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Café Brasil 377 – Dias sombrios
Luciano Pires -Bom dia,boa tarde, boa noite. Putz, meu, quanto conflito. Você olha pro lado e tem gente brigando, liga a tv e tem gente brigando e aí decide ir pra internet onde tem… gente brigando. Não to gostando desse clima, não, e tenho receio de imaginar onde isso vai dar. Vamos falar disso hoje aqui, com texto de, entre outros, dois personagens de um dia sombrio.
Pra começar, uma frase de ninguém menos que os Engenheiros do Hawaii:
O fascismo é fascinante, deixa a gente ignorante e fascinada.
O Café Brasil chega até você com o suporte de um pessoal que acredita na diversidade, que reconhece que existem visões distintas que precisam ser valorizadas, e por isso seleciona, patrocina e incentiva a cultura. Estou falando do Itaú Cultural, é claro, que você conhece acessando o www.facebook.com/itaucultural. Vá lá, meu. Vale a pena. E aproveite pra deixar uma mensagem pra eles falando deste cafezinho. Sempre ajuda, né?
+ Ver roteiro completoE o exemplar de meu livro NÓIS…QUI INVERTEMO AS COISA, mais o excitante kit DKT vai para…para… o Otoniel Mendes, lá de São Luís, no Maranhão, que comentou assim o programa A JANELA DE OVERTON:
Olá Luciano,
Ouvi o podcast passado (A janela de Overton) e correlacionei com um livro que havia relido recentemente, A revolução dos bichos de George Orwell e que você deve provavelmente conhecer. Em resumo o livro fala sobre uma revolução iniciada em uma granja onde após um discurso poético sobre ideais igualitários, os animais, cansados de serem explorados pelos donos e sob comando dos porcos da granja resolvem rebelar-se e tomar o poder com a esperança de viverem uma vida mais justa, para isso, após concretizado o sonho, os animais estabelecem 7 leis:
1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais.
Nesse ponto, vemos que os ideais igualitários sempre conquistam muitos adeptos, principalmente os que vivem explorados, sem instrução, que aceitam as falácias de outrem, que expõe seus grandes sonhos.
O ponto X do livro, melhor dizendo, o ponto em que mais se correlaciona com o podcast passado é quando, os porcos sutilmente começam a alterar as leis através da eleição de um think tank (um porquinho simpático com uma expert na oratória e persuasão), que convence o restante dos animais no intuito de favorecê-los uma vez que se tornam adeptos do estilo de vida humano, coisa que os animais abominavam. As leis são alteradas pouco a pouco no decorrer do livro e ficam mais ou menos assim:
4. Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
5. Nenhum animal beberá álcool em excesso.
6. Nenhum animal matará outro animal sem motivo.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.
Janela de Overton total não?
Parabéns pelo podcast e muito Sucesso!
Grande Otoniel, George Orwell escreveu A Revolução dos Bichos e 1984, dois livros obrigatórios, até mesmo proféticos, que explicam muito do que estamos vivendo hoje. Este programa vai tratar disso. Obrigado pela lembrança.
O Otoniel ganhou o livro e o kit DKT pois comentou um programa. Tá vendo como é fácil?
Em 2010, a DKT do Brasil foi novamente pioneira e trouxe para o país a primeira linha de preservativos com sabor, até então, só existiam no Brasil produtos aromatizados. Assim, a DKT incentiovou o uso de preservativos também no sexo oral. Atualmente essa linha, Prudence cores e sabores conta com 8 sabores diferentes. Acesse o www.facebook.com/dktbrasil pra dar uma espiada.
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All’armi
All’armi! All’armi! All’armi siam Fascisti…
Noi del Fascismo siamo i componenti,
La causa sosterrem fino alla morte,
E lotteremo sempre forte forte
Finché terremo il nostro sangue in core.
Sempre inneggiando la Patria nostra
che tutti uniti noi difenderemo
Contro avversari e traditori
Che ad uno ad uno sterminerem.
All’armi! All’armi! All’armi siam Fascisti…
Lo scopo nostro tutti noi lo sappiamo
Combatter con certezza di vittoria,
E questo non sia mai sol per la gloria
Ma per giusta ragion di libertà.
I bolscevichi che combattiamo
Noi sapremo ben far dileguare,
E al grido nostro quella canaglia
Dovrà tremar, dovrà tremar…
All’armi! All’armi! All’armi siam Fascisti…
Vittoria in ogni parte porteremo
perché il coraggio a noi non mancherà
e grideremo sempre forte forte
e sosterrem la nostra causa santa.
