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Café Brasil 241 – Preconceito, discriminação e racismo

Café Brasil 241 – Preconceito, discriminação e racismo

Luciano Pires -

O programa da semana trata de um tema polêmico, que tem provocado muitas discussões sérias e outras estúpidas no Brasil: preconceito, discriminação e racismo. Afinal de contas, o Brasil é um país preconceituoso, discriminador e racista? Você sabe a diferença entre cada um? Sabe como começou o que conhecemos como racismo moderno? E o Jair Bolsonaro, hein? Pois é. Não temos nenhuma pretensão de esgotar o assunto, apenas juntar mais lenha na fogueira. A trilha sonora é uma delícia: Frenéticas, Rubi, Anjos do Inferno, Arranco de Varsóvia, Castro Barbosa, Jamil dos Santos e De Paula e Reginaldo Frazatto. Apresentação de Luciano Pires.

[showhide title=”Ler o roteiro completo do programa” template=”rounded-box” changetitle=”Fechar o roteiro” closeonclick=true]

Bom dia, boa tarde, boa noite! Preste atenção! Você é preconceituoso? Aposto que dirá que em vários momentos sim, afinal quem não tem algum preconceito? Mas se eu perguntar se você é racista, aí o bicho vai pegar. Vamos ver se hoje a gente consegue falar de preconceito, discriminação e racismo? Pra começar, uma frase de Nicolau Maquiavel:

Os preconceitos tem mais raízes que os princípios.

E o exemplar de meu livro NOSSOTROS QUE INVERTIMOS LAS COSAS, NÓIS…QUI INVERTEMO AS COISA vai para o Javier Castro Valdívia que nos escribe desde Espanha.

“Prezado Luciano, Fiquei apavorado ouvindo o seu podcast intitulado “Grana”. Ainda hoje, 21 dias depois de o podcast sair ao ar, fico apavorado de lembrar o conteúdo da carta que você leu, e que serviu de base ao seu programa.  

Fiquei apavorado por saber que alguém possa questionar a sua ética simplesmente por causa de que um banco financie o seu programa. Fiquei apavorado por pensar que alguém possa condenar ao inferno a todas as pessoas que trabalham ou se relacionam com os bancos, somente pelo fato de se relacionarem com os bancos. Acaso ninguém pode trabalhar num banco e ser ético?

Quem deu a esse ouvinte a autoridade e o conhecimento das motivações das pessoas para julgá-las e condená-las baseado somente no lugar onde trabalham ou a instituição com a que se relacionam? Hoje me lembrei deste assunto quando assisti ao jornal de noticias e ouvi o conteúdo da carta que deixou o assassino da escola do Rio. Ele classifica as pessoas em puras e impuras por causa do seu comportamento sexual: os virgens até o casamento são puros, os outros impuros.

O engraçado do assunto é que todos nos sabemos que o assassino é maluco, e que as suas idéias são esquizofrênicas. Porem, o autor da carta lida no seu programa faz a mesma classificação das pessoas (puros os que agem como eu achar correto, impuros ou sem ética aqueles que agem de qualquer outro jeito) e ninguém acha ele esquizofrênico.

Alguns dirão mesmo que ele representa o progresso e que é uma pessoa comprometida com a sociedade. Na verdade, a liberdade que usufrutuamos no mundo ocidental precisa ser defendida das atitudes totalitárias. A liberdade e a democracia não estão garantidas. Temos que as defender de aqueles que acham que só eles possuem a verdade. Temos que as defender de aqueles iluminados que acreditam que podem classificar as pessoas, seja pela raça, seja pela ética, seja pelo trabalho que fazem, seja pelo nível de riqueza, seja pela língua que falam.

Já Stalin, Hitler, Mao e Pol Pot deixaram bons exemplos do que acontece quando alguém, mesmo que com boas intenções, age pensando que tem direito a julgar e condenar as pessoas por as suas idéias ou a sua ética.

