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Café Brasil 629 – Gramsci e os Cadernos do Cárcere

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Luciano Pires -

Tá vendo essa doideira aí em volta? Onde o que não podia agora pode e o que podia não pode mais? Onde o certo ficou errado e o errado certo? Onde a verdade da manhã vira mentira na hora do almoço e volta ser verdade à tarde? Cara, que doideira é essa, hein?

Não, nao é doideira. É método. E hoje vamos conhecer Antonio Gramsci, cuja obra genial ajudou a chegar na situação em que nos encontramos. Cuidado com o disjuntor aí, meu…

Posso entrar?

Amigo, amiga, não importa quem seja, bom dia, boa tarde, boa noite, este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires.

Antes de começar o show, um recado: a transcrição deste programa você pode baixar acessando portalcafebrasil.com.br/629.

E quem vai levar o e-book Me engana que eu gosto é o Ulisses…

“Boa tarde Ciça, boa tarde Luciano, boa tarde Lalá. Meu nome é Ulisses e neste momento eu deveria dizer quem sou, de onde venho, mas eu vou falar depois e vocês vão entender porque. Eu tenho 35 anos e há questão de umas horas eu acabei de assistir aos últimos podcasts e do mesmo jeito eu lembrei aquele podcast que você fez no final, acho que de 2015 que você fala do tamanho do governo. É uma coisa que eu fico sem palavras. 

Você falou (…) uma frase que fala mais ou menos que o pior que pode acontecer com um comunista é que ele tenha que viver num governo comunista, mas que os políticos não sejam amigos deles. Eu vou falar dessa frase um pouquinho. 

O que acontece que quem nunca viveu num governo comunista, um regime comunista, ele entende a frase mas não tira o valor verdadeiro dessa frase. Em um governo comunista a ascensão social normalmente não funciona. Você sai da sua família, seus pais dão para você a educação que eles podem, você começa a trabalhar, você começa a fazer um pouco de dinheiro, você começa a se administrar e caso que tudo dê certo pode ser que algum momento da sua vida você consiga ter seu próprio negócio, você consiga algum tipo de sucesso econômico ou quando menos algum tipo de sucesso social aí imagine que num governo comunista, você não tem essa possibilidade. Então, se você tira essa possibilidade do indivíduo, o indivíduo vai ficar num círculo vicioso. Ele vai trabalhar todo dia, vai estudar vai se esforçar, mas ele não vai ter possibilidade real de virar uma pessoa melhor no campo econômico. É muito difícil, quase impossível você ter seu próprio negócio.

E além disso, tem tantas leis tantas coisas, tantas regulações que você não consegue fazer sucesso no seu negócio e se faz sucesso vai ser um sucesso muito pequeno. Você nunca vai virar o dono de uma cadeia de shoppings, isso não dá, não é possível fazer isso num governo comunista. Se você ler os livros de Marx, Engels, os discursos de Lênin, é uma coisa que no papel parece a solução do mundo, mas levar isso à prática, isso é impossível, coisa de maluco. O problema começa orque você tem que colocar muito poder numa só pessoa. É muito provável que essa pessoa vai virar corrupta. Uma economia comunista a longo prazo, não dá certo. Já nós vimos na história, vimos na União Soviética, que começou a ter muito sucesso em sua economia planificada, lograram fazer viagens espaciais, muito desenvolvimento econômico, mas quando chegou 70, 80, a economia ficou estagnada. 

O caso de Cuba foi pior. Parecia que ia ter sucesso, mas na verdade nunca teve sucesso nenhum e quando a União Soviética desabou, o último tijolo do muro de Berlim foi, Cuba também desabou. E o que está acontecendo na Venezuela não dá nem pra falar nem do longo nem do médio prazo. São 16 anos e o país virou uma merda. Se não tem empresa privada não vai ter iniciativa e se não tem iniciativa não tem desenvolvimento e se não tem desenvolvimento, não tem sucesso. E além disso, se não tem empresa privada, ninguém vai pagar impostos e se não paga impostos, como vai sobreviver o governo? 