In guardia, amici! Che in ogni evento
Noi sempre pronti tutti saremo
finché la Gloria di noi Fascisti
in tutta Italia trionferà.
Que tal? O programa começa com nada menos que ALL´ARMI – Às armas, o hino fascista italiano que aposto que você não conhecia… Ouça.
Mas esse hino tem uma razão. No mês de outubro de 2013, durante uma feira literária na Bahia, um acontecimento chamou a atenção de Sérgio Rodrigues, levando-o a publicar em seu blog SOBRE PALAVRAS o texto Quando o fascista grita fascista! .
Na manhã do último sábado eu estava em Cachoeira, na Bahia, como convidado da Flica, a bonita festa literária local, quando o recém iniciado debate entre o sociólogo Demétrio Magnoli e a cientista social Maria Hilda Baqueiro Paraíso foi interrompido por exaltados manifestantes de esquerda fantasiados de índios ou coisa parecida, aos gritos de racista, fascista e outros mimos.
A organização do evento optou por cancelar a mesa, alegando não ter como garantir a segurança dos palestrantes e, diante de ameaças de violência física, estendeu a suspensão ao debate marcado para aquela noite entre o ensaísta Luiz Felipe Pondé e o sociólogo francês Jean-Claude Kaufmann.
O episódio me fez ficar matutando sobre as palavras fascismo e fascista. Não é de hoje que me incomoda o barateamento de seu sentido original, o esvaziamento de conteúdo histórico que, nas últimas décadas, as leva a enfeitar ofensas variadas a quem não pensa como o acusador, e não apenas no campo político quase como se o termo fascista fosse intercambiável com bobo e feio numa briga de crianças.
A luz vermelha da perda de fio da linguagem se acendeu para mim quando, no início deste século, um professor de filosofia chamou publicamente o compositor Caetano Veloso de fascista e ressalte-se que a polêmica das biografias ainda nem raiava no horizonte. Caetano pode ter muitos defeitos, mas acusá-lo de fascismo é, além de ridículo, nocivo. Conduz à geleia conceitual e ao esquecimento daquilo que foi de fato o fascismo, algo que deveríamos lutar com todas as forças para nunca esquecer.
O termo ganhou seu primeiro registro em português em 1921 nas páginas da revista A Cigarra, segundo a datação do dicionário Houaiss. Vinha da Itália, onde, apenas dois anos antes, Benito Mussolini tinha fundado o movimento fascista uma palavra derivada do italiano fascio, liga, associação política e sindical, e portanto herdeira do latim fascis, literalmente feixe, molho e, por extensão, grupo, ajuntamento.
Com sua exaltação do nacionalismo, do estatismo, da unidade e de valores comunitários, seu recurso à violência sistemática e outras ações à margem da legalidade, o fascismo inspirou o surgimento, logo em seguida, do nazismo alemão, do qual é quase mas não inteiramente um sinônimo. Todo mundo sabe onde isso deu.
Talvez fosse inevitável que, após a derrota, na Segunda Guerra, dos regimes erigidos em seu nome, a palavra fascismo fosse ficando meio pastosa, vaga, burrinha. No verbete fascismo, o dicionário etimológico de Douglas Harper faz piada com a exacerbação dessa tendência, dizendo que o termo é aplicado a todo mundo desde o surgimento da internet.
Em Cachoeira, porém, ficou claro que o parafuso tinha dado mais uma volta. Ninguém precisa concordar com as ideias de Magnoli e Pondé para reconhecer o óbvio: se havia pessoas próximas do fascismo ali, eram aquelas que, num fascio, isto é, grupo, ajuntamento, agiam com violência e à margem da legalidade para calar seus adversários. Ou seja, fascistas eram os que gritavam fascista!. Assim se constrói a novilíngua.
Toda forma de poder
Humberto Gessinger
Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada.
(Yeah, yeah)
Fidel e pinochet tiram sarro de você que não faz nada.
(Yeah, yeah)
E eu começo a achar normal que algum
Boçal atire bombas na embaixada.
(Yeah yeah, uoh, uoh)
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer…
Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada.
(Yeah, yeah)
Toda forma de conduta se trasforma numa luta armada.
(Uoh uoh)
A história se repete mas a força deixa a história
Mal contada…
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer…
E o fascismo é fascinante deixa a gente ignorante e fascinada.
É tão fácil ir adiante e se esquecer que a coisa toda tá errada.
Eu presto atenção no que eles dizem mas eles não dizem nada.