É também engraçado que você, que ajuda as pessoas a melhorar com as sua iscas intelectuais que reparte de graça, seja questionado com base em idéias preconceituosas. Você faz, com o seu podcast, muito mais pelo bem-estar do Brasil e do mundo todo (eu escrevo desde a Espanha e sou espanhol), que todos os iluminados do mundo. E o mais engraçado é que esse melhoramento das pessoas que você providencia e que o seu ouvinte curte, e criado e distribuído com a ajuda dum banco.

Ninguém gosta dos bancos, porque eles são tão chatos que querem a sua grana de volta quando você tomou a grana num empréstimo. Porem, a conclusão é que o Itaú Cultural faz um labor social muito melhor que a que possa fazer o ouvinte com idéias inquisitoriais. Ânimo. O seu programa não precisa desculpas pelo que faz e só merece apoio.”

Dois comentários aqui. Eu, quando recebo o texto de gente que não mora no Brasil, que não são brasileiros e escrevem fora do seu idioma de nascimento, eu costumo ler  o texto exatamente do jeito que ele escreve. Pra mim, cada erro que aparece no texto é uma homenagem a quem tem o esforço muito grande de escrever num idioma que não é o seu.  Então, entendam o seguinte: essa leitura faz parte do que eu sinto. Eu quero dividir com vocês o sentimento que eu tenho ao receber um texto como esse, ler o texto e passar pelo esforço que ele está fazendo para escrever no nosso idioma. Javier: muito obrigado duplamente.

O segundo comentário é o seguinte: eu achei que o texto que o nosso leitor mandou naquele programa, foi tão legítimo que gerou um programa inteiro a respeito. O programa não foi montado só pra responder a ele. Foi montado porque o assunto merece ser discutido. E eu vou aproveitar o embalo desse comentário aqui pra dar as tintas do programa de hoje. Nós vamos falar exatamente de preconceito, discriminação e racismo.

Mas  tem mais um email de um ouvinte que cabe como uma luva neste programa. É do Cícero Jorge, que também ganhou um livro. Ouça só…

“Minha nossa, quando falamos em racismo só lembramos da guerra entre negros e brancos. É inacreditavel como as pessoas ainda tem preconceito até mesmo na vestimenta das pessoas. Sou Nordestino e moro na Amazônia/Manaus. É incrivel quando viajo para SP, RJ e até mesmo CE o quanto meus amigos chacotam de mim falando e questionando se tem indio e onças pelas ruas de Manaus.

Nós temos várias atrações aqui em arquitetura e praças, sem mencionar as belas cachoeiras de fácil acesso. Pessoas mal informadas comentam que os Nordestinos trazem miséria e tiram o emprego delas aqui em Manaus, porem, temos um índice de emprego sobrando de mão de obra não qualificada de 40% do mercado, faltam profissionais, como: médicos, engenheiros etc. O racismo vem de todos os lugares e de todas as idades infelizmente, com preconceito por idosos, cor da pele, raça, deficientes físicos, crença e religião, estatura, classe social e aí vai.

Podemos ver estes vários e vários tipos de racismo apenas caminhando nas ruas e nos ônibus junto ao povo. Sendo assim, só posso fazer a minha parte ensinando meus sobrinhos e filhos o certo de tratar as pessoas por igual, e ensinando o que é racismo.”

Então. O Javier e o nosso amigo Cícero Jorge ganharam um livro cada um porque comentaram o nosso programa. E você? www.portalcafebrasil.com.br.

Você me chamou de nego

Você me chamou de “nêgo”
querendo desfazer da cor.
Mal sabe que tenho orgulho
do que você tem horror.

Mais vale todo o meu cartaz
do que tudo o que você tem.
Motivo de ser da cor
nunca desonrou ninguém.

Se você pensa que é branca,
mulatinha tola é o que você é.
E essa pele amarelada
eu trago na sola do pé.
Na sola do pé

Aí ao fundo, no podcast, você ouve Rubi cantando VOCÊ ME CHAMOU DE NEGO, sabe de quem? Do Gasolina.