A verdade é que o comunismo, o socialismo, isso não dá. Não vai dar certo. Nem aqui, nem em Marte, na lua, no sol. Pode fazer o que seja, isso não dá certo. E se você pergunta porque eu estou falando desse jeito, é que eu sou cubano. Eu morei 32 anos lá em Cuba. Eu cresci em Cuba, eu estudei em Cuba, morei em Cuba, trabalhei em Cuba. Eu não odeio Cuba como país, é o meu país, eu gosto dele,  tem muitas coisas lindas, mas o que acontece é que a política do governo é ruim demais. Então isso apaga muitas das coisas bonitas que tem o meu país.

Mas a minha opinião, eu acho que ficou um pouco longa, tchau, tchau. Até mais. Longa via ao Cafezinho.”

Graaande Ulisses… Olha, ele há tempos manda mensagens, eu vou guardando aqui as pérolas que eu recebo dele para usar na hora certa.  Como neste programa aqui, por exemplo. Depois que o programa for ao ar, é a opinião dele que eu vou querer ouvir, não a dos ativistas de Facebook não, viu?. Caro Ulisses, muchas gracias pela audiência de sempre, viu? O Ulisses começou a ouvir o Café Brasil por indicação de seu professor de português e, como ele mesmo disse, ficou enamorado. Obrigado, meu caro! Meu comentário sobre o teu comentário, vai na forma deste programa…

Muito bem. O Ulisses tem direito a um KIT DKT, recheado de produtos PRUDENCE, como géis lubrificantes e preservativos masculinos. Tem que ver se a DKT terá um esquema para entregar lá nos Estados Unidos, viu?

Olha! E por falar em DKT, prestenção cara! Você já sabe que boa parte dos resultados da DKT é revertida para ações sociais de combate às doenças sexualmente transmissíveis e ao controle da natalidade, não é? Pois agora a gente vai fazer mais.  Presta atenção, meu!

Agora, para cada produto PRUDENCE que você adquirir, a DKT doará um produto igual para uma das organizações sociais com as quais ela mantém acordos. Você tem que fazer assim ó: mande uma foto com os produtos que você adquiriu para nosso Whatsapp 11964294746 e aguarde uma resposta com informações sobre as entregas dos produtos. Assim, cada vez que você comprar um produto Prudence, estará contribuindo ainda mais para salvar vidas. Cara! Antigamente a gente escondia cara! Quando comprava camisinha era tudo escondido, agora a gente está pedindo pra você mandar uma foto de você com as camisinhas, cara! Vamos nessa?

facebook.com/dktbrasil

Vamos lá então, Lalá…

Luciano – Antes do amor, você…

Lalá: Compro Prudence e ainda mando a foto!

Luciano: É isso aí!

E o Café Brasil Premium, nossa “Netflix do Conhecimento”, continua na missão de ajudar as pessoas a ampliar seus repertórios e refinar sua capacidade de julgamento e tomada de decisão. Cara! Se você curte o Café Brasil, gosta de verdade, tem que dar uma olhadinha lá, cara! A gente oferece um conteúdo de altíssima qualidade. É uma espécie de MLA – Master Life Administration. Duvida, hein? Então acesse e você poderá experimentar o Premium por um mês, sem pagar.

Faça uma degustação do cafebrasilpremium.com.br.

Conteúdo extra-forte.

É ao som da abertura da Força do destino, de Giuseppe Verdi

que vamos para a Ilha de Sardenha – Itália, em 1891. É lá que nasce o quarto de sete filhos de Francesco e Giuseppina, que recebeu o nome de Antonio Gramsci. Francesco era um funcionário público, sempre em dificuldades financeiras e encrencado com a polícia, o que fez com que a família mudasse de vila em vila, até se estabelecer no município de Ghilarza. Em 1898, Francesco foi condenado por desfalque e preso, o que acabou desestruturando a família. Antonio, aos sete anos, teve de abandonar a escola e trabalhar, até que seu pai saísse da cadeia, seis anos depois.