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer…
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer…
(Yeah yeah uoh)…
Esses são Humberto Gessinger e Duka Leindecker, que compõe o duo POUCA VOGAL e aqui interpretam o sucesso dos Engenheiros do Hawaii TODA FORMA DE PODER. Não há muito que dizer…
O Luiz Felipe Pondé a quem o texto do Sérgio Rodrigues se referiu, é escritor e filósofo e um de seus textos abordava o mesmo assunto. O nome é inspirador: Dias sombrios… E eu trouxe aqui alguns trechos.
O Brasil, que sempre foi violento, agora tem uma nova forma de violência, aquela “do bem”. E, aparentemente, quase todo mundo supostamente “inteligente” assume que é chegada a hora de quebrar tudo.
Nada de novo no front: os seres humanos sempre gostaram da violência e alguns inventam justificativas bonitas pra serem violentos.
Impressiona-me a face de muitos desses ativistas que encheram a mídia nas ultimas semanas. Olhar duro, sem piedade, movido pela certeza moral de que são representantes “do bem”. Por viver a milhares de anos luz de qualquer possibilidade de me achar alguém “do bem”, desconfio profundamente de qualquer pessoa que se acha “do bem”. Quando o país é tomado por arautos do “bem social”, suspeito de que chegue a hora em que a única saída seja fugir. (…)
Hoje, por termos em grande medida escapado das armadilhas morais do cristianismo (não que eu julgue o cristianismo um poço de armadilhas, muito pelo contrário), tais como repressão do outro, puritanismo, intolerância, assumimos que escapamos da natureza humana e de sua vocação irresistível à repressão do outro, ao puritanismo e à intolerância.
Elas apenas trocaram de lugar. A face do ativista trai sua origem no inquisidor.
Em A Falsidade das Virtudes, escrito no século 17, Jacques Sprit apresentou o pressuposto de que toda demonstração de virtude carrega consigo uma mentira e que as pessoas que se julgam virtuosas são na realidade falsas, justamente pela certeza de que são virtuosas.
A certeza acerca da sua retidão moral é sempre uma mistificação de si mesmo. (…) os que se julgam virtuosos são na verdade vaidosos. Suspeito que o que vi nos olhos desses ativistas nessas últimas semanas era a boa e velha vaidade.
Mas hoje, saiu de moda usar os pecados como ferramentas de análise do ser humano. Passamos a acreditar em mitos como dialética, povo e outros quebrantos. A vaidade deixou de ser critério para analisarmos os olhos dos vaidosos. Melhor para eles, porque assim podem ser vaidosos sem que ninguém os perceba. Vivemos na época mais vaidosa da história.
(…) a verdade moral é sempre negativa, sempre ilumina a sombra que se esconde por trás daquele que se julga justo.
Que Deus tenha piedade de nós num mundo tomado por pessoas que se julgam retas.
Lili Marleen
H.Leip
N.Schultze
Tutte le sere
sotto quel fanal
presso la caserma
ti stavo ad aspettar.
Anche stasera aspetterò,
e tutto il mondo scorderò.
Con te Lili Marleen,
Con te Lili Marleen.
O trombettiere
stasera non suonar,
una volta ancora
la voglio salutar.
Addio piccina, dolce amor,
ti porterò per sempre in cor.
Con me Lili Marleen,
Con me Lili Marleen.
Dammi una rosa
da tener sul cuor
legala col filo
dei tuoi capelli d’or.
Forse domani piangerai,
ma dopo tu sorriderai.
A chi Lili Marleen?
A chi Lili Marleen?
Quando nel fango
debbo camminar
sotto il mio bottino
mi sento vacillar.
Che cosa mai sarà di me?
Ma poi sorrido e penso a te.
A te Lili Marleen,
A te Lili Marleen.
Se chiudo gli occhi
il viso tuo m’appar
come quella sera
nel cerchio del fanal.
Tutte le notti sogno allor
di ritornar, di riposar.
Con te Lili Marleen,
Con te Lili Marleen.
Tutte le notti sogno allor
di ritornar, di riposar,
Con te Lili Marleen,
Con te Lili Marleen.
Lili Marlene
Todas as noites
sob aquele céu
perto do quartel
estava te esperando.
Também esta noite esperarei,
e o mundo todo esquecerei.
Contigo Lili Marleen,
Contigo Lili Marleen.
O trombeteiro
esta noite não soar,
uma vez ainda
a quero saudar.
Adeus pequena, doce amor,
te levarei para sempre no coração.
Comigo Lili Marleen,
Comigo Lili Marleen.
Dá-me uma rosa
para conservar sobre o coração
amarra-a com o fio
dos teus cabelos de ouro.