Bem, vamos lá. Discutir preconceito, discriminação e racismo não é mole. Vamos começar com um pouco de história. As primeiras concepções racistas modernas surgiram na Espanha, em meados do século XV, em torno da questão dos judeus e dos muçulmanos. Até então os teólogos católicos limitavam-se a exigir a conversão ao cristianismo dos crentes destas regiões para que pudessem ser tolerados. Mas rapidamente colocaram a questão da “limpieza de sangre” (limpeza de sangue). Não basta converte-los, “limpando-lhes a alma”, era necessário limpar-lhes também o sangue. Só que acabaram por chegar à conclusão que o sangue, uma vez infectado por uma daquelas religiões judaica ou muçulmana, permaneceria impuro para sempre. A religião determinava a raça e vice-versa.

No século XVI esta concepção foi estendida aos índios e negros. O beneditino espanhol Frei Prudêncio de Sandoval, que foi bispo de Pamplona, afirmou que nenhuma conversão ou cruzamento daquelas raças, era capaz de limpar a sua natureza inferior e impura. A única cura possível, naqueles casos, seria o extermínio. Entre Frei Sandoval e Adolf Hitler existe uma linha de continuidade de idéias e práticas racistas.

Nega do cabelo duro

Nega do cabelo duro
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Teu cabelo a couve flor
Tem um quê que me tonteia
Minha nega, meu amor
Qual é o pente que te penteia?
Quando tu entras na roda
O teu corpo serpenteia
Teu cabelo está na moda:
Qual é o pente que te penteia ?
Misampli a ferro e fogo
Não desmancha nem na areia
Tomas banho em Botafogo
Qual é o pente que penteia ?

Para aliviar um pouco o clima, um clássico. De David Nasser e Rubens Soares, NEGA DO CABELO DURO cantada pelos ANJOS DO INFERNO. Foi com eles que essa batucada estourou no carnaval de 1942, quando ninguém se preocupava em ser politicamente correto. Já imaginou uma música dessas hoje?

A Declaração dos Direitos do Homem, elaborada no século 18, consagra a idéia da igualdade de todos os seres Humanos, independente de raça, religião, nacionalidade, idade ou sexo. Diversos países desde então integraram estes princípios nas suas constituições, mas a verdade é que não retardaram em adotar medidas restritivas à sua aplicação.

A França, que simbolizou a Declaração de Direitos do Homem, não tardou logo em 1804, em decretar a reintrodução da escravatura nas colônias e ao longo de todo o século XIX em proteger o tráfico clandestino dos navios negreiros. Embora teoricamente todos os homens fossem considerados iguais, desta igualdade foram excluídos os negros, os índios e todas as “raças” consideradas “selvagens”, “incivilizadas”, “primitivas”

A razão que apresentavam era a seguinte: Eles possuíam  hábitos de vida e uma cultura que os impossibilitava assumirem plenamente a condição de homens (cidadãos). Daí que nas respectivas colônias a população fosse hierarquizada em função da sua aproximação ao ideal de homem (cidadão). O melhor exemplo desta situação é dado pelos Estados Unidos: apenas nos anos 60 do século XX, acabaram em todos os seus etados as exceções legais à igualdade de direitos entre negros e brancos, o que não impediu que as desigualdades de tratamento continuassem.
E assim até os dias de hoje a questão do preconceito, discriminação e racismo está entre os principais temas em discussão no mundo. E no Brasil não poderia ser diferente…

Olha o que vem ai! Nega do Cabelo Duro pelo ARRANCO DE VARSÓVIA? O Arranco de Varsóvia é um grupo vocal formado em 1966 no Rio de Janeiro e tem esse nome por causa da ascendência polonesa de três de seus cinco componentes. A formação inicial tinha sabe quem? Zélia Duncan… Arranco de Varsóvia. Aposto que você nunca tinha ouvido falar neles…

Existe preconceito, discriminação e racismo no Brasil? Claro que sim, como em qualquer sociedade onde existam… pessoas. Mas o Brasil pode ser considerado um país preconceituoso, discriminador e racista? Bem, aí a coisa pega…

Olha só: Machado de Assis, reconhecido como nosso maior escritor, era negro. O Brasil tem nos atletas negros seus maiores expoentes. Tem neste momento como protagonistas da novela mais importante da rede de televisão mais importante, artistas negros.