O pequeno Antonio sofria de problemas de saúde, especialmente a má formação da coluna, fazendo com que, adulto, medisse cerca de 1 metro e cinquenta e dois de altura. Além disso, era corcunda.

Criança pobre, com problemas de saúde, corcunda, filha de pai presidiário. Vai vendo aí, ó…

O pequeno Antonio cresceu num ambiente cercado pela pobreza dos mineiros e camponeses da Sardenha, que colocavam a culpa de sua miséria nos privilégios do norte da Itália, que rapidamente se industrializava. Nasceu ali uma espécie de nacionalismo Sardenho, que foi brutalmente reprimido pela polícia Italiana.

Em 1911 Gramsci estudava na Universidade de Turin, região que rapidamente se industrializava, com o surgimento de indústrias como a Fiat e a Lancia, que recrutavam trabalhadores das regiões mais pobres. Nessa época surgiram também os sindicatos e, com eles, os primeiros conflitos sociais causados pela industrialização. Em 1913, Gramsci se juntou ao Partido Socialista italiano, onde conquistou posição de destaque. O jovem que teve infância e adolescência pobre e problemática, estava numa panela de pressão social, em plena revolução Industrial tardia na Itália. Era, portanto, natural que se interessasse pelos escritos de um certo Karl Marx e sua visão sobre a opressão social. Dali acompanhou com interesse a Revolução Russa de 1917.

Gramsci estudou linguística e filosofia, mantendo contato com grandes intelectuais italianos. Aos 24 anos, por problemas financeiros e de saúde, Gramsci abandonou os estudos. Ganhou fama de intelectual por seus escritos para jornais socialistas, tornando-se coeditor do órgão oficial do Partido Socialista italiano. Na sequência, incomodado com o centralismo da liderança do Partido Socialista e concluindo que um partido comunista que seguisse a linha Leninista era necessário, Gramsci foi fundamental para a fundação do Partido Comunista Italiano, do qual se tornou dos líderes.

Então Benito Mussolini assumiu o poder.

All’armi Siam Fascisti

All’armi! All’armi! All’armi siam fascisti
noi del Fascismo siamo i componenti
la causa sosterrem fino alla morte
e lotteremo sempre forte forte
finchè terremo il nostro sangue in cuor

Sempre inneggiando la Patria nostra
che tutti uniti difenderemo
contro avversari e traditori,
che ad uno ad uno sterminerem.

All’armi! All’armi! All’armi siam fascisti

Lo scopo nostro tutti lo sappiamo:
combatter con certezza di vittoria
e questo non sia mai sol per la gloria
ma per giusta ragion di libertà.
I bolscevichi che combattiamo
noi saprem bene far dileguare
e al grido nostro quella canaglia
dovrà tremare e dovrà crepare.

All’armi! All’armi! All’armi siam fascisti

Vittoria in ogni parte porteremo
perché il coraggio a noi non mancherà
e grideremo sempre forte forte
e sosterrem la nostra causa santa.
In guardia amici! Ché in ogni evento
noi sempre pronti tutti saremo,
finché la gloria di noi fascisti
in tutta Italia trionferà.

Era 1922 e com Mussolini, veio o fascismo. Naquele ano, Antonio Gramsci viajou para a Rússia, onde conheceu Julia, com quem se casaria e teria dois filhos. Quando o movimento fascista recrudesceu na Itália, perseguindo seus opositores, Gramsci retornou com a missão de criar uma frente de partidos de esquerda contra o fascismo, o que não agradou as lideranças do partido Comunista Italiano. A “Marcha sobre Roma” fascista, e a perseguição às lideranças comunistas e socialistas, fizeram com que o jovem comunista passasse a atuar fora da Itália. Com residência na recentemente criada URSS de Vladimir Lênin, em 1923 Gramsci viaja para Viena, de onde passa a dirigir as ações de oposição aos fascistas.