Talvez amanha chorarás,
mas depois tu sorrirás.
A quem Lili Marleen?
A quem Lili Marleen?
Quando na lama
devo caminhar
sob o meu fardo
me sinto vacilar.
O que mais será de mim?
Mas depois sorrio e penso a ti.
A ti Lili Marleen,
A ti Lili Marleen.
Se fecho os olhos
o rosto teu me aparece
como aquela noite
na luz do fanal.
Toda as noites sonho então
de retornar, de descansar.
Contigo Lili Marleen,
Contigo Lili Marleen.
Toda as noites sonho então
de retornar, de descansar.
Contigo Lili Marleen,
Contigo Lili Marleen.
Essa que você ouve é um clássico dos clássicos. Lili Marlen, uma canção alemã que tornou-se muito popular durante a segunda guerra, cantada por soldados de ambos os lados. A canção fala de um soldado que se lembra dos encontros com sua amada e que teme que , se algo ruim lhe acontecer, com quem Lili Marlene ficará? Lili Marlen fez sucesso também entre os soldados fascistas de Mussolini. Aqui você ouve a versão em italiano gravada por Carlo Buti.
Bem, mas aqui é o Café Brasil, né? Em 1968 uma versão foi gravada pelo carioca Sergio Murilo, um dos pioneiros do rock no Brasil. Pois é…mas esta versão, de rock não tem nada. Manda aí Lalá.
Lili Marlene
H.Leip
N.Schultze
Todas as noites, perto do quartel
Sob um céu de estrelas eu fico a te esperar
Hoje eu a ti pertencerei
Pois amanhã, me afastarei
De ti, Lili Marlene
De ti, Lili Marlene
Quando na lama eu longe caminhar
Tua voz me chama em pleno metralhal
Adeus querida, eterno amor
Te lembrarei aonde eu for
A ti, Lili Marlene
A ti, Lili Marlene
O corneteiro esta noite não irá
Tocar silêncio, ninguém se importará
Entre os seus braços doce amor
O sol virá me encontrar
Contigo, Lili Marlene
Contigo, Lili Marlene
Quando nas asas da paz eu regressar
Vejo os aplausos do povo a desfilar
A minha paz só chegará
Quando a teu lado eu descansar
Contigo, Lili Marlene
Contigo, Lili Marlene
E então surge o outro escritor que passou por aquela pressão na feira literária baiana. O sociólogo e geógrafo Demétrio Magnoli, que publicou um artigo na Folha de São Paulo chamado O PENSADOR COLETIVO. O tema é o mesmo… Prestenção.
Você sabe o que é MAV? Inventada no 4º Congresso do PT, em 2011, a sigla significa Militância em Ambientes Virtuais. São núcleos de militantes treinados para operar na internet, em publicações e redes sociais, segundo orientações partidárias. A ordem é fabricar correntes volumosas de opinião articuladas em torno dos assuntos do momento. Um centro político define pautas, escolhe alvos e escreve uma coleção de frases básicas. Os militantes as difundem, com variações pequenas, multiplicando suas vozes pela produção em massa de pseudônimos. No fim do arco-íris, um pensador coletivo fala a mesma coisa em todos os lugares, fazendo-se passar por multidões de indivíduos anônimos. Você pode não saber o que é MAV, mas ele conversa com você todos os dias.
O pensador coletivo se preocupa imensamente com a crítica ao governo. Os sistemas políticos pluralistas estão sustentados pelo elogio da dissonância: a crítica é benéfica para o governo porque descortina problemas que não seriam enxergados num regime monolítico. O pensador coletivo não concorda com esse princípio democrático: seu imperativo é rebater a crítica imediatamente, evitando que o vírus da dúvida se espalhe pelo tecido social. Uma tática preferencial é acusar o crítico de estar a serviço de interesses de malévolos terceiros: um partido adversário, “a mídia”, “a burguesia”, os EUA ou tudo isso junto. É que, por sua própria natureza, o pensador coletivo não crê na hipótese de existência da opinião individual.
O pensador coletivo abomina argumentos específicos. Seu centro político não tem tempo para refletir sobre textos críticos e formular réplicas substanciais. Os militantes difusores não têm a sofisticação intelectual indispensável para refrasear sentenças complexas. Você está diante do pensador coletivo quando se depara com fórmulas genéricas exibidas como refutações de argumentos específicos. O uso dos termos “elitista”, “preconceituoso” e “privatizante”, assim como suas variantes, é um forte indício de que seu interlocutor não é um indivíduo, mas o pensador coletivo.
