Eu só posso te agradecer aos 60. Mas não dá para esperar chegar lá para fazer isso não.

Aurélio Alfieri: De jeito nenhum.

Luciano Pires: Cara…

Aurélio Alfieri: Obrigado.

Luciano Pires: Um abraço. Seja bem-vindo sempre.

Ginástica
Augusto Césa
Paulo Sérgio Valle

Pra cima, pra baixo, prum lado, pro outro

E vamos lá! Vamos malhar!
Eu quero ver você emagrecer
Aquele sanduíche com dois metros de pão
Fez uma bola no seu barrigão

E vamos lá! Vamos malhar!
Chegou a hora da gente pular
Aquele espaguete com pizza e feijão
Não vai deixar você sair do chão

Primeiro uma corrida, depois musculação
Eu quero ver quem faz mais do que uma flexão

Step e caneleira, depois só alongar
Ninguém pode ir embora e ninguém pode parar

Dobrar, dar cambalhota, nadar e pedalar
Melhor malhar o corpo pra barriga não estourar

Um, dois, três

Rararararara…e aí, barrigudo? Vamo malhar? É com a Angélica de 1998 e sua “Ginástica”, que vamos saindo embalados. Vamo lá! Vamo lá! Mas olha aqui: se você tem a minha idade, não entre no ritmo da Angélica, não. Não vai dar certo…

O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, completando o ciclo.

O conteúdo do Café Brasil pode chegar ao vivo em sua empresa através de minhas palestras. Acesse lucianopires.com.br e vamos com um cafezinho ao vivo.

E se você curte o conteúdo do Café Brasil, vai curtir ainda mais quando visitar nossa loja com as camisetas de vários programas musicais que são icônicos. E tem até as canequinhas do fitness intelectual. É no cafebrasilloja.com. Vou repetir: cafebrasilloja.com.

De onde veio este programa tem muito mais, especialmente para quem assina o cafebrasilpremium.com.br, a nossa “Netflix do Conhecimento”. Cara! Vai lá. Olha! Tem vídeocast, tem podcasts, tem textos, tem e-books, tem lives. Tem um grupo no Telegram, tem um mundo de conteúdo lá, muito diferente de tudo que você vê pela internet. Ali você vai aprender a praticar o fitness intelectual pra malhar o cérebro. Se você acessar confraria.cafe, vai conhecer todos os planos. Vem com a gente!

Mande um comentário de voz no WhatSapp no 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.

Para terminar, uma frase de Luciano Pires inspirado por Dado Shneider.

Pratique o fitness intelectual. A barriga pode ser de chopp, mas o cérebro tem de ser tanquinho.