Mas o jovem Gramsci não demorou a perceber que a Rússia Soviética estava longe daquela sociedade sonhada pelo Marxismo. A prática não acompanhava o discurso. A vida diária na Rússia comunista não apresentava a importância e dedicação, para não falar o amor, que as lideranças revolucionárias, capitaneadas por Lênin, diziam que tinham pela classe operária. “Revolução operária” ou “ditadura do proletariado” nada mais eram que blablabla populista. A verdade era muito mais dura. Era tiro, porrada e bomba. Um clima de terror, onde quem se mostrava contra as ideias das lideranças revolucionárias era preso e tinha como destino o trabalho forçado nos gulags da Sibéria, a rede de campos de concentração que compunham o sistema penal da antiga União Soviética.

Gramsci foi aos poucos se desiludindo, mas em vez de desistir do marxismo, achou que seria possível encontrar um outro caminho para que aquelas ideias levassem à sociedade utópica.

E então Stalin chega ao poder.

Enquanto a Rússia acelerava a transição de sociedade agrária para industrial, ficou claro que o objetivo primário de Stálin era construir uma potência militar com poder para impor o comunismo à força pela Europa e Ásia. E depois, pelo mundo. O clima de terror cresceu e Stalin passou a exterminar sistematicamente seus adversários. Stalin permaneceu no poder entre 1924 e 1953 e estima-se que nas câmaras de tortura, nos campos de morte, nas execuções ou simplesmente pelo confisco de alimentos, cerca de, atenção: 43 milhões de pessoas foram mortas. Mas esses são cálculos modestos. Os não modestos falam de 100 milhões de mortos…

Gramsci decide ir embora da Rússia, antes que sobrasse para ele e pra sua família. Voltou para a Itália, lutar contra Mussolini. Em 1926, visto ao mesmo tempo como agente de um regime estrangeiro hostil e como uma ameaça ao regime fascista, Gramsci foi preso. Ficou 11 anos na prisão, inclusive em clínicas de recuperação até morrer, aos 46 anos.

Foi na prisão que Gramsci passou a fazer uso do ativo que mais tinha, o tempo. Ele usou o tempo para pensar, pra refletir e pra escrever.

Ao morrer de uma combinação de arteriosclerose, tuberculose, pressão alta, angina, gota e desordens gástricas em 1937, Gramsci deixou 9 volumes de observações sobre a história, sociologia, teoria e estratégia marxista. Seus escritos, reunidos sob o nome de “Cadernos do Cárcere”, foram publicados por todo o mundo.

Nos Cadernos do Cárcere, Gramsci criou uma nova interpretação da teoria Marxista, capaz de fazer com que ela conquistasse o mundo com mais eficiência que os tiros, porradas e bombas de Lênin e Stálin.

As ideias de Gamsci, embora não tenham tido a fama de outros escritos de pensadores da mesma época, tiveram um impacto poderoso nos acontecimentos que mudaram o mundo nos últimos 80 anos.

É hora de falar dessas ideias…

Se para Karl Marx e Vladimir Lênin era necessário mobilizar as classes inferiores pela propaganda, levando-as à uma revolução universal, a ideia da revolução do proletariado, para Gramsci o caminho era mais suave. Mais inteligente. Menos bruto.

Para os criminosos que conduziram o movimento comunista empregando quaisquer meios para impor suas ideias e garantir o poder, a ideologia marxista era apenas uma tática, um meio, uma ferramenta para racionalizar suas ações criminosas e mobilizar seus simpatizantes e militantes. O comunismo nunca foi, portanto, uma ideologia na definição de um “conjunto de ideias ou pensamentos de uma pessoa ou de um grupo de indivíduos”. Não. O comunismo sempre foi uma conspiração para manutenção de poder, na qual os líderes sentem-se livres para dar à doutrina marxista a interpretação que quiserem. É como aqueles malucos que encontram nos escritos do Islã a racionalização para explodir a si mesmos e a inocentes.

É importante saber que os comunistas russos não chegaram ao poder depois de uma revolta popular dos trabalhadores e camponeses. Não. Conquistaram o poder através de um golpe de estado, planejado e executado por uma elite marxista e consolidado através de uma guerra civil. E sendo observados com simpatia, e até mesmo bancados, por parte da elite política e empresarial do Ocidente.