O pensador coletivo interpreta o debate público como uma guerra. “A guerra de guerrilha na internet é a informação e a contrainformação”, explica o deputado André Vargas, um chefe do MAV. No seu mundo ideal, os dissidentes seriam enxotados da praça pública. Como, no mundo real, eles circulam por aí, a alternativa é pregar-lhes o rótulo de “inimigos do povo”. Você provavelmente conversa com o pensador coletivo quando, no lugar de uma resposta argumentada, encontra qualificativos desairosos dirigidos contra o autor de uma crítica cujo conteúdo é ignorado. “Direitista”, “reacionário” e “racista” são as ofensas do manual, mas existem outras. Um expediente comum é adicionar ao impropério a acusação de que o crítico “dissemina o ódio”.
O pensador coletivo é uma máquina política regida pela lógica da eficiência, não pela ética do intercâmbio de ideias. Por isso, ele nunca se deixa intimidar pela exigência de consistência argumentativa. (….)
Os procedimentos do pensador coletivo estão disponíveis nas latas de lixo de nossa vida pública: mimetizá-los é, apenas, uma questão de gosto.
Existem similares ao MAV em outros partidos? O conceito do pensador coletivo ajusta-se melhor às correntes políticas que se acreditam possuidoras da chave da porta do Futuro. Mas, na era da internet, e na hora de uma campanha eleitoral, o invento será copiado. Pense nisso pelo lado bom: identificar robôs de opinião é um joguinho que tem a sua graça.
Você ouviu uma versão de Lili Marlen com Andreas Mohr no trompete. Tem pra todo gosto.
Então… Estamos andando em terrenos acidentados. É melhor cuidar dos pneus.
Pneus? É com nosso novo apoiador, a GBG Pneus, que tem 20 anos de mercado e é revendedora oficial de pneus Continental e Bridgestone.
A GBG tem cinco lojas no Rio de Janeiro, e uma baita loja na internet. Você já comprou pneu pela internet? Experimenta! Eu entrei no site deles e contei 75 marcas diferentes de pneus. É verdade que isso varia, é melhor dizer que te mais de 40. Com certeza tem o que você precisa e tá difícil de achar por ai. Acesse www.gbgpneus.com.br. E aproveite. Acesse também o www.facebook.com/gbgpneus e deixe pra eles aquela nossa mensagem de boas vindas. Você, como ouvinte, é parte integrante do nosso podcast. Vamos mostrar aos patrocinadores que estamos antenados.
Então já sabe, né?
Se o seu problema é pneu, a GBG tem o seu!
É, meu caro, vivemos dias sombrios, quando botar fogo em ônibus, invadir reitoria na porrada, parar avenidas e bater em policial é legítimo, normal e até incentivado. Tem alguma coisa errada. Eu acho que nóis tamo inverteno as coisa, sabe. Tem alguém muito interessado em conflitos, em colocar brasileiros contra brasileiros, em estabelecer o caos. Eu acho que sei quem é, mas deixo pra tratar disso depois.
Vá fazendo as suas reflexões por aí e lembre-se do Orwell: tem gente que quer que todas as pessoas sejam iguais, mas algumas sejam mais iguais que as outras.
Não deixe.
É assim então, ao som de TODA FORMA DE PODER, na versão original dos Engenheiros do Hawaii que este Café Brasil que certamente será chamado de fascista por uns aí, vai saindo de mansinho.
Com o progressista Lalá Moreira na técnica, a progressista Ciça Camargo na produção e eu, que acendo a luz, Luciano Pires na direção e apresentação.
Estiveram conosco o ouvinte Otoniel Mendes, Demétrio Magnoli, Luiz Felipe Pondé, Sérgio Rodrigues, Andreas Mohr. Engenheiros do Hawaii, Humberto Gessinger e Duka Leindecker, Carlo Burti e Sergio Murilo.
O Café Brasil chega até você com o apoio de um templo da diversidade, um lugar que aceita de bom grado quem tem opiniões diferentes, um palco onde se apresentam ideias de todas as cores e tendências: o Auditório Ibirapuera. Você PRECISA entrar no www.facebook.com/auditorioibirapuera para ver o que eles andam aprontando. Acredite: vale muito a pena.
Este é o Café Brasil. De onde veio, tem muito mais. Mas só para quem é tolerante. www.portalcafebrasil.com.br.
Pra terminar, uma frase de um sujeito que sabia muito bem como usar as técnicas do fascismo. Benito Mussolini.
Eu sempre achei mais fácil convencer uma grande massa do que uma só pessoa.