O Brasil oficializou uma política de cotas raciais  e tem uma lei que faz do racismo crime imprescritível e inafiançável. O Brasil tem um ministério para promover a igualdade racial. O Brasil aprovou o Estatuto da Igualdade Racial, tem metade da população miscigenada, tem personagens gays em papeis simpáticos nas novelas, tem as passeatas gays transformadas em atrações turísticas e com dinheiro público. O Brasil tem os participantes gays nos Big Brother Brasil sempre chegando à final (e até mesmo ganhando por eleição popular)… Cara, um país assim não pode ser tratado como um país preconceituoso, discriminador e racista.

O que existem são pessoas preconceituosas, discriminadoras e racistas. E para elas já existe a lei, que precisa ser utilizada.

O teu cabelo não nega

O teu cabelo não nega, mulata,
Porque és mulata na cor,
Mas como a cor não pega, mulata,
Mulata eu quero o teu amor.

Tens um sabor bem do Brasil;
Tens a alma cor de anil;
Mulata, mulatinha, meu amor,
Fui nomeado teu tenente interventor.

Quem te inventou, meu pancadão
Teve uma consagração.
A lua te invejando faz careta,
Porque, mulata tu não és deste planeta.

Quando, meu bem, vieste à Terra,
Portugal declarou guerra.
A concorrência então foi colossal:
Vasco da Gama contra o batalhão naval.

Só clássico, não é? Aqui, de Lamartine Babo e os Irmãos Valença, na voz de Castro Barbosa, você ouve O TEU CABELO NÃO NEGA… Os irmãos João e Raul Valença, autores conhecidos de frevos-canção e maracatus no Carnaval de Pernambuco, enviaram à gravadora Victor, no Rio de Janeiro, a partitura de sua composição, denominada Mulata, em 1929. A gravadora pediu a Lamartine Babo que a ajustasse ao gosto carioca e a lançou com letra ligeiramente modificada e com o título de O teu cabelo não nega. No selo do disco estava escrito: “Letra e música de Lamartine Babo (sobre motivo do Norte)”. Os Irmãos Valença entraram com ação judicial contra a gravadora, que foi obrigada a pagar indenização aos autores e adicionar seus nomes na autoria da composição. Uma vez que houve acréscimo de letra por Lamartine Babo os Irmãos Valença deixaram seu nome aparecer como co-autor. Porém, até hoje, os verdadeiros autores aparecem em segundo lugar.

Pois então… Em maio de 2011, o deputado Jair Bolsonaro, conhecido por suas opiniões que sempre revelaram intolerância, respondeu com um coice a uma pergunta da Preta Gil no programa CCQ da rede Bandeirantes e causou uma enxurrada de protestos, com acusações de racismo e homofobia.

O deputado foi acusado de preconceituoso, discriminador e racista, e tomou porrada de todo lado. Bem feito. Ninguém mandou ser bocudo…

Mas que tal esclarecer a diferença entre discriminação, preconceito e racismo?

Ah, sim…quer ver como Reginaldo Frazzato tratou O TEU CABELO NÃO NEGA?….

Muita gente acha que preconceito, discriminação e racismo são a mesma coisa. Não são.