Aliás, o comunismo não chegou ao poder em lugar algum por meio de revolução popular. Na Europa Oriental, foi imposto debaixo das botinas do exército soviético. Na China, foi por uma guerra civil ajudada pelos soviéticos. Sim, em muitos lugares do mundo o Partido Comunista chegou ao poder através de eleições, mas jamais pela tal Revolução do Proletariado.

Ironicamente, as únicas vezes que o comunismo mobilizou espontaneamente as massas populares, foram nas contra-revoluções anti-marxistas.

Sim, Karl Marx estava errado ao supor que a massa de camponeses e operários estava insatisfeita com seu lugar na sociedade, ressentida e com um ódio contido que justificaria uma revolução. Não estava. Pouco tempo antes, essas pessoas que depois se tornariam operários, morriam de fome e frio ao relento. Tinham consciência de que estavam progredindo. Mas uma minoria, uma elite, essa sim, inconformada, organizada e disposta a tudo para deter o poder, tratou de fazer cabeças e criar climas que descambaram nos banhos de sangue que todos conhecemos.

Onde o comunismo obteve o poder, a violência, a coerção, a traição, o ódio e a repressão geraram conflitos que se tornaram marcas registradas do marxismo. E sem os quais, o comunismo não sobrevive.

E aí, meu? Tá puto aí? Então vou usar o argumento que os “progreçistas” adoram, olha sói: vai estudar, meu.

Esse som é a Valsa Nr 2, de Dimitri Shostakovich…

A genialidade de Gramsci foi que ele percebeu, sem o conforto do distanciamento histórico e dos 80 anos de conhecimento que hoje nós temos aqui, que a tal “revolução do proletariado”, espontânea, inevitável, era uma ilusão. Gramsci sabia que os proletários não queriam revolução, que muito mais importante que o desejo de destruir a ordem, de eliminar os burgueses, da solidariedade de classe, estavam coisas muito mais prosaicas. Para o cidadão comum, preocupado em trabalhar para garantir o sustento dos seus, importante eram Deus, a família e, até mesmo, a nação.

Deus, família e a nação. Ai, cara!

Nada disso era resultado de coerção, mas de valores que ocuparam espaço nas mentes dos homens e mulheres ao longo de milênios, e que contribuíram para o progresso da humanidade.

Sim senhor. Eu, pessoalmente, tenho convicção de quem a concepção de um Deus, de uma religião, ajudou a botar ordem na bagaça e a desenvolver a educação e a ciência por milênios. Tudo bem. Mas esse aqui não é o tema deste programa.

Então surgiram os comunistas prometendo o paraíso e, no processo de entrega, descendo a vara nos proletários, cara. E o tal paraíso nunca chegava. Ficava difícil de acreditar e ainda mais difícil de dar suporte ao regimes totalitários e assassinos que prometiam um futuro às custas do presente. Ninguém estaria vivo para gozar o resultado de tanto sangue e sacrifício.

E assim, organizações anti-comunistas surgiram por toda parte, colocando um freio no avanço daqueles vampiros.

Gramsci havia assistido a tudo isso. E agora, preso, pode organizar suas ideias e encontrar uma forma de salvar a doutrina marxista.

Gramsci compreendeu que o grande adversário seria a fé cristã. Um sistema moral que dominava o ocidente há quase 2000 anos, tão integrado à vida das pessoas – inclusive das que não professavam a fé cristã – que criava uma barreira intransponível para a sociedade revolucionária com a qual os marxistas sonhavam. Sempre que essa barreira foi ameaçada ou atacada, forças contra revolucionárias se levantaram e aniquilaram os inimigos. Ficou claro para Gramsci que no tiro, porrada e bomba, não dava. Seria muito mais eficiente, e menos perigoso, atacar de forma sutil, com inteligência, sem espalhafato.

A ideia de Gramsci foi criar um método para implodir a barreira cristã, transformando a mente coletiva da sociedade. E ele sabia que isso só seria obtido sem pressa.

Gramsci sabia que para mudar visão do mundo cristão para uma visão marxista, precisaria de algumas gerações…

Gramsci tinha paciência.

