Encontrei um depoimento delicioso do professor Luiz Antonio Simas em seu blog Histórias do Brasil. Ouça só:
“Ando implicando ultimamente com o escritor e jurista Ruy Barbosa, o Águia de Haia, um sujeito que não gostava de futebol e achava a música brasileira a coisa mais primitiva que o mundo produzira desde a Idade da Pedra. É por pura implicância com o baiano Ruy que hoje vou falar de um advogado que foi seu rival numa pendenga jurídica; o sergipano Gumercindo Bessa.
Bessa e Ruy envolveram-se num debate sobre o Acre, logo após a compra do território pelo Brasil em 1903. Ruy era a favor da incorporação do Acre ao Estado do Amazonas, enquanto Gumercindo Bessa defendia o Acre como território federal.
Os argumentos de Bessa foram expostos durante horas e horas de falatório, com eloquência surpreendente. Bessa levou a melhor e durante o duelo, numa conversa com um correligionário que fazia pedidos absurdos com os argumentos mais convincentes, o presidente Rodrigues Alves saiu-se com uma tirada das boas:
– O senhor tem mesmo argumentos à Bessa.
A expressão se popularizou e passou a significar, segundo o Houaiss, “em grande quantidade”, com os ss substituídos pelo ç e o b minúsculo.
E o Ruy nessa história toda? Com todo o respeito que merece, o baiano era chato à Bessa.”
Pois é… Durante a infância fui ensinado a admirar Ruy Babosa, o “Aguia de Haia”, como brasileiro culto, articulado, respeitado e que despertava admiração lá fora. É impressionante ver como o mundo mudou. Hoje, para ser admirado e respeitado lá fora – e aqui dentro – não é mais necessário ser culto. Basta ser articulado.
Olha, não sei pra você, mas isso pra mim é chato à beça.
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