Preconceito é a formação de um conceito anterior a um julgamento mais apurado da situação. Um preconceito não é necessariamente expresso, na maioria das vezes fica guardadinho dentro da gente, até como forma de manter o convívio em sociedade. Quando o preconceito é expressado, aí sim ele se transforma em discriminação…

Discriminação é o preconceito expressado, anunciado, praticado. A discriminação é odiosa e precisa ser combatida. E atenção: discriminação não é descriminação. Descriminar é absolver de crime, inocentar. Discriminar é diferenciar, distinguir. Portanto o correto é discriminação racial.

E o racismo? Racismo é a sustentação de idéias de segregação racial, de superioridade de uma raça sobre outra. É a crença segundo a qual as capacidades humanas são determinadas pela raça ou origem étnica. O racismo pode manifestar-se como discriminação, violência ou abuso verbal.

Hoje, o desenvolvimento e o acúmulo dos conhecimentos sobre a evolução da espécie humana, fornecidos principalmente pela paleoantropologia e pela genética, estabeleceram provas irrefutáveis de que não existem raças na espécie humana. Hoje em dia, o conceito de raça não é mais biológico, mas ideológico.

O que o deputado Bolsonaro fez foi manifestar sua opinião a respeito de um assunto. E ele tem o direito de dizer a bobagem que quiser, desde que assuma as conseqüências. É para isso que existem as leis. E para mim está muito claro, se o deputado cometeu algum crime, foi o de injúria por preconceito.

Não se deve confundir o crime de racismo que é previsto em lei, com o crime de injúria por preconceito. O crime de racismo é definido pela discriminação racial, implicando em segregação, impedimento de acesso, recusa de atendimento a alguém. Implica numa ação.

Já o crime de injúria é crime contra a honra utilizado elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem da vítima. Não é propriamente uma ação física, mas a utilização de palavras depreciativas referentes à raça, cor, religião ou origem, com o intuito de ofender a honra da pessoa. Portanto, crime de injúria qualificda é uma coisa. Racismo é outra. O bocudo do Bolsonaro não segregou, impediu ou recusou o atendimento a ninguém. Ele ofendeu a honra de algumas pessoas, sacou? Fale o que quiser. Mas assuma as conseqüências.

Bem, esse tema é loooongoooo e polêmico, com posições extremas de todos os lados. Não dá para ser esgotado em apenas um programa. Vou continuar a falar sempre de preconceito, discriminação e racismo no Café Brasil. Sem jamais achar que vivemos num paraíso, mas consciente de que evoluímos imensamente desde que abolimos a escravatura.

Essa discussão é fundamental se desejamos viver num país justo onde as pessoas respeitem as outras.

Feijão maravilha

Dez entre dez brasileiros preferem feijão
esse sabor bem Brasil
verdadeiro fator de união da família
esse sabor de aventura
famoso Pretão Maravilha
faz mais feliz a mamãe, o papai
o filhinho e a filha

Dez entre dez brasileiros elegem feijão!
Puro, com pão, com arroz
com farinha ou macararrão
macarrão, macarrão!
E nessas horas que esquecem dos seus preconceitos
gritam que esse crioulo
é um velho amigo do peito

Feijão tem gosto de festa
é melhor e mal não faz
ontem, hoje, sempre
feijão, feijão, feijão
o preto que satisfaz!…

E é assim, ao som de FEIJÃO MARAVILHA, de Gonzaguinha, que também ficou conhecida como O PRETO QUE SATISFAZ, na voz das Frenéticas, que o Café Brasil que tratou de preconceito, discriminação e racismo, vai saindo de mansinho.

Tá claro pra você? Todo mundo tem preconceitos. Alguns o manifestam, transformando em discriminação. E isso é abominável. Mas o racismo é além de abominável.

Com Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e eu, Luciano Pires, na direção e apresentação.

Estiveram conosco hoje, As Frenéticas, Rubi, Anjos do Inferno, Arranco de Varsóvia, Castro Barbosa, Reginaldo Frazatto e nossos ouvintes Javier Valdívia e Cícero Jorge

Quer mais? Visite www.portalcafebrasil.com.br.

Pra terminar, uma frase de ninguém menos que Bob Marley:

Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra.

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