Outro ponto fundamental na visão de Gramsci: ele pregava a união das diversas forças de esquerda, inclusive com as não comunistas. Até então, sindicatos, partidos e grupos políticos, organizações anti fascistas e intelectuais, se engalfinhavam. Os marxistas-leninistas não aceitavam qualquer aliança com quem não seguisse sua cartilha.

Gramsci pregava que essas forças se unissem contra o adversário comum. E isso foi seguido à risca.

Se você abrir o saco da esquerda hoje, encontrará dentro dele os comunistas, os socialistas, os sindicatos, os ambientalistas, as feministas, os movimentos negros, congregações religiosas, os grupos LGBTXYZ, movimentos pelos direitos civis, anti-militaristas, anti-polícia, artistas, educadores e sei lá mais quem, cara. Grupos diversos, em 50 tons de esquerda, unidos contra um adversário comum. Seguindo a cartilha de Gramsci e criando uma frente poderosa de subversão da cultura cristã.

Gramsci era marxista, aceitava a visão de mundo do marxismo, sim, mas discordava da estratégia que os marxistas tradicionais achavam corretas para chegar à vitória.

Gramsci queria a hegemonia. Guarde bem esse termo, he-ge-mo-ni-a. Ele é a base para compreender a extensão do pensamento de Gramsci.

Hummmm…. agora temos a Valsa Sentimental, sabe de quem? Tchaikovsky.

Hegemonia significa preponderância de alguma coisa sobre outra, seja ela um Estado, uma ideia, uma ideologia. Pra Gramsci, hegemonia era o domínio de uma classe social sobre a outra. E não pelo tiro, porrada e bomba.

Gramsci queria a hegemonia política, e sabia que apenas o poder do estado e os recursos de força material do governo, não bastavam. Era preciso conquistar os corações e as mentes das pessoas.

Gramsci foi preciso ao indicar a absorção dos inimigos, pregando que os comunistas aceitassem a conversão de elites burguesas, o que reforçaria o marxismo ao mesmo tempo que enfraqueceria os adversários.

Traduzindo: Gramsci pregava que as mentes brilhantes dos filhos e filhas da burguesia fossem conquistadas pelas ideias marxistas e atraídas para suas fileiras.

Entendeu o brilho de Gramsci? Tiro, porrada e bombas não transformariam o mundo. A transformação só viria pela conquista hegemônica dos corações e mentes das pessoas e da cooptação das mentes mais talentosas e brilhantes do adversário. Assim a vitória perene estaria garantida.

Se você estiver tentado a dizer: “Ah, mas isso é óbvio”. Cara! Lembre-se que estou falando de ideias que surgiram quase 90 anos atrás.

Então meu, baixe a bola.

Muito bem, resumindo o que foi dito até agora: Antonio Gramsci acreditava que se o marxismo/comunismo obtivesse hegemonia sobre a consciência humana, tiro, porrada e bomba seriam desnecessários.

E Gramsci estabeleceu claramente os territórios a serem conquistados: as instituições culturais, as mídias, as igrejas, as escolas, a literatura e as artes em geral. Era ali que deveria ser buscada a “hegemonia cultural”, pois eram essas as fontes dos pensamentos e da imaginação que determinavam a cultura das sociedades.

E o gênio de Gramsci se mostra em sua constatação de que, se você controlar as mentes que assimilam as informações, não precisa controlar as fontes das informações.

Vou repetir devagar, ó: se você controlar as mentes que assimilam as informações, não precisará controlar as fontes das informações.

Mentes controladas são levadas para a imunização cognitiva, tornam-se incapazes de assimilar e até mesmo de compreender, os argumentos que vão contra os valores e convicções nelas implantados.

Mentes controladas amam a sua servidão sem perceber que é servidão aquilo que amam.

Meu, que porrada…

Muito bem. E Gramsci desenhou um processo em etapas para obter a hegemonia cultural. É ele que vou apresentar agora.

O primeiro passo é combater e enfraquecer os elementos da cultura tradicional, aqueles que sustentam aquela barreira contra as ideias marxistas. Em primeiro, é preciso combater as igrejas, nelas infiltrando a ênfase na “justiça social” e no “igualdade social”, reduzindo as doutrinas tradicionais e milenares até que se tornem irrelevantes. Para isso vale tudo, especialmente a ridicularização da história, dos ritos e dos representantes da igreja que não sigam as ideias marxistas. No Brasil, a criação da Teologia da Libertação e da CNBB, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, representou a conquista da Igreja católica brasileira pelos marxistas.

Em segundo, a educação. Os currículos tradicionais são substituídos por currículos progressitas, politicamente corretos, enviesados e emburrecidos, reduzindo os padrões do ensino a níveis baixíssimos. Paulo Freire é o ícone da utilização da educação como ferramenta para implementação do marxismo, com os resultados que conhecemos.

Em terceiro, a mídia, transformando os órgãos de comunicação em ferramentas de manipulação das massas e de combate e descrédito das instituições tradicionais e de seus representantes. Você está vendo aí…

Em quarto, a moral. Tradições, valores e virtudes do passado são sistematicamente ridicularizadas. Valores como o princípio de autoridade e a família, por exemplo, passam a sofrer ataques e serem culpados por “atrasos” no progresso da sociedade.

Em quinto, a ridicularização de qualquer personalidade mais relevante, especialmente nas religiões, nas escolas e nas artes, que não siga a cartilha do pensamento Marxista. Reputações são sistematicamente destruídas com a rotulação de hipocrisia e reacionarismo. Indivíduos sofrem linchamento moral ao manifestar ideias opostas ao pensamento hegemônico. Casos como o de Wilson Simonal, Regina Duarte, Olavo de Carvalho e – ironicamente – Reinaldo Azevedo, são exemplos. Rotulados como “militaristas”, “fascistas”, “nazistas”, “homofóbicos”, “misóginos” e tantos outros adjetivos que andam na moda, essas pessoas foram – e são – perseguidas, e suas carreiras destruídas. No ambiente acadêmico, então, é um horror. Qualquer professor que manifeste ideias não hegemônicas é tratado como um câncer a ser extirpado. Inclusive por alunos doutrinados.

Muito bem… Algum desses passos da cartilha de Gramsci são familiares a você? Pois é.

Lembre-se, ele desenvolveu o método mais de 80 anos atrás…

Cara… agora é a Rhapsodia, de Sergei Rachmaninoff… a música que é trilha de um dos filmes que mais assisti na vida, Em algum lugar no passado. Ah, esses russos…

Então, na ótica Gramsciana, a cultura deixa de ser o repositório do legado da nação, a fonte onde as gerações culturas beberão, para se transformar na ferramenta de destruição das ideias não-Marxistas. A começar por seus símbolos. Eu, que fui educado nos anos 1960 aprendendo que os Bandeirantes, Duque de Caxias, os Descobridores, D. Pedro I e o Exército Nacional eram heróis, vi aos poucos essas figuras sendo demonizadas por um revisionismo histórico, tornando-se hoje exemplos de intolerância, racismo, sexismo… Representantes do mal.

Em seus lugares, aos poucos foram colocadas figuras estratégicas, como Che Guevara, Fidel castro, Zumbi dos Palmares, estrelas do rock ou das artes em geral, esses sim, representando as virtudes do bem. E muito úteis para o Marxismo.

Ao mesmo tempo, surge o multiculturalismo, a irresistível visão da convivência pacífica de várias culturas num mesmo ambiente. Cara, isso é irresistível.. Tem até hino!

Imagine

Imagine there’s no heaven
It’s easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there’s no countries
It isn’t hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace

You may say
I’m a dreamer
But I’m not the only one
I hope some day
You’ll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world

You may say
I’m a dreamer
But I’m not the only one
I hope some day
You’ll join us
And the world will live as one

Imagine

Imagine que não há paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
Acima de nós apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje

Imagine não existir países
Não é difícil de fazer
Nada pelo que matar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz

Você pode dizer
Que sou um sonhador
Mas não sou o único
Tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo será como um só

Imagine não existir posses
Me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade do Homem
Imagine todas as pessoas
Compartilhando todo o mundo

Você pode dizer
Que sou um sonhador
Mas não sou o único
Tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo viverá como um só

Pois é… No multiculturalismo não cabem os valores cristãos representados pela igreja repressiva, racista, machista e homofóbica, entendeu? Nem conceitos ultrapassados como casamento e família tradicional, tratados como uma conspiração machista para manter as mulheres permanentemente submissas. A família, então, passa a ser o antro onde se aprende a violência e a exploração dos mais fracos. É da família que nascem o nazismo, o fascismo e a intolerância. E então brotam movimentos gritando que o estado é laico, proibindo crucifixos em locais públicos, lutando pela legalização do aborto, descriminalizando a pornografia e as drogas, flexibilizando a sexualização precoce e, como já se vê por aí, flertando com a descriminalização da pedofilia.

E assim aquela barreira resistente vai caindo…

No Brasil, o gramscismo encontrou terreno fértil. Quando o regime militar se instituiu, no começo dos anos 1960, os estrategistas do poder decidiram que deveriam se ocupar com as questões econômicas, de infraestrutura, da lei e da ordem. E entregaram as “questões românticas”, como a educação e a cultura, para uma elite marxista, que deitou e rolou, cooptando as mentes mais brilhantes e talentosas da cultura brasileira. Tendo à sua disposição as universidades, a imprensa, a música, o cinema e o teatro, ficou muito fácil implementar o modelo desenhado por Antonio Gramsci. E por 60 anos, pacientemente, o que se viu foi a construção da hegemonia cultural sonhada por aquele italiano oitenta anos atrás.

O resultado é o que se vê hoje. Ícones culturais como Chico Buarque defendendo regimes totalitários, Gilberto Gil defendendo a libertação de um político condenado e preso. Cantores e cantoras usando os palcos para manifestar intolerância e fazer proselitismo político. Artistas globais gravando vídeos vergonhosos de defesa de teses politicamente corretas. Professores doutrinando abertamente os alunos contra o capitalismo malvadão. Jornais, rádios e revistas tomados por profissionais completamente comprometidos com a visão marxista. E do outro lado um sistema educacional destruído, incapaz de apresentar outras visões do mundo que não a marxista para os milhões de alunos em formação. E insistindo numa receita que jamais deu certo.

Vai. Tente dar uma opinião contra o pensamento hegemônico de qualquer corrente marxista pra ver o que lhe acontece…

Pois é.

Foi no Brasil que o gramscismo deu certo.

Muito bem. Esse assunto é denso, complicado e já estou ouvindo a gritaria dos progressistas. Deixe que gritem. Agora você já conhece seus métodos e intenção e pode ficar esperto. Todas essas loucuras que você está assistindo, lendo ou ouvindo nas mídias tradicionais e sociais, embaladas num discurso do bem, de salvação, em tom de voz manso e com sorrisinho, não estão ali por acaso. Há um método para conquistar a hegemonia de sua mente. E você só ficará refém deles se já estiver com a cabeça feita e for incapaz de perceber que está dominado.

Vou voltar ao tema, trazendo em breve a escola de Frankfurt. Aí você verá como a coisa é séria…

É assim, ao som de Imagine, que John Lennon um dia disse ser praticamente um manifesto comunista, aqui na interpretação do grupo Pentatonix, que vamos saindo incomodados…

Com o boquiaberto Lalá Moreira na técnica, a desesperada Ciça Camargo na produção e eu, que adoro estragar a festa, Luciano Pires na direção e apresentação.

Este é o Café Brasil. De onde veio este programa tem muito mais, especialmente para quem assina o cafebrasilpremium.com.br.

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Pra terminar, uma frase de Aldous Huxley em seu clássico “Admirável Mundo Novo”:

O estado totalitário realmente eficiente seria aquele onde o todo-poderoso executivo dos chefes políticos e o seu exército de gestores controlariam uma população de escravos que não precisariam de ser coagidos porque eles amariam a sua